Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 18
"Eu vou matar você!"


Notas iniciais do capítulo

Então meus amores, estou vendo que as leitoras estão mais participativas e fico muito, mais muito feliz com isso. De verdade!
Desculpem a demora, mas será cumprido os dois capítulos semanais, prometo,
Boa leitura :)



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Assim que acordo, a primeira coisa que faço é me encaminhar diretamente ao meu quarto. Havia pensado em dezenas de formas de abordar Samanta, mas não importava, ela era sempre imprevisível. Bati na porta e aguardei alguns instantes, esperando resposta. A única que obtive foi o silêncio, então simplesmente girei a maçaneta e adentrei no cômodo.

Me surpreendi ao ver os lençóis perfeitamente dobrados e a cama arrumada, e, ainda mais, pelo fato de Sam não estar ali. Eu tinha um palpite, mas achei melhor verificar primeiro.

"Sam?" gritei, batendo à porta do banheiro, mas este encontrava-se igualmente vazio. Droga, ela tinha realmente ido embora. Deveria ter esperado amanhecer e assim que percebeu que eu estava dormindo profundamente, saiu de fininho.

Dei um chute em uma das almofadas sobre o tapete e me sentei no sofá, com a cabeça entre as mãos.

Pelo visto, havíamos voltado a estaca zero, outra vez. As tréguas entre nós não duravam muito tempo, e eu sabia que parte disso, a maior dela, era minha. Eu, com certeza, deveria ter me controlado na noite anterior. Sam era frágil demais, pelo menos, se mostrava muito vulnerável quando estava comigo. Eu odiava aquilo. Estávamos indo tão bem.

Porém, estava ficando cansado de pedir desculpas. Era drama demais para mim. Estava muito bem antes dela cruzar meu caminho e poderia voltar a a ficar. Era só uma questão de tempo para esquecer aquela garota. E além do mais, não tivemos nada além de uma tentativa falha de amizade.

Assim que conclui meus pensamentos, soube que não conseguiria cumpri-los, nem mesmo por um dia.

Me levantei e engoli rapidamente meu café-da-manhã. Um pouco de salada de frutas que estava em minha geladeira. Não estava sentindo fome e fiz isso por bem das aparências. Tomei um banho rápido e vesti minha roupa usual: jeans e camiseta preta.

Assim que sai do prédio, em direção ao estacionamento, vi o estrago causado pela chuva. Além de galhos de árvores caídos, muito lixo trazido pela água estava sobre a calçada. Sorte minha que a escola era cerca de dez minutos de trajeto e não havia tanto trânsito. A melhor parte era que era sexta-feira, dia de folga em meu trabalho.

Fui em silêncio durante o percurso, concentrado apenas no som da guitarra que saia de meus fones de ouvido. Estacionei perto do prédio e guardei o celular na mochila assim que sai do carro.

"Adam!" escutei a voz de Alex assim que entrei na escola, passando pelos corredores. Virei-me e observei o garoto andar em minha direção apressadamente. Teddy e Simon vinham logo atrás.

"E aí?" estendo minha mão e ele bate a dele na mesma, fazendo soar um estalo. Faço o mesmo com os outros dois garotos. Teddy abriu um sorriso em minha direção e Simon tratou logo de seguir Tiffany, como um perfeito cãozinho adestrado. Revirei os olhos ao presenciar a cena.

"Onde estava seu celular ontem à noite?" Alex questionou, mas não parecia chateado, apenas curioso.

"Ah, cara. Estava no silencioso e a chuva também atrapalhou tudo." não ia contar que Sam havia passado a noite lá. Ele realmente não precisava saber. Já imaginava seu sorriso malicioso se eu comentasse o fato. Aliás, onde ela estava?

"Os garotos foram lá para casa e acabaram ficando presos lá." ele deu de ombros enquanto caminhávamos calmamente até a sala de aula.

"Você não perdeu muita coisa." completou Teddy.

"Ei, cara!" olhei para Alex, erguendo as sobrancelhas, o instigando a continuar. "Você ainda está com a Jasmine?"

"Nunca estive com a Jasmine." falei abrindo um sorriso.

"Então você não liga se eu disser que estou a fim dela, certo?" ele insistiu.

"Na verdade, eu te agradeceria. Ela não sai do meu pé." então nós dois rimos.

"Quem não sai do seu pé, gatinho?" Tiffany se aproximou, parando ao nosso lado. Simon estava com os braços ao redor de sua cintura.

"Ninguém interessante, Tiffy." pisquei para ela.

Ela era a única garota que parecia fazer parte do grupo. Estava sempre conosco. Seus cabelos eram loiros e seus olhos acinzentados. Não era exatamente bonita, mas algo em Tiffany a fazia se destacar das demais. Talvez seu arisco senso de humor ou seus comentários provocantes. Eu gostava dela, apesar de considerá-la uma cabeça de vento. Sempre podíamos contar com ela, para qualquer coisa. E quando digo isso, é realmente qualquer coisa.

"Vocês vão à festa hoje, certo?" Simon olhou para nós e quase todos confirmaram, com exceção de Teddy.

"Meus pais me colocaram de castigo." ele explicou.

"Castigo?" Alex riu, acompanhado pelos outros. "Que otário! Quantos anos você tem? Dez?"

Teddy fez uma careta, mas logo caiu na pilha. Afinal, o melhor escudo para não ser ridicularizado é ridicularizar a si mesmo. Isto desarma os outros. E foi o que houve, pois logo Alex parou com as insinuações.

Inconscientemente, olhei ao redor, à procura de Samanta. Não havia a visto em nenhum lugar ainda, e estávamos parados a poucos metros de seu armário. Até que o sinal tocou, impedindo que eu continuasse minha busca.

As aulas passaram rápidas. Eu sinceramente havia prestado pouca atenção, enquanto mordia a ponta de minha caneta. Duas matérias estavam copiadas pela metade, mas eu poderia reavê-las mais tarde. Com certeza, com alguém que não participasse do meu grupo de amigos.

Assim que sai, vi Samanta encostada na parede, distraída com seu celular. Curiosamente, seus dois amigos não estavam perto dela. Franzi a testa e esperei Teddy e os outros seguirem para o estacionamento, antes de me aproximar.

"Ei, Sam!" ela olhou em minha direção. Sua expressão era de surpresa, mas esta logo foi substituída por uma de carranca. "Ainda com raiva?" perguntei enquanto mordia meu lábio, sentindo o metal frio de meu piercing entre os dentes. Era óbvia aquela resposta, mas mesmo assim, o que custava perguntar?

"O que você acha?" ela abriu um sorriso sarcástico, abraçando seus livros contra o peito.

"Acho que você poderia considerar o pedido de desculpas de ontem à noite."

"Ainda com isso, Adam?" seu tom era desanimador. Ela parecia cansada quando passou os dedos entre os cabelos.

"O que quer dizer?" sua atitude havia me pego desprevenido. Esperava gritos ou outra discussão, mas sua calma, havia me desarmado completamente.

"Você só sabe pedir desculpas, como sempre, e não faz nada, absolutamente nada, para ser diferente."

"Sam, me..."

"Não diga desculpa outra vez. Por favor!" ela me interrompeu bruscamente, erguendo uma das mãos e fechando os olhos. "Eu sabia que você seria um problema desde o início, Adam." ela suspirou, me deixando ainda mais confuso. "Só fique longe."

"Esse é o problema, eu não quero ficar longe de você."

Assim que as palavras saíram de minha boca, senti meu rosto se contrair em surpresa, assim como o de Sam. Ela estava boquiaberta, e eu me amaldiçoei em silêncio. Que droga era aquela?

"O quê?" a voz dela saiu engasgada.

"Sam?" Peter se aproximou, impedindo qualquer justificativa minha. Sam ainda me olhava, mas logo tratou de ajeitar sua postura e voltar sua atenção para o outro garoto. "Está pronta?"

"Estou sim, Peter. " ela abriu um sorriso contido e ele se ofereceu para carregar os livros dela. "Tchau, Adam." ela começou a se afastar alguns passos, logo virando-me as costas.

"Eu ainda não terminei." segurei o pulso dela, a puxando em minha direção.

Ela me olhou furiosa e quis se desvencilhar de meu aperto, me dando um empurrão. Mas eu não desistiria tão facilmente. Simplesmente, a suspendi pelas pernas, jogando-a por cima de um dos meus ombros. Ela então começou a se debater, desferindo tapas e socos em minhas costas.

"Me coloca no chão agora!" ela berrou. "Adam!" os poucos alunos que ainda estava na escola, olharam surpresos para a cena, mas logo, pude ouvir suas risadinhas contidas. Era apenas outro espetáculo entre mim e Sam, um grande entretenimento para eles desde o dia do refeitório.

"Você bate como uma garotinha." soltei uma risada abafada e comecei a caminhar calmamente.

Peter, até então em silêncio, observava a cena boquiaberto.

"Coloca ela no chão, seu idiota!" ele se aproximou, porém, Sam continuava a se debater e seu pé acertou acidentalmente o rosto de Peter. Nesse mesmo momento, peguei os livros de Samanta das mãos do garoto, que logo cobriu seu rosto com as mãos, gemendo de dor, dei um empurrão nele e fui andando até o estacionamento. A cena toda fora tão hilariante, que eu não conseguia parar de rir. São nessas horas que eu queria ter uma câmera sempre em mãos.

Peter tentou nos seguir, mas apenas apressei os passos. Seu lábio inferior estava sangrando e ele gritava o nome de Samanta. Ele tinha que entender, de uma vez por todas, ele não ficaria perto de Samanta. Não se eu pudesse impedir.

"Adam, eu vou matar você!" o tom de Samanta era furioso. Ela fincava as unhas sobre a pele de meu ombro, sob a camiseta. Era doloroso, mas até então, suportável. "De forma lenta e dolorosa."

"É claro que vai. " abri um sorriso, mesmo ciente de que ela não o veria. Procurei as chaves do carro bolso e logo a coloquei no chão. Ela ajeitou a blusa e a mochila sobre os ombros.

"Entra!" indiquei com a cabeça assim que abri a porta de carona.

"Eu não vou a lugar nenhum com você." ela cruzou os braços e continuou ali parada. Sua expressão, com os lábios franzidos, era um tanto infantil e não pude deixar de reparar o quanto sua atitude era mimada.

"Samanta, por favor!" revirei os olhos e soltei um suspiro impaciente.

"Vá pro inferno, Adam." ela me empurrou pelo ombro.

"Estou esperando para que você me faça companhia." abri um sorriso, segurando sua mão e recebendo outro olhar duro da garota. "Vamos, Sam." empurrei-a gentilmente.

"Vou me arrepender amargamente disso." ela disse assim que sentou no banco.

"Nós dois iremos." dei de ombros, fechando a porta, e indo até o outro lado, também adentrando o veículo. Peter nos alcançou nesse momento, mas eu apenas dei marcha ré, abandonando o estacionamento o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

E então? O que estão achando?
Um beijo, um queijo e até o próximo!



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