Até o Fim escrita por Juh Nasch


Capítulo 13
Segunda chance?


Notas iniciais do capítulo

Bom, acho que gostei de enxergar as coisas pela perspectiva do Adam, e aí está outro capítulo.
Boa leitura :)



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Meu dia já não havia começado muito bem com aquela gritaria de Jasmine. Eu havia esquecido de entregar o trabalho de sociologia e tinha levado uma bronca da professora, mas consegui contornar a situação, com um sorriso e uma explicação convincente, e ela me deu mais um dia de prazo.

Eu era um ótimo aluno e prezava isso. Não queria ficar dependendo do idiota do meu pai e por isso me esforçava, mais do que a maioria dos meus amigos. Eles nem se esforçavam na verdade.

Já estava na hora de dar o fora em Jasmine, aquilo já estava indo longe demais. Eu teria feito aquilo na mesma hora senão tivesse cruzado com Samanta no caminho. Droga! Eu não entendia o porquê eu tinha que ficar tão babaca perto dela. Eu nunca ficava sem falas, mas parecia que eu tinha que medir cada palavra para não magoá-la. Instabilidade não era meu forte. Bom, na verdade, era sim. A minha, mas não sabia lidar com a dos outros. Nunca me preocupei com essa possibilidade, aliás.

Nunca entendi o motivo para as garotas me perseguirem daquele jeito. Sério, qual era o problema? Quanto mais eu dizia que não, elas pareciam entender como um sim para me perseguirem por todos os lugares e gritarem meu nome pelas ruas como se fôssemos velhos amigos ou algo assim.

“Vai ter uma festa hoje, lá perto do bar. Você vai?” Alex perguntou, se virando em minha direção.

“Eu não sei. Ainda tenho que ajeitar algumas coisas no apartamento.” e era verdade, mas era algo que eu poderia fazer depois. Só não tinha arranjado desculpa melhor.

“Você tá estranho, cara.” ele balançou a cabeça, mas depois abriu um sorriso. “Mas é você quem sabe, assim sobre mais bebida e mais mulher.”

“Se divirta por mim então.” revirei os olhos e Simon riu.

No meu primeiro ano como calouro, me ajuntar a Alex e seus amigos me pareceu a melhor opção para se enturmar, e foi, naquela época. Todos queriam andar e falar conosco. O pai de Alex era dono de uma grande empresa, enquanto o meu, bem, eu tinha conseguido uma bolsa por uma razão. A mensalidade era cara demais e eu não queria ficar devendo nada para ele.

Aquele universo de colegial era mais do que um sonho. Não devia explicações para meu pai e poderia chegar a hora que quisesse, beber o quanto eu quisesse, e aquilo me dava uma sensação de liberdade tão aliviante que era incontrolável.

O sinal anunciando o fim das aulas tocou e todos se levantaram, recolhendo seus pertences. Jasmine estava na porta, à minha espera. Tudo bem, o fora poderia ficar para outro dia. Aquele episódio pré-aula tinha que ter uma breve continuação, e acho que era por isso que eu não a descartava tão facilmente. Ela nunca me negava nada.

Ela então sorriu quando envolvi sua cintura com um dos meus braços.

“Oi, Sam!” disse Jasmine com um sorriso orgulhoso . Respirei fundo por entre os dentes, e baixei minha mão o mais discretamente possível. Sam me olhou por instante e pareceu desconfortável por um momento. Bom, eu achava que sim.

“Oi, Jas!” ela abriu o sorriso mais falso que já vi na vida. Jasmine pareceu tão surpresa com sua reação quanto eu, e seu sorriso vacilou por alguns segundos, mas logo voltou, mais brilhante e escancarado do que antes.

Ela continuou a andar, mas eu permaneceu ali, paralisado. Jasmine se virou pra mim e sua expressão fazia uma pergunta silenciosa “O que foi?"

“Vá indo na frente, Jas. Já te alcanço.” falei sem encará-la. Ela olhou com desconfiança pra mim e, em seguida, para Sam, mas depois de soltar um suspiro, ela continuou a caminhar.

Me senti constrangido, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. Sam me olhou, cruzou os braços, enquanto sua amiga, Liz, me fitava com clara antipatia. Nate também parecia tenso e olhava fixamente para meu rosto, esperando minha reação.

“Nós precisamos conversar, Samanta.” sussurrei, esperando que só ela ouvisse.

“Eu não tenho mais nada pra falar com você.” ela se virou, fingindo estar muito ocupada com seu armário. “Sua namorada não vai gostar de ficar esperando.” o tom de ironia estava ali, outra vez.

“Sam...” insisti e dei um passo a frente, em sua direção.

“Ela já disse que não quer falar com você.” Nate se aproximou de mim e ficou à minha frente.

O olhei com raiva. Quem ele pensava que era?

"Eu não estava falando com você." minha voz sibilou.

“Deixa, Nate!” Sam colocou uma mão sobre seu peito e lhe lançou um olhar de alerta.

“Não sabia que você precisava de cães de guarda.” falei com desdém.

“Você não tem que saber nada sobre mim.” ela respondeu no mesmo tom.

“Cai fora, garoto!” Liz me lançou um olhar que ela julgava ameaçador, mas era tão pequena que tive vontade de sorrir.

Me perguntei se Sam teria contado sobre nós para ela. Bom, não que existisse um nós, mas... Se ela teria relatado nossas conversas, a tentativa desastrosa dela no boliche e entre outras coisas. Eu nunca havia me sentindo tão à vontade com alguém, exceto talvez pela minha mãe.

Normalmente, eu simplesmente levava garotas a um bar ou algo assim, e elas nunca se incomodaram de eu tocá-las quando eu bem queria. Mas só por eu ter esticado meu braço por detrás de suas costas, o rosto de Sam ficou inteiramente vermelho, e quando ela tentou disfarçar, tive que conter o sorriso.

Droga, eu tinha que parar de comparar Samanta com as outras garotas! E também parar de falar droga com tanta frequência.

Olhei para ela por alguns segundos, e minha raiva pareceu se dissipar um pouco. Soltei o ar, que até então não tinha percebido que estava o prendendo, e dei um passo pra trás. Balancei a cabeça, afastando todos aqueles pensamentos e fui embora. Ainda sentia o olhar dos três em minhas costas, mas não voltei o meu para trás.

***

Eu não sabia o que estava fazendo ali, e estava considerando veemente a possibilidade de voltar para o carro e sair dali o mais rápido possível. Mas seu arquejo me fez despertar e perceber que a potencial fuga era tardia.

Sam estava parada em frente à casa, com uma expressão de assombro no rosto. Eu estava sentado na mureta de sua varanda, com os braços cruzados e bem sério. Agora que eu já estava ali, só me restava seguir com o plano. Qual era mesmo? Ela pareceu considerar dar meia-volta, mas por fim, deu alguns passos à frente. Eu era o intruso afinal.

“Eu não vou sair daqui até você falar comigo.” me levantei e caminhei até ela, parando a uma distância considerável.

“O que você quer, Adam?” ela suspirou, fitando seus pés.

“Me desculpar.”

“E para quê?” ela me encarou. Seu tom estava muito controlado, assustadoramente controlado. "Pra eu te perdoar e cinco minutos depois brigarmos e eu ficar mal?”

“Eu não queria te deixar mal, Sam.” eu estava sendo sincero.“Você nem me deu chances de se explicar.”

“Estou ouvindo agora.” ela cruzou os braços. Ela sabia que eu realmente não sairia dali, então como evitar o inevitável?

“Eu não estou acostumado com isso. Você é...” fiz uma pausa, buscando um adjetivo bom o bastante para descrevê-la. “Diferente.” seria isso? “E bem difícil e instável.” dei um sorriso fraco e mexi inquieto no piercing em meu lábio. “Eu fico meio descontrolado quando não sei o que fazer. E naquele dia da lanchonete, eu não sabia se você queria ser vista comigo. Sei que Alex e os outros podem ser bem idiotas, mas eles são meus amigos e não gosto quando eles te incomodam.”

“Então achou melhor me arrastar para fora da lanchonete antes que eles nos vissem?” ela ergueu a sobrancelha. “Tão maduro, Adam!” Por que ela não poderia simplesmente aceitar as desculpas pra acabarmos logo com isso?

“Eu não sabia como agir.” como não estou sabendo agora, quis acrescentar. “Você não é como as outras garotas com quem eu saí.” vi que isso poderia ter múltiplos significados e resolvi acrescentar. “Você não ficava tentando me agradar a todo o momento e era engraçada. Realmente pensei que poderíamos ser amigos.” eu queria continuar, mas antes que qualquer um de nós pudéssemos falar, fomos interrompidos.

“Samanta, por que está demorando tanto pra...” a mãe dela abriu a porta dando um susto em nós dois. Ela pareceu surpresa ao me ver ali, conversando com sua filha. “Ah, oi Adam.” dei um breve aceno de cabeça.

“Eu já estou indo, mãe.” Sam falou tentando amenizar o clima. Eu havia colocado as mãos no bolso e a mãe dela alternava um olhar ansioso ora pra mim ora pra ela.

“Vocês não querem entrar? Eu preparo um lanchinho e...” ela começa, mas Sam a interrompe.

“Mãe, eu acho que Adam não vai demorar muito.” ela olhou para mim pelo canto dos olhos, esperando minha afirmação. Eu ainda gostava de ver Samanta irritada, não poderia perder a oportunidade.

“Na verdade, eu adoraria.” abri um sorriso para ela.


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Notas finais do capítulo

Vou esperar os reviews de vocês para saber se o próximo capítulo deve ser narrado por Adam ou por Sam. E se eu devo continuar com o que aconteceu quando ele entrou na casa dela, ou em outro lugar qualquer.
Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo!



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