Eu realmente não conseguia entender aquela garota. E isso estava me deixando completamente maluco.

Ela não poderia ser um pouquinho menos complicada? Eu só precisava de dois minutos, mas não, ela simplesmente sai correndo, no meio da chuva e me manda deixá-la em paz. Tão impulsiva!

Eu só queria ter tido uma resposta convincente naquele momento. Algo que não soasse tão infantil, mas não conseguia pensar em nada. Minha mente havia parado de funcionar quando vi que Sam estava chorando. E eu era o culpado.

Não tinha nem conseguido o celular dela, para mandar uma mensagem tentando me explicar, ou qualquer coisa assim. Fiquei tentado a ir até a casa dela. Ainda me lembrava do endereço. Mas não queria pressioná-la.

"Ei, Adam!" olhei para Simon que estava sentado alguns metros à minha frente. "Quer outra cerveja?"

"Não, cara, obrigado!" já havia bebido demais aquela noite.

E era só isso que eu fazia enquanto estava com eles. Festas, bebidas, garotas! Sempre a mesma coisa.

Latas de cerveja vazias estavam sob meus pés. Chutei uma para longe e abracei meus joelhos. Um vento frio corria naquele instante. Estávamos no apartamento de Alex, na cobertura de um prédio.

Eu tinha uma certa obsessão por lugares altos. Gostava daquela sensação. Uma certa adrenalina percorria meu corpo ao encarar as ruas desertas, bem lá embaixo. Sam me fazia sentir algo parecido. Parecia que estávamos em uma montanha-russa sem fim. Altos e baixos há todo instante. E não nós conhecíamos nem há uma semana.

Verifiquei meu relógio e vi que eram quase três da manhã. Só de pensar que daqui há algumas horas teria aula, tive vontade de me jogar dali de cima. Ao invés disso, associei os pequenos pontos de luz aos postes presentes nas calçadas e repassei mentalmente as conversas com aquela garota detestável.

Teddy então sentou-se ao meu lado, alternando-se entre uma tragada em seu cigarro e um gole de vodca.

"Está tudo bem?" ele pergunta com calma, olhando na mesma direção que eu. Sei que ele não está bêbado. Precisaria de muitas outras garrafas daquela para que isso acontecesse.

"Está." respondo secamente.

Gostava de Teddy, mas quando não se metia demais em minha vida. Ele era o único que ainda tentava. Ouvi alguns gemidos vindos de dentro do apartamento e me lembrei subitamente de Alex se atracando com Tiffany há algumas horas no sofá. Não existia tempo ruim para ela!

Por algum motivo, aquele som me fez se erguer em direção à porta e sair dali o mais rápido possível.

***

"Mas você prometeu, Adam!" Jasmine estava me seguindo pelos corredores.

Passei as mãos pelo cabelo e soltei um suspiro sonoro. Não bastava a dor de cabeça, ainda tinha que ouvir aquela voz irritante logo pela manhã.

"Eu não prometi nada a você, garota!" já estava perdendo a paciência e continuei sem diminuir o ritmo de meus passos.

"Era meu aniversário e você disse que iria." ela me segurou pelo pulso e me virei em sua direção.

"Eu não sou seu namorado, então, por favor, para de se comportar como eu fosse." soltei meu braço e dei um passo pra trás. "Que porra!"

Quando virei em um dos corredores, dei de cara com Samanta. Fiquei sem falas por alguns instantes enquanto ela me encarava. Vi suas mãos se fecharem com força em torno da alça de sua bolsa. É, ela realmente estava chateada.

Fiquei pensando no que falar quando a voz de Jasmine invadiu novamente meus pensamentos.

"Adam!" ela praticamente gritava. Suspirei profundamente fechando os olhos por alguns segundos.

Sam olhou para mim e, em seguida, para ela. Sua expressão passou de confusão à entendimento em milésimos de segundos. Então ela balançou a cabeça, como se espantasse algum pensamento e passou por mim, esbarrando propositalmente em meu ombro.

Quase estiquei meu braço para agarrar seu pulso, mas ela foi rápida demais, desviando e entrando na sala. Resolvo fazer o mesmo, ignorando os gritos desesperados de Jasmine.

Ainda não havia ninguém na sala, então me joguei sobre uma das cadeiras do fundo e escondi a cabeça entre meus braços. Por que eu havia ficado tão preocupado com o que ela pensaria? Eu não devia nada a ela e ela não tinha nada a ver com minha vida. Ninguém tinha!

O barulho de passos me fez levantar o olhar. Eu tinha que admitir. Ela era muito, mas muito persistente.

"Adam!" o tom de Jasmine era suplicante quando se sentou ao meu lado. Usei toda a minha força de vontade para não revirar os olhos e apenas ergui uma das sobrancelhas. "Me desculpa. Você disse que não namorava desde o inicio e eu só pensei que, bem, nós poderíamos..."

"Pensou errado." cortei-a de imediato. Não era o tipo de garoto que dava esperanças ou nada assim. Eu era bem claro. Nada de relacionamentos. Por que era tão difícil para aquelas garotas entenderem?

"Me desculpa." ela pousou a mão sobre minha coxa, alisando-a suavemente e dando um sorriso sedutor. Sabia o que ela estava insinuando, mas eu não estava afim. Não naquele momento.

"Tudo bem, Jas." respondi indiferente. Ela abriu um sorriso e se inclinou para me beijar. Segurei em sua nuca enquanto ela entreabria os lábios, dando passagem para minha língua. Ela segurou em meus cabelos, os bagunçando, e mordeu meu lábio inferior, no local onde ficava meu piercing.

Fomos interrompidos por um pigarreio e apenas abri um sorriso convencido para o professor a nossa frente. Jasmine estava praticamente sentada em meu colo e eu tinha uma das mãos apoiadas sobre suas costas, por debaixo de sua blusa. Ela levantou-se constrangida, afastando minha mão, e evitou olhar para qualquer um dos alunos presentes.

"Bom dia, Sr. " falei com ironia enquanto arrumava meus cabelos e passava meu polegar sobre meus lábios.

"Pra sua sala agora, Srta." ele apontou para Jasmine e depois para a porta.

Então ela fez o que ele pediu, enquanto eu apoiava o queixo em uma das mãos, claramente satisfeito. Os pais dela estavam viajando, poderíamos terminar aquilo facilmente.

Não era surpresa para ninguém e nem a primeira vez que aquilo acontecia, então não recebi olhares estranhos de meus colegas de classe, ou algo assim, e o professor seguiu normalmente com a aula.