Olá, vovô. Faz semanas, não é? Talvez meses.

Desculpe pela demora ao escrever, mas é que eu realmente ando ocupado. Talvez ocupado não seja a palavra certa, mas eu não sei o que se encaixaria melhor em toda a situação.

Eu passo horas pensando em diversas coisas e quando vejo já se passaram até mesmo dias, semanas… E eu continuo não fazendo nada produtivo.

Mas Rebeca esteve aqui em uma noite, me obrigando a sair. Talvez eu te conte sobre ela, algum dia... Mamãe gosta dela, por incrível que pareça.

Falando em mamãe, ela me disse uma coisa que discordei na mesma hora, mas depois me fez pensar melhor… “Pessoas vêm e pessoas vão. Uma hora todos precisam ir, Brandon, mas com o tempo você preenche a falta delas por outras pessoas. A vida é assim. É como é.”, aquela foi a única vez que consegui sentir suas palavras verdadeiras e consegui um abraço caloroso. Mas isso durou apenas uma noite.

É claro que um dia não teremos mais as mesmas pessoas em nossas vidas. Mas é doloroso quando alguém realmente importante vai embora. É doloroso pensar que ficarei sozinho por aqui, pois ninguém mais parece me entender.

Porém, Rebeca parece mudar esse rumo. Por algum motivo, ela me lembra Lorenza. Mas não por ser parecida, longe disso, mas sim porque o sentimento que tenho por Rebeca parece idêntico ao que sinto por Lorenza.

Devo ressaltar que esse sentimento se chama amizade, segundo o papai, mas ele não é um cara muito bom com sentimentos, então eu não tenho 100% de certeza.

Eu sinto necessidade de fazer bem a Lorenza, assim como a Rebeca, sinto necessidade de abraçá-las e dizer que estarei ali para qualquer problema e tentarei o meu melhor para trazer uma solução. Sinto necessidade de conversar com ambas, todos os dias. Acho que isso não é amor, talvez esteja bem longe de ser. Mas talvez seja paixão ou amizade, eu realmente não sei.

De qualquer forma, eu estou ficando melhor, vovô. Sei que não quereria me ver nesse estado deprimente, por isso estou dando meu melhor para alterar isso, com a ajuda de Rebeca e Lorenza.

Certa vez, em algum número qualquer de uma carta, lhe fiz duas promessas. A primeira era sempre escrever ao senhor, sempre. A segunda era lhe tirar do asilo assim que eu pudesse.

Infelizmente jamais poderei completar a segunda. Porém, a primeira sempre farei com grande prazer.

Com carinho, do seu neto fracassado, Brandon.

Fique bem onde quer que esteja.