A Princesa de Metal escrita por João Pedro


Capítulo 9
Dia de Princesas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar esse capítulo fiéis leitores e fiéis leitores fantasmas, a inspiração para esse capítulo veio aos poucos. Espero que gostem bjs vejo vocês nos reviews sweets



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Ela não se sentia bem. A cada passo que dava seu cérebro de metal estalava. A garota já acostumara com o barulho das engrenagens se acelerando na sua cabeça.
Era interessante como sua cabeça se aquecia quando ela estava aprendendo algo novo, e ela sempre estava aprendendo, como naquele dia estava aprendendo a andar com o maldito vestido azul.
Ele devia ser bonito para os outros, mas ela só conseguia ver o que estava diante dos seus olhos na maior parte do tempo.
Mover o pescoço doía enquanto ela tentava respirar. O pior de tudo era a mulher que devia ensiná-la estar gargalhando de sua ridícula performance e seus tombos contínuos.
– Eu não quero mais usar essa droga! - ela gritou.
O rosto de Cristine ficou pálido.
– Maria Alice, princesas não gritam, se alguém ouvir...
– Eu não me importo. - a garota arrancou as peças de roupa, rasgando o vestido no processo. - Minha mãe é a rainha, se alguém tiver algo contra será morto pela manhã.
Cristine se abaixou para pegar os pedaços do vestido.
– Vitória não é uma assassina. Ela deve ser a mulher mais bondosa do mundo todo.
A garota terminou de rasgar a saia do vestido e sentou-se na cama onde ela iria dormir até sua mãe morrer. Ela esperava que acontecesse rápido, odiava o maldito quarto e o reino ia de mal a pior, ela podia melhorá-lo.
Cristine se virou. A menina em roupas íntimas na cama estava com a cabeça abaixada e soloçando.
– Está tudo bem? - Ela perguntou.
– Foi uma pergunta desnecessária.
Cristine sentou-se ao lado dela.
– O que te aflige?
– Tudo! - ela deixou se cair. - Essas malditas roupas, os sapatos... Vocês querem controlar até o que eu falo!
– Isso não é verdade... Você só tem que se acostumar, leva tempo, mas você vai conseguir.
Maria Alice suspirou.
– Para de mentir para mim. Eu nunca vou ser como você, ou minha mãe. Não me encaixo nesse mundo.
Cristine se perguntou se Victor a fizera assim de propósito.
– Sim você vai. É a filha legítima de Vitória, pode ser tão boa quanto ela.
– Você sabe que eu não sou filha dela de verdade. Eu nem mesmo sou de verdade!
Cristine sorriu.
– Criança, não é um corpo que faz uma pessoa. Você tem sentimentos, duvidas, medos e paixões como qualquer outra pessoa, só foi configurada de forma diferente.
A menina enxugou as lágrimas, mas elas continuavam saindo, não importava o quanto ela as mandava parar.
– Acha que um dia serei como ela? - perguntou a garota.
Cristine sabia a quem ela se referia.
– Não. Algum dia será melhor do que Vitória. Mas até lá, e melhor usar um vestido.
– Eu odeio vestidos.
– E você ainda não usou uma armação de treino. Vai ter que se acostumar.
Ela teve uma sensação estranha enquanto deixava Cristine colocar um outro vestido - agora amarelo - no seu pequeno corpinho.
– O que eles dizem sobre mim lá fora? - perguntou.
– Alguns acham que você não é filha de Vitória, mas vossa majestade não precisa se incomodar com essas teorias de conspiração.
– Por que não? Nossa historia não foi das melhores. Até eu estranharia a rainha mandar a filha para ser educada Irlanda e mandar o marido buscá-la depois de 12 anos sem dizer nenhuma palavra a respeito durante anos.
– Eles nunca vão suspeitar. A alguns anos acreditavam que sua mãe controlava as mentes das pessoas que os médicos curavam com metal.
A garota arregalou os olhos.
– E se for verdade? - Ela estendeu os braços a frente do corpo e começou a andar como um zombie. - Estou sentindo ela falar na minha cabeça. Ela tá me dizendo para matar você, você sabe demais.
Cristine recuou vários passos sorrindo, mas depois começou a ficar com medo. A garota dizia tais coisas com a expressão séria, e seus olhos estavam fixos, ela não piscava.
– Eu não quero matar você... Mas eu vou matar!
Ela encurralou Cristine contra a parede. A dama estava prestes a gritar, mas então Maria Alice começou a gargalhar.
– Você devia ver sua cara. Estava ridícula.
A moça ofegante deixou se cair na cama de Vitória. Ela teria que trocar os lençóis depois, pois podia jurar que estava suando.
– Nunca mais faça isso.
– Não! - Maria chutou a porta. - até chorar de medo você faz com graça! Não é justo!
Então era isso? Cristine não sabia se deveria consolar ou dar uma bronca na garota.
– Você é muito jovem, e tem muitas coisas para aprender. Por favor, nunca mais faça isso. Acho que vou deixar Anne Key e Victor te ensinar a comportar, você não parece gostar muito de mim.
– Por que mamãe não vem me educar? - disse com voz áspera.
– Ela fará isso, mas agora tem muitas responsabilidades. Ainda mais com o baile de amanhã.
– O baile não será amanhã.
– Como sabe?
– Ouvi ela e o seu namorado conversando à alguns minutos. É melhor você ficar de olho nele.
– Ele é amigo da rainha sempre foi, não há o que se preocupar.
A garota andou até a dama e sentou ao seu lado.
– Você não acredita mesmo nisso não é? - Ela revirou os olhos. - Por favor, ele a vê mais do que você, aposto que ele fala muito dela num encontro.
– Não, ele não fala. - Mentiu Srtª Stockmar.
– E da Srtª Key? Ele ainda a ama, pode ser pouco e você pode estar eliminando o sentimento por ela, mas eu sei que ainda está lá.
– Como pode saber? Perdoe-me senhorita, mas você o conhece a apenas dez dias, como pode saber tanto?
– Eu me lembro muito bem do olhar dele quando "nasci", foi a primeira coisa que vi. Meus circuitos decifraram todos os sentimentos que aquele rosto continha ao longo dos dias. Eu me lembro bem, ele estava feliz por ter me criado, mas também triste pelo mesmo motivo. Ele demorou muito para se decidir, não espero que acredite, Srtª Stockmar, mas ele queria ser o meu pai.
Cristine não queria saber o que ela estava sentindo aquela hora.

– Gostei desse. - Disse Jessie mostrando um longo vestido vermelho para Anne.
– Vermelho? - Ela estranhou o gosto. - É considerado muito vulgar... - Ela pensou bem nas próximas palavras. - E se as damas do baile descobrirem que...
– Que eu sou uma ex prostituta que nunca teve um cliente? E daí?
Anne olhou para todos os lados. Não havia ninguém ali, exceto um robô de aspecto feminino que limpava um vestido velho.
– Não fale assim tão alto! - repreendeu a moça. - Se elas escutarem você será mal vista, talvez seja até apedrejada.
– Eu sei o nome de todos os maridos dela que frequentam o La Fountain's girls mesmo. - ela deu de ombros. Anne sorriu quando se lembrou do velho hábito de Victor, mas logo se recompôs.
– Garota, isso é sério. Não brinque assim, você pode se machucar.
– Como se você se importasse. Só está aqui por causa de Victor, não é mesmo?
Anne suspirou.
– Não é bem assim. Eu queria te ajudar, talvez me tornar sua amiga... Jessie tossiu as palavras " vá sonhando."
– Qual vestido você sugere então? Mamãe.
– Quer dizer que Victor é o seu pai?
– Por que não pensou logo no seu próprio marido? Você é uma vergonha sabia?
Se Anne estava perdendo a calma, não deixou transparecer.
– Isso vindo de uma ex prostituta. - Ela sussurrou. - Todo esse seu ciúme não parece fraternal.
– É porque não é.
– Acho que você é meio nova para ele. Não acho que ele conseguiria amar uma criança.
Jessie se virou.
– Ah é mesmo, ele prefere vadias casadas. Diz aí, o que acha da cicatriz que ele tem na coxa próxima daquilo? Fofa não é?
Anne arregalou os olhos. Ela sabia que ele tinha uma cicatriz, ela mesma o cortara ali com uma espada quando eram crianças. Ela queria matá-lo, e iria se tivesse feito alguma coisa com a garota.
– Olha, eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas mesmo que tenham... Passado dos limites eu não tenho nada a ver com isso. Quero ser sua amiga. De verdade.
Jessie se virou de costas para a dama e chamou a atendente robô.
– Vou levar o vermelho.
Anne suspirou enquanto pagava o robô. Além dos ciúmes não havia nada de errado entre elas não é? Anne Key de Melbourne queria que fosse verdade.
– Vamos voltar para o castelo? - Ela perguntou para a menina.
– Não. Victor me deu isso, - Ela sacudiu as notas no ar. - e eu vou aproveitar. Conhece o pub Ice Fired?
Anne sorriu.
– Vai me dar uma chance?
– Talvez você não seja uma velha chata e totalmente sem gosto. Vamos ou não?
Anne e Jessie saíram pela porta.
O céu estava nublado e as ruas estavam cheias. Era sempre assim, o céu quase nunca ficava azul. Na frente da loja havia uma loja de doces e ao lado havia a antiga casa de Victor. Trazia lembranças gostosas da juventude dele e de Anne. Perto da diligência em que elas estavam havia um velho, tinha uma faixa enrolada na mão direita. Curvado e de aparência acabada. Jessie não gostou dele, nem deixou esmolas como os outros. Ela podia jurar que já vira aquele homem no bordel. Ela pensou no que as pessoas fariam se soubesse onde ele gastava o dinheiro.
Jessie teve uma última visão do estranho homem antes de partir. Será que ele ia mesmo no bordel para se divertir com putas? E se ele estivesse com o tal Jack? O pensamento a fez tremer, mas durou pouco. Os cavalos de lata logo começaram a galopar.


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