A Princesa de Metal escrita por João Pedro


Capítulo 8
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Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas que estão lendo isso, desculpa por ter demorado nesse capítulo, antes que alguém fale, me inspirei no livro de Dan Brown "O símbolo perdido" para esse capítulo, nunca vou chegar ao nível dele mas espero que gostem. Vejo vocês nos reviews



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Não havia nenhuma luz. A mente de Victor Áurea flutuava por um escuro abismo, um espaço sem estrelas. Não havia nenhum som, Victor não conseguia falar. Havia somente o vazio quieto e escuro. Victor não sabia quanto tempo se passara.
Depois de algum tempo ele começou-se a lembrar de coisas e a sensação de segurança sumiu. Elas vinham de um jeito tão sutil quanto explosões de uma bomba atómica, e aquilo lhe causou dor.
Ele se lembrava de seu peito se fechando, da expressão de medo de Cristine e de um rosto coberto de sangue refletido nos olhos de um homem amedrontado. Quem o olhava dentro das órbitas era um louco, cheio de raiva e seu rosto perdia a cor a cada momento. Os cabelos enormes e a cartola não o deixava se enganar.
Ele se perguntou se aquilo era a morte. Era uma sensação estranha como ele gostava da dor, ele não queria que acabasse, Victor não queria morrer, não sem levar Jack junto.
Então se fez luz no breu, o abismo se encheu de luz branca. Víctor forçou olhos num ponto a sua frente. Era um rosto cheio de luz que o encarava. Aquele era um deus? Haviam tantos... Qual deles seria?
A medida que a figura se aproximava o rosto embaçado entrava em foco.
Deus era bonito, o rosto pertencia à uma linda mulher, era tão familiar...
O corpo de Victor ia se formando aos poucos, para que ele pudesse se aproximar dela...
Ele notou que ela estava nua assim como ele, mas não dava para notar nada por causa da luz. Atrás dele havia a escuridão, ele estava atravessando o abismo. Victor foi tomado por um enorme sorriso quando a reconheceu.
"Anne" sussurrava. " Anne"...
Ele a tomou nos braços e a beijou, mas aos poucos ela ia desaparecendo e a escuridão voltava.
Não sabia dizer quanto tempo se passara, mas agora tinha um corpo novamente. Podia sentir que estava sobre uma superfície macia e alguém segurava sua mão.
Aos poucos a imagem foi se formando, um rosto conhecido o estava olhando, ele a conhecia desde sempre. O rosto que vira antes, mas agora sem a luz. Anne Key...
– Victor... Você está bem? - Ela sussurrou.
Demorou um tempo para que ele respondesse.
– Estou... Anne, eu...
O tapa que Anne deu doeu mais do que todo o processo do veneno.
A garota começou a chorar e o abraçou.
– Nunca mais faça isso comigo! - disse derramando lágrimas sobre o rosto do homem. - Nunca mais!
Então ele pode ouvir outras vozes, uma feminina e a outra masculina e infantil.
– Victor! - Brandon se juntou ao abraço e depois Jessie.
– Achei que você tinha me deixado. - chorou a garota loira.
Tudo o que Victor pode fazer no momento foi sorrir.
– Ele já acordou. - disse uma voz entediada, quase decepcionada... - Vamos embora Anne.
Victor arregalou os olhos.
– Quem teve a ideia de trazer o velho?
Ele disse.
– Me desculpe Victor... - Sussurrou uma voz melodiosa, que ele sempre amou ouvir. - Ele ia sair com Anne hoje, mas você preocupou a todos.
– Vitória... - Anne e os outros dois o soltaram para que ele pudesse vê-la. - Quem mais está aqui?
Victor se sentou. Então percebeu que estava nu. - Onde estão minhas roupas? Como eu estou vivo?
A voz que se ouviu era a menos preocupada de todas, mas menos desprezível que a do Visconde.
– Elas tiveram que ser fervidas, estavam envenenadas. Sarin... E você está vivo por que estava acompanhado pelas pessoas certas.
– Doutor Stalin... - Ele reconheceu a voz. - Nem sei como agradecer.
– Talvez deveria ser menos arrogante, ou maisena professor que médico, te espero aqui em uma semana.
Victor sorriu e fez que sim com a cabeça. Então seu semblante se fechou.
– Onde está Cristine?
– Ela foi para um lugar melhor... - disse Melbourne. - pra longe de você. - Cale-se. - Victor quase não reconheceu a voz de Vitória. - Victor não precisa de você aqui, sir Lamb. Peço que se retire. E Anne estará comigo essa noite, preciso dela. Não quero você no palácio antes do baile, espero que entenda.
O Visconde Melbourne ia dizer algo, mas mudou de ideia. Ele saiu da sala nervoso.
Em circunstâncias normais, Victor abraçaria Vitória e os dois começariam a rir ali mesmo, mas ele estava preocupado aquela noite.
– O que ele disse era verdade? Onde está a Srtª Cristine?
Ele ouviu o som de um fraco sorriso e se virou na direção dele.
– Foi tão fofo ver você preocupado. - Disse Cristine entre lágrimas, que agora eram de alegria.
– Cristine...
A garota colocou o dedo indicador sobre os lábios dele.
– Eu não pude te dar isso naquele dia.
A garota se inclinou e o beijou, sons de aplausos e assobios acompanhavam a cena. Ao terminar, Victor olhou para Anne, ela forçou um sorriso que logo sumiu.
– Que história é essa de baile? - ele perguntou quando todos se acalmaram.- Quanto tempo se passou afinal?
– Dez dias desde que vi você caído e babando no colo da lady Stockmar.
Victor reconheceu a voz grave e quase chorou de alegria.
– Alberto? - Victor abraçou o amigo. - Ou deveria dizer Vossa Majestade?
– Pra você é sempre Alberto. - Ele sorriu.
– Sir Alberto é a companhia que Stalin mencionou. - Disse Brandon.- Ele me disse que você é um herói!
Victor deu um sorriso.
– Só para pessoas que eu gosto. Alberto foi um herói hoje, tem certeza que não quer ser filho dele? - brincou.
– Jamais. - Brandon ficou sem graça. - Sem ofensas sir...
Os presentes sorriram.
– Victor... - disse Vitória. - Nós temos que ir agora. - Ela beijou lhe o rosto. - Venha falar comigo assim que sair daí tá?
Victor assentiu.
– Tem mais uma coisa. - disse Alberto. - Veste alguma coisa antes.
Victor sorriu.
– Eu ia adorar aparecer nu com você nos aposentos reais.
– Se aparecer sem mim lá terá o direito de uma morte rápida.
– Tudo bem amor, Victor é só seu. Vamos indo?
Vitória e Alberto se despediram outra vez e saíram pela porta, acompanhados por Cristine.
Victor ficara sozinho no quarto com Anne e seus dois filhos.
– Victor, o que tá acontecendo aqui? - Perguntou Anne.
– Eu meio que fui perseguido e envenenado há dez dias, sonhando com coisas estranhas.
– Não é isso, como eles te envenenaram e... Cristine?
Jessie sorriu.
– Eu também fiquei com ciúmes.
– Não é ciúmes. - Ela sentou-se ao lado dele e o fez deitar sobre suas coxas, então começou a acariciar seus cabelos. - Victor, sem ofensas, mas você é mal, louco e extremamente perigoso de se conhecer, Cristine sofre muito e acho que você vai acabar magoando-a.
Victor deu um sorriso triste.
– Como eu fiz com você?
– Até pior, não acho que ela ia precisar se casar.
– Eu ia me casar sabia? - Ele sussurrou. - à alguns anos quando eu ainda morava em Londres.
– Você estava noivo e não me contou?
– Eu não pude, ela não sabia. Eu ia pedí-la aqui, no palácio. Ela ainda é mais linda do que quando eu a conheci. Eu havia comprado as alianças e vim para o palácio, mas o clima estava tenso. Pude ouvir quando Vitória mandou banir todas as pessoas que eu havia salvado e que todos os médicos fossem embora e nunca mais retornassem.
Eu contei a ela o que eu ia fazer e a gente discutiu muito, então ela teve um ataque cardíaco e caiu nos braços. Eu a salvei, mas então parti. Desde aquela noite eu sonhava em encontrá-la novamente, saudável e com minha garota sã e salva. Quando eu finalmente voltei, ela já estava casada. Eu ainda tenho as alianças. - Victor retirou um anel de ouro do dedo e colocou sobre a palma da mão de Anne. - eu mandei eles gravarem no anel o novo nome dela.
Anne virou o Anel de modo que pudesse ler. Lágrimas caíram de seus olhos quando leu o nome: "Anne Áurea."
Sem nem pensar Anne o beijou, foi um beijo quente e demorado, que os dois estavam guardando durante muito tempo...
– Ainda bem que Lady Cristine foi embora. E o visconde. - Disse Jessie com ironia. - Eu ia odiar se algum deles descobrissem.
Anne o afastou.
– Eu não devia, me desculpe por isso.
– Sim, devia. A muito tempo. - Disse Victor sorrindo. - Melbourne não precisa saber de nada. Não é Jessie?
Jessie virou o rosto e cruzou os braços.
– Por mim tanto faz.
Brandon olhou de Jessie a Victor.
– Victor, o que tá acontecendo aqui? - Ele perguntou.
– Eu também quero saber. - Anne se levantou.
Victor olhou pra Jessie, como se dissesse: "Não conta pra ninguém, por favor"
Jessie deu de ombros.
– Nada. - Ela disse.
– É, nada. - concordou Victor. - Preciso me vestir, encontro com vocês depois.
– Eu pego suas roupas - sugeriu Jessie.
– Brandon, acompanhe a Srtª Áurea... Digo, Melbourne. Por favor?
– Victor... - Disse Anne. - Se a gente se casasse você ia me trair com uma garota mais jovem?
Victor demorou um pouco para responder.
– Eu nunca beijaria alguém com mais de 11 anos de diferença Anne.
Anne sorriu.
– E você continua mentindo.
Anne saiu com Brandon e Jessie, mas a garota logo voltou com as roupas de Victor.
– É ela quem você ama? Sério? - Jessie entregou as roupas para Victor.
– Você não gosta de Anne? - Victor não estava entendendo.
– Não é isso... Ela não parece ser nada de mais, só mais uma dama desse palácio. Se ainda fosse Vitória...
– Jessie, se importa de virar para o outro lado?
– Não. Você já me viu nua se lembra?
Victor suspirou e começou a se vestir com ela lhe olhando.
– Anne pode te surpreender, nós fomos criados juntos, ela sabe quase tudo que eu sei.
– Eu sou mais bonita. - Jessie se virou e sentou na cama de hospital que ele estava. - Você não acha?
– Eu já disse, é a mulher mais linda que já vi.
– Mas você me faz sentir feia. Victor... Você vai com ela ao baile?
– Não. Eu vou com você. Anne vai com Melbourne, mas não vai poder dançar com ele até a última dança.
Jessie corou.
– É meu primeiro baile.
Victor colocou a cartola e sentou ao lado dela.
– Sendo assim ele deve ser especial. Posso pedir para Anne te ajudar com isso...
Jessie deu um soco na coxa de Victor.
– Eu não gosto dela.
Ele deu de ombros.
– É uma boa chance de conhecê-la. Ela não é tão má.
– Tudo bem. - ela disse empurrada.
Victor a abraçou.
– Eu danço com você a primeira música tá?
– Victor, eu não sei dançar. - ela ficava cada vez mais vermelha.
– É só me acompanhar, - Victor sorriu. - Tive uma ideia, me dá a honra de dançar com a mulher mais linda desse palácio?
Victor estendeu a mão.
– Não... - ela disse. - Não mesmo.
– Uma dama não pode recusar o convite de um cavalheiro, ele pode se ofender.
Victor pegou a no colo e a levou para o centro da sala.
– Assim sem música? - Ela perguntou.
– Sim, assim não temos problema se errar o ritmo.
Jessie deixou se guiar e deixou Victor ensiná-la. Eles ficaram dançando por um bom tempo, até que caíram no chão.
– Foi divertido. - Disse a garota ofegante e suada.
– Vai ser mais divertido você escolher o vestido perfeito.
Victor ficou sério.
– Jessie, você sabe como reconhecer certos venenos?
– Alguns. Cianeto, Sarin...
– Jack gosta de usá-los. Por favor tome cuidado.
– Acha que eles irão ao baile? Eles vão me reconhecer!
– Acho que Vitória vai adorar a ideia de um baile de máscaras.
– Victor... - Ela se apertou junto a ele ali no chão. - Estou com medo.
– Juro por minha vida que vou te proteger, ninguém machuca as pessoas que eu amo.
– Você me ama? - Ela deu lhe um selinho.
– Não assim. Assim eu amo Anne.
– Mas você faz isso com qualquer mulher que conhece...
Victor estendeu as mãos atrás da cabeça.
– Culpado. Mas prometo mudar.
Ele a levantou.
– Tenho que falar com Vitória e Alberto, vou pedir a Anne para te levar pra comprar seu vestido. Promete se comportar?
– Victor...
– Promete pra mim.
– Tá, eu prometo.
Victor procurou na jaqueta branca até achar a carteira. Retirou cinco notas e entregou para a garota.
– Presentinho. Não vá gastar com bebidas e homens mais bonitos que eu tá?
A garota sorriu.
– Prometo não seguir seu exemplo.
– Eu não gasto com homens.
– É eu percebi, você parece ser viciado em mulheres. Uma por dia não é?
Victor a levou até a porta.
– Não, como eu disse são poucas as mulheres que me deixam um Áurea sem palavras, espera... Você deixou dois.


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