A Princesa de Metal escrita por João Pedro


Capítulo 14
Luto


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo galerinha.
Cheguei a conclusão de que não vou terminar a tempo e com certeza não vou ganhar o concurso :'( mas não vou parar de escrever, então desculpem pela demora, espero que gostem desse capítulo e que nos encontramos nos reviews. Beijos de metal e boa leitura. ;)



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Algumas pessoas se impressionam facilmente com os bailes e as festas Vitorianas, porém quando o assunto eram funerais a celebração ainda era mais bela, chegava a dar vontade de querer morrer para ter um.
O funeral de Cristine seria em três dias.
Victor foi até os aposentos de Vitória e entrou sem nenhum aviso.
A rainha estava debruçada sobre uma folha de papel escrevendo alguma coisa. Ao seu lado estava uma garota pequena para a sua idade que se parecia mais com a mãe do que aparentava.
Antes que o médico pudesse pronunciar uma palavra, Vitória se manifestou:
– Não, você não pode destruir o La Fountain's Girls com o navio. - Disse Vitória como se lesse a mente dele.
Victor decidiu não perguntar como ela sabia do pedido.
– Por favor Vitória. Você viu o que fizeram com ela!
Vitória olhou nos olhos de Victor.
– Você pode ir até o principal porto chinês e pegá-lo se quiser, mas ia perder o funeral.
Victor se jogou em uma poltrona na frente de Vitória.
– O que está fazendo? - Ele perguntou.
– Propondo medidas e ameaçando o governo Chinês na esperança de que a maldita guerra acabe.
Victor trocou olhares com Maria Alice.
– Você está aqui para aprender medidas ofensivas com ela?
Maria Alice balançou a cabeça.
– Não, Mylorde. - Victor ficou orgulhoso quando ela disse isso. - Estou aqui para ajudar com o discurso fúnebre da senhorita Cristine.
Victor ficou calado.
– Alice. - Disse Vitória. Victor não gostou do nome que ela escolhera chamar a criança. Ele sabia que estava sendo infantil, mas ainda assim parecia que ela dava mais valor a Melbourne do que a ele.
– Sim, mamãe. -Ela abaixou a cabeça respeitosamente.
– Por favor, acompanhe Victor à Elizabeth Tower, onde ele costumava se encontrar com Cristine e Anne todas as noites, tenho certeza que ele quer falar com você.
Victor não perguntou como ela sabia desses encontros, nem mesmo imaginou possibilidades.
Maria Alice segurou a mão de Victor e o guiou à porta. Quando estavam fora da sala, ela perguntou:
– Por que ela fez isso? Foi culpa sua?
– Em parte. - respondeu o médico. - Ela odeia que as pessoas a vejam chorar.
Aquilo deixou a ciborgue confusa.
– Pensei que ela não chorava. Ela estava tão confiante antes...
Victor sorriu e percorreu o cabelo da princesa com os dedos.
– Não garota, ela estava triste. Mais que qualquer um de nós, aposto que queria morrer junto com Cristine. A única diferença entre nós e a rainha, é que ela sabe esconder os sentimentos melhor.
Maria Alice deu um tapa na mão dele.
– Não ouse atrapalhar meu cabelo. Você nem imagina o quanto é dificil fazer um penteado desses.
– Por que fala de cabelo em uma hora como essa?
Eles estavam chegando na base da escada quando ela finalmente respondeu.
– Por culpa sua.
Victor a fitou.
– Como posso ter culpa?
– Você me fez assim. - os olhos da garota não estavam marejados. - Eu não consigo entender o que vocês sentem, eu não estou triste por ela, não consigo chorar. Por que você também não chora?
– Criança, eu te fiz para ser forte, uma rainha ideal. Sentimentos são apenas fraquezas, tudo o que fazem é te desviar do seu objetivo. Raiva, ódio, tristeza, amor...
– E se eu fugir disso, sou uma covarde! - Ela retrucou. - Pelo que eu sei, a dor ensina, é o que molda a pedra no mais fino diamante, é o que faz uma pessoa, um humano!
Victor sentou se no último degrau e gesticulou para que ela o acompanhasse.
– Você não quer ser um humano. Eles são podres, fracos e egoístas. Nunca consegue fazer algo certo.
Maria Alice sentou se ao lado do médico. Seus olhos estavam ameaçadores.
– Você está se referindo aos humanos ou a você mesmo?
– Eu não sou um humano, sou pior do que isso. Sou podre e impiedoso. Eu matei meu próprio filho.
Ele não queria dizer isso, mas precisava contar para alguém.
– Você matou o Brandon?
Victor abaixou a cabeça.
– Não, o meu filho biológico. Eu tinha me esquecido dele, fazia anos que não me lembrava de seu rosto. Sou um monstro.
Maria Alice segurou o queixo de Victor e o obrigou a olhar nos seus olhos.
– Você não é um monstro, é só um idiota. Eu estou viva a quase uma semana e não conheço muito do mundo, mas conheço você e sei que teve um forte motivo para fazer tal coisa. Monstros não sentem remorsos, eles matam por matar. O único monstro que conheço é o tal Jack.
– Não sei como ele pode gerar algo tão puro quanto Brandon.
Ele olhou nos olhos da sua cria. Não parecia com a mulher que ele conversara minutos antes em aparência, sua personalidade agora ele notava, ela não era uma cópia de Vitória, era sábia de outro modo... Como Anne Key.
– Por que está me olhando assim? Está me assustando.
Ele sacudiu a cabeça.
– Me desculpe. Você se tornou uma garota melhor do que eu esperava, estou orgulhoso de você.
Ela sorriu como uma criança. Queria tanto ouvir aquelas palavras da boca dele...
– Então o que esperava? - Ela brincou - Que ficasse como mamãe?
– Não. Eu esperava que você fosse ser a filha que eu não poderia ter.
Passos foram ouvidos em algum lugar nas escadas.
– Victor, eu nunca vou conseguir entender você. - Ela deu lhe um beijo na testa. - Te vejo depois.
Maria Alice desceu as escadas enquanto Anne subia.
– Victor? - Ela chamou.
O médico olhou a linda dama.
Ela estava usando um vestido violeta de mangas que iam até os pulsos. Era um vestido justo e sem decote. Seus cabelos loiros estavam soltos, era a primeira vez que Victor os via assim desde muito tempo.
O médico se levantou e a abraçou. Não se importava se Melbourne aparecesse de repente, só queria o calor familiar da mulher.
– Como você está? - Ela perguntou quando ele finalmente a soltou.
– Estou com raiva de Jack e triste por Cristine.
Ela abaixou a cabeça.
– Eu sinto muito pela sua perda.
Ele caminhou para a porta que o levava até a sua torre favorita.
– Não foi só minha. - Victor sentou se no único espaço onde não havia grade nenhuma no perímetro da torre. - Eu não a conhecia direito. Ela era sua amiga não era?
– Sim, ela era. Mesmo não conhecendo a, ela escolheu passar a vida ao seu lado. Ela amava você.
Victor olhou para o céu azul. Era como se Deus estivesse brincando com ele. Victor iria adorar passar um dia assim com Cristine.
– Eu também a amava. - Seu olhar estava distante. - Cristine queria queria uma família. Ela me disse que queria ter filhos.
Anne sentiu uma pontada de ciúmes, mas nada disse.
– Você me queria me contar algo aqui naquele dia. O que era?
Anne mordeu o lábio.
– Não é uma boa hora.
– Você já pensou em ter filhos, Anne? - Victor não esperou a resposta. - Uma criança parecida com você, que mesmo longe continuaria te amando, buscando pais que nunca existiram?
Anne abaixou a cabeça.
– Você sabia.
– Sim eu sabia. Acho que sempre soube. - Victor se levantou e olhou para ela. - Ele não era meu filho, era um assassino. Um filho do estripador. Ele teve uma segunda chance, mas escolheu desperdiçá-la. Não quero que se culpe nunca mais por isso.
Anne Key se virou.
– Seu relógio está atrasado. - foi só o que ela disse antes dê adentrar no palácio.
Victor voltou ao quarto minutos depois. Brandon estava no computador, escrevendo de novo na sua história.
– Toc Toc. - Disse Victor entrando no quarto.
– Victor! - Exclamou o garoto. - Você me assustou.
– Desculpe por isso. O que você está escrevendo?
– É sobre um médico que queria fazer uma vida, superar a Deus.
Victor olhou para o computador.
– Victor Frankenstein? Acho que já ouvi essa história.
– Não me leva a mal, Victor, mas Frankenstein é melhor que Áurea.
– Então vou começar a te chamar de Brandon Frankenstein de agora em diante.
Brandon sorriu, mas seu riso logo morreu.
– Você quer falar comigo não é?
Victor deixou-se cair na cama.
– Sim. Preciso saber coisas sobre o seu outro pai.
Brandon encarou Victor.
– Mas ele morreu...
O médico suspirou.
– Brandon, Joe acha que seu pai pode ainda estar vivo. Ele disse que não encontraram o corpo dele.
– Mentira! - Brandon gritou. - Ele morreu. Ele tá no inferno! Eu vi.
– Por que ele foi para o inferno?
Lágrimas caíram do rosto do garoto.
– Por me fazer. Eu vou te contar tudo, eu prometo.
Victor então entendeu tudo. O por que Brandon não gostava de seu pai, o por que ficara tão feliz quando lhe contara da morte do homem. Ele era mais parecido com Victor do que o medico pensara, Ambos eram fruto de um estupro.


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