A Princesa de Metal escrita por João Pedro


Capítulo 13
O baile


Notas iniciais do capítulo

Galera, desculpem a demora, deu muito trabalho para ficar prefeito. A história estava muito parada e com problemas monótonos e esse não é meu estilo. Esse capítulo está bem tenso, espero que gostem e que não me matem kk



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– Me desculpe por ter gritado com você. - disse Alberto fitando seu oponente de palha ao invés do homem com quem conversava. - Mas você estava certo. - disse Victor com uma expressão séria. - A culpa foi realmente minha. Se não fosse por minha causa nem haveria aquela tal manifestação. - Isso não importa mais agora. Só quero que saiba que te perdoo. Victor engoliu as palavras mas eu não fiz nada de errado e caminhou para perto do príncipe. - Vitória me contou. Por que não me disse nada sobre as brigas? Foram 13 anos, achei que fosse digno de sua confiança. - Não contei pelo motivo que ela. - o homem abaixou a cabeça. - Victor, a gente não se ama de verdade. O homem não estava certo disso. Depois de anos juntos era impossível que não brotasse algum sentimento entre um casal. - Príncipe, não é possível viver por muito tempo com uma pessoa que você não ama. - Eu posso até tentar amá-la, mas duvido que o sentimento será reciproco.
– Nunca duvide disso. Vitória te ama. Ela me contou algumas coisas sobre vocês, e é só por isso que estou aqui agora. Eu sei que você sonha em ser pai. Deve estar com vontade de me matar por lhe tirar essa oportunidade. Não foi pelo reino que Vitória decidiu quebrar suas próprias regras, foi por você. Ela te deu uma filha, mesmo que tenha sido de outro modo, ela lhe deu uma filha.
– E isso foi mesmo um gesto bom? Todos os dias que eu olho para aquela menina, todos os dias que passo com ela não vejo minha filha ali. Vejo uma cópia da minha esposa e acho que você fez isso de propósito.
– Sim, eu fiz. Achei que você a amaria como amasse Vitória, agora percebo que foi um erro. Você não ama nenhuma das duas.
Alberto decapitou o boneco de palha.
– Elas nunca me deram a chance.
– Não é tarde Alberto. Elas ainda podem aprender a te amar. Vitória gosta de homens responsáveis, talvez a criança seja sua passagem para o coração dela.
– Talvez. Pode se retirar Sr Áurea.
Com uma mesura Victor saiu da sala de treino.
O dia estava nublado, porém mais claro do que o normal. As torres do castelo eram visíveis da sala de treinamento, porém a visão não era tão impressionante como se vista ao longe. Naquela hora pareciam cansadas e velhas, como se observassem o sol escarlate nascer desde o início dos tempos.
A visão ali era deprimente, porém havia algo belo em tudo isso. Cristiane e Alice estavam paradas em frente a porta, esperando o médico sair, porém a expressão de ambas não eram muito agradáveis.
– Mylaide... - Victor deu um selinho na boca de Cristine, fazendo a dama corar levemente.
Maria Alice pigarreou.
– Tem certeza que é certo cometer tal ato na frente de outras damas?
– Perdão, princesa. - Victor se curvou. - Porém a tempos não me preocupo mais com o que é certo.
– O estranho é mamãe não se importar com isso, afinal ela faz as regras.
Victor notou o olhar de Maria Alice perfurando-o. Então ela pensava que ele e Vitória tinham um caso? Talvez Isabel não fosse a única que adorava boatos.
– As vezes eu também não a entendo. A que devo a honra de sua presença?
Cristine deu um passo a frente e Victor a envolveu com o braço direito.
– A princesa precisava ver Alberto. E também precisamos falar com você.
– O príncipe é mais importante do que eu suponho. Ele está ali dentro, com sua permissão, me retiro.
A princesa levantou a mão em um sinal que provavelmente significava "pare".
– Eu não quero falar com ele. Ouvimos tudo sobre o que vocês falaram. Então eu sou apenas um caminho para o coração de Vitória? Uma cópia? Um erro?
Victor piscou.
– Me desculpe. Precisei dizer isso. Naquela hora diria qualquer coisa para animá-lo.
Lágrimas brotavam nos olhos da garota.
– Ele se anima ao saber disso?
O médico caminhou até ela e se ajoelhou, ficando da mesma altura que a princesa, e então limpou as lágrimas dos olhos castanhos.
– Nunca pense assim. Alberto não teve o tempo preciso para aprender a amar-lhe como deve. Você é mais importante do que isso, mais que uma cópia ou que uma princesa. Você é o elo que irá uni-los, e enquanto tiverem você por perto, não haverá mais brigas.
Alice piscou.
– Pode ser que tenha razão, mas isso não é prioridade agora. Preciso que fale com minha dama, Jessie.
Victor se levantou.
– O que houve com ela?
– Ela está trancada em seu quarto chorando. Brandon pediu para que eu te chamasse.
– Tudo bem. Faço qualquer coisa por aquela garota.
Juntos se colocaram a caminho dos aposentos de Victor.
– Cristine. - Ele sussurrou. - Eu prometi a Jessie que iria com ela ao baile. Você não se importa não é?
– Claro que não. Se fôssemos como um casal não poderíamos dançar até a última dança.
Victor imaginou se Jessie pensaria que fora egoísmo da parte dele.
Cristine sorriu.
– Esse seu jeito com as crianças chega a me dar ciúmes.
– Eu discordo. - O médico também sorriu.
– Tem razão. Isso me dá vontade de trazer ao mundo um filho seu.
Victor ficou sem palavras, não disse nada por um bom tempo.
– O que foi? - Cristine ficou séria. - Achei que você ia gostar da ideia. Principalmente da parte de "fazer".
– Não é isso, eu adorei tal ideia, só que...
– Vocês dois podem se amar depois. - Maria Alice revirou os olhos. - Acho que Jessie está com problemas.
Victor sorriu. Ele estava mais que agradecido por ela ter interrompido, pois aquilo trazia lembranças que ele odiaria reviver.
Realmente havia algo acontecendo com Jessie naquele quarto, começara pouco depois da história, quando Victor fora checar se ela estava bem, o choro já havia passado, porém havia algo mais doloroso de se ver na janela do quarto.
– Jessie, abra por favor. - A garota encarou o rosto que, de alguma forma, estava na janela do terceiro andar esperando que ela abrisse a janela. Jessie pegou a arma de Victor e escondeu-a atrás do vestido. - O que está fazendo aqui? Monstro!
– Não foi eu quem te envenenou. Vim assim que soube que você estava viva. Por favor abre...
Jessie encarou o rosto do ex-namorado. Ainda estava como ela vira da última vez, porém havia alguns cortes e seu nariz parecia fora do lugar. Ela se perguntou o porque ele fora torturado.
Jessie caminhou lentamente até a janela. Os dedos tocando o chão frio não lhe dava uma boa sensação, na sua expressão, raiva e alívio guerreavam.
– Leon... Você me abandonou. Porque? - Jessie lutou contra as lágrimas.
– Por que pensei que ele estava te usando. Se nós voltássemos sem o sangue da rainha, Jack mataria você. E eu não ia querer ver...
Jessie abriu a janela e o garoto entrou. Antes que ela pudesse apontar a arma para o rosto do garoto ele a abraçou.
– Eu senti tanta saudade...
Jessie não sabia o que fazer, então ficou parada, chorando em silêncio nos braços de León.

– Victor! - Essa voz era conhecida, mas era estranho ouvi-la gritar.
– Anne! - Exclamou Cristine. - O que aconteceu?
A dama apertou o passo até chegar perto dos três.
– Tem outra pessoa com Jessie no quarto de Victor.
– O que? - Exclamou Victor. - Quem?
– Isso é impossível. - Interveio a princesa. - Está tudo trancado. Brandon e Joe ainda estão lá tentando abrir.
– Por isso é estranho. Ela deve ter aberto a janela para ele. Ela confia nele.
Victor cerrou os punhos.
– Leon... Jack sabe. Ele deve ir atrás dela no baile se não conseguir nada aqui. Maria Alice, Cristine... Por favor fiquem. Não posso arriscar perder vocês.
– Mas... - Cristine começou a dizer, mas foi interrompida por um beijo sedento. Victor a beijou como se essa fosse a última vez... Talvez Realmente fosse.
– Vejo você no baile? - Ela perguntou.
– Com certeza. Guarde uma dança para mim.
Victor e Anne correram pelas escadas. Quando estavam fora de vista, Anne perguntou:
– O que pretende fazer?
Victor levantou uma pistola a laser que pegara assim que dera a sua para Jessie.
– Se ele tocar nela eu...
– Victor! Se matar essa criança se arrependerá para o resto da sua vida.
– Estou arrependido por deixá-lo viver.
– Se é o que deseja... Eu tenho que te contar uma coisa. Me encontre na Elizabeth tower às nove e quarenta e cinco
Victor correu na frente e viu Brandon e Joe tentando abrir a porta.
– Victor! - Exclamou Brandon.
O médico procurou em seu bolso uma seringa de votura. Victor encheu toda a seringa.
– Brandon, vou precisar de sua ajuda. Quando eu tirar o garoto de cima da Jessie, aplique isso nas coxas ou nos braços dela, pode fazer?
Brandon assentiu. Joe se afastou e Victor derreteu a tranca com a arma e teve a visão que o atormentaria durante toda a sua vida.
Leon estava com a arma que lhe dera apontada para a testa da garota no vestido vermelho, que derramava lágrimas. Seu dedo estava próximo ao gatilho e a mão esquerda segurava-lhe o pescoço, retirando o ar que lhe restava. Ele murmurava para si mesmo: "desculpe... desculpe..."
Victor apertou o gatilho de sua pistola sem pensar. O laser atravessou a cabeça do garoto, encharcando todo o lugar de sangue rubro.
Jessie estava tomada pelo pânico e as lágrimas já não mais saíam. Seu rosto estava tão branco como a jaqueta de Victor. Quando ela sentiu a picada na coxa, viu que Brandon estava lá. Seu irmãozinho, tão pequeno... Ela queria cuidar dele para sempre. Sua vista se escureceu e o sangue foi sumindo junto com seu peso, suas duvidas, seus amigos... Até que o mundo todo desapareceu.

Havia se passado um dia após aquela morte. Uma criança... Victor não pode acreditar que fizera realmente aquilo, mas toda vez que tentava esquecer, se lembrava da cena. Ele não queria vê-la em perigo assim de novo, nunca mais. Aquela visão foi traumática, mas Jessie já estava acostumada com a morte desde que nascera.
– Victor. - Maria Alice e Brandon entraram no quarto assim que esse fora liberado. Estava normal de novo e o corpo fora retirado. Ninguém pensaria que aquele quarto já fora o cenário para uma cena de homicídio. Victor encarou os visitantes sorrindo. Era o maximo que ele podia fazer depois do que o obrigara a fazer.
– Olá. O que fazem aqui?
– Você se esqueceu. - Maria Alice revirou os olhos. - Típico.
– Sua historia Victor. Você prometeu contar, se lembra?
Victor se recordou.
– Ah sim... Mas não creio que seja uma boa história para se ouvir agora.
– Vitória nos disse que tinha a ver com Leopold, que era o cara da foto que você rasgou e rei da Bélgica . Ah e tio de Alberto. - Brandon pareceu ofegar. - O que você tinha a ver com ele?
– Pirralha, - A maneira que o medico se referiu a ela, deixou a princesa com raiva. - Me lembra de dar uma bronca na rainha depois. Vocês venceram eu conto. Brandon, chama a Jessie por favor?
– Melhor não. - Exclamou a princesa. - Ela está experimentando vestidos com Cristine, deixe que eu a chamo. Não comece sem mim.
Minutos depois Maria Alice voltou com Jessie. A garota vestia um vestido azul rodado. A saia terminava um pouco antes dos joelhos, que estavam cobertos por finas meias brancas com listras pretas. Essas terminavam em botas Azuis sem salto. Era impressionante como o conjunto ficaria ridículo em qualquer outra mulher.
– O que foi? Estou tão feia assim? - Ela sorriu de maneira graciosa, fazendo Maria Alice se perguntar como ela aprendera.
Brandon estava com uma expressão de surpresa no rosto.
– Você está tão linda que eu poderia morder! - Exclamou o garoto.
– Eu também posso morder você? - Victor entrou na brincadeira.
Maria Alice lançou um olhar de censura.
– Da pra morderem ela logo? Quero ouvir a história.
– Ninguém vai me morder. - Sorriu Jessie. - Que história?
– O motivo por ele não conseguir sossegar com uma mulher.
– Falando assim me faz parecer um canalha. Mas tudo bem, vamos lá. Foi a quinze anos atrás, eu tinha 17 anos e servia como conselheiro e médico pessoal de Leopold saxe-coburgo-gota.
" Me lembro de que o dia estava ensolarado e nós procurávamos qualquer lugar onde havia sombra para que não quebrássemos vivos.
Karen Von Áurea era minha irmã, ela não se parecia comigo, tinha longos cabelos loiros cacheados e se recusava a usar qualquer tipo de corselet. Jessie ia gostar dela.
Naquele dia estávamos acabando de voltar do enterro de minha mãe. Eu não estava triste ou algo do tipo. Não vivi muito com minha mãe, mas Karen estava arrasada.
Talvez eu poderia ajudar fazendo a pensar em outras coisas, foi aí que tive a ideia. No dia seguinte apresentei a Leopold. Eles ficaram amigos muito rápido. Depois de um ano ele a propôs em casamento.
As coisas boas pararam por aí. Depois de um tempo eles se desentenderam e começaram a brigar. Joe servia o Leopold naquela época. Ele o odiava. Joe me disse que ouvira gritos abafados pela parede dos aposentos reais. Karen não queria, então Leopold a estuprou. Várias e várias vezes, até eu não aguentar mais ser obrigado a viver com aquilo durante tanto tempo. Eu a levei para morar comigo durante um tempo, assim podia conversar direito com Leopold. Ele nunca fizera o tipo violento, era um cavalheiro desde q o conheci, era meu amigo, porém tinha problemas de raiva. Um dia quando eu acordei, ela me esperava na cozinha com a notícia de que estava grávida. As pessoas estavam desconfiadas de que o filho podia ser meu, a pena por incesto era a castração naquela época." Brandon se lembrou das palavras do pregador no dia anterior: " Naquele palácio irmãos fornicam com irmãs..." ele anotou mentalmente para perguntar a Victor o que era "fornicam". "Ainda bem que Leopold não acreditou neles, até porque se o filho nascesse, ele poderia tornar-se o príncipe consorte do reino unido. Depois de nove meses, eu fiz o parto de Karen, porém era gravidez de risco e ela veio a falecer. Quando retirei o bebê, ele também estava morto." Victor parou para observar a cara de seus "filhos" diante das injustiças da vida. - É por isso que eu raramente vou além. - Ele continuou - Eu vi Karen crescer, fiz o papel de pai no seu casamento, a vi chorar de emoção e, fora os estupros, a união dos dois ia bem. Ela estava feliz e ainda mais feliz carregando o bebê na barriga. Não posso deixar uma mulher assim, não posso dar falsas esperanças e vê-la sofrer novamente. Não posso deixá-la feliz e esperando por algo que não vai acontecer. Espero que vocês entendam. Vão se arrumar, o baile é em uma hora.
Victor saiu do quarto deixando os sozinhos. Aquilo ainda mexia com ele, mesmo que não fosse totalmente a verdade.

Victor acompanhara Jessie no baile. O vestido que ela estava usando era magnífico. Era de um vermelho escuro com linhas douradas em contraste. Ela usava uma máscara branca e um colar simples, com uma pedra azul como pingente. Victor se perguntou como a cor combinava tanto com ela.
Em meio a primeira dança, Victor não tirou os olhos de Cristine, que dançava com um homem que ele nunca vira. Os cabelos castanhos da mulher estavam presos em um coque súper complicado. Ela usava um vestido azul e nas orelhas os brincos esmeraldas refletiam a luz das velas nos castiçais. Ela o sentira olhando e assim foi, seus olhos dançaram entre giros, tentavam sempre desviar de seu parceiro, mas nem sempre era fácil. Jessie parecia ser uma garota ciumenta.
Depois da primeira dança, Victor apresentou Jessie à alguns amigos antigos, ensinou a usar o cartão de dança ( um pequeno dispositivo implantado na luva esquerda de cada dama onde se anotava o nome do cavalheiro para cada dança.) e por fim consultou o relógio. Ele estava velho, mas tinha um grande valor sentimental. Anne lhe dera quando ele voltara para a Bélgica.
Faltavam alguns minutos, mas Victor esperaria por ela.
Apressado, subiu vários lances de escada até chegar na conhecida torre onde vira pela primeira vez um navio voador de perto. E onde tivera os momentos mágicos com Vitória, momentos que não trocaria por nada no mundo.
Victor ouviu passos. Esperava que fosse Anne Key, então fingiu que não estava ouvindo e ficou observando a lua cheia.
Péssimo erro. Os pelos de Victor se arrepiaram ao sentir o inconfundível cano de uma arma em sua cabeça.

“Anne?” foi seu primeiro pensamento, antes de sentir o frio que veio do cano de uma pistola encostando-se a sua cabeça. Seria o fim de Victor Aurea? Ele sabia que suas suspeitas estavam corretas. Ele realmente estava ali. Finalmente. - Que honra encontrá-lo finalmente, Victor. - Ele não se atreveu a se virar. A arma estava encostada logo abaixo da cartola, Jack não erraria o tiro e podia matá-lo a qualquer hora, mas ele não podia fazer aquela noite, já que todos os convidados do baile iriam ouvir o disparo. Pelos cálculos de Victor ele não ia conseguir sair a tempo.
– Jack. O que quer aqui? - disse o médico em um tom controlado.
– Apenas uma conversa entre cavalheiros. - Victor ouviu passos vindo em sua direção, baixos e quase imperceptíveis, não podia ser os sons dos saltos de Cristine. - Aceita vinho? Garanto que não está envenenado.
– E eu duvido que possa confiar em um homem cujo rosto desconheço.
– Pois deveria. Eu quase nunca minto, posso dizer o mesmo de você?
Victor suspirou.
– Isso não lhe diz respeito senhor. Já acabamos?
– Essa pergunta não precisa de uma resposta. Eu sei que você disse a eles o porquê veio para a Inglaterra.
– Seu espião é realmente uma pessoa impressionante. Isso realmente importa?
– Eu sei o que realmente aconteceu. Você é um covarde Victor Áurea. Você deve ter se esquecido de mencionar que o filho de sua irmã também era o seu filho.
Victor engoliu em seco.
– Não sei do que está falando.
– Permita-me explicar. Você apresentou sua irmã a Leopold de modo a fazê-la com que superasse a morte da senhora Áurea, porém não funcionou muito. Ela estava infeliz com o casamento, então você a chamou para morar com você. Os exames do dia seguinte comprovaram que ela estava grávida.
Um frio estranho subia pela sua espinha. Como ele poderia saber o motivo que o levara a apresentar sua querida irmã ao pior homem que já conhecera? - Terminaram as teorias de conspiração? Preciso mesmo encontrar alguém.
O homem gargalhou.
– Ora, Sr Áurea, é aqui que fica divertido. Depois de oito meses ela finalmente entrou em trabalho de parto. Infelizmente era uma gravidez de risco. Lembra-se do que ela te fez prometer?
As lembranças invadiram a mente de Víctor, fazendo o derramar lágrimas.
"Me prometa, Víctor, que você vai salvar nosso filho, mesmo que isso custe minha vida."
"Eu não posso, Karen! Não consigo imaginar minha vida sem você."
"E eu não vou te perdoar se deixá-lo morrer. Nunca."
– Enquanto ela gritava ao empurrar, você disse que iria cuidar da criança, como teve tanta coragem de mentir? Acho que a fúria de Leopold foi um ótimo incentivo. A criança não nasceu morta não é?
Victor não respondeu.
– Não, presumo que não. Se conseguisse inserir toda a droga no pequeno corpo, todos os problemas que o falso príncipe regente traria seriam evitados, mas você não conseguiu. Você é um covarde.
“Víctor! Me diz que conseguiu. Ela está bem?
"Não, Joe. Ela está morta.
"E a criança? - Victor mostrou o bebê que dormia por causa do veneno, que ainda não atingira a dose letal.
"Você tem que se livrar dele. Leopold sabe. A pena por incesto é a castração, a por traição é a morte!
“Eu não posso! Mate-o você!
"É tarde demais! Posso tirá-lo do palácio para que uma família o adote.
Leopold entrou na sala sorrindo, mas seu sorriso logo morreu.
"Onde está meu filho? Não escuto nenhum choro.
Entre lágrimas Victor conseguiu dizer:
"Ele nasceu morto. Karen também não... - Víctor lhe mostrou o corpo inerte e drogado da criança.
Leopold o olhou com repulsão. " Tire isso da minha frente. Não preciso de um príncipe morto.
" Senhor eu...
– Você é um desgraçado inútil! - Ele gritou. - Meu filho e minha esposa estão mortos e a culpa foi sua! Isso se realmente eles forem meus! Eu vou te executar por isso!
– Como se você se importasse com algum deles. Tudo o que você quer é poder total sobre o Reino Unido.
– De adianta o poder se me tirou a felicidade? E você também me tirou qualquer chance de ter a Inglaterra.
– Receio que não. Vitória me deve um favor, e creio que seu sobrinho, Alberto ainda não tem uma esposa.
– Suma daqui com essa criança e com o cadáver da mãe. Minha casa não é um cemitério! A partir de hoje você está banido da Suécia. Só poderá voltar quando Alberto se casar com a rainha. "
– É claro que nós dois sabemos o que aconteceu. Você confiou seu filho a Joe Byron que o levou a uma família humilde na cidade. Você não levou em conta que eles precisavam de dinheiro. Nós compramos o fruto de seu incesto pelo que valia. Uma quantia miserável dava apenas para comprar um prato de comida que poderiam dividir entre eles. Seu filhinho me deu um ótimo assassino. Ah é, tivemos que dar um nome. Escolhemos algo que o lembrasse de sua natureza, Gold. Em Latim, Áurea. O primeiro nome a adotiva família humilde dele se encarregou. Leon.
Victor deixou as lágrimas caírem enquanto as palavras de Anne voltavam à sua mente.
" Se matar essa criança, se arrependerá para o resto de sua vida!"
Ela sabia? Era provável. Anne o conhecia melhor do que ele mesmo.
– Conseguiu terminar o que começou. O cadáver debaixo de sua janela já deve estar exalando o cheiro podre que vem de você agora. O cheiro da morte. O garoto era medroso, era só eu ameaçar a família que arranjei para ele e o garoto se ajoelhava perante mim. Um covarde de fato. Puxou isso do pai.
– Eu juro que vou matar você. Não importa quem seja, eu juro que vou matar você e todos aqueles que você se importa.
– Tudo bem. - o homem tirou a arma da cabeça de Victor. - Pode fazer isso ou tentar encontrar alguém muito especial para você em cinco minutos, antes que meus homens terminem o trabalho. Você tem cinco minutos começando agora.
Victor correu apressado de volta para o baile, no caminho olhou para o homem que o fizera matar seu próprio filho. O rosto estava coberto por uma máscara branca, mas Victor ia se lembrar de sua estatura. Depois daquela conversa, o jogo ficou pessoal.
– Joe! - gritou Victor assim que o viu. O guarda correu até ele.
– O que aconteceu?
– Jack sequestrou alguém e pretende matar essa noite na frente de todos. Ele nos deu cinco minutos. Ordene os guardas para que procurem em todo o palácio. Rápido!
Victor correu para a direção oposta de onde estava e procurou por rostos conhecidos. Podia ser qualquer um. Jessie, Anne, Brandon, Vitoria...
Victor procurava por todos os quartos que encontrava, mais rápido que um cavalo mecânico.
Um minuto havia se passado. O primeiro corredor estava escuro, mas não havia tempo a perder acendendo alguma luz. O cheiro daquele lugar era pior do que Victor se lembrava, cheirava a mofo e a metal, as armaduras frequentemente estalavam, e ele podia jurar que ouvia ratos correndo por entre as paredes. Um passo, o som se propagou tão alto que ele mesmo se assustou. Ao fechar a porta, todo o barulho do salão de festas sumira, o silencio reinava. Victor desatou a correr, o mais rápido que podia. O homem ouvira gritos abafados em sala no corredor. Rapidamente chegou à porta. Trancada. O medico pegou uma espada da mão da armadura e colocou-a na fenda da pesada porta. O som ficou mais forte, mas nenhuma luz. Victor usou todo o seu peso e se jogou contra a porta. Depois de três tentativas a porta cedeu. O que havia lá dentro não era o que Victor esperava, a coisa que estava gritando não era uma mulher. Era um simples gravador à pilha.
Jack estava brincando com ele. Aquilo deixou Victor com raiva, mas havia uma coisa pior, e se ele soubesse de coisas entre ele e Anne Key? Afinal fora até a torre para se encontrar com ela. Se Jack tocasse em único fio de cabelo da dama, Victor tinha certeza que usaria o navio voador de Vitória e reduziria à cinzas o bordel de La Fountain, sem nem se importar com os inocentes que visitavam o lugar ou as prostitutas que dali tiravam o seu sustento.
Victor consultou o relógio. Tinha ainda quatro minutos. O homem saiu correndo da sala escura, atento a cada barulho, cada detalhe, até mesmo o som da tintura das paredes se descascando. 3 minutos.
Nada. Em todos os lugares fora do salão não tinha nenhum sinal de vida inteligente. Olhara em todas as torres, banheiros, quartos ocupados por casais nus...
1 minuto.
Ele então voltou para o corredor. Não havia mais o que fazer, xeque mate. Victor, suado e ofegante finalmente parou para pensar. Depois de alguns segundos percebeu a jogada. Jack tinha razão, ele era um covarde idiota. Victor mandara os guardas procurarem uma pessoa desaparecida em todo o palácio, eles agora deviam estar destruindo vários gravadores espalhados pelas salas, porém um único lugar ficara desprotegido.
Ele se pôs a correr de volta ao salão de dança.
–Victor! - Era a voz de Anne. Não era ela afinal, mas ele ainda não ousava respirar aliviado. - O Joe me contou. Você encontrou alguma pista?
Victor puxou a junto ao seu corpo.
– É tarde demais, Anne. Eles estão aqui nessa sala.
As luzes piscaram e por alguns minutos tudo ficou em silêncio, desde a música até os murmúrios dos convidados.
Então pode se ouvir o barulho de algo caindo várias vezes. Victor e Anne tentaram se orientar por ele. Anne gritou, pisara em algo mole e quase caíra, mas Victor a segurava junto a si. Não ia perdê-la por nada desse mundo.
Quando as luzes se acenderam novamente, a gritaria foi geral.
O que havia ali, não era um corpo, mas seria bem melhor que fosse. O cheiro dava náusea, e ficou ainda pior com o vômito de mulheres e homens assustados que viam a horrível cena. Uma explosão de vermelho borrava o chão, várias partes de um corpo ali repousavam, nada em paz. O pior de toda aquela cena era o olhar que cabeça decepada e conhecida lançava para o medico, um olhar assustado, repleto de pavor, mas ele podia jurar que lá no fundo havia uma pontada de decepção.
Uma mulher linda aquilo já fora. Victor a reconhecera. Partes do vestido vermelho podiam ser vistas em meio ao sangue todo. Os cabelos castanhos presos que ele já acariciara várias vezes agora se espalhavam ao redor do pescoço cortado, o perfume gostoso que ele sentia toda vez que a tocava, fora substituído por um forte odor de ferro. Pelo canto dos olhos, Anne viu as únicas coisas que brilhavam naquele lugar. Pequenos brincos verdes.
– Ah meu deus! - Anne gritou em meio ao caos. Os guardas que voltaram estavam tentando manter sobre controle a multidão de curiosos amedrontados que queriam sair dali o mais rápido possível.
Victor se ajoelhou e pegou a cabeça decepada. O medico acariciou os cabelos da amada e fechou lhe os olhos.
– Cristine... - Ele sussurrava baixinho enquanto chorava. - Me perdoe.
Victor abraçou a junto ao seu corpo. O pior era que o sangue de um cadáver começa a coagular a partir de 4 minutos, aquele estava fresco. O maldito Jack acabara de matá-la. Ele fora um monstro.
Daquele dia o homem que ficou eternizado por Jack o Estripador fizera a sua primeira vítima.
Victor não conseguia dizer quanto tempo ficara ali, abraçando a cabeça decepada, ouvindo os soluços de seus amigos ao seu lado. Anne, Vitória, Alberto, Jessie, Brandon, Joe... Qual deles será a próxima vítima de Jack, o homem sem rosto?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Eu ainda estou de luto t-t kk até os reviews sweet, beijos de metal



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