Outubro chegara. E eu, Natallie Alice Hill, nunca havia sonhado com a transformação que havia ocorrido em mim nas últimas semanas: meus cabelos, antes sem definição alguma, estavam tingidos por várias mexas ruivas; meu armário, que antes não tinham nada de mais, agora exibiam um visual mais agressivo - roupas negras, vermelhas e roxas (quem diria, hein?). O rock fazia parte da minha vida agora.

Tudo graças ao Bert. E seus Cds.

Minha amizade com Frankie havia retomado seu rumo original, apesar dele não ter deixado de lado Way & Company. O resultado eram banheiros inundados, mais sustos nos armários e "descobertas" sobre o Time de Futebol Americano.

Outra coisa foram as notas do Bert que haviam mudado para melhor, graças as minhas aulas. O risco de ser reprovado parecia menor agora e isso o deixava muito feliz. E a mim também.

Mas a maior revolução era que eu simplesmente tratava o Way como se ele fizesse parte da parede. Não respondia ao seu cinismo e tampouco não ficava mais de dois minutos perto dele (isso devia-se ao fato dele procurar o Frankie sempre que ele estava comigo).

Sobre o papel que ele havia deixado cair no dia que o seguir, bom... eu não o joguei fora: ficava no fundo do meu armário, intocado.

Hoje, aula de Química; O 3º ano ficava com segundo laboratório, o maior. Para minha felicidade, ficara na mesma mesa com Bert e uma garota com quem eu nunca tinha falado. Bom, o lado positivo é que ela não era uma das garotas futéis.

No final da aula, depois de termos nos dado tão bem, perguntei seu nome timidamente, pois considerava às vezes uma vergonha estar a tanto tempo ali e não saber o nome de quase ninguém.

- Jessica - respondeu -. Surpresa você não saber meu nome...

"Okay... tá parecendo a tal do Clube da Luluzinha..."

- Bom - corrigiu-se rapidamente - A gente já estuda a três anos na mesma sala! Seria natural você conhecer todo mundo... ah... isso, não importa muito, né?

Não pude responder. Bert me puxou para fora da sala nessa hora.

- Que fique claro - disse, andando rápido comigo - De segundo melhor amigo basta eu!

Comecei a rir de tanta tempestade num copo d\'água. Lembrei de Frankie nessa hora. Ah, esqueci de dizer: Sabe aquela garota com cara inocente? Pois é, agora ela e o Frankie estão namorando. Talvez por isso a gente não esteja se falando com tanta frequencia... enfim, pelo menos não estamos brigados.

- Natallie, você ainda está nesse mundo?

Era Bert.

O intervalo havia começado a mais de dez minutos. O garoto me olhava com uma expressão curiosa.

- O que você tem? - perguntou.

- Nada.

- Então tá.

Nessa hora o Way entrou na sala. Parecia mais mal-humorado que o natural. Olhou para o Bert com uma expressão do tipo: "Você tá morto,cara!". Bert sustentou seu olhar, demonstrado que não sentia o menor medo do outro.

"Okay, se forem brigar é melhor eu estar bem longe nessa hora!"

Durante o resto do intervalo ficamos conversando, observados pelo Way. Eu não ligava, pra mim não fazia a menor diferença.

Depois... Educação Fisíca!!!

"Quem está feliz? EU NÃO ESTOU."

Mas infelizmente o Bert adorava essa matéria (vai entender os garotos...). Então, fui para a biblioteca. Para minha suspresa a tal Jessica também tava lá. Bom, se tinhámos nos dado tão bem na aula não custava nada eu sentar na mesma mesa que ela. Além do que, eu ainda lembrava do nome dela.

- Também não gosta de Educação Fisíca? - ela perguntou.

Balancei a cabeça.

- Senta aí - Jessica puxou uma cadeira - Ah, e toma cuidado com a blbliotecária. Tá com um mal-humor horrivel hoje.

- Vai ver brigou com o marido - arrisquei.

Jessica riu.

- Não, acho que ela se olhou no espelho pela primeira vez!

Rimos nós duas. E conversamos até o fim da aula.

Quando a campa anunciou a saída, o Bert ficou esperando eu terminar de guardar meu material. E como eu não tinha visto o Frankie... fui embora com meu segundo melhor amigo.

Andamos tranquilamente, falando um monte de besteira, sobre música (agora que eu estava BEM mais informada).

- Chegamos - disse, parando na frente de casa. Bert fez uma cara desapontada (use um apontador... Ohhh!).

- Vejo você mais tarde? - perguntou.

- Não vai dar. Eu vou sair com o Frankie.

Ele fez uma cara de poucos amigos. Corrigi-me:

- Eu vou sair com o Frankie e com a namorada dele.

- Ele tem namorada?

- Claro... é melhor eu agora.

Mas no momento que virei-me, Bert puxou meu braço. No instante seguinte...

Ainda estava meio atordoada quando Frankie veio buscar-me algumas horas mais tarde. Quando abri a porta e me despedi da minha avó, fiquei surpresa ao encontrá-lo sozinho lá fora.

- Cadê sua namorada? - perguntei.

- Ah... ela ja tá esperando a gente lá na lanchonete.

- Tá - e fomos.

Não contei para o Frankie sobre o que acontecera mais cedo. Preferia guardar isso pra mim mesma. Afinal, o Frankie já deixara de me contar muitas coisas. Era hora de alguém ficar no escuro.

Chegamos à lanchonete (que não era o McDonald\'s). A garota já estava lá. Usava uma calça capri e uma blusa de malha lã com mangas compridas. Nunca tinha visto alguém tão diferente do Frankie. Ele parecia um diabinho perto dela.

"Ô MALDADE...."

Mas o mais esquisito não foi a total incompatibilidade deles. Mas sim, o jeito que ela me olhou. Parecia que queria me matar só por estar perto do Frankie.

- Você não disse que ela vinha - comentou com o namorado, apontado pra mim.

- Ah... - Frankie tentava se explicar - Achei que seria bom se vocês... se conhecessem melhor, sabe...

A garota estreitou os olhos. Por fim apresentou-se:

- Jamia Nestor.

- Natallie Hill - respondi.

Fora a noite mais desagradável da minha vida. Jamia não parecia gostar nem um pouco de mim.

"Pobre Frankie..."