Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 13
Can you save me?


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores!

Obrigada pelos comentarios e favoritos nessa história, fico contente que estejam gostando!

Então esse capítulo tá enorme eu sei, me desculpe por isso, mas nao quis cortar nenhum acontecimento. E além disso trará algumas explicações! o.O

Me desculpem qualquer erro nas cenas de ação, definitivamente essas não são meu forte.

Tenham uma boa leitura, e por favor leiam as notas finais!!!

Musica: https://youtu.be/J36nygTng8s



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I'm watching myself

Drifting away

A vision so darkened

I cannot stay

I'm reaching out wide

Trying to catch myself before I fall

Too little too late

Can you save me?

 

Where do we go when we walk on light

Who do we call at the edge of night

Carry me close like the tear drops in your eyes

All I can give you is memories

Carry them with you and I'll never leave

I'll lay my head down

But when I lay my head down

 

Don't let me go

Hold me in your beating heart

I won't let go

Forever is not enough

Let me lay my head down on the shadow by your side

Don't let me go

(Don’t let me go - Raign)

 

Oliver Queen

Caminhei a passos largos até a sala de Amanda, nunca estive tão focado em toda a minha vida. Eu iria até ela e concordaria em trazer Felicity de volta, sob uma condição. Amanda teria que mantê-la a salvo, longe de toda essa história, tudo o que eu queria era a garantia de que ela não sairia mais machucada do que já estava.  Abri a porta num rompante e a encontrei de pé nem um pouco surpresa por minha entrada não anunciada.

— Senhor Queen — cumprimentou com seu usual sorriso gélido —, você parece horrível. 

— Obrigado, você é sempre tão gentil. — respondi seco. — Mas eu agradeceria  se pudéssemos ignorar as falsas cordialidades e  irmos direto ao assunto.

— Você deprimido não é nem um pouco divertido — apontou parecendo um pouco entediada. —, espero que seja pelo menos efetivo para o que eu preciso. Eu vou chamar Carrie e ela te passará todas as coordenadas da missão. — falou retirando o telefone o gancho, mas antes que pudesse apertar um único número eu o desliguei.

— Não. — Falei decidido. — Antes nós vamos ter uma conversa esclarecedora. —  Amanda ergueu uma das sobrancelhas, parecia achar engraçada a minha atitude. Sentou-se em sua cadeira giratória, cruzando as pernas e voltou seus olhos frios para mim.

— Então senhor Queen, esclareça.

— Eu irei até Felicity, a trarei de volta.  Mas você não tocará em um fio de cabelo dela Amanda! Nós vamos leva-la para um lugar distante longe de toda essa confusão. — expliquei seriamente.

— É isso? Você quer apenas a segurança dela...  —  Ela deu uma risada audível, nunca tinha escutado Amanda rindo em todo o tempo em que trabalhei com ela. Esse som não soava certo, simplesmente não combinava com ela. — Só tem um problema no seu pequeno plano, eu preciso dela.

— Não precisa, você só precisa de James Smoak. 

— Ela é minha segurança de chegar até ele.  — falou sendo evasiva.

— Então seu plano é pegá-la e fazer dela sua prisioneira até que James Smoak apareça? Porque não ir até ele diretamente? Porque simplesmente não o pega? Você é Amanda Waller, comanda uma das maiores organizações de inteligência do país e sabe tudo sobre todos. Eu tenho certeza de que consegue achá-lo sem ter que envolver a filha dele nisso. —  falei irritado e na medida em que as palavras foram saindo de minha boca a compreensão me atingia, talvez ter James Smoak não fosse o suficiente, Amanda precisava ter poder sobre ele e Felicity seria a sua vantagem. A garantia de que o teria em suas mãos, de que ele faria tudo o que ela ordenasse. — Ele tem algo que você quer, não é?  — sondei — Algo que você vai fazê-lo trocar por Felicity, esse é o seu grande plano.

— Meus parabéns Senhor Queen, você descobriu o óbvio. — ironizou.

— Eu não vou deixar você machucá-la. — Amanda revirou os olhos ao ouvir minhas palavras. 

— Confesso que achei divertida a sua atitude  de querer salvar a sua amada num primeiro momento, mas agora é apenas irritante. — desdenhou na medida em que se levantava e dava passos até mim parando bem a minha frente, seu olhar era gélido e as linhas duras de seu rosto davam um ar amedrontador  — O amor torna as pessoas tolas, veja só você, vem até mim, sem nada a me oferecer e cheio de exigências. O que o faz pensar que eu o atenderia? Você não passa de um peão em um jogo de xadrez complexo demais. Você é descartável. – diminuiu, com um ligeiro sorriso de vitória em seu rosto.

— E ainda assim você precisa de mim no jogo. — falei calmamente — Sim eu sou o peão, mas eu também sou o único que pode chegar até a rainha. Você sabe que Felicity me odeia, mas também sabe que há uma parte dela que  ainda me ama. — tentei soar convicto, embora não tivesse mais certo de que havia algum amor em Felicity por mim depois de tantas mentiras. — Você precisa de mim. — tornei a afirmar.

—  Eu preciso do agente, não desse tolo apaixonado.

— Você odeia isso não é? Odeia não ter previsto que eu acabaria me envolvendo com ela, que eu me apaixonaria, odeia que eu arruinei o seu plano perfeito. Eu nunca vou esquecer o que você me fez fazer a ela.  Anote isso Amanda, um dia você pagará pela forma com a qual me usou. —joguei as palavras com rancor, eu nunca deveria ter sido tão cego.

— Você se joga de um precipício e ainda me culpa por isso? Você sabia o que estava fazendo Queen.  Eu poderia ter dito que Felicity era inocente, mas você estava cego demais. Você pulou nesse precipício satisfeito, sedento por qualquer coisa que trouxesse essa sua vingança tola contra o assassino do seu pai.

Suas palavras foram afiadas como facas em meu coração, Amanda era boa no que fazia. Ela podia distorcer a verdade a tal ponto que faria você  duvidar de si mesmo e aceitar o que ela lhe dissesse. Mas dessa vez ela estava certa, constatei. Eu errei, eu fiz tudo errado. Mas ainda existia uma parte de mim que acreditava que era possível encontrar alguma redenção, reparar meus erros de alguma forma. Era isso que me movia nesse momento, essa vontade de consertar tudo era a minha força.

— Você está certa, eu não tinha que pular. Mas foi você quem me levou até o abismo. Você me manipulou no instante em que soube sobre mim. Acha que eu me esqueci da sua presença no velório do meu pai? Eu sei bem o que você foi fazer lá. Eu não precisava saber sobre a crueldade  da morte do meu pai, mas você viu uma oportunidade de aproveitar a minha raiva e molda-la para os seus interesses... Brincou com minha cabeça até que eu tivesse essa ideia errada de que eu precisava vingar a morte do meu pai. — justifiquei.

— Então? Você veio até aqui apelar para o meu senso moral? Espera que eu esteja arrependida do que fiz?  E que por isso poupe a vida da sua amada? — inspecionou.

Respirei fundo com a ameaça velada dela à vida de Felicity. Amanda sorriu satisfeita com minha reação. Essa conversa já estava indo longe demais, eu precisava usar a minha última cartada antes que perdesse qualquer vantagem, antes que Amanda me fizesse perder a cabeça.

 — Sabe o que é engraçado? Você ameaça, tortura, manipula, você pega aquilo que as pessoas mais amam e usa como arma contra elas. É doentio. Mas a sua premissa é boa, todos nós temos algo que nos importamos mais do que nós mesmos... — discursei pausadamente, esperando que as minhas palavras ganhassem um efeito mais dramático — Todos temos alguém pelo qual daríamos a nossa vida.  Essa é a nossa fraqueza. E você Amanda? O que você mais ama? Qual é a sua fraqueza?

— Eu não tenho nada que você pode usar contra mim. — disse com um sorriso reluzente.

— Você está errada. — falei e vi seu sorriso vacilar.

— Tem algo por qual você faria tudo, cometeria as maiores atrocidades, venderia a sua alma para o demônio por isso, se é que já não o fez. Algo que você ama mais do que tudo. Algo que você odiaria perder.... — Amanda estava atenta às minhas palavras, aproveitei e me sentei na cadeira em que a pouco tempo ela ocupava girando o meu corpo nela lentamente — Poder. Você ama não é? — questionei. — Saber tudo sobre todos, ter controle, dar ordens... Deve ser algo realmente incrível, eu só posso supor afinal sempre fui seu subordinado.

 — Continue. —  seu tom era entediado, mas eu via as suas íris faiscando de curiosidade.

— E eu tenho algo que pode acabar com o seu reinado.  Essa é minha garantia de que você  não tocará em Felicity.  — falei erguendo um pen drive. — Fico imaginando o que aconteceria se a casa branca descobrisse sobre esses arquivos, vendas dos nossos projetos de armamento para o exército russo, inclusive cópias dos nossos comandos de defesa... Sabia que isso é crime contra segurança nacional? Daria o quê? Prisão perpétua? E sem direito a condicional.

Vi as mudanças no semblante de Amanda na medida em que ela assimilava o que eu dizia, eu conseguia ouvir seus dentes rangendo de ódio, as unhas se prendendo ao redor da carne de suas mãos, eu podia vê-la se esforçar para não vir até mim e me estrangular. Mas Amanda era, acima de tudo, uma mulher inteligente, ela não teria chegado tão longe se não fosse, ela não demorou muito para pesar os prós e contras da situação a qual eu a sujeitava

— Como eu posso ter certeza de que você não tem cópias de segurança disso? —  Sorri, vulnerabilidade não era algo comum à Amanda Waller.

— É claro que eu tenho cópias, mas você me conhece, sabe que eu cumpro meus acordos. — dei de ombros.

— Tudo bem senhor Queen, sua preciosa Felicity estará a salvo.  — O desgosto presente em sua voz era quase palpável — Você tem a minha palavra de honra de que ela não será ferida.

— Obrigado. — agradeci satisfeito, Amanda veio até mim estendendo a palma de sua mão na esperança de que eu lhe entregasse o pen drive. — Não tão fácil assim. — tornei a guardar o objeto em meu bolso.

— Vou mandar reunir a equipe. —  respirei aliviado assim que Amanda saiu da sala, não porque eu acreditava na palavra de honra dela. De modo algum, eu sabia que a palavra de Amanda valia tanto quanto a palavra de um político em véspera de eleição, mas enquanto eu tivesse aquela pequena vantagem contra ela talvez valesse de algo.  E talvez, nesse meio tempo eu poderia tentar conseguir os arquivos verdadeiros que constituíam como prova dos atos ilícitos de Amanda. Meu blefe não iria durar muito, eu só esperava que durasse o suficiente para tirar Felicity de seu radar.

***

A equipe de Amanda era formada por mim, John (o qual exigi a presença), Carrie Cutter sua agente mais puxa-saco e mentalmente perturbada, e Floyd Lawton. Eu estava receoso com a presença desse último, ele era conhecido pelo apelido de deadshoot, por ser o melhor franco atirador da ARGUS e também por seu desprezo pelas normas. Ele não se importava em matar quem quer que seja, eu estive em algumas missões com ele, e sempre terminavam muito mais sangrentas do que deveriam. Não deixava de ser curioso o fato de um mercenário como ele trabalhar para ARGUS, eu não sei que tipo de poder Amanda tinha sobre ele, mas sei que é o tipo de poder que o faz obedecer a suas ordens sem questionamentos. Porque precisaríamos de um atirador de elite se essa era apenas uma missão de resgate? Obviamente o plano de Amanda se estendia a pegar a pessoa que estava com Felicity, pensei no homem de chapéu que estava dirigindo o carro no dia que ela me deixou. Tentei não me importar com o que aconteceria a ele, isso não era problema meu, minha prioridade era apenas retirar Felicity dessa confusão. 

Meu plano oficial era entrar na casa e convencer Felicity a vir comigo, caso ela não concordasse eu devia trazê-la ainda assim. O restante da equipe cuidaria de alguma eventual segurança, eu sei que Floyd e Carrie tinham a própria missão, que eu rezava para que: 1) Não envolvesse Felicity e 2) Eles demorassem tanto que eu pudesse terminar a minha e deixá-los para trás.

O plano verdadeiro era retirar Felicity de lá o mais rápido possível, John  iria me ajudar e já havia conseguido passaportes falsos para nós dois, eu só precisava convencê-la a confiar em mim, que eu a manteria segura até que toda essa situação se resolvesse. O plano Oficial parecia mais fácil, convencer Felicity por outro lado seria praticamente impossível.

Estávamos há algumas horas na estrada, já havíamos deixado a cidade há muito tempo, a rodovia que seguíamos parecia ir em direção ao litoral.  Eu estava anormalmente nervoso, em pouco tempo eu a veria será que ela se recusaria a conversar comigo? Será que fugiria outra vez? Tenho certeza que assim que ela soubesse que resgatá-la era uma missão da ARGUS ela me odiaria. Será que ela me permitiria explicar que eu estava fazendo isso por ela? Que eu estava apenas tentando protegê-la? E que esse foi o único jeito que encontrei?

— Vire a direta. — Floyd ordenou, e John  xingou quando se viu obrigado a fazer uma curva rápida e seguir por uma estrada de pedra. Já anoitecia, o cheiro de maresia inundava minhas narinas, e por um momento fiquei contente por Felicity estar pelo menos próxima a praia em um lugar bonito.

— Seria muito mais fácil dirigir se eu soubesse aonde estou indo. — Dig resmungou.

— Não é minha culpa se Waller não confia em vocês dois. — Deu de ombros. — É só seguir em frente, a casa fica ao final dessa rua.

Senti meu estômago revirar ao constatar que estávamos quase lá.

— É tão romântico, você vir por ela. Eu realmente apreciaria um gesto de amor assim.  — Carrie falou me olhando com um semblante estranho. Ok, tudo  nela era estranho, ela é exatamente o tipo de mulher de qual todo homem foge: completamente desequilibrada. Pergunto-me o que ela tem de especial que conseguiu fazer Amanda a contratar.

— Muito romântico. —  O tom de Floyd era irônico. — O sonho de toda mulher é ser sequestrada pelo marido.

— Exato! – Carrie concordou entusiasmada. —  Nós podemos tentar um dia desses. —  insinuou com uma piscadela, elevando sua mão e fazendo menção de fazer um carinho na bochecha de Floyd, que revirou os olhos e se afastou do toque fazendo-a bufar frustrada.  

— Desculpe coração, mas já fui por essa estrada uma vez. — falou amargo —  E não pretendo errar o caminho novamente.

— Você é casado? —  Carrie perguntou claramente aborrecida com aquela informação.

— Vamos nos tentar manter focados — chamei a atenção de todos —  eu vou entrar na casa e conversar com Felicity.  John  você permanece no carro e nos avisará de qualquer atividade anormal nas proximidades, e quanto a vocês dois. — pausei —  eu sei que Amanda passou outras coordenadas, eu espero que não fiquem no meu caminho. — ameacei.

— Não se preocupe, eu não estou no clima de ver uma DR entre você e sua esposa. Eu tenho coisas mais interessantes a fazer — falou com a voz arrastada, ergueu a arma e a olhou como se tivesse grandes planos para ela. — Boa sorte com sua missão, nos chame quando a sua garota tentar te matar, eu quero assistir.

— Se todos seguirem com o plano dará tudo certo. — afirmei, tentando convencer mais a mim do que os outros.

— Só tem um problema com o seu plano, gênio. —  Carrie falou com um sorrisinho.

— Qual? —  Questionei mal humorado.

— Parece que chegaram antes de nós. — Carrie disse indicando a casa ao final da rua, e eu imediatamente estremeci de medo porque aquele era o endereço que Amanda havia dito que Felicity estava e aquela casa... Bem, parte daquela casa estava pegando fogo.

***

Felicity Smoak

 — Felicity! — parei ao escutar meu nome ser gritado por J — Você pode, por favor, tentar manter a calma? Ver você andar de um lado para o outro da sala esta me deixando tonto.

— Ok. —  aquiesci me sentando no sofá, mas logo me levantando quando escutei o barulho de um carro do lado de fora da casa. — É ele?

— Eu vou checar. — J disse suspirando e indo até a porta. — Fique onde está. — avisou assim que ameacei segui-lo.

Tinha sido assim o dia inteiro, aquela espera agonizante desde que J me dissera que meu pai estaria vindo ao nosso encontro eu me sentia estranha, ansiosa e ao mesmo tempo temerosa. Eu ficava à janela, prestando atenção a qualquer mínimo movimento, esperando pelo momento em que meu pai entraria por aquela porta e me decepcionando todas as vezes que J dissera que não era ele.

Mas dessa vez era.

J e meu pai conversaram algo à porta,  não escutei o que era. As vozes eram baixas  demais e pareciam confidenciar segredos. E então ele entrou, nossos olhares se cruzaram e eu senti aquela estranha conexão de pai e filha, me senti com seis anos outra vez, como no dia em que minha mãe não pode me buscar na escola e eu fiquei além do horário achando que ela havia se esquecido de mim, até que meu pai chegou  eu corri até ele agradecida por sua chegada e ele me disse que  sempre viria por mim, porque é isso que pais fazem.

Eu ansiei por esse momento por grande parte da minha vida - vinte anos dela para ser exata - e agora que estava acontecendo eu não sabia o que dizer ou o quê fazer. Eu poderia brigar com ele por ter me abandonado em tão tenra idade, mas isso parecia tão errado, se prender as mágoas do passado ao invés de olhar para frente. Eu apenas olhava para aquele homem, seus cabelos grisalhos ainda eram cheios, sua face mostrava algumas linhas de expressão e seu semblante estava um pouco cansado. Mas seus olhos brilhavam de tal forma ao me ver, que naquele momento eu soube que não importava o tempo em que ficamos separados, ele ainda era o meu pai. Ele sempre viria por mim.

E então eu sorri.

E ele sorriu de volta. Um sorriso inseguro no começo, mas que foi ficando maior na medida em que se aproximava de mim.

— Oi filha. — disse tão logo parou a minha frente, seus olhos perdidos em minha face tentando reconhecer a garotinha que ele havia deixado para trás talvez?  — Estou tão orgulhoso da mulher que você se tornou. — engoli em seco, ainda sem saber como me dirigir à ele, mas meu coração apertava dentro de mim, meus olhos marejavam e acabei desistindo de segurar todas aquelas emoções que estavam presas.

— Senti sua falta. — cedi por fim o abraçando.

— Eu também senti minha pequena. — Seus braços rodearam meu corpo em um abraço afetuoso e protetor. Um abraço daqueles que somente os pais são capazes de dar a suas filhas.

Aos pouco seus braços se soltaram de mim, suas mãos ergueram até meu rosto para o qual ele olhava com admiração.

— Eu sei eu errei muito, mas eu preciso que você entenda tudo o que fiz foi pensando na sua segurança. — A voz dele quebrou, notei que ele estava aflito com isso.

— Eu sei pai. — assegurei. E estranhamente eu o entendia, ele trabalhava para ARGUS e pelo pouco que eu conheci da Amanda eu conseguia compreender o porquê de meu pai  querer proteger a família disso. — Mas eu preciso de respostas, eu preciso saber a verdade. Se nós vamos lutar contra a ARGUS, eu quero saber por que eles estão atrás de você.

Meu pai suspirou resignado.

— Sente-se um pouco filha, essa história vai ser um pouco longa. —  obedeci me sentando no sofá e meu pai se juntou a mim.

Eu escutava atentamente enquanto meu pai me contava toda a sua história,  como Amanda o convidou para trabalhar no setor científico ainda jovem e o quanto ele estava animado por fazer parte de uma organização governamental secreta e que lá conheceu outro jovem chamado Robert Queen também animado por fazer algo pelo seu país.  J por sua vez permanecia calado, encostado num canto da sala, afastado o suficiente para nos dar certa privacidade, mas ainda assim eu o vi lançar alguns olhares na nossa direção, mantendo-se atento a tudo o que era falado.

— E então nós o criamos e Amanda ficou louca pelo conceito inicial, nossa invenção mudaria tudo.

— Mas o que foi esse invento tão importante? — perguntei curiosa.

— Imagine um programa de reconhecimento facial acoplado a um satélite de ultima geração, capaz de identificar qualquer um em qualquer lugar do mundo. Não importa onde essa pessoa se escondesse, ele seria capaz de ver além das paredes, analisar as variáveis e dizer quem era. — Aquilo era realmente incrível, constatei — Nós o chamávamos de Hórus, — achei graça da referência ao olho que tudo vê, mas era exatamente isso o que a invenção representava — um pouco prepotente eu sei.  Mas não foi ideia minha. — Seus olhos se desviaram para J que emitiu um sorriso. — Sabe quantas pessoas desaparecidas poderiam ser encontradas, ou quantos terroristas poderiam ser parados antes que cometessem alguma atrocidade? Isso seria uma revolução,  um novo conceito para a segurança mundial. Amanda ficou fascinada com o projeto, ela estava sempre por perto, nos questionando.  Até que descobrimos que os fins para os quais ela planejava usá-los não eram nem um pouco dignos quanto os nossos ideais ao criá-lo. Nós queríamos tornar o mundo um lugar melhor e ela pretendia o usar para espionar pessoas e obter vantagem para si própria. — Não me surpreendi com suas palavras, já sabia que Amanda era esse tipo de pessoa — Então, nós destruímos tudo, apaguei todas as informações e coloquei fogo na sala, assim todo o conhecimento estava perdido.

— É por isso que seu pai é tão valioso para Amanda, ele é o único que tem esse conhecimento.  — J interviu pela primeira vez e só então percebi que ele havia se aproximado.

— Não exatamente. — meu pai falou, parecendo ligeiramente culpado. J e eu imediatamente viramos nossos olhares em sua direção. — Eu talvez tenha feito uma cópia de segurança dos arquivos e entregado à Felicity.

— Você fez o quê? — J se exaltou.

— Entregou para mim? — questionei aturdida.

— No cubo. —  falou lançando-me um olhar significativo. Aquele tempo todo tudo o que Amanda mais queria estava comigo. Não exatamente comigo, mas em uma caixa de papelão jogada no fundo do armário do quarto que eu costumava dividir com Oliver. Se eu a entregasse, toda essa história chegaria ao fim.

—  Se Amanda sonhar com isso... — J começou.

 — Ela não vai, vamos destruir antes... Mas há outras coisas lá que eu preciso, coisas que podem ser uma vantagem contra Amanda. Licity, onde está o cubo?

— No apartamento do Oliver.

— Oliver — meu pai cuspiu o nome com raiva e o vi se levantar — o seu marido que trabalha para a Amanda e que te usou para tentar chegar até mim? — Seus olhos faiscaram até J suas mãos se apertaram em punho demonstrando o quanto aquilo o irritava.

— James...  Ele foi enganado, Amanda fez a cabeça dele. — J tentou amenizar.

— O inferno que fez! O quão difícil é perceber que usar a minha filha é algo errado? — Seu tom era  furioso, e eu via uma veia pulsando na  testa do meu pai. — Não pense que só porque ele é seu...

 Meu pai não teve tempo de terminar a frase, ouvimos o barulho de carros derrapando do lado de fora, passos pesados caminhando até a casa.

— Segure isso Felicity. — estendi a minha mão e só então notei o frio do metal, J havia me entregado uma arma — Acho que Amanda nos encontrou.

— Não, aquela não é a Amanda, aquela é... — Meu pai começou a dizer

— Aquela é Isabel Rochev minha chefe! — falei assim que olhei pela fresta da janela e vi a russa saindo de um  carro — Não tive tempo para processar a surpresa daquela constatação porque num minuto eu olhava para  dezenas de homens usando máscaras que cercavam a casa e no minuto seguinte...

As coisas começaram a explodir bem a nossa frente.

***

Oliver Queen

 Eu desci do carro e comecei a correr em direção à casa, meu coração parecia que ia saltar pela boca. Eu estava aterrorizado que algo pudesse ter acontecido a ela, eu já estava na metade do caminho quando escutei a voz de John  pelo comunicador.

Oliver pare! — O tom dele era exigente. —  Eu sei que você está preocupado, mas precisa ser racional.  — O Inferno que eu conseguia ser racional! A mulher que eu amo estava ali naquela casa, correndo perigo eu precisava fazer algo.

— Felicity está lá dentro. — respondi aflito.

Eu sei, e você precisar chegar inteiro até ela.  — seu tom era compreensivo — Carrie e Floyd vão dar um jeito nos homens que estão cercando a casa, use a entrada lateral. — Ele mal terminou de falar e vi um dos homens que guardava a porta lateral cair ao chão.

— De nada. —  Deadshoot disse, num tom tedioso.

Avancei em direção a porta derrubando o outro  homem que estava de guarda do lado de dentro. Não havia ninguém naquela área mais eu escutava o barulho de tiros do lado de fora e de luta do lado de dentro.

— John? Me informe o que está acontecendo do lado de fora?  — Precisava que a área estivesse limpa para retirar Felicity com segurança.

Não é bom. Eles são muitos e bem treinados. Oliver eu tenho que ajudá-los.O soldado dentro dele pedia isso e por mais que Floyd não fosse um amigo, nós estávamos aqui como uma equipe. Eu entendia o que John precisava fazer.

— Vá, mas... Não cheguei a terminar minha sentença.

Não se preocupe, eu não te deixaria na mão.  afirmou convicto, eu assenti sabendo que sempre poderia contar com ele.

Segui em direção ao barulho da luta. O interior da casa estava uma bagunça, metade dela estava em chamas e a fumaça tornava difícil distinguir com precisão o que estava acontecendo. Mas assim que cheguei a sala eu vi dois homens lutando com os mascarados, um deles eu sabia quem era: James Smoak, o assassino do meu pai, retesei  ao vê-lo, ele estava levando uma surra e tanto, o homem havia acabado de lhe dar uma chave de braço e o puxava em direção a saída, num movimento rápido peguei minha arma e mirei na direção dos dois, eu poderia acabar com isso agora eu poderia ceifar a vida de James Smoak, assim como ele havia feito com a vida do meu pai.

Mas eu não o fiz.

Ao invés disso atirei no homem que o enforcava. James Smoak me lançou um olhar incrédulo, e para ser honesto eu também estava surpreso com a minha própria  reação.

— Oliver, ela está indo para o andar de cima. — Escutei uma voz desconhecida, mas ao mesmo tempo familiar e assim que olhei pela escadaria vi o vulto do seu cabelo loiro passar, gelei quando percebi que dois homens a seguiam. — Tire ela daqui. — pediu o desconhecido num tom urgente.

Subi as escadas o mais rápido que consegui, ataquei um dos homens lançando-o escada abaixo e segui pelo corredor em direção ao outro que perseguia Felicity. Meu coração disparou assim que escutei o barulho de um tiro vindo de um dos quartos e imediatamente me virei  seguindo o som.

À porta do quarto vi a sombra de um homem, eu tinha certeza que Felicity estava lá dentro. Eu não pensei muito naquele momento e apenas agi por instinto. Mas ao mesmo tempo em que me movi para cima do homem um som de tiro ecoou pelo cômodo. 

— Eu o matei? — Felicity perguntou observando aturdida o corpo do homem ao chão enquanto segurava em suas mãos tremidas uma arma.

— Não, seu tiro acertou o teto —  indiquei o buraco, e a observei respirar aliviada. —  Ele desmaiou porque bati na cabeça dele.

— Oliver, eles são muitos não vamos conseguir detê-los por muito tempo. Você precisa tirá-la daí imediatamente.  escutei John pelo comunicador.

— Estou trabalhando nisso. – respondi e Felicity me olhou desconfiada — Felicity, nós precisamos sair daqui. — falei urgente.

— Como eu sei que você não está com eles? — A voz dela soou desestabilizada, e eu me senti a pior das pessoas ao vê-la erguer a arma na minha direção.

— Você sabe que eu não a machucaria dessa forma. — afirmei erguendo minhas mãos mostrando que estava desarmado,  a  vi erguer uma das sobrancelhas em clara descrença. Aquilo me desarmou, eu poderia lidar com a Felicity que me odiava, que me desprezava, mas eu não sabia lidar com aquela que pensava que eu poderia querer fazer-lhe qualquer mal. Essa era a visão que ela tinha de mim? Será que ela não via o quanto eu a amava? Que eu faria qualquer coisa por ela? — Eu sei, eu sei que tomei todas as escolhas erradas, mas, por favor, me deixe ajudá-la, você não conseguirá sair daqui sem mim. — falei na medida em que me aproximava devagar, vi seu aperto sobre a arma vacilar.

Ela parou alguns momentos me analisando, decidindo qual decisão tomar. Eu queria ir até ela jogá-la sobre o ombro e obrigá-la a ir comigo para um lugar seguro, mas eu também queria lhe dar o direito de escolha. Queria que ela escolhesse confiar em mim.

— E quem vai ajudar os outros? —  perguntou num fio de voz.

— Outros? Quem mais está aqui além do seu pai? — questionei.

— Como se você se importasse! — acusou. 

— Felicity...  — comecei, mas não sabia o que dizer eu realmente não me importava, o pai dela era um assassino. O assassino do meu pai, eu não me importava com o destino que lhe era dado. 

— Eles não vieram apenas pelo meu pai.  Vieram pegar o seu também. — Ela disse dando passos na minha direção.

— O quê? Felicity, o que você esta dizendo com isso? Você sabe que o meu pai está...

— Vivo. — Seu tom não deixava dúvidas de que ela falava a verdade. — Robert Queen está vivo, foi ele quem me contou a verdade. Sobre o seu trabalho, ou devo dizer a sua missão? — Seu tom era dominado por raiva, como se Felicity quisesse me ferir com suas palavras — Te faz te sentir um idiota, não faz? Todos esses anos em que você seguiu jurando vingança, toda a dor que você nos causou simplesmente por uma busca de justiça a qual você nunca vai obter... Você me usou, você destruiu tudo o que vivemos por nada. — Estávamos próximos demais, tão próximos que eu via o brilho de lágrimas em seus olhos, lágrimas que ela se recusava a deixar cair.

Isso era muito para processar, o que Felicity me dizia era impossível.  Mas então me lembrei do desconhecido que estava na sala, de como a voz soou familiar aos meus ouvidos.

 — Me desculpe não poder ficar e conversar, porque nesse momento eu preciso ir atrás deles. — falou passando por mim, eu ainda estava estático com as informações que ela me jogara. — Eu preciso salvar o meu pai e o seu também.

Eu tentava forçar a minha mente a reagir, eu deveria ir salvá-lo? Eu... eu não sabia o que fazer.

— Felicity... Espere. — falei tarde demais, ela já estava indo enquanto eu a seguia pelo corredor eu precisava pará-la era corajoso da parte dela querer fazer algo para ajudá-los, mas ela não via que era estupidez? Que ela sozinha não tinha a menor chance e apenas se machucaria no processo? — Você está sendo irracional! — a agarrei pelo braço antes que pudesse descer pela escada. Seus olhos faiscaram na minha direção.

— Me solte Oliver. — exigiu erguendo o rosto com uma expressão petulante, mas meu aperto continuou.

— É pedir muito que você confie em mim só mais essa vez?  — praticamente supliquei. Seus olhos analisaram meu rosto por milésimos de segundos, eu vi um brilho fugaz que por um momento me deu esperanças, mas logo depois seu olhar veio para mim frio e magoado.

— Sim, é pedir muito. — afirmou soltando-se do meu aperto. Vê-la preferir correr em direção ao perigo ao invés de ficar segura comigo foi como um tapa na cara. Eu nunca teria a confiança dela de volta.

Os momentos seguintes pareceram passar em câmera lenta,  ela desceu as escadas e eu a seguia ainda sem saber exatamente o que fazer, apenas que não poderia deixá-la sozinha.  Ela deu passos em direção a saída quando um estrondo alto se fez. Vi seu corpo ser jogado para traz com o impacto da explosão, corri imediatamente em sua direção tentando amortecer a baque, mas não consegui chegar a tempo. Eu nunca conseguia chegar a tempo.

— Vá embora, eu não preciso da sua ajuda. — ela resmungou ao me ver próximo.

— Agora não é hora de ser teimosa, amor. — falei com carinho —  Você precisa de mim. — ponderei  a medida que me aproximava ainda mais para ver o quanto ela estava ferida, ajoelhei-me no chão  analisando seu rosto com precisão. Para o meu alívio não parecia ser nada sério, ela tinha um ferimento na cabeça que sangrava pouco, mas  que eu percebi a havia deixado um pouco desnorteada. Havia também algumas escoriações no braço e um machucado na coxa que sangrava muito.  Eu precisava tirar ela dali logo,  não sabia quanto tempo a estrutura da casa aguentaria após mais essa explosão.

— Eu te odeio! — exclamou a medida em que seus braços fracos tentavam me afastar dela. Segurei-a ainda mais firme e a levantei do chão ignorando seus protestos.

— Não importa. — falei sem me abalar e a expressão dela se tornou  confusa. — Isso não muda o que eu sinto por você. — disse convicto de que nada que Felicity dissesse ou fizesse mudaria meus sentimentos por ela, eles estavam em mim, enraizados de uma forma imutável. Eu sempre a amaria, não importa o rumo que nossa história seguisse. — Agora descanse amor, eu vou te levar para casa. —  Eu pude perceber Felicity lutando para ficar acordada, mas seus olhos a traíram  e logo estava dormindo em meus braços.

A carreguei em direção ao carro, precisava ser rápido agora.  Carrie e Floyd não deveriam estar longe, tentei contatar John pelo comunicador, nós precisávamos sair daqui imediatamente, mas eu não obtinha uma resposta dele.

Coloquei Felicity cuidadosamente no banco traseiro do carro e liguei para John, escutei o aparelho tocar, parecia próximo a mim  caminhei até a direção do som que parecia vir da traseira do carro.

 — Eu acho que ele não pode te atender agora, —  a voz feminina disse e logo em seguida senti uma picada em meu pescoço. — Tenha bons sonhos querido. — fiquei tonto, eu já não conseguia aguentar o peso do meu corpo, tentei apoiar-me no carro, mas meus braços não tinham a força necessária. Fui empurrado para o interior do veículo com certa brutalidade, apoiei minha cabeça no banco. Eu precisava ficar acordado, eu precisava manter Felicity segura. Mas as pálpebras estavam ficando pesadas,  até mesmo respirar parecia difícil.

Olhei uma última vez para Felicity desmaiada sobre o banco e meu coração doeu. Eu já havia falhado outras vezes em missões da ARGUS, mas dessa vez era diferente eu havia falhado na única missão que realmente importava.

— Conseguimos amor. — escutei a voz ruidosa de Carrie comemorar.

— Não me chame de amor. —  Floyd retrucou mal humorado.

— Você prefere benzinho? — contrapôs, e eu não pude escutar a resposta porque tudo simplesmente se apagou.

 


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Notas finais do capítulo

Heeeey de novo!

Como o capítulo ficou grande, estou preocupada que algumas coisas tenham ficado um pouco confusas. Então já sabem, qualquer dúvida é só perguntar!

Outro ponto importante é Isabel. Alguns de vocês podem ter achado a participação dela um pouco aleatória né?! Bem, vou puxar a orelha de vocês aqui. Eu sempre disse que Isabel era a chefe da Fel (embora ela nunca tenha aparecido realmente) e também citei que Isabel Rochev foi a primeira missão do Oliver na ARGUS! Achei que vocês iam sacar que tinha algo errado nessa história...

E o próximo capítulo vai ter algo pelo qual estou ansiando desde que imaginei essa história... espero que gostem da surpresa!

Enfim, tô enrolando aqui já né?! Bjs e até o próximo capítulo!

Só mais uma coisinha.... J é Robert Queen! Mas isso tava na cara né?!