Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 12
Hide and Seek


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores! Já disse que vocês são os melhores??? Muito obrigada a quem tem comentado e favoritado a fic, e aqueles que leem como fantasminhas também! Fico contente que estejam apreciando essa história!

Então sobre esse capítulo, estou com ele pronto desde de segunda, mas não conseguia postar porque eu sou muito complexada com as coisas que escrevo. Mas enfim, aí está e espero que gostem!

Feliz natal e ano novo (mega atrasado eu sei) que 2016 traga muitas fics boas e casamento olicity para gente!!!

Beijos! ♥



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Give me love like her

'Cause lately I've been waking up alone

Pain splattered teardrops on my shirt

Told you I'd let them go

And I'll fight my corner

Maybe tonight I'll call ya

After my blood turns into alcohol

No I just wanna hold ya

Give a little time to me, we'll burn this out

We'll play hide and seek, to turn this around

All I want is the taste that your lips allow

My my, my my oh give me love

My my, my my oh give me love

My my, my my give me love

( Give me love - Ed Sheeran)

 

Oliver Queen

Os lábios dela eram vermelhos.  Aquela cor era perfeita para ela.

Ela falava algo, mas era difícil me concentrar em suas palavras quando seus lábios cheios pintados da cor do pecado  se movimentavam daquela forma quase indecente. E então ela mordeu seu lábio inferior do jeito que costumava fazer sempre que estava um pouco envergonhada ou nervosa, logo sua língua estava ali umedecendo o local onde a pouco ela havia pressionados os dentes, ela fazia exatamente o que eu gostaria de fazer com ela. Isso era o mais incrível em Felicity, ela conseguia ser absurdamente sexy sem sequer se esforçar.

Felicity estava no centro da sala brincava com a faixa do robe de seda preta que usava,  puxando suas pontas, mas nunca desfazendo o laço. O preto contrastava com a pele clara e o tecido fino marcava delicadamente as curvas de seu corpo. Ela era uma visão e tanto, capaz de mexer comigo de uma forma indescritível, era muito fácil me perder nela, me perder em seus carinhos, em seus beijos doces, quando eu a via eu me esquecia de tudo e me concentrava apenas nela. Era um sentimento muito perigoso, um dia eu me perderia completamente e não conseguiria encontrar o caminho para o Oliver que por tanto tempo eu construí, o Oliver que estava com ela apenas porque ela era a sua missão. Talvez eu sequer quisesse voltar para esse Oliver.

Ela sorria para mim, enquanto eu permanecia sentado no sofá a observando,  na verdade eu estava enfeitiçado, magicamente impedido de ir até ela dado ao meu completo fascínio, havia um prazer estranho em apenas vê-la e prestar atenção em cada mínimo detalhe, perceber suas bochechas levemente coradas, a pequena covinha que aparecia sempre que emitia um sorriso, e o pequeno tique que a fazia brincar inconscientemente com os dedos das mãos direita, me demonstrando o quanto ela estava nervosa, eu acompanhava cada movimento dela por menor que fosse. Porque esses eram os detalhes de Felicity, detalhes que me fascinavam.

Felicity sabia o efeito que causava em mim, por isso ela estava  deliberadamente me provocando, tornando a espera ainda maior. Mas eu estava mais do que contente em ser seu telespectador.

Minutos se passaram até que ela se aproximou lentamente, andando até mim e parando suas mãos sobre os botões da minha camisa, desabotoado um a um, arranhando toda a extensão da minha pele, me fazendo arfar sobre seu toque quente.

Ela me tinha preso em seu olhar. Completamente dominado por seus olhos ternos e ao mesmo tempo queimando em desejo. E então Felicity colocou suas pernas ao redor do meu corpo se sentando sobre mim. Imediatamente minhas mãos foram para os seus quadris apertando-a e puxando-a possessivamente em direção à minha excitação, ouvi um pequeno gemido sair de seus lábios. A nossa pequena brincadeira estava saindo do controle, e eu já não conseguia apenas olhá-la e não tocá-la, não tomar tudo dela. Era sempre assim quando estávamos juntos,  Felicity exercia um estranho poder sobre mim e eu nunca parecia ter o suficiente dela.

Minhas mãos já agiam segundo o meu desejo, desciam e subiam pela pele macia de sua coxa. Tentei desatar o nó do maldito robe, mas logo as mãos de Felicity estavam lá me impedindo.

— Ainda não apressadinho! — falou, mas a voz de Felicity não parecia muito convicta, ela já estava dominada por aquele desejo que parecia queimar sempre que estávamos juntos.

— Ah é? — puxei seus cabelos para trás e comecei a distribui uma sucessão de beijos e mordidas em seu pescoço delicado, na tentativa de fazê-la ceder logo. Mas Felicity contra atacou e  logo aquela boca tentadora estava lóbulo da minha orelha, mordendo-a. A respiração de Felicity ali era quente e os gemidos e suspiros que ela dava toda vez que eu a tocava me levavam a loucura.  Eu já estava no meu limite e vendo o olhar de desejo em Felicity tinha certeza que a nossa pequena travessura não resistiria por muito tempo, espalmei minhas mãos novamente em seu quadril,  e avancei sobre o seu corpo deitando-a no sofá com meu próprio corpo sobre o dela.  Minhas mãos foram direto até o maldito laço do robe desatando-o e mostrando a sexy ligere de renda preta que Felicity usava, ela estava tentadora demais. E ela era toda minha, apenas minha.  Comecei a beijar a sua barriga subindo vagarosamente, saboreando o gosto de sua pele e deixando pequenas mordidas no vale entre os seios, subi mais um pouco e encontrei seus olhos azuis me fitando com intensidade. Ela me amava, era isso que dizia seu olhar. Eu a amava também? Não deveria, não era certo, me apaixonar não era minha missão. Mas de qualquer forma eu era péssimo em cumprir minhas missões.

Beijei-a com paixão, tentando livrar-me dos meus pensamentos. Deixei-me ser dominado por seu gosto agora já tão conhecido por mim. Deixei-me perder em seus lábios macios e sempre tão convidativos. Sorri ao ver o sorriso envergonhado, mas ao mesmo tempo lascivo que ela me lançou  enquanto suas unhas arranhavam minhas costas, e então finalmente eu provei de seus lábios uma segunda vez, mas o beijo não  tinha mais o gosto do dela.  Não senti aquele frescor doce que eu estava acostumado. Algo estava errado. Seu gosto estava errado. Era amargo.

Eu havia perdido aquele gosto.

Me afastei de seus lábios e mirei seus olhos  procurando neles uma explicação, mas eles não estavam mais azuis límpidos e cheios de vida como sempre eram. Estavam opacos e inexpressivos, seu brilho havia desaparecido e a chama de desejo agora se transformara em um frio congelante, mágoa e ressentimento. Era tudo o que eu recebia de volta dela.

O que foi que eu fiz?

As mãos de Felicity me empurraram, tiraram-me de cima dela e eu observei atônito ela caminhar para longe de mim.

 Eu a havia perdido e junto com isso perdido todos os pequenos detalhes que eu tanto amava, os detalhes que davam sentido a minha vida.

Eu  havia perdido meu tudo.

— Aonde você vai amor? — perguntei em um fio de voz enquanto a observava amarrar o robe novamente e caminhar altiva para a saída do apartamento.

— Eu não sou seu amor.  — falou antes de fechar a porta e tudo ficar escuro.

***     

Acordei sentindo o suor impregnado por todo o meu corpo, minha pulsação acelerada,  a respiração ofegante e minha cabeça latejava de dor. Que espécie de sonho tinha sido aquele? Ou devo dizer pesadelo? Era uma das minhas muitas lembranças com Felicity, mas com o final alterado. Aquele dia tinha sido um dia divertido  e agora eu não conseguiria sequer sonhar com as boas lembranças que tinha com Felicity sem que, de alguma forma meu cérebro me lembrasse que eu a tinha perdido.  E que era tudo culpa minha.

— Merda. — xinguei, mal humorado me sentando na cama e colocando as mãos sobre a cabeça, tentei respirar mais calmamente e me livrar daquela sensação ruim, parecia haver um buraco crescente em meu peito.  Acendi o abajur sobre o criado mudo e verifiquei as horas, 5:30 da manhã. Isso era um recorde, eu havia conseguido dormir por três horas e quinze minutos, isso era muito mais do que estava acostumado desde que Felicity me deixara. 

Levantei-me e caminhei pelo o quarto, achei uma garrafa de whisky jogada num canto qualquer ainda pela metade, virei um pouco do líquido de uma só vez, e ele ardeu em minha garganta, esperei que  a queimação eliminasse o amargo em minha boca, aquele bolor que estava preso ali, mas isso não aconteceu.  Cogitei virar o restante do líquido, talvez o álcool me  desse a ilusão de que tudo estava bem, e talvez assim fosse mais fácil encarar mais um miserável dia sem ela.

Mais uma noite sem ela, mais uma noite em que eu acordava com o lado da cama vazio, sem seu corpo quente colado no meu, sem seu perfume floral. Eu nunca havia me sentido tão... Eu nem sei qual a palavra certa... Vazio? Sem propósito? Apático? Essa última era uma boa palavra para descrever, desde que ela se fora eu parecia  ter perdido a capacidade de sentir algo diferente de dor e culpa.  Eu não aguentaria muito tempo disso, dessa semi-vida, eu estava no limiar  prestes a tomar uma decisão muito perigosa, mas eu precisava apenas fazer algo para mudar essa situação deprimente e com sorte talvez dessa vez eu fizesse da forma correta, de uma forma que pudesse encontrar minha redenção. Eu lutaria por Felicity,  ainda que eu soubesse que o amor  dela eu havia perdido para sempre. Mas eu lutaria pela felicidade dela.

Quando Amanda apareceu no dia anterior no bar me pedindo para  “buscar” Felicity eu surtei. Como ela se atrevia? Acho que nunca fiquei tão furioso em toda a minha vida, aquela mulher me fez machucar uma pessoa que nunca mereceu menos do que meu cuidado e amor, alguém que não merecia toda a dor que eu causei. Como um bom idiota eu joguei todas as minhas frustrações nela, eu joguei a culpa de tudo em Amanda e claro recusei a oferta, sem pensar em como Amanda sabia onde Felicity estava e porque a queria. E apenas agora, depois de  algumas horas de sono e uma ressaca descomunal eu conseguia pensar com coerência.

Amanda não era confiável. Isso é incontestável, mas ela é alguém com recursos e principalmente informações. Não importa se eu a ajudasse ou não, ela chegaria à Felicity e não haveria ninguém para impedir os danos. Peguei o meu celular e disquei o número que já conhecia de cor.

— Amanda? Eu faço o que quiser, só me diga onde ela está.

 — Excelente. — percebi  a satisfação na voz dela. — Esteja aqui em meia hora. — ordenou desligando o celular em seguida. Tomei uma ducha rápida e vesti um par de roupas limpas antes de sair do apartamento em direção a sede da ARGUS, mantive meus pensamentos concentrados no que era importante: Felicity.

Talvez eu fosse o responsável por apagar aquele brilho no olhar da Felicity, Eu com certeza havia sido aquele que quebrou o seu coração, mas eu estava determinado a corrigir meus erros. Eu poderia nunca obter o perdão que eu tanto almejava, e o coração dela, esse eu sabia que nunca poderia ser dono outra vez. Mas eu iria até o fim do mundo para consertar a merda que fiz, eu traria luz para os olhos de Felicity outra vez. Essa era a minha missão, nada mais importava.

***     

Felicity Smoak  

A visão do oceano se estendia por milhas e milhas à minha frente, suas águas pareciam turbulentas, mas a medida que se aproximavam da praia perdiam a toda a intensidade e quebravam em pequenas ondas aos meus pés. A água estava  muito fria aquela hora da manhã, mas eu não me importava, muito pelo contrário eu era grata por algo que pudesse me despertar e me fazer sentir qualquer coisa diferente.

Ergui meus olhos na direção em que o sol nascia, via os primeiros raios dourados despontando no horizonte, o calor ainda ameno tocava a minha pele a aquecendo-a, porém por dentro eu ainda me sentia estranhamente fria. Eu não sabia exatamente onde estava, apenas que J tinha me trazido para o litoral e o mais importante o nascer do sol ali era lindo, uma visão incrível, mas do que adianta uma bela vista como essa se não há alguém para compartilhar com você?

Eu costumava ter esse alguém especial. Toquei o metal frio da aliança em meu dedo, eu tentei retirá-la várias vezes desde que havia deixado Oliver, mas não conseguia a ausência dela em meu dedo só deixava as coisas ainda piores.

Eu gostava de vir aqui para pensar, pensar na gigantesca rasteira que a vida tinha me dado. Pensava em como eu iria me reerguer depois disso. Eu estaria sendo uma grande hipócrita se dissesse que estava bem desde o momento que eu  deixei Oliver, longe disso, deixá-lo foi a decisão mais difícil que tomei em minha vida, porém foi necessária. Depois da última noite em que dormimos juntos algumas coisas ficaram mais claras para mim.

Eu o amava. Talvez sempre o amasse. E talvez o amor que eu sentia por ele fosse o suficiente para perdoá-lo... Ou talvez não. Talvez eu o esquecesse com o tempo, talvez o amor desaparecesse e talvez eu nunca fosse capaz de perdoá-lo.

Por isso eu tive que partir. Porque um talvez não era o suficiente para mim. Eu queria certezas, eu precisava de uma certeza antes de colocar meu coração na linha de fogo mais uma vez.  Eu quase desisti quando vi Oliver do outro lado da rua com o olhar desesperado cravado em seu rosto, ou quando ele seguiu correndo atrás de mim. Eu murmurei um “me desculpe” antes de entrar no carro, eu não podia continuar olhando para seus olhos tristes. Eu me desculpei, esperando que ele entendesse que eu não era capaz de ficar e fingir que tudo estava bem, meu coração ainda estava ferido demais e apenas olhar para Oliver me fazia lembrar de que todo aquele amor que eu sentia por ele estava errado.

O amor não deveria ser assim. Eu costumava acreditar que histórias de amor deveriam começar com um acaso, uma esbarrada seguida de um toque sutil, mas que te faz estremecer. Conversas que duram horas mesmo sem ter um assunto sequer, apenas aquela vontade de escutar a voz da pessoa que te mantem falando milhares de bobagens. Todo o nervosismo com o primeiro encontro, desde a roupa que se deve usar ao coração acelerado quando ele te dá um singelo beijo de despedida à porta da sua casa. E então o romance começa. Minha história com Oliver tinha sido exatamente assim, seguiu todos os requisitos de um romance de verdade. Mas não foi real, cada um desses momentos foi orquestrado para me fazer apaixonar, cada pequeno acaso, cada beijo, cada palavra de amor dita nada disso foi verdadeiro e me lembrar disso me fazia pensar que a minha história com Oliver estava suja.

E havia essa parte de mim, uma pequena parte da qual eu me envergonhava   que secretamente desejava equilibrar as coisas. Essa parte me dizia que eu deveria causar à Oliver a mesma dor que ele me causou, que não era justo o que ele havia feito comigo. Essa parte era feita de pura raiva, e isso me assustava porque nunca tinha lidado com nada tão intenso e destrutivo dentro de mim. Temia que essa raiva me consumisse. Por isso tentava a manter bem escondida.

 Suspirei me levantando da areia branca tentando me livrar de meus pensamentos que de alguma forma sempre vagavam até Oliver. Eu precisava esquecê-lo, me esquecer de tudo e todos, se possível até de mim mesma. Peguei meus chinelos me virando para voltar para a casa, assim que o fiz fui surpreendida por J que estava ali, parado me observando.

— J? — Falei surpresa — Como você me achou aqui?

— Desde que eu te trouxe para cá, você passa a maior parte do tempo nesse lugar, apenas olhando para o mar.  — apontou  — Eu sei o que você está fazendo Felicity. Você pode vir quantas vezes quiser, mas esse lugar nunca trará as respostas que você tanto almeja.  — Deu um meio sorriso — Eu te trouxe aqui para que você pudesse pensar no que realmente quer fazer Licity, eu te apoiarei, independente do que seja. Eu sei que Oliver...

— Eu não quero falar sobre ele. — cortei, e minha voz saiu tremida.

— É claro que não quer e eu não te culpo por isso.  — J começou a falar num tom mais compreensivo, pegou meu braço e o colocou sobre o dele e logo estávamos caminhando pela praia — Eu te disse naquele dia no hospital, que se quisesse eu poderia te levar para outro lugar para longe de tudo e todos. Mas é isso que o seu coração realmente quer? Seja honesta consigo mesma, o que você quer Licity?

O que eu queria? Esquecer tudo. Não, eu não queria isso realmente.

— Eu não quero mais sofrer.  —  J me lançou um olhar de compaixão.

— Não existe um modo, um remédio ou fórmula para acabar com o sofrimento. —  seu tom era complacente — Você está ferida, e todos os dias essa ferida doerá te lembrando de toda a dor que  está em seu coração. Mas acredite em mim, um dia a dor diminuirá, um dia a ferida vai se fechar embora o que a causou jamais seja esquecido, e a cicatriz sempre estará lá para lembrá-la do que aconteceu.

— Então eu nunca vou esquecê-lo. — constatei tristemente, Oliver seria como uma cicatriz, marcado em minha pele para sempre.

— Não se trata de esquecer querida  — J me explicou — Isso sempre será parte de quem você é, de quem você está se tornando. É uma coisa boa. — Ergui uma de minhas sobrancelhas o questionando como sofrer poderia ser algo bom. — Te faz mais forte. É impossível passar pela vida sem algumas cicatrizes, mas é preciso saber lidar com elas, não se pode desistir a cada vez que a vida te dá uma rasteira é preciso se adaptar e procurar um novo modo de ser feliz.

— Se adaptar. — repeti. — Você fez isso? Eu digo, quando deixou a sua família anos atrás? E seguiu nessa cruzada com o meu pai?

J parou assim que escutou minhas palavras, olhando-me com curiosidade. Ele sabia que eu sabia a verdadeira identidade dele, mas nunca falávamos disso diretamente.

—  A decisão que tomei anos atrás foi pensando na segurança deles. Se eu me adaptei? Sim. Foi fácil? Nem um pouco. — respondeu ainda sério, mas pude ver um brilho de tristeza em seus olhos claros. Enrosquei meu braço no dele  encostando a cabeça em seu ombro, tentando confortá-lo.

— Você me lembra a minha filha. — J falou do nada.

— Tenho certeza que ela é uma pessoa incrível.

— Ela é. — disse sorrindo.

— Será que podemos parar de dar voltas em nossas conversas?  É tão estranho, saber quem você é e continuar a chama-lo por J. Não sente falta de ser chamado por seu nome?

— Às vezes, mas depois de tanto tempo fugindo a gente esquece o próprio nome, vai ficando sem identidade e no fim acaba se reduzindo a uma letra do alfabeto.  — o tom de J foi ficando apático —  Seu pai  era o único que ainda me chamava por meu nome.

— Isso parece horrível.

— Não é, eu apenas estou sendo um pouco melodramático. — Sorriu. Se eu já não o conhecesse bem diria que era um sorriso perfeito, mas agora eu já conseguia discernir as emoções escondidas ali.

— Bem... Talvez eu devesse escolher uma letra do alfabeto para ser meu codinome? — tentei brincar, na esperança de deixar o clima um pouco mais leve, mas consegui exatamente o contrário.

— Não. — disse resoluto, seu rosto formando uma carranca — Isso nunca acontecerá com você. Eu posso não ser seu pai, mas eu me importo muito com você Licity, eu te vigio a tempo demais e nesse tempo eu percebi que você é uma pessoa boa e que não merece esse tipo de vida. Você merece ser feliz, esse sempre foi o desejo de seu pai e é o meu também.

— Você é um belo stalker, J — brinquei, e ele riu alto.

— Foi meu melhor trabalho.

— Você nunca me explicou isso direito. Mas eu fico feliz que meu pai tenha te mandado até mim.  Mesmo que ele tenha sumido por tanto tempo, você tem sido a melhor coisa que ele mandou para mim. — expliquei, de certa forma J havia se tornado um bálsamo salvador, principalmente agora que a minha vida estava dando voltas.

— Felicity, tem algo que eu preciso te contar. — falou parecendo apreensivo e imediatamente parei quando disse essas palavras, mirei seus olhos que pareciam um pouco culpados. Não, não, não! Gritei em minha mente J teria mentido para mim também?

 — Seu pai não me mandou até você.  — congelei e imediatamente soltei seu braço dando um passo para trás.

— Como? Mas você disse que esteve me vigiando por muito tempo a pedido dele? — questionei.

— Isso está correto. Mas as coisas mudaram quando você se casou com Oliver e seu pai descobriu que ele trabalhava para Amanda.  Ele ficou louco, queria te levar imediatamente para longe daqui temendo que Amanda lhe fizesse algo de ruim. Mas eu discordei, por motivos óbvios eu pensei que Oliver jamais a machucaria, porque eu via que ele te amava.  — fechei meus olhos ao ouvir o nome  — Nós discutimos e seguimos separadamente desde então.

— Então, você veio até mim por quê? O quê você quer de mim? — inqueri cruzando os meus braços, já cansada disso. Pessoas sempre se aproximavam de mim por algum motivo.

— Você está entendendo errado — disse, mas eu permaneci impassível esperando por sua explicação —, eu não quero nada de você  Licity exceto protegê-la. Eu só quero que isso acabe, eu quero minha vida de volta. Acabar com toda essa busca da Amanda, pelo o que seu pai roubou. Eu quero minha liberdade, você entende? — Seus olhos estavam vidrados em meu rosto, eles expressavam tantos sentimentos. Finalmente eu vi o homem por trás de “J” e esse era um homem que estava cansado de fugir.

Minutos se passaram antes que eu pudesse pensar em algo para dizer. Eu entendia J, ele apenas queria de volta aquilo que ARGUS lhe tirou: sua identidade.

— Então qual é o seu plano? — Perguntei, recebendo o olhar surpreso de J.

— Plano? — Questionou confuso.

— Vinte anos fugindo e você vai me dizer que não tem ideia de como parar Amanda?

—  Um plano. — Vi um pequeno sorriso se ensaiar em seus lábios — Talvez nós tenhamos um.

— Nós? — Franzi o cenho com essa colocação.

— Sim nós. Essa casa que eu te trouxe pertence ao seu pai e logo ele estará aqui.

Senti um arrepio frio percorrer a minha espinha com as palavras de J, cruzei meus braços sobre o peito tentando me proteger daquela estranha sensação. Eu estava um pouco assustada com essa história de encontrar meu pai, finalmente conversar com ele e pedir todas as explicações. Mas não podia deixar de sentir  certo alívio, finalmente tudo seria esclarecido.

— Eu estou pronta para isso. — afirmei com convicção encarando o olhar analisador de J. 

 


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Notas finais do capítulo

Hey de novo =D

Fiquei tentada a colocar no final o POV do Oliver com a Amanda (que particularmente eu gosto muito) mas mudei de ideia e deixei para o capítulo posterior...

Algumas surpresas virão em breve o.O e estou muito ansiosa para saber a reação de vocês à elas.

Mais ação também, as coisas andam um pouco paradas é hora de agitar um pouco tudo.

Já falei demais, espero que tenham gostado e deixem seus comentários! Beijos e até o próximo capítulo.