Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 14
I don't love you, but I always will


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores!

Agradeço por cada favorito e comentário no capítulo anterior , significa muito para mim! Fico sempre feliz com a reação carinhosa de vocês a essa fic!

Espero que gostem desse capítulo, que é especialmente para a Isabela que pediu para que um certo diálogo acontecesse...

Uma pequena surpresa aguarda vocês no fim, não sei como vão lidar com isso o.O

Música: Poison and wine - The Civil Wars https://youtu.be/WfzRlcnq_c0

(Eu amo essa música. Escutem!)



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You only know what I want I you to
I know everything you don't want me to
Your mouth is poison your mouth is wine
You think your dreams are the same as mine

I don't love you, but I always will
I don't love you, but I always will
I don't love you, but I always will
I always will...

 
I wish you'd hold me when I turn my back
(Well) The less I give the more I get back
Your hands can heal, your hands can bruise
I don't have a choice, but I'd still choose you

 
I don't love you, but I always will…
(Poison and wine – The Civil Wars)

 

 Oliver Queen

A superfície embaixo de mim era fria e dura, constatei assim que comecei a sair da inconsciência. Eu devia ter bebido muito na noite passada e acabei adormecendo ao chão,  meu corpo estava dolorido e parecia que um trator havia passado sobre mim, várias e várias vezes. Abri meus olhos lentamente, as pálpebras estavam pesadas e a luz forte dificultava  assimilar o  ambiente. Tão logo as imagens começaram a se focalizarem eu estremeci, esperava encontrar o  meu quarto, provavelmente algumas garrafas de whisky  jogadas pelo chão,  mas não, eu estava em um lugar completamente diferente, porém ainda assim conhecido por mim. Levantei-me do chão atordoado e um pouco tonto, quando estava despertando eu estava levemente aliviado, pensei que toda a loucura daquela missão não tivesse passado de um pesadelo vívido, mas agora eu estava desesperado ao constatar que tudo aquilo tinha sido real. Felicity apontando uma arma para mim. Ela dizendo que meu pai estava vivo. Eu  carregando seu corpo ferido em meus braços. E depois a completa escuridão.

 O lugar onde eu estava agora era uma das celas da ARGUS e se eu estava aqui, significava que  Amanda tinha pegado Felicity.

Meu coração doeu ao pensar nisso. Levei minhas mãos até minha cabeça, ao perceber que eu havia falhado novamente e que Felicity agora estava em um perigo ainda maior. Inspirei fundo, esse não era o melhor momento para me lamentar. Eu precisava agir e encontrar uma forma de resolver tudo isso. Analisei a cela em que eu estava: paredes lisas e sem janelas, a parte da frente era composta por barras grossas de metal. A porta possuía um sistema de identificação biométrico para ser aberto, o que significava que não havia como eu sair dali a não ser com a digital autorizada. No canto superior esquerdo da sala havia uma câmera, pela qual tenho certeza Amanda poderia me ver.

— Pensando em um modo de sair? – Foi só pensar no diabo e sua voz imediatamente preencheu o lugar, virei meu rosto em sua direção encontrei seu semblante estampando um sorriso irônico.

— Onde Felicity está? O que você fez a ela? — exigi saber, segurei as barras de metal em ambas as mãos com força. Desejei que elas não existissem, eram as únicas coisas que me impediam de chegar até Amanda.

— Eu não fiz nada à ela. — respondeu calmamente caminhando até mim, seus olhos negros e vazios cravados sobre meus, não havia nada de bom neles. — Ainda. — ressalvou num sussurro. Senti o sangue correr mais rápido em minhas veias ao ouvir a ameaça dela. Eu nunca me senti tão impotente em toda a minha vida e Amanda deve ter visto isso em meu rosto por que segundos depois ela estava gargalhando. — Você não tem ideia do quanto é divertido brincar com as suas emoções Senhor Queen. 

— Não se atreva a machuca-la. — rosnei.

— Ou o quê? Vai tentar me ameaçar novamente? — Ela parecia relaxada e nem um pouco preocupada. Ela deu passos até mim reduzindo ainda mais a distância entre nós, seu rosto a milímetros do meu, resisti ao impulso de esganá-la com as minhas próprias mãos. — Eu sempre estou um passo a frente. — Ergueu o pen drive que eu havia dito que continha informações preciosas sobre os crimes cometidos por ela. — Da próxima vez que tentar me ameaçar, certifique-se de ter algo realmente valioso como moeda de troca. Blefes só servem para me deixar irritada.  — finalizou jogando o pen drive ao chão e pisando nele com um de seus saltos. Seu olhar sobre mim era mortal, ela realmente estava irritada comigo, provavelmente porque por um momento eu consegui o que queria dela, por um breve espaço de tempo eu tive poder sobre ela e agora eu conhecia a sua maior fraqueza. O problema maior é que Amanda também conhecia a minha.

— Amanda, por favor... Apenas me diga se ela está bem. — Eu sei que me humilhei naquele momento, mas eu estava tão desesperado por qualquer informação de Felicity que não me importei.

— Acalme seu coraçãozinho apaixonado. Ela foi atendida pela unidade médica assim que chegou aqui, eu preciso dela viva lembra? —  Me permiti soltar um suspiro aliviado que não passou despercebido por Amanda. — Pelo menos até conseguir o que quero dela. Depois ela será tão descartável quanto você!

— Se você fizer algo a ela...  – comecei, mas logo fui interrompido por seu tom autoritário.

— Você vai fazer o quê?  Não pense que pode vir até mim e me fazer ameaças as quais você não tem como cumprir. — Sua voz era pura ira — Você não é bom nesse jogo. 

Suspirei resignado ao constatar que ela estava certa, não havia nada que eu pudesse fazer.

— Que tal começarmos um novo jogo? O qual eu pergunto e se você responder a verdade eu não faço a sua amada sofrer? — propôs, e eu dei de ombros Amanda me tinha na palma de suas mãos, se ela estava com Felicity eu não tinha outra escolha a fazer a não ser concordar.

— Como eu posso confiar em você? — questionei.

— Verdade, você não pode.  — Amanda parecia achar aquilo engraçado — Mas como a bondade é uma das minhas virtudes, vou te dar uma prova de que Felicity está sendo bem cuidada. Pense nisso como um estímulo.

Amanda girou a tela do tablet que estava em suas mãos na minha direção, nela era possível ver Felicity sentada sobre a cama de um dos quartos da ala médica e uma enfermeira conversava com ela. Ela parecia bem, respirei aliviado ao ver seu rosto leve, não havia nenhum equipamento ligado à ela, ela devia estar apenas em observação.  Não pude vê-la por muito mais tempo, Amanda logo tirou o tablet das minhas vistas.

— Agora podemos começar a jogar? — perguntou impaciente.

— O que você quer saber?  — retruquei cruzando os braços.

— Vamos começar com o fácil. Quem estava na casa que eu pedi que invadissem?

— Felicity. —  respondi automaticamente e vi que aquilo foi um erro, imediatamente o semblante de Amanda se fechou.

— Eu não estou com paciência para brincadeiras. —  seu mau humor era latente. — Eu me pergunto se devo pedir que os médicos apliquem algo nela... Algum medicamento que a faça sentir dor talvez?

— Eu realmente não sei! — insisti.

— Eles podiam usar algo que a fizesse ter um ataque cardíaco.  —  continuou e comecei a entrar em desespero — Não seria divertido assistir sua amada entre a vida e a morte? — Meu coração acelerou eu sabia que Amanda não estava brincando, havia até mesmo uma parte dela que desejava causar dor em Felicity, pelo simples prazer de me punir.

— James Smoak estava lá. —  confessei e Amanda sorriu docemente.

— Eu vejo o que está fazendo, esta tentando proteger o seu pai de mim? —  Estremeci com suas palavras, como ela sabia? Havia algo no mundo que Amanda não soubesse?  — Você descobriu não é? Robert Queen não está morto. Essa foi uma das minhas maiores jogadas, fingir a morte dele quando fugiu com o melhor amigo e depois usar o filho dele para pegá-lo. — Amanda parecia muito satisfeita consigo mesma — Eu sei, eu não precisava de nada disso, mas eu gosto de criar um pouco de drama shakespeariano às vezes. Deixa tudo mais interessante.

— James e meu pai estavam lá. Satisfeita?

— Não ainda. Quem mais?

— Seus capangas? — falei, não entendia onde ela queria chegar com essas perguntas — Eles estavam lá, nos atacando. Foram eles que pegaram meu pai e James. Carrie e Floyd estavam lá, pode confirmar com eles.

— Você viu o rosto de algum deles? — insistiu.

— Não, eles usavam máscaras.... Espere... — E então tudo ficou claro em minha mente, a razão da insistência da Amanda em saber quem mais estava na casa. — Alguém roubou o jogo de você. É por isso que eu estou aqui? Alguém chegou a James Smoak antes de você. — Eu não sabia se devia ficar aliviado ou preocupado com aquilo, mas era bom saber que Amanda não era tão onisciente quanto gostava de pensar.

— Talvez eu deva falar com a senhorita Smoak, quero dizer Sra. Queen... Vocês ainda estão casados não é mesmo? Espero que ela esteja mais suscetível a me dar as respostas que quero...

— Amanda... – disse seu nome num tom de súplica. — Eu faço qualquer coisa apenas não a machuque.

— Você ficará aqui e se comportará, enquanto eu vou conversar com sua amada esposa. — Suas palavras pareciam zombar da minha angústia — Não se preocupe, não farei nenhum mal a ela. Palavra de escoteira. — ergueu a mão direita num gesto simbólico enquanto um sorriso mordaz brilhava em seu rosto.

— AMANDA! — gritei o nome dela, mas ela apenas me deu as costas e seguiu batendo seus saltos altos pelo corredor. Tenho certeza que havia um sorriso satisfeito em seus lábios ao ver o quanto eu estava desesperado.

Havia duas coisas muito importantes sobre Amanda, a primeira era que, não existia ninguém melhor do que ela nesse trabalho ela sempre conseguia o que queria, não importa os meios que ela usava, no final ela sempre alcançava seu objetivo. A segunda era que ela não era do tipo de pessoa conhecida por sua misericórdia, uma vez que alguém entrava em seu caminho ela o eliminava sem pensar duas vezes, e sem sentir o mínimo de remorso ou empatia. Eu tinha visto em seus olhos o quão furiosa ela estava com essa súbita mudança em seus planos. Além disso, eu tinha dado um passo perigoso ao confronta-la e tentar engana-la, e isso a havia deixado ainda mais irritada.

Eu estava rezando para que ela não descontasse toda essa raiva em Felicity.

***

Eu tentava manter a minha mente focada em uma forma de sair desse lugar, mas era impossível. Meu cérebro apenas pensava em todas as formas em que Amanda poderia estar machucando Felicity para obter as respostas que tanto queria. Era doloroso demais pensar que tudo isso era culpa minha, que eu fui estúpido e cego demais e agora todos nós estávamos ferrados, Felicity, meu pai e até mesmo James que agora eu tinha certeza era apenas mais uma vítima da ambição desenfreada de Amanda Waller. 

Parei de me lamentar e  fiquei alerta quando escutei o barulho de luta que parecia vir do corredor, algo como uma troca de socos, alguns corpos caindo no chão, um pedido de reforços.

— John? — constatei surpreso ao ver meu amigo bem a minha frente, mais surpreso ainda por vê-lo arrastando pelo chão um homem inconsciente.

— Não pensou que eu abandonaria o meu companheiro? Eu te disse ontem que não te deixaria na mão, estou apenas um pouco atrasado. —  falou pegando a mão do homem e colocando sobre o sistema de identificação biométrico e então a porta da minha cela se abriu.

— Obrigado. — agradeci, saindo da cela e vendo a trilha de corpos inconscientes que ele havia deixado pelo corredor – Como você chegou até mim? Aliás, o que fizeram com você ontem à noite?

— Longa história. Mas em resumo, eu fui ajudar aqueles dois filhos da mãe e eles me apagaram. Amanda queria garantir que você não teria nenhuma ajuda e como eu sou notoriamente o único amigo que você tem aqui, ela decidiu me tirar da jogada. — explicou, a medida que caminhávamos pela saída — Escute, não temos muito tempo, eu coloquei uma gravação de você dentro da cela para rodar, mas eles não vão demorar muito para perceber que algo está errado. —  esclareceu — Amanda está com Felicity no setor hospitalar, eu vou tentar distrair qualquer um que se aproxime, mas você precisa ir agora!

— Você vai ficar encrencado com a ARGUS por me ajudar. — alertei preocupado.

— Homem, — Senti o aperto forte de sua mão sobre o meu ombro — eles fizeram os próprios agentes me atacarem e me colocarem no porta-malas de um carro. Eu não posso trabalhar para uma organização que não sabe o significado de lealdade. — John Diggle era assim, ele sempre prezava pela a coisa certa, eu sempre me perguntei como alguém como ele acabou trabalhando para a ARGUS. — Agora vá e pegue a sua garota.

Assenti com a cabeça passando pela porta e indo em direção à ala leste, eu sabia que a segurança nesse lado era menor já que era a área reservada a atendimento médico dos agentes, mas ainda assim encontrei alguma resistência. Derrubei cada um dos guardas da ARGUS que se colocaram a minha frente. Não sei de onde vinha essa força, até pouco tempo atrás eu ainda estava tonto pelo sedativo que corria em minhas veias. Mas agora, tudo o que eu conseguia pensar era em Felicity, em chegar até ela o mais rápido possível. Em salvá-la.

***

 Felicity Smoak

Minha cabeça rodava, encarei a luz florescente no teto e suspirei consternada. Eu já estava começando a ficar cansada de acordar em hospitais, pelo menos da outra vez eu não estava sozinha, eu me perguntava onde estaria Oliver agora, eu me lembrava dele me carregando até um carro e dizendo que me manteria em segurança. Minha solidão não durou nem meio minuto, logo uma médica adentrava na sala, ela fez algumas perguntas, alguns exames e colheu um pouco de sangue.

Havia algo de estranho nela, médicos tendiam a ser mais gentis. Mas essa parecia tão fria.

— Eu vou levar seu sangue para análise. — disse monotonamente saindo do quarto e assim que ela abriu a porta eu o vi: um emblema reluzente escrito ARGUS em letras garrafais. Eu não podia acreditar que Oliver havia me trazido para a ARGUS! Como eu pude ser tão tola? Oliver ainda era um agente que estava cumprindo ordens.

Pensei em meu pai e em J, será que eles estavam aqui também? Será que estavam bem? Será que Isabel era membro da ARGUS? Só isso justificaria a sua presença ontem. Minha cabeça latejava só em tentar compreender toda essa confusão.

Mas o essencial era que eu precisava sair daqui urgentemente, antes que alguém voltasse. Talvez lá fora eu pudesse conseguir ajuda de alguém, da CIA, do FBI, da NASA! Eu só precisava sair daqui. Mal tive tempo de descer da cama, assim que meus pés tocaram o chão a porta era aberta e logo estremeci.

— Senhorita Felicity. Fico contente que esteja bem. — A frase era cortês, mas a pessoa que a pronunciava possuía uma arrogância natural, que fazia qualquer gesto cordial perder todo significado.

Amanda Waller estava de pé a minha frente e fechava a porta atrás de si, e como todas as outras vezes em que eu a encontrava eu podia sentir o ar ao meu redor ficar gélido,  e um arrepio frio cruzar a minha espinha. Ela tinha um sorriso simples no rosto,  polido demais, quase que ensaiado. Eu sabia que sua expressão tentava ser simpática, mas falhava miseravelmente.

— Eu sinto muito que tenhamos que nos encontrar nessas condições. —  começou se aproximando vagarosamente, me olhando atentamente exatamente como uma cobra antes de dar o bote. —  Porque não se senta? Você passou por algumas coisas difíceis ontem, quero ter certeza de que sua saúde está bem.

Sentei-me a cama já que não tinha muita escolha, enquanto Amanda puxava uma cadeira próxima e voltava a falar comigo.

— Eu sei que pode parecer que somos os bandidos, afinal nem sempre tomamos as melhores decisões, nós erramos. Mas eu lhe asseguro que estamos do lado certo. —  Ela falava comigo como se eu fosse uma criança de dez anos  inocente demais para perceber a verdade oculta por trás de suas palavras simpáticas. —  Eu sei que pode parecer que nossos atos são um pouco extremos, mas tudo o que a nossa Organização está tentando fazer é proteger os cidadãos desse país. — O discurso dela era ensaiado e vazio de real significado — E você Felicity pode nos ajudar, você tem informações cruciais para evitar uma catástrofe mundial. Eu só preciso de algumas respostas e então você pode ir.

— Você está dizendo que eu só preciso responder algumas perguntas e então estarei livre para ir? — questionei um pouco incrédula, algo estava errado naquilo.

— É simples assim. —  garantiu e novamente lá estava ele, seu sorriso polido.

Não, não era simples assim. Eu podia sentir isso exalando de cada poro dela, ela queria mais de mim.

 — Tudo bem Amanda, eu conto o que quiser. Eu só quero ir embora daqui o mais rápido possível.  —  respondi e por um breve momento vi surpresa passar por seu rosto.

— Excelente. — ela não conseguiu manter o sorriso educado por mais tempo, agora ele estava satisfeito, quase predatório. Agora sim o sorriso combinava com seu rosto, era amedrontador.

***              

Sai do banheiro pronta para ir embora, eu vestia um par de roupas que não era meu, já que as minhas tinham cheiro de fumaça, estavam sujas e completamente inutilizáveis. Quando voltei ao quarto, Amanda ainda estava lá. Nós tivemos uma longa conversa, e embora eu não tenha dito tudo o que ela gostaria de saber, eu tinha dado algumas informações valiosas o suficiente para ela acreditar na minha colaboração espontânea.

— Eu gostaria de agradecer pelo seu tempo. — falou esticando sua mão para mim, eu não queria correspondê-la, mas o fiz, seu toque assim como ela era pura frieza.  Assustei-me afastando a minha mão da dela quando porta foi aberta num rompante.

— Senhor Queen! Que surpresa vê-lo aqui? — Oliver ofegava ao entrar no quarto.

— Você está bem? — perguntou diretamente à mim, seus olhos me inspecionando loucamente.

— Oliver... Eu que deveria perguntar isso. —  devolvi ao notar seu estado, havia sangue na roupa dele, em suas mãos principalmente. — Você está sangrando.

— Não é meu sangue. —  ele esperava que eu ficasse mais aliviada com aquela resposta? — Você está bem? – Tornou a perguntar, e dessa vez assenti, ainda um pouco assustada com aparência dele. —  Bom. — falou entre dentes e direcionou um olhar assassino à Amanda.

— Vou deixa-los à sós, e senhor Queen? Poderia mostrar a saída à sua esposa? —   Oliver parecia atordoado demais para compreender as palavras de Amanda. — E mais uma vez obrigada pelas informações prestadas. —  agradeceu educadamente e Oliver me lançou um olhar intrigado.

Nada foi dito entre nós depois disso, Oliver e eu caminhamos pelos corredores da ARGUS, ele parecia pensativo, com a mente em outro lugar.

— Oliver... —  tentei dizer, mas ele me cortou.

— Não aqui. — A voz era baixa e o semblante sério, ele parecia tão preocupado, que decidi esperar um pouco.

Andamos por vários corredores até chegarmos a saída, tomei uma respiração profunda agradecida por estar finalmente fora daquele prédio, havia algo de claustrofóbico nele. O tempo estava parcialmente fechado e embora houvesse sol,  pequenas gotas de chuvas caiam sobre nós, não o suficiente para me incomodar, muito pelo contrário trazia uma sensação boa. Mas infelizmente essa sensação não durou muito, lembrei-me de meu pai e de “J” os quais eu não fazia ideia de onde poderiam estar, e logo um estranho bolor começou a se formar dentro de mim. O que eu faria agora? Estava tão distraída em meus próprios pensamentos que mal percebi que Oliver falava comigo.

— O que disse?  — perguntei, parando e virando-me para ele.

— Eu perguntei o que você contou a Amanda? —  Não sei o que foi, mas algo no modo como ele me fez aquela pergunta me irritou.

— Você deve me achar muito estúpida mesmo! Eu disse apenas o que ela me perguntou. — extravasei.

— Que foi...? —  insistiu.

— Quem nos atacou. —  respondi simplesmente.

— E você sabe quem foi? —  ele parecia surpreso.

— Sim. —  afirmei, e Oliver me olhou atentamente esperando que eu continuasse, mas eu não o fiz e ele bufou. Percebi que minhas respostas evasivas estavam o frustrando. — Amanda não lhe disse quem foi? — alfinetei.

— Eu não trabalho mais para ela. — aquela foi uma resposta inesperada.

— Desde quando? — Mordi meus lábios ao perceber que a pergunta saiu sem que eu pensasse antes.

— Desde o dia em que você me deixou. — arfei com sua resposta. Mas aquilo não mudava nada, olhei para o rosto de Oliver. E esse foi meu erro, seus olhos expressavam tantas emoções, temi me deixar ser envolvida por elas novamente e então desviei meu olhar e mudei de assunto.

— Então o que você fazia lá ontem se não estava a serviço dela?

— Tentando te tirar de lá. Tentando impedir que a ARGUS chegasse até você. —  respondeu parecendo chateado consigo mesmo. — Mas meu plano não deu muito certo.

— Parece que não. — concordei.

— Felicity... — pronunciou meu nome com certa urgência. — Eu quero ajudar! Por favor, me diga quem foi que pegou nossos pais. —  Não sei o que me fez dizer a verdade naquele momento, talvez tenha sido seu tom preocupado ou seus olhos suplicantes. Talvez empatia, porque Oliver e eu estávamos no mesmo barco, nossos pais tinham sido sequestrados, ele merecia saber por quem.

— Isabel Rochev, minha chefe.

— Isso não é possível, Isabel trabalha para um grupo espião Russo, eu mesmo já a conheci. — Ergui minhas sobrancelhas. — Ela foi minha primeira missão na ARGUS, e eu a deixei escapar.

— Você teve que se casar com ela também? — Não segurei a pergunta, minha voz saiu amarga, mas em minha defesa eu estava enojada com aquela possibilidade.

— Não Felicity. — Oliver falou tristemente, seus olhos culpados procuraram os meus e me arrependi de ser tão dura com ele — O que eu quero dizer é como ela poderia ser sua chefe? 

— Eu não sei, mas você deveria saber. Não era o seu trabalho saber sobre tudo e todos na minha vida? Como pode deixar passar um fato tão importante quanto esse? — ataquei e Oliver suspirou.

— Porque você contou isso à Amanda? — Sua pergunta possuía um leve tom de repreensão que me irritou.

— Você me subestima Oliver. Eu posso ter sido tola por ter me apaixonado por você, mas eu sou muito mais inteligente do que você pensa. — falei duramente, Oliver abriu a boca para tentar se explicar, mas eu continuei falando — Agora que Amanda sabe quem sequestrou os nossos pais ela irá fazer o impossível para encontrá-los,  o que nos revelará o paradeiro deles, e enquanto ela estiver ocupada demais com sua briguinha com Isabel, talvez isso nos dê uma brecha para salvá-los.

— Esse é um bom plano. — falou.

— Não precisa parecer tão surpreso. —  Me irritei dando passos para longe dele, percebi que ainda estávamos em frente ao prédio da ARGUS e eu queria distância daquele lugar. Precisava pegar um táxi e me afastar dele antes que toda essa nossa proximidade me confundisse.

— Felicity, por favor, espere. — Oliver dizia correndo até mim, tentei andar mais depressa, mas foi impossível. Sua mão tocou a minha, estremeci ao perceber o efeito que seu simples toque ainda tinha sobre mim, me virei para exigir que me soltasse e de repente todo o clima entre nós mudou, Oliver parecia surpreso com algo.

— Você ainda a usa. —  seu tom era baixo e rouco, seus dedos tocavam a aliança dourada que reluzia em meu dedo anelar. — Significa que temos uma chance? — perguntou. Meu coração acelerou dentro do peito, eu não estava preparada para isso, para esse tipo de confrontação.

— Significa que eu ainda o amo. — confessei. Seus olhos piscaram e ele arfou com a minha declaração, seu semblante oscilava entre a felicidade e a incredulidade. E então ele se permitiu um pequeno sorriso, um que ganhava mais confiança a medida que ele se aproximava de mim. 

Eu precisava fazer algo antes que fosse tarde. Antes que seus lábios estivessem perto demais dos meus e eu não fosse capaz de pensar com racionalidade.

— Você não entendeu Oliver. Eu amo você, eu amo o Oliver que eu conheci em uma cafeteria quando nossos cafés foram acidentalmente trocados, que foi meu amigo, meu companheiro. O homem pelo qual me apaixonei, o que abriu meu coração para o que o amor realmente significa. Eu amo Oliver com o qual me casei. Eu só não amo esse Oliver — apontei meu dedo em riste em seu peito —, esse homem eu sequer conheço.

— Felicity... — Meu nome soou como uma súplica em seus lábios, fechei meus olhos porque apenas olhar para ele doía de uma forma inexplicável. — Olhe para mim, por favor, não  me negue a oportunidade de ver os olhos que eu tanto amo.

— Seria muito mais fácil se você parasse de dizer coisas assim! — reclamei. Ele não via o quanto me machucava ouvir essas coisas? Me machucava porque parte de mim queria acreditar que ainda havia uma chance para nós dois. E eu precisava matar esse sentimento de uma vez por todas, era a minha única chance de ter uma vida normal. Eu precisava não amá-lo.  — Diga Oliver, diga que não me ama, que nunca me amou, que toda a nossa história não passou de uma grande encenação! Diga isso e será muito mais fácil para eu superar e seguir em frente. — supliquei tão desesperadamente que me assustei com a intensidade com a qual eu precisava destruir esse sentimento dentro de mim.

— Eu não posso Felicity. — soltou exasperado, enquanto sua mão se erguia até meu rosto tocando com cuidado e carinho minha bochecha, eu devia me afastar, mas  havia algo em seu toque quente que me fazia apenas me aconchegar ainda mais, aquele toque  parecia tão  certo — Eu não consigo olhar em seus olhos e dizer que não te amo. Eu assumo que te disse muitas mentiras, mas não me peça para negar essas três palavras. Porque dizer que não te amo seria a maior mentira da minha vida, e eu já estou farto de mentir.

Não consegui dizer nenhuma palavra depois dessa declaração. Só sei que naquele momento foi como se o tempo parasse e nós ficássemos apenas nos olhando, eu queria tanto acreditar nele, acreditar no seu amor.  Senti que seu rosto se movia até o meu e fechei meus olhos apenas sentindo aquele misto de sensações. A forma delicada como a mão dele se encaixava em meu rosto, o gosto da respiração dele que parecia tão próximo de mim, seu cheiro almiscarado e de repente eu me vi me inclinando até ele, desejando ter o meu Oliver de Oliver. Mas ele não era meu Oliver, ou era?

O encanto logo foi quebrado com o som de saltos altos reverberando pelo chão, mal tive tempo de ver quem se aproximava, mas Oliver viu, pois imediatamente se posicionou protetoramente a minha frente.

— Eu odeio interromper o momento de discussão de relacionamento. Mas eu vim pessoalmente parabenizar o casal. —  O sorriso de Amanda era cínico.

— Parabenizar pelo quê exatamente? — A voz de Oliver era cautelosa, quase como se soubesse que seja lá o que fosse que Amanda tinha a nos dizer, seria algo venenoso.

 — Enquanto Felicity estava na ARGUS fizemos alguns exames. — lembrei-me da médica que colheu meu sangue — Meus parabéns!  Vocês vão ter um bebê.


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Notas finais do capítulo

Surpresa! =D

Bem, foi isso. Aguardo a reação de vocês nos comentários!