O Fim escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 8
Quase lá.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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_Não podemos viver em cima dos telhados para sempre... – Gray reclamou. – Eu estou com fome, e não gosto de comer todo o pássaro que pousa aqui nesta chaminé.

O garoto estava com um olhar cansado, ele olhava para o céu observando os pássaros que rodeavam o nosso telhado esperando a gente morrer para eles comerem nossos restos.

_São corvos? – Gray pergunta.

_Sim. – Erza respondeu, ela estava procurando para onde devíamos seguir para chegar a guilda. – Eu não entendo, estamos perdidos!

_Se ao menos pudéssemos chamar o Crux... – Gray disse. Eu olhei para o lado quando percebi que os dois me encaravam.

_Desculpe! – eu disse. – Dessa vez, vamos precisar nos virar.

_Não temos mapa... nem ponto de referência... – Erza apontou para a cidade destruída. – Nem ao menos sabemos se estamos em Magnólia.

_Eu vou descer! – Natsu se pronunciou. Ele não havia dito mais nada depois que me salvou de cair num beco cheio de Zumbis, ele estava isolado e nem olhava para mim.

_O que? – Erza protestou. – Ficou louco? Sozinho?

_Sim! – o garoto respondeu sem olhar para trás. E dito isso pulou do telhado.

Observei os movimentos dele, caminhou rápido e desviou de alguns Zumbis, virou uma curva atrás de um prédio e sumiu de vista.

_Vocês brigaram ou algo do tipo? – Erza perguntou.

Olhei para ela e fiz que não com a cabeça.

_Então o que foi? – ela insistiu.

_Não sei. – Respondi sincera. Não sabia mesmo, ele havia me respondido como se quisesse que eu ficasse longe naquela noite no bar e depois eu sonhei com ele me deixando pra morrer, sei que era só um sonho, mas se realmente forem visões da Mavis, isso não era impossível de acontecer.

_Hey Lucy! – a voz de Gray me chamou. – Não sei o que houve, mas você devia conversar com ele, você são melhores amigos, tem que se entenderem.

Olhei para baixo, na rua onde Natsu havia sumido e fiquei observando por um tempo esperando sua volta.

Passou-se mais ou menos uma hora, o sol estava muito quente, era perto do meio dia e Natsu não havia voltado ainda.

_Vou atrás de Natsu! – Erza disse.

_O que? – Gray gritou.

_Ele ainda não volto..

_Eu vou. – interrompi Erza. – Fique com o Gray e tente descobrir pra que lado nós vamos.

_Mas você.. – Erza me olhou preocupada.

_Eu sei. – Sorri pra ela. – Não tenho poderes e ninguém pra me proteger, mas preciso começar a ser independente.

Dizendo isso desci por uma escada de incêndio que havia ali do lado. Quando cheguei ao chão ouvi a voz da ruiva me chamando. Olhei pra cima a tempo de ver uma faca caindo um pouco do meu lado. Sorri e peguei a arma, assim olhei para a rua e vi que não havia nenhum Zumbi por perto, então corri para o outro lado e virei a mesma curva que o Natsu havia virado.

Era apenas um rua deserta, continuei caminhando em silêncio, meio escorada nas paredes, me escondendo atrás de árvores quando ouvia algum barulho, correndo quando pensava ter visto um cabelo rosa.

Onde você está? Que diabos Natsu. Se estamos mesmo em Magnólia, a cidade era enorme, caminhei mais um pouco e parei quando reconheci um desenho de sorvete, era um lugar onde vínhamos bastante, era a prova que estávamos onde queríamos, e isso queria dizer que essa rua levava a guilda se seguíssemos mais uns treze quilômetros. Estávamos perto.

Ouvi um barulho e me virei para ver o que era, tinha cinco Zumbis vindo em minha direção, resmunguei mentalmente por ser tão descuidada. Eu não sei se conseguiria cravar uma faca na cabeça daquelas pessoas, eram todas crianças que estavam brincando no parque ali perto.

Recuei um pouco e bati em alguma coisa, me virei e um Zumbi tentou me agarrar, haviam dois saindo da sorveteria destruída. Droga, se cinco já era um problema, imagina sete. Empurrei um deles evitando que o mesmo me mordesse. Chutei o outro na perna quebrando-a fazendo o Zumbi cair, me virei e os outros cinco estavam muito próximos, me joguei rolando para um lado, então corri alguns metros me preparando, um deles chegou antes e levantou as mãos tentando me segurar, me abaixei e corri para a esquerda, quando ele virou passei a faca em sentido horizontal da esquerda para a direita cravando a faca no ouvido, devo ter alcançado cérebro, pois o Zumbi parou de se mexer e caiu no chão. Sorri para mim mesma, mas por pouco tempo, uma mão fria e pegajosa segura meu ombro, me viro e dois estavam muito próximos, me abaixei e puxei a faca da cabeça do outro e cravei rápido no olho direito da pequena Zumbi, a faca ficou presa, então levantei minha perna direita e impulsionei contra o peito da criatura, empurrando a mesma para trás, a faca soltou-se a tempo para que eu conseguisse enfiar ela embaixo do queixo de um menino, puxei a faca de volta observando o mesmo cair. Dois estavam vindo ainda em minha direção, um deles arrastando a perna que eu havia quebrado, fui na direção deles, mas os dois pegaram fogo antes que eu pudesse fazer algo. Observei enquanto queimavam e caiam no chão.

_O que está fazendo aqui? – Natsu perguntou meio bravo, virei pra ele, mas ele estava olhando para os Zumbis que pegavam fogo.

_Vim atrás de um mapa. – respondi bruscamente e me virei, andei um pouco e entrei na sorveteria.

_Que desculpa mais esfarrapada. – Natsu entrou atrás de mim. – Você sabe que estamos em Magnólia, e perto da guilda. Então, você veio atrás de mim?

_Já fazia muito tempo que você tinha sumido. – respondi ainda sem olhar para ele.

_Eu sei me cuidar. – ele respondeu meio ríspido.

_Mas deixou dúvidas quando demorou tanto. – me virei para ele e o encarei com o mesmo olhar.

Ficamos nos olhando um tempo daquele jeito, esperando o outro reclamar de novo.

Ouvimos batidos na janela, olhamos e estávamos cercados de Zumbis, dezenas, se não centenas lá fora querendo entrar na sorveteria, Natsu foi rápido e trancou a porta, mas aquilo não ia segurar por muito tempo, corremos para a porta dos fundos.

_Esta bloqueada também. – eu falei olhando pela janelinha que dava a vista para o beco. – Saímos pelo telhado?

Olhei para ele pedindo uma resposta, ele olhava pra mim preocupado agora, seu olhar de emburrado de antes havia desaparecido.

_Por que você pediu para que eu ficasse longe de você? – ele pediu me olhando com dor.

_Quer mesmo discutir isso agora? – falei para ele em tom mais alto para me escutar, pois os vidros das janelas estavam muito barulhentos pelas batidas e os Zumbis estavam gritando do jeito deles sabe, aqueles rosnados estranhos.

_Por favor Lucy, me fale o que eu fiz... – ele chegou mais perto, cerca de dez centímetros de distância entre nós. Me coração acelerou em velocidade absurda, meu peito começou a doer e eu quis gritar, mas ali estava ele em minha frente preocupado comigo.

_Eu sonhei com você... – comecei a explicar olhando para ele. Natsu prestava atenção em tudo. – você me bateu e me deixou sendo comida por Zumbis.

Ele ficou com expressão dolorosa e olhou para baixo.

_Eu.. eu nunca faria isso... – ele olhou pra mim agora de novo, chegando mais perto, sete centímetros nos separavam, e não me pergunte por que eu estava contando e nem como eu sei medir essa distância, mas meu coração acelerou mais ainda, sua respiração estava ofegante, ele ansiava por dizer algo, mas não conseguia. – Eu vou te proteger a todo custo Lucy...

Nesse momento os barulhos dos Zumbis pareciam não ser tão altos, era como se alguém tivesse tampado meus ouvidos, eu só conseguia prestar atenção no rosto cheio de angustia de Natsu.

_Lucy... – ele me chamou. – Eu... eu ...

Nesse momento um tipo de estrondo quebrou os vidros das janelas e alguns Zumbis começaram a entrar por lá.

_Vamos! – eu disse a ele. Procurei pela entrada que nos levaria ao sótão. Puxei uma escada e subi, Natsu veio logo atrás e assim fechamos a portinha e ficamos em total escuridão.

Os Zumbis pareciam nos procurar lá embaixo, mas tudo ficou mais silencioso.

Algo me puxou pelos braços para o canto.

_Ahh.. – Não deu muito tempo, um corpo caiu em cima de mim e senti um liquido frio nos meu braços. – Natsu? Natsu? Você está bem?

_Desculpe. – senti o seu hálito quente bem em minha frente, era o corpo dele em cima do meu. - Um Zumbi te puxou e eu me arremessei por cima e usei sua faca nele.

_Mas você está bem? – pedi preocupada.

_Sim. E você ? – ele pediu, seu nariz roçou no meu. Novamente meu coração acelerou, como ainda não tive um infarto?

_Vamos! – eu ajudei ele a levantar e depois me levantei, nós quebramos uma parte do teto e subimos no telhado. Os Zumbis se dispersaram pela rua, não estavam mais loucos pela nossa carne.

_Você lutou muito bem antes. – Natsu falou olhando pra mim com um singelo sorriso no rosto.

Fiquei um pouco corada, mas sorri de volta, havíamos voltado ao normal. Descemos do telhado num ponto onde não havia Zumbis e assim corremos pelas ruas voltando ao prédio onde Erza e Gray nos aguardavam.

Antes de subirmos no telhado, eu segurei o braço de Natsu. Ele me olhou intrigado.

_Por que você começou a me evitar desde aquela noite no bar? – pedi a ele, e pude ver que ele forçou a memória para lembrar. Ele fez um careta de emburrado de novo, mas depois sorriu e olhou pra mim feliz.

_Eu estava encucado com algo. Mas agora eu percebi que eu ganhei. – ele respondeu enigmático.

_O que você ganhou? – perguntei sem entender nada.

_Um dia você saberá. – ele começou a subir a pela escada de incêndio, mas parou e olhou para mim que ia logo atrás dele. – Talvez seja logo.

Eu parei e fiquei observando ele subir, do que ele estava falando? Isso não foi uma resposta aceitável, eu não entendi nada.

Chegamos ao topo e eles estavam nos esperando emburrados.

_Onde vocês estavam? – Erza perguntou, ela havia se queimado bastante, sua pele estava quase laranja.

_Elesssss se gosssssssstam! – Happy disse colocando a patinha na boca.

Fiquei vermelha com aquele comentário, mas eu não queria ter ficado, queria ter mandando aquele maldito neko ficar quieto. Mas fiquei nervosa, e mais nada. Olhei para Natsu, e ele esboçava um sorriso, isso mesmo, um sorriso.

_Vocês se acertaram? – Gray perguntou olhando estranho para o sorriso do amigo. – finalmente.

_Ótimo, então Natsu. – Erza olhou séria para o rosado. – O que descobriu?

_Estamos muito próximos de casa! – ele disse feliz, e nesse momento suas palavras se transformaram em canção para os ouvidos dos três. Erza irradiou um sorriso deslumbrante, Gray fechou os olhos e relaxou o corpo sorrindo e Happy veio me abraçar com lágrimas de felicidade no rosto.

_Vamos encontrar nossos amigos. – Foi o que o gato disse e o que todos nós pensávamos.

_Não vamos perder tempo, vamos logo. – Natsu falou pegando suas coisas.

_Tem razão. – Erza exclamou e foi ajudar o Gray. – Dessa vez eu te ajudo.

Gray não falou nada, só concordou sorrindo discretamente, estava aliviado por não precisar fazer tanta força.

Assim começamos de novo nosso pula pula entre prédios e casas, Natsu ia na frente guiando todos nós, em seguida ia Erza carregando Gray, e depois eu com o Happy no ombro.

Perto do anoitecer, paramos em um prédio baixo, mas com aquelas entradas para o telhado, então podíamos passar a noite ali, todos estavam exaustos.

Eu fui próxima a beira e olhei para baixo, não tinha nem sinal de Zumbi ali perto, mas as ruas estavam todas destruídas, espero não ter que ver nossa guilda assim, eu tinha esperança de vê-la reluzente no meio de todo esse caos e quando batêssemos na porta, Mira nos diria “bem vindos”. E todos estariam bebendo e fazendo festa.

Com esse pensamento, minha visão foi parar na vitrine destruída de uma loja de armas brancas. Eu me abaixei e vi um arco preto todo detalhado e lembrei de Sagitarius, no mesmo instante lembrei de quando ele me ensinou a atirar com arco e flecha. Acho que se eu treinasse um pouco mais, me tornaria um ótima arqueira.

Me levantei determinada.

_Eu já volto. – fui para pular da casa, era baixa, dois metro e pouco de altura. Mas Natsu segurou minha mão, novamente seu toque me deixou nervosa.

_Não vai sozinha. – ele disse convencido.

_Eu vou com ela. – Disse Happy voando e me pegando por baixo dos braços, levantando voo e logo depois descendo para me deixar na rua.

_Obrigada! – agradeci Happy que me retribuiu com “Aye” animado.

Olhei em volta e não tinha sinal algum de Zumbi, me aproximei da loja e entrei, como era noite e não tinha nenhum tipo de luz, fui bem em silêncio para não chamar atenção caso tivesse um Zumbi por ali, cheguei na vitrine que refletia com a luz da lua, e peguei o arco, coloquei ele nas minhas costa e procurei uma aljava por perto que tivesse flechas.

Ela estava caída perto do balcão, fui devagar e me abaixei, pegando ela, um Zumbi levantou atrás do balcão e quis me pegar, ele começou a rosnar, eu dei meia volta e fiz sinal para Happy ir pra fora da loja, ele foi e me esperou do lado de fora, assim que sai correndo, ele me puxou para cima e voamos de volta ao telhado.

Chegamos lá, suspiramos em vitória.

_Por que você quer isto? – Natsu pediu curioso.

_Eu vou honrar a morte de um amigo. – eu sorri e olhei para o arco, que logo seria meu modo de sobreviver a este caos.

_Então vamos descansar, estamos quase lá. – Erza disse, então todos se acomodaram e dormiram. Eu fiquei acordada por um tempo pensando nos meus amigos celestiais que se foram, eu não tinha poder sobre a água para honrar Aquarius, não podia controlar a areia como Scorpion, nem lutar como Virgo ou Leon, ou manusear um machado como Taurus, mas eu poderia usar um arco como Sagitarius e ter o espírito de luta e coragem que todos eles tiveram até o fim, para proteger quem eu amo e salvar o mundo em que vivemos.


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Notas finais do capítulo

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