Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 45
Speed Force


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes, nós sabemos que está muito cedo para postar o capítulo, mas estamos experimentando uma coisa nova, que se chama vida social hahahaha. Bom, estamos claramente terminando a fic, e a cada conclusão que fechamos é reconfortante. Acreditamos que a de hoje será a maior delas.



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SARA

Existem as pessoas com sorte, as normais, azaradas, destinadas a grandes merdas, e os super heróis. Nós somos a definição de desgraça, nunca conseguimos ter um casamento decente, viver um relacionamento sem drama, ser o funcionário do mês, ou um aluno 100% frequente, a nossa grande maioria perdeu os pais, tios ou parceiros, nossas famílias sempre estão em perigo. Nossos amigos civis nos acham burros, desleixados ou pouco comprometidos, a polícia nem sempre está do nosso lado, e a sociedade vive entre o amor e o ódio. É como uma fórmula maldita que rege nossa profissão.

Há dois anos atrás estava de tocaia no deserto, no meio de uma missão para a Waller. Chamei Luna através do meu pingente de estrela, nós conversamos por horas, ela acredita de verdade em Deus, que ele criou tudo e governa todas as coisas. Me lembro de ter argumentado que se o grande D fosse mesmo real, a polícia seria eficiente, alienígenas não existiriam e crianças não ficariam órfãs. Havia me esquecido que ela é uma dessas crianças, me esqueci que Luna é uma heroína, destinada a perder e sofrer o inferno.

Ela suspirou, enquanto eu me sentia a pior pessoa do mundo, estava prestes a me desculpar quando escutei sua gargalhada do outro lado. Me lembro de suas palavras como se fosse hoje.

“O que é tão engraçado?” Perguntei, sem entender o que estava acontecendo.

“Você, e todo esse pessimismo!”

“Fala isso por que está de baixo das cobertas, com o aquecedor ligado. Tem noção do frio que faz no deserto de madrugada?” reclamei mal humorada. “Só comprova minha tese, somos todos amaldiçoados.”

“O que você chama de maldição, eu acredito ser predestinação. Não vou te vender minha fé Sara, não acho que funcione desse jeito. Você é como Harry Potter, ou Luke!”

“Muito bíblico!” debocho.

“Claro, eu poderia usar Moises, Isaias, Abraão, mas já disse que não estou te evangelizando, só quero te mostrar minha perspectiva. Eles foram escolhidos, aconteceram coisas muito ruins na vida desses caras, assim como Harry que descobriu lá no final que deveria morrer para conseguir derrotar Voldemort.”

“Não deveria falar esse nome.”  Escuto seu riso como sinos tocando, quase musical.

“Ele não continuou morto, os grandes heróis quase nunca morrem no final.”

“Estou confusa, estamos falando de Jesus ou de Harry Potter?”

“É sério Sara, você tem uma missão. Todos vocês foram escolhidos, não é amaldiçoada, mas está destinada a fazer grandes coisas.”

“Você é maluquinha, Delphine. Mas consegue me animar como ninguém.”

“Estou à disposição!”  

Nesse dia aprendi que existem muitas formas de se amar uma pessoa, tenho tentado demonstrar isso como posso, mas ela sempre foi melhor do que eu com todas as analogias confusas e conselhos vagos. Os grandes heróis nunca morrem no final, foi o que disse.

—Então Grande D. –me ajoelho meio sem jeito no chão do banheiro do meu quarto na fazenda. –Não sei se acredito de verdade, não sei de mais nada no momento. –respiro fundo tirando a máscara do meu rosto. –Mas ela acredita, sempre acreditou. Mesmo depois de perder os pais, vagar sem ninguém pelo mundo e esperar nove anos para conseguir o irmão de volta. Ela ainda acredita. Por favor, não a decepcione. –limpo a lágrima que escorre por meu rosto. –Se existe uma pessoa que merece um final feliz, é a Luna. –escuto batidas na porta e me levanto rapidamente, tentando me recompor.

—Sara? –Isis chama do outro lado.

—Um minuto, já estou saindo. –respondo recolocando a máscara, na esperança de que ninguém notasse meus olhos vermelhos. –O que foi? –Isis estava escorada no guarda roupas, e Damian sentado na escrivaninha, fuçando alguns cadernos que deixei sobre ela. –Não fica mexendo...

—Não sabia que desenhava. –olho irritada na direção dele. –Estou entediado. –justifica ainda folheando os cadernos. –Não são ruins.

—Você é incapaz de dizer que algo é bom? –Isis questiona sorrindo.

—Sua técnica é eficaz. –dá de ombros, tentando melhorar o elogio.

—Alguma notícia? Por que me chamaram?

—Minha mãe disse que vamos precisar ficar aqui pelas próximas horas. –diz desanimada. –Vai precisar saber onde cada um de nós está, e como estamos tentando atrair o Zoom e fora da área do teleporte, fomos os sortudos escolhidos para ficar fora de batalha! –reclama com sarcasmo. –Bendita hora que debochei do Connor por ter saído correndo daqui para poder se teleportar a um quilômetro de distância.

—Espera, como assim batalha? –os dois se olham, como se tivessem falado demais.

—Zoom virou o jogo, para variar. –Damian se levanta, girando o bastão que usa como arma nas mãos. –Agora vai matar todos os amigos em comum que tiver com o Wally, ou pessoas que eles conheceram depois que se conheceram... Não consigo mais acompanhar o que está acontecendo. –sussurra para Isis a última parte.

—Ah que merda! –praguejo, encolhendo meu arco. –Algo sobre Luna? –os dois olham para os próprios pés, é estranho como passaram a adquirir algumas manias um do outro. –Me falem, o que aconteceu!

—Nós não podemos sair daqui... –Isis começa a falar.

—Damian? –olho na direção dele, que suspira passando a mão livre nos cabelos.

—Ela está estável de novo...

—Mas?

—Teve uma parada cardíaca a cinco minutos atrás. –Isis completa com a voz desanimada novamente. –Por sorte Wally estava por perto e conseguiu fazer seja lá o que fez da primeira vez.

—E ela acordou? –minha voz sai em um sussurro, deixo meu corpo cair sobre a cama e fico sentada encarando minhas próprias mãos.

—Caitlin não consegue descobrir por que não está acordando, ou por que o coração dela está falhando... –não consigo mais ouvir a voz de Isis, minha mente é levada para a noite no deserto e minha conversa sobre religião com Luna. “Harry, precisou morrer para derrotar Voldemort.” Depois para a noite que bebemos juntas “Você está certa, Wally é muito diferente... Sara, precisamos ir agora!”

—Já leu Harry Potter? –questiono Isis, a interrompendo.

—O que? –os dois dizem juntos.

—Por que Harry precisou morrer? Não consigo me lembrar... –Damian revira os olhos.

—Ele era a última Horcrux, tinha parte da alma de Voldemort dentro dele. –nós encaramos Damian, boquiabertas. –O que? Cresci em Nanda Parbat, não em marte.

—Okay...

—Luna é uma Horcruzes. –balbucio, pensando alto.

—Horcrux, Sara. –Damian me corrige com voz de desapontamento. –Está sofrendo algum tipo de choque? –olha para Isis implorando por ajuda, se não estivesse tão preocupada com Luna teria gargalhado.

—Não, não é isso. O organismo dela não sabe lidar com a Speed Force, ou a Força da Velocidade que Wally injetou nela! –me levanto em um salto. –Fel, Wally ainda está ai? –pergunto tocando meu comunicador.

‘Não, ele está tentando parar Hunter.’ diz rapidamente, como se estivesse fazendo mil coisas ao mesmo tempo, e escuto ao fundo o som do aparelho que monitorava o coração de Luna, apitar mais uma vez. ‘Mas ele vai ter que voltar’ engulo em seco.

—Precisam tirar a Speed Force do corpo dela, esse é o problema. –falo rapidamente. –Não tenho ideia de como fazer isso, mas o corpo de Luna não sabe como reagir a ela.

‘Isso faz sentido.’ Escuto a voz de Caitlin em seguida. ‘Lembra de quando desenvolvemos o velocidade 9?’

‘Era preciso alguém que já tivesse experimentado a Speed Force no sistema para funcionar.’ Felicity completa. ‘Flash, é a Luna.’ Diz em seguida, parecendo chamar o Wally. ‘Obrigada Sara, te mantenho informada.’ Desliga em seguida.

—Como chegou a isso? –Damian pergunta, e Isis me olha como se eu fosse um ET.

—Não fui eu, foi a Luna. Apesar que ela diria que foi obra do Grande D!

WALLY

‘Wally, é a Luna.’

Escuto a voz alarmada de Felicity em minha cabeça, enquanto encaro Zoom prestes a matar Jorge, e de quebra toda a sua família. Sua esposa Letty e seus dois filhos, Carlos de três anos, e Ana de um ano me meio, e sabe como sei disso tudo, por que Jorge foi um aluno de intercambio que veio para a nossa faculdade. Ele se tornou nosso amigo, encontrou Leticia, se casaram, ganhou o Greencard e os dois formaram o que pode se chamar de “família comercial de margarina”. Eu fui ao casamento, Hunt também, desejamos juntos felicidades para os recém-casados. Da minha parte foi sincero, e percebo que até esse momento acreditava que da parte dele também.

—Zoom larga ele, sua rixa é comigo.  tento distrair Hunter, para ganhar algum tempo, mas na verdade minha mente não estava aqui.

‘Wally, ela está fibrilando, não vai aguentar por muito tempo.’ A voz da Felicity era puro pânico. Connor aparece ao meu lado, com a flecha apontada para Zoom, mas seu rosto estava contorcido pela, dor.

—Eu não posso escolher por você. – um sussurro quase inaudível, sai de sua boca. – Mas também não posso vê-la partir.

Connor dispara uma flecha em Zoom, que se desvia facilmente, Connor não está mais jogando para ganhar, era uma missão suicida. Ele dispara uma flecha depois da outra, mas Zoom estava achando graça, até que uma delas atingem Jorge em sua perna, não penetrou, apenas passou perto o suficiente, e Jorge não estava mais nas mãos de Zoom, Connor injetou um microtransmissor, em Jorge e alguém na Torre havia o teleportado.

‘Wally!’  Felicity grita e já não tinha mais escolha.

—Volto por você. –prometo a Letty que me olhava desesperada, saio odiando a mim mesmo por não conseguir deixar meu egoísmo de lado.

CONNOR

— Interessante, mas será que pode tentar a sorte com Letty? –odeio a voz desse cara, e pensei um dia que nunca mais odiaria nada.

Zoom segura a mulher pelo pescoço, sei que não o enganaria de novo, foi pura sorte ter conseguido da primeira vez, mas consegui tempo. Só que tem um grande problema em conseguir tempo, na verdade dois grandes problemas, o primeiro é que nunca fui bom em distrações, segundo, é minha mulher que nesse momento está lutando entre a vida e a morte, e não tem como bancar o piadista em uma situação dessas.

Tiros são disparados em direção a Zoom, fazendo com que ele desviasse a atenção das crianças no momento exato que as duas crianças desaparecem da sala. Capuz Vermelho invade a sala quebrando a janela de vidro, enquanto trocava os pentes duas Glocks apontando em seguida para a cabeça de Hunt, que apenas esboçava um sorriso convencido nos lábios.

—Oráculo? – chamo minha mãe pelo comunicador, mas não há nada além do silencio.

—Não responde ao meu comunicador também. –Jason aponta para a sua orelha.

—Será que a Gláuks...Vocês sabem...- Hunt tem um sorriso maníaco nos lábios, e a única coisa que eu queria era enfiar C4 goela a baixo daquele psicopata. – Isso é tão excitante. – sua voz começa a se distorcer, pela vibração que percorria todo o seu corpo. Hunt levanta uma das mãos em direção ao peito da mulher, que não tinha mais forças para se debater, estava quase desfalecida por conta da falta de ar.

—Tenho bala de Kriptonita, e com pontas de madeira, balas explosivas, e de borracha, nenhuma server para esse cara. -não tínhamos muito o que fazer, mesmo assim disparamos inutilmente contra o seu corpo, e vimos as balas e as flechas atingirem o outro lado da sala, atravessando, literalmente o corpo de Zoom. – Alguma ideia?

—Balas encantadas?  - questiono vendo a mão de Hunt se aproximar lentamente. O maníaco estava aproveitando cada segundo.

—Deixei no outro coldre. – seu sarcasmo é ácido, mas nem noto, já que um borrão vermelho e dourado surge, tirando Letty das mãos de Zoom.

—Desculpem a demora. – Barry, ou Flash Sênior para a nossa frente. – B1 está trancado, esperando o seu companheiro de cela. – Barry aponta para Hunter. O sorriso de Zoom havia desaparecido, mas seu corpo vibra mais a cada momento.

—Você pode pará-lo? –Jason olha para Barry, mas nem Hunter nem Barry estavam mais ali. –Ele pode pará-lo, não pode? – queria acreditar que sim, mas Wally não havia conseguido até agora, não via como Barry conseguiria.

—Torre da Liga. – aperto o meu comunicador. – Me mandem para Star Labs.

—Ela vai ficar bem. – Jason afirma antes de sair pela janela em ruinas.  Queria acreditar nele, mas não sei se o conceito de “bem” de um cara que literalmente havia sido espancado até a morte por um pé-de-cabra era o mesmo que o meu.

WALLY

—Isso não é permanente, todos nós já sabemos. –Felicity murmura enquanto eu tentava novamente reanimar Luna. –Ah, essa coisa não para de chamar! –exclama atirando o comunicador longe, em um gesto violento demais para uma mulher de seu tamanho.

—Em que posso te ajudar, Wally? –Cait surge ao meu lado, com sua calma treinada. –Pode repetir novamente a ideia da Sara, de uma forma que eu possa entender. –sugiro. –E desligue esse maldito bip!

—Okay. –diz tirando o volume do monitor que acompanhava o coração falho da minha melhor amiga. –O corpo de Luna não sabe lidar com a Força da Velocidade que você acidentalmente injetou nele, isso a estabilizou por um tempo, mas não de forma permanente. Nesse momento ela está rejeitando o seu poder... –então algo me ocorre.

—Flash. –chamo meu pai através do comunicador.

‘Estou um pouco ocupado no momento.’ Responde apressado. ‘B2 quis apostar corrida.’ Apesar da piada não havia humor na voz dele, e para o tio Barry humor é seu mecanismo de defesa, o que significa que seja o que for que esteja acontecendo, não era nada de bom.

—Preciso que me explique uma coisa, como eu desacelero um coração?

‘Cait está ai, ela pode te ajudar.’ Ele se quer percebeu que passou a falar comigo em super velocidade.

—Ela não pode se quer me ver nesse momento. –digo vendo versões lentas de Felicity e Caitlin que provavelmente apenas enxergavam meu borrão. –O coração dela está rápido demais, não parando.

‘Ela não tem acesso a Speed Force, isso vai matá-la em minutos. Precisa conferir os sinais vitais, e me diga como estão.’ Escuto o barulho de algo se quebrando ao fundo, mas me concentro nos dados que ele pediu, pressão, oxigenação sanguínea e temperatura corporal.

—Está normal, o soro que Cait usou ajudou a curar quase tudo, até mesmo as fraturas mais graves, a Força da Velocidade deve ter acelerado o processo.

‘Precisa sugar a Speed Force dela.’

—Claro, se eu soubesse fazer isso já teria feito!

‘Kid, você está com raiva e eu entendo, mas precisa se concentrar agora. Esqueça o B2 e se concentre em Luna e você.’ Instrui e o som de batalha ao fundo se torna mais alto. ‘O que está nela é parte sua, precisa atrair de volta.’

—Eu não consigo fazer isso! –me desespero.

‘Wally! Não tem tempo para duvidar de você mesmo agora. Se concentre!’

Obedeço mais por instinto do que por acreditar que aquilo funcionaria. Passo a me concentrar na velocidade, a senti-la percorrer minhas terminações nervosas a perceber a forma como ela acelerava meu cérebro. Então passo a me ver dentro da confusão imensa da Speed Force, com várias imagens passando diante dos meus olhos, essa é a primeira vez que isso acontece sem que eu esteja correndo.

Todas as imagens eram de Luna, da primeira vez que a vi na saleta de secretária que ocupava na QC. Quando a acompanhei em uma visita ao irmão, anos atrás. Nosso primeiro treinamento juntos, uma noite muito ruim depois que Sara foi embora e eu soube pela primeira vez o que era o fundo do poço, ela estava lá em silêncio me oferecendo seu ombro amigo. Todas as vezes que a salvei de encontros que marcava apenas para provocar Connor. Mais treinamentos, conversas, ela me abraçando no dia de seu casamento... Espera, isso nunca aconteceu!

As imagens passam a mudar em uma velocidade maior. Ela praticamente morta, Luna em um parque enquanto nós observávamos Connor e Sara brincando com uma garotinha de aproximadamente dois anos. Eu entrando no que parece um quarto de hospital, meus olhos brilhavam, mas aquilo não me parecia tristeza, Sara estava ao meu lado o que me faz pensar que Luna era quem estava dentro do quarto, só o que consigo ver são as costas de Connor que estava diante da cama. Anos, décadas e me vejo correndo e entrando na sala da Gideon, onde Luna se arrumava para seu casamento com Connor que aconteceu ontem...

“Eu te amo Wally, obrigada por sempre ser a minha pessoa...”

—Wally! –escuto a voz de Connor que de alguma forma já estava novamente a meu lado. –Ela está se mexendo... Hey baby, não sabe o quanto me assustou. –ele pega a mão da esposa que abre os olhos confusa.

—Agora sabe... –começa a dizer com dificuldade. –como me sinto. –sorrimos aliviados, enquanto ele se inclina para beijá-la com cuidado.

‘Que bom que deu tudo certo, mas estou prestes a entrar na fazenda.’ Escuto a voz do tio Barry em meu comunicador. ‘Sabe que uma vez que esse idiota estiver dentro, não tem como mais sair.’

—Quanto tempo?

‘Dois minutos.’

—Connor, o que vai fazer? –pergunto o dando a chance de escolher ficar com a esposa.

—Eu estou bem. –Luna começa a se sentar e quatro pares de mãos se movem em sua direção. –É sério, estou bem. –garante. –Eu vi você. –olha em minha direção. –nós dois e os outros. O que foi aquilo?

—A Speed Force, traumatizante não é? –brinco com um sorriso nervoso.

—Na verdade me pareceu muito promissor. –pisca para mim com cumplicidade, não sei descrever o quanto é bom a ter de volta. –Vão logo, sejam heróis!

—Cara, vou precisar te carregar. –aviso Connor no mesmo momento que já começava a correr com ele.

ISIS

Era isso o que eu queria, não era?

Estar em batalha, não sentada esperando que outras pessoas decidissem o meu destino. Por toda a minha vida, tenho observado meus pais salvando as pessoas, sendo heróis, e a única certeza que tenho carregado durante toda a vida é que quero ser como eles. Forte e corajosa como o meu pai, determinada e esperta como minha mãe. Sei que parece complexo, que deveria consultar algum psicólogo (o que provavelmente serei obrigada a fazer durante a faculdade). Mas hoje à espera de talvez uma morte bem desagradável pelas mãos do Hunter, não me sinto assim tão parecida com os meus velhos, me sinto mais como a Mullan, que teme desonrar a família ao falhar em sua missão.

—Eles estão vindo. – Wally para a nossa frente com meu irmão em seu colo, que salta como um gato de uma banheira de água gelada.

—Luna? – Sara pergunta com suas mãos em prece, nós sabíamos que ela estava bem, foi a única coisa que entendemos entre o choro de alivio da minha mãe, mas ficar bem era muito subjetivo em nossa profissão.

— Você tinha razão. – Wally acena para Sara em gratidão. - Ela vai ficar bem.

—Não quero estragar o momento comemoração, mas alguém tem um plano real? Não me entendam errado, estou feliz, mais do que sou capaz de expressar, talvez por isso a minha cara de assustada no momento. Quero ver meus sobrinhos correrem pelos jardins da mansão, quero todos eles, pelo menos uns cinco, gritando e infernizando a sua vida e a da Luna. O que depende completamente do nossos sucesso em derrotar Zoom, e dessa vez derrotar de verdade.

—Zatana colocou um feitiço na fazenda, que vai nos trancar aqui come ele. –Damian nos olha, parecia estar lutando com alguma coisa pessoal, talvez seja o fato de toda essa magia a nossa volta, talvez seja o poço de Lazaro se agitando dentro dela, por que sei o quanto Katoptris está agitada no momento, emanava uma energia forte, como se estivesse se preparando para alguma coisa. – Vai ser ele ou nós, e mesmo que ele vença, não vai poder machucar mais ninguém.

—Vai ser como estar preso na jaula do T-Rex. -Connor olha em volta. – Em seis filmes da franquia, nunca conseguiram derrota-lo.

—Connor você está vendo isso da maneira errada. – encosto em seu ombro, ele me olha esperando a iluminação.  –T-Rex era cheia de um instinto assassino completamente justificável, ao meu ver. Hunter é um boboca psicótico que está com birra por que o melhor amigo não colocou todo o destino do mundo em risco para salvar os movimentos das pernas dele. Não podemos comparar Zoom a algo tão legal quanto ela, mas podemos comparar a Bruce, o Tubarão foi derrotado. – sorrio para ele que parece gostar da piada.

—Me sinto em Cloverfild. –Connor se levanta do chão me puxando pelo braço. – É agora. –Wally desaparece da nossa frente e os estrondo começam a ficar cada vez mais fortes, saímos de dentro casa e era como ver dois raios se chocando, um jogando o outro a quase um quilometro de distância. 

—Estamos trancados. –Damian fala o obvio, parecendo conter a vontade de vomitar. – Odeio magia. – e no memento seguinte ele é lançado para dentro da casa quebrando todos os móveis que estavam no caminho.

—Vocês estão presos comigo, não pense o contrário. -  a voz de Zoom parecia ecos, emanado da escuridão. Corro até Damian, mas sou jogada do lado oposto, bato minhas costas em uma árvore, o que faz meus pulmões falharem por um momento.

—Merda! -recupero o folego, e vejo Hunt levantando Sara pelo pescoço.

 Pego a Katoptris do bolso e lanço em Zoom, o acertando em seu braço. Dando tempo do Wally tirar a mulher das mão do Hunter. Katoptris aparece novamente em meu bolso e agradeço por isso, alguma coisa me diz que eu precisaria ainda mais dela durante essa batalha. Olho em volta e vejo Connor se levantar com dificuldade, Damian aparece entre os escombros da casa, que se sobrevivesse precisaria de uma reforma geral.

‘Vocês estão bem?’  A voz de Luna surge através dos nosso comunicadores, escutá-la naquele momento parece fazer com que as forças de todos nós fossem renovadas.

—Deveria estar em repouso Delphine. – Damian fala com dificuldade. – Por sinal recomendo a todos, repouso absoluto.

‘Você não é engraçado Damian, deveria parar com as tentativas.’

—Ela voltou! -Sara me olha e mesmo à distância não conseguimos segurar o sorriso, o que foi uma má ideia por que doeu.

‘Brainiac está atacando a Torre. Aqui fora não está melhor que aí dentro, então a Oráculo está com os grandões. Agora somos só nós contra o B2, a propósito, adorei o apelido.’

Me espreito para dentro da casa, ou o que restou dela, até encontrar Damian. -Você está horrível. -encontro Damian, preso sob uma viga.

—Você também parece uma rosa em um jardim. – posso ver que se alguma coisa for perdida nessa luta, com certeza não será o sarcasmos do Damian. – Me faz um favor, me tira daqui.

Ajudo a remover a viga, e por algum motivo eu estava feliz. Não sei dizer, talvez seja o pico de adrenalina que o cérebro libera antes da morte, talvez o inicio da insanidade batendo, ou só esperança sendo renovada. Alguma coisa quente estava irradiando da minha mão. Colo minhas costas nas de Damian, isso não adiantaria nada contra o que estávamos lutando, mas mal não faria. E então ele estende uma aliança negra para mim.

—Você aceita? – me viro, mesmo já tendo visto essa cena ainda sou tomada pela surpresa. – Não tenho tempo para explicar.

—Estava me perguntando quando me entregaria. –como na visão retiro a luva e coloco o anel. – Depois me explica. – o beijo rapidamente, mesmo sabendo que isso causaria dor nos dois, visto minha luva novamente.

— Eu te amo. – sei que deveria ser lindo mais estava mais para uma despedida e odiava despedidas, essa não seria uma despedida, fora de cogitação.

—Não, você não vai usar essa estratégia. – me rebelo, não quero que ele use como desculpa que quando me disse as três palavras magicas, disse no calor da batalha. – Você não disse isso, e eu não ouvi. Vai me dizer quando tudo estiver acabado, e me contar a história por de trás desse anel. – respiro fundo, ignorando a parte pessimista da minha mente que fica gritando que esse pode ser o nosso fim.  –Agora só para registro, eu também te amo. Mas finge que não ouviu, esse não é o fim não para nós dois, para nenhum de nós, mas vai ser o fim para alguém. – olho por cima dos escombros e Wally e Hunter se enfrentavam em uma velocidade tão grande que não havia como acompanha-los.

—Nada de saídas fáceis. –Damian sorri olhando a batalha, parecendo em fim ter um plano em mente. –Ouviram Isso? Nightmare não quer saídas fáceis.

‘Fala para essa garota que já está complicado demais, simplificar um pouco não faria a coisa toda perder o charme.’ Escuto a voz debochada do Wally através do meu comunicador.

‘Então vamos acabar logo com isso.’ Luna diz. ‘Estão prontos?’

‘Artêmis em posição.’ Sara confirma.

‘Flash em posição.’

‘Arqueiro Verde em posição.’

‘Robin e Nightmare, em posição.’

Agora eu poderia acreditar que iriamos vencer. Não sei bem o motivo, talvez pela força e a coragem do meu que pai que haviam em mim, ou pela determinação e a inteligência típica de uma Smoak. Consigo ver uma saída, ou talvez seja só a adrenalina antes da morte, vai saber? Não me importava mais.

CONNOR

Nunca testamos o que estamos prestes a fazer na prática, foram apenas horas sentados na caverna analisando hologramas e estudando técnicas de defesa. Bom, Sara e eu até simulamos batalhas com os sensores para captarem nossos golpes e a força deles, mas nunca fizemos isso para valer, e nenhum de nós tem super velocidade. Correção, nenhum de nós, além do Wally, mas ele estava obcecado em pegar Zoom e leva-lo a justiça, não conseguiria ficar duas horas parado enquanto Luna e minha mãe acertavam as frequência dos sensores.

Começamos a trabalhar neles desde o dia que percebemos que Luna conseguia aguentar uma luta contra a Sara. A técnica que Wally a ensinou, funciona para encurtar a distância, o que é o primeiro instinto de um arqueiro, ou alguém cuja a força seja literalmente o resultado de uma equação matemática. Credo, estou reproduzindo as exatas palavras de Luna ao explicar tudo isso.

‘Lembrem-se, isso tem efeitos colaterais. Sérios efeitos colaterais.’ Luna avisa. Por efeitos colaterais ela está se referindo a náusea, queda de pressão, febre e irritação no intestino. Basicamente uma diarreia causada por radiação se passarmos mais do que cinco minutos os utilizando.

‘Acho que esgotamos todas as nossas opções seguras.’ Damian comenta perto de alguns escombros da casa, enquanto Wally tentava manter Zoom de forma discreta no centro de um círculo que estávamos tentando formar.

‘Só vai funcionar por dois minutos, contando do momento que eu acionar a segunda trava, podem ligar a de vocês.’ Pressiono um pequeno dispositivo preso a corrente da minha aljava, que tinha o formato de uma seta.

—Pronto.

Zoom corre em direção a Isis, mas Damian lança um gancho na única parede da frente da casa que restava, fazendo com que ela caísse entre eles e o velocista. Lanço uma flecha na direção dele, no mesmo momento que ele freava para não derrapar sobre os escombros, que ele pega e a lança no mesmo instante onde minha irmã estava. Wally intercepta antes que atingisse Nightmare e Robin, a direcionando para alguns metros a direita, ainda assim a explosão a tira do meu campo de visão.

—Nightmare? –pergunto através do comunicador.

‘Estamos vivos, não bem, mas vivos. Vamos voltar para a formação.’

‘Vou ajuda-los.’ Wally avisa.

Então sou tomado por um redemoinho, em meio a um raio azul. Começo a sentir o ar me faltando e só o que conseguia pensar era na conversa interminável entre Luna e Tim enquanto eles trabalhavam no Acelerador de Partículas, falando algo como calcular a distância para prever a velocidade. Todo mundo conhece a fama dos homens da minha família com estudos, não somos burros muito pelo contrário, mas não teria paciência de estudar em meu tempo livre da faculdade, como Luna e provavelmente Tim faziam só por diversão. E meu pai, bem, esse abandonou todas quatro faculdades na qual entrou.

Mas nós somos bons em bater em bastardos com super poderes, que pensam poder nos subestimar. Somos melhores ainda em estudar um oponente. –Um. –murmuro ao sentir que Zoom completava uma volta. –Um. Um. –então atiro uma flecha em um ponto específico do círculo, que atinge em cheio a perna esquerda dele.

Não dou tempo para que ele perceba realmente o que aconteceu, partindo em direção ao filho da puta, com meu arco direcionado para sua face. Ele tenta lutar de volta, mas é como bater em alguém parado. Soco seu rosto, então salto girando no ar e acerto seus ombros com minhas botas. Zoom cambaleia alguns passos para trás e arranca a flecha de sua perna, o vejo vibrar e falhar, como uma televisão sem sinal. Mas aquilo não era importante no momento em que só o que me preocupava era descarregar minha frustração, até que todo o soro se perde no metabolismo acelerado dele, e sou lançado a uns três metros de distância.

‘Connor?’

—Estou bem. –murmuro com dificuldade. Santo Kevlar.

‘Não pode ficar no chão, preciso que se levante e dê dois passos para direita.’ Luna instrui, faço com muita dificuldade o que ela pediu, e vejo Wally lutando com Zoom no centro exato de onde o queríamos. ‘Wally, é melhor ligar os seus bloqueadores, vou acionar agora.’

É quando percebo o cenário em volta. Toda a fazenda estava destruída, nós mal nos aguentávamos de pé, com uniformes em pedaços e os nossos corpos feridos, mas havia algo em comum no rosto de todos nós, determinação. Okay, a vontade de vomitar que seguiu ao momento a que Luna acionou os sensores, não ajudou muito na pose estilo Power Ranges pós Megazord, mas não muda o fato de estarmos determinados.

Ondas emanavam de cada um de nós, em direção a Wally e Hunter que lutavam no centro. Podemos ver com precisão o momento em que começam a desacelerar, Sara e eu miramos nossas flechas em direção ao velocista de amarelo, enquanto Wally parecia a Canário Negro em nossas seções de treinamento, era como se quisesse realmente arrancar cada membro do Zoom de seu corpo, da forma mais dolosa possível.

‘Nunca percebi como Wally parece violento sem a velocidade dele.’ Escuto a voz impressionada de Isis pelo comunicador, pois estávamos distantes demais uns dos outros e não poderíamos nos mover.

—Ele tem seus motivos. –digo olhando na direção de Sara, que estava com sua atenção em meu arco.

Fazer isso com ela é como respirar, nada além do meu instinto, mas minha cabeça já estava rodando, não aguentaríamos por muito mais tempo. Soltamos as flechas em uma sincronia perfeita, elas o desacelerariam, mas como as ondas magnéticas dos sensores já estavam fazendo isso, era como ter uma garantia caso um de nós desmaiasse ou qualquer coisa do tipo. Depois que Wally parece satisfeito, ou quase, nós lançamos mais uma rodada das flechas.

‘Acabou o tempo galera.’ As ondas parram, mas o enjoo não. Ainda assim, corremos todos na direção deles.

—Tem o jeito fácil, e o difícil. –Damian fala apontando o bastão na direção do Zoom. –Por favor, escolhe o difícil.

Nós lutamos sincronizados, e Zoom em alguns segundos volta a vibrar, assim como o Wally. Ele lança Damian longe, e o Flash corre para resgatá-lo, quando dou por mim ele estava com a mão vibrando em frente ao peito da minha irmã.

—Você foi a única que não morreu, ou quase, nas minhas mãos. –diz e prendo a respiração, com meu arco empunhado. –Não quero que se sinta excluída.

Wally coloca Damian a meu lado, e vejo os olhos desesperados do Robin. –Chega Zoom, se quer matar alguém, me mate. –Flash retira a máscara do rosto. –Acabe logo com isso. Você já tentou matar Sara e Luna, sequestrou Isis e matou nossos amigos de escola, quando quem você quer ver morto de verdade sou eu.

—Se der um passo, a pequena Queen morre, mais rápido do que pla...

O que aconteceu em seguida foi surreal, só o que tive tempo de ver foi a ponta de uma flecha verde aparecer no meio da testa do Zoom, e ele cair de lado. Atrás dele, Sara segurava seu arco, agora vazio, mas seu rosto estava frio. Havia choque e surpresa nos olhos de cada um de nós, não sei nem mesmo o que pensar, mas não a julgaria. Me vi fazendo isso em minha mente centenas de vezes, desde que segurei Luna praticamente morta em meus braços.

—Era ela ou ele. –diz sem olhar em nossa direção. –E ninguém mais vai morrer por causa desse desgraçado.


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Notas finais do capítulo

Não seremos nós a julgar a Sarinha também. Sabemos que vocês queriam o Hunter novamente na cadeira de rodas, mas assim que começamos esse capítulo, percebemos que esse não seria mais um fim possível. Esperamos que entendam.
Nos digam o que acharam.
Bjnhos!



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