Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 39
Paul Galler


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
O capítulo de hoje é especial para a Sunshine que fez uma recomendação maravilhosa para a fic. Flor, muito, muito obrigada, nós adoramos, de verdade.



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ISIS

A algumas horas Damian está sentado na poltrona ao lado da minha cama, lendo um livro com uma capa vermelha velha, em silêncio. Silêncio esse que não serei eu a pessoa a quebrar. Não é uma questão de estar certo ou errado, é... Okay, eu simplesmente não quero falar antes dele, não depois de ter esfregado em minha cara que não tenho moral para estar com raiva, então, estou morrendo de vontade de tagarelar sem parar, mas vou me manter em silêncio.

—Oi. –Wally sai do elevador, acho que solto um “graças a Deus” involuntário, mas não tenho certeza se pensei ou cheguei a dizer as palavras.

—Wally, oi! –falo animada demais, e Damian ergue os olhos do livro e me observa com uma sobrancelha arqueada. –Não te vi ainda. –tento disfarçar, mas não cola para nenhum dos dois.

—Você está bem? Algum deles te machucou? –se aproxima sério, me olhando com atenção.

—Eu estou bem, muito bem. –garanto, tentando fazer com que aquela expressão de sofrimento deixasse seu rosto.

—Hey Dam, pode nos dá um minuto? –Wally pede e Damian se levanta imediatamente deixando o livro marcado na mesinha de cabeceira, como um sinal de que ele voltaria e “eu que lidasse com isso como bem entendesse”.

—Vou comer algo.

 -Obrigado. –eles tocam os punhos fechados, antes de Damian sair e Wally se sentar onde ele estava antes. –O que está acontecendo aqui?

—Nada. –dou de ombros olhando para o que deve ser a última bolsa de soro que vou tomar.

—Sabe com quem está falando, conheço uma competição quando vejo. –apesar de fazer graça seus olhos estavam imersos em tristeza.

—Nós não somos como vocês. –dou de ombros cansada e Wally apenas me observa, esperando que eu começasse a fazer sentido. –Meus pais, você e Sara, ou Connor e Luna.

—O que isso quer dizer, exatamente? –solto um riso sem humor.

—Vocês se reconheceriam em qualquer universo, atraem uma ao outro, não importa em que terra estejam. Se não vivêssemos nesse mundo louco, Damian seria mais velho do que você, eu provavelmente seria um porre, meus pais não ficariam juntos por alguma razão idiota e seriam infelizes para sempre... –minha voz sobe uma oitava, já estava prestes a gritar.

—Isis, o que aconteceu com você? –pergunta preocupado, balanço a cabeça em negativa. –Não pode falar sobre? –balanço mais uma vez confirmando. Wally respira fundo e se senta ereto, parecendo muito com o Barry quando está concentrado em algo importante, é engraçado como tudo faz sentido agora.

—Você se afasta.

—O que? –olho para ele confusa.

—Quando não pode ser honesta, você se isola. É quem você é. –engulo em seco.

—Ótimo, vou acrescentar mais essa a lista...

—Não estou te julgando, só estou falando a verdade. Se afastou de mim a seis anos atrás, sei que nos falamos, tentamos ser normais, mas você sabe melhor do que eu que essa não é a verdade. –ele ergue a mão, quando estou prestes a interrompe-lo. –Se afastou de Connor, por que detesta esconder qualquer coisa dele, se afastou dos seus pais pelo mesmo motivo, e não tenho ideia do que a adaga te mostrou agora, mas precisa encontrar uma forma de burlar, da mesma forma que encontrou no caso de Sara, não é justo que você deixe de ter nada!

—Você pode estar certo... –murmuro na defensiva.

—Eu sempre estou certo, vocês que não reconhecem minha sabedoria. –sorrio com tristeza.

—Damian acredita que não posso ficar com raiva dele, não depois de ter trancado Sara e Luna no quarto do pânico.

—E não pode mesmo. –fala tão sério que me assusta por um momento. –Olha Isis, eu sei que deve ter se virado ao avesso para salvar a vida de Sara, e não sei dizer o quanto serei grato até meu último suspiro por ter feito isso. Mas nada justifica colocar a sua vida em risco, Sara sabe se cuidar e acredite em mim, Luna é muito boa. Nunca mais faça uma coisa dessas!

—Você parece o Connor falando. –murmuro franzindo o nariz.

—Não estou brincando, não sabe como todos nós ficamos aqui, como eu ficaria se você também fosse pega no meio da loucura do Hunter. –respiro fundo por um momento, me sentindo uma garotinha, e estendo minha mão para Wally que a segura com carinho.

—Isso entre nós dois nunca daria certo. –penso alto e Wally me olha sem entender.

—Do que está falando?

—Nós, como um casal. –faço careta e ele dá uma risada surpreso. –Não posso entrar em detalhes, Kid. Mas acredite em mim, ficaria traumatizado!

—Está terminando comigo, Queen? –fala acariciando a minha mão, e sorrio para ele.

—Você me disse que um dia eu te veria como um irmão, acho que já vejo a tanto tempo que nem me toquei quando aconteceu. –isso o faz sorrir, apesar da tristeza ainda estar lá.

—Eu senti a sua falta.

—Também senti a sua. –respondo cobrindo nossas mãos com minha mão direita. –Tem mais uma coisa.

—Não me fala que a Katoptris te mostrou mais um assassinato iminente? –franze o rosto com cansaço.

—Não é isso, está mais para uma pergunta.

—Tudo bem.

—Já mapiou seu genoma? Conhece os traços do seu DNA, bom, crianças adotadas costuma fazer isso ainda na infância, e você sempre gostou de ciências....

—Bom, eu provavelmente não vou enlouquecer como minha mãe biológica, mas quando a força da aceleração entrou no meu sistema, meu DNA sofreu algumas mutações, naturalmente. Hoje ele deve parecer muito mais com o do tio Barry do que com o...

—Deveria fazer novamente, seria legal fazer com o Barry também. –me apresso em dizer.

—Isis, do que está falando? –Wally fica sério de repente. –Não preciso de teste de DNA, não quero saber onde meus pais biológicos estão, e não tenho interesse nenhum neles.

—Eu sei. –suspiro, que se dane, vou falar a verdade para ele. –Mas talvez devesse querer saber, não só por você...

—Isis, Felicity disse que você pode ir para casa! –Sara entra animada, depois percebe como Wally e eu nos olhávamos tensos. –Interrompi alguma coisa?

—Não linda, só estávamos conversando sobre o que ela fez. –Wally me olha de lado, e entendo que não era para tocar no assunto.

—Espero que tenha puxado a orelha dela! –Sara deixa minha bolsa sobre a mesa e eles se abraçam.

—Vocês podem arrumar um quarto, por favor? –murmuro e Sara revira os olhos de forma cômica e repete “por favor” mexendo os lábios, sem emitir som algum para que só eu visse. Sorrio me sentindo piedosa por ela.

—Na verdade eu preciso mesmo de um quarto, não durmo desde do sequestro. –Wally fala dando um beijo rápido nos lábios de Sara. –E você, se cuida.

—Pode deixar. –respondo e ele desaparece. –Poderia ter te lavado para o quarto com ele. –implico vendo a careta de Sara.

—Vou subir pelas paredes a qualquer momento Pequena Queen, a qualquer momento! –diz exagerada me fazendo sorrir. –Está com pressa? Por que Connor e Luna estão treinando! –ergue uma sobrancelha, enquanto me ajuda a retirar o cateter.

—Aposto cinquentinha que ela o distrai com todo aquele jeito Luna de ser, e o derruba em menos de dez minutos! –falo animada abrindo as imagens da sala de treinamento no monitor.

—Ela não precisa do “jeito”, Wally é um treinador excelente! –defende se jogando na cama ao meu lado.

CONNOR

—Você não está completamente recuperado. –Luna me olha com temor enquanto subo no tatame, me esforço para não sorrir, como se ela fosse me machucar de qualquer maneira.

—Dick não vai te treinar enquanto Wally estiver ocupado. –franzo o rosto, lançando um bastão na direção dela, e pegando outro para mim.

—Isso é ridículo! Você sabe que Dick não representa nenhuma ameaça, é um dos seus melhores amigos e se ofereceu para seguir com meu treinamento apenas enquanto o Wally estiver indisponível... –reviro os olhos.

—Tá bom. Vamos logo com isso. –ignoro seus protestos a atacando.

Começo devagar, com técnicas básicas de luta e percebo em poucos instantes que estava perdendo meu tempo. Luna é muito rápida, um resultado de treinar a anos com o velocista mais rápido que conheço, e ainda assim vejo o Wally cobrar agilidade dela todas as vezes que a treina. Mas tem outra coisa, não é apenas a agilidade, ela luta sem me dar espaço, descarta o bastão primeira chance que tem, tentando me atacar o mais próximo possível, o que é o ideal quando se luta com um arqueiro, nós buscamos distância de forma automática, pois é assim que ganhamos espaço para revidar. Espera... não é apenas um arqueiro que luta dessa forma.

—Luna, para! –exclamo precisando imobilizá-la para escapar de um chute.

—Eu te ma... machuquei? –pergunta preocupada.

—Não, não é isso. –respondo estendendo a mão para ela se levantar.

—A forma que você luta.

—O que tem? Preciso ir mais rápido? –dispara retomando a posição de combate. –Wally me alertou sobre a minha direita estar mais lenta, só que ele me fez trabalhar tanto a esquerda por eu ser destra que vou precisar de tempo para recuperar o prejuízo.

—Wally é um meta humano, com super velocidade. –sorrio para ela, tocando a sua mão para que relaxe. –Você incrivelmente ágil. –ela cora diante do elogio, como se estivesse falado que a bunda dela fica uma delícia naquela calça. –Estou falando que ele te ensinou a lutar contra ele, a atingi-lo. –vejo em seu rosto que ela começou a entender o que estava querendo dizer.

—Wally sempre disse que ele precisa de espaço para correr, que a força dele é pura ciência, e um pouquinho de treino. –sorri, provavelmente se lembrando de alguma piada boba do Wally.

—Zoom, é a mesma coisa. –como sou idiota. –Vou em direção ao interfone que fica ao lado do elevador. –Sara, Isis, podem descer aqui?

‘Estamos a caminho.’ Sara responde. Segundos depois vemos ela e Isis saindo do elevador.

—Acho que podemos manter a mesma aposta da próxima vez. –Isis comenta enquanto elas caminham em nossa direção.

—Ela não vai ir com tudo, enquanto ele não tirar as ataduras.

—Estão apostando em nosso treino? –Luna pergunta encarando as duas.

—Não apostamos contra você. –Isis dá de ombros. –Eu disse que você o derrubaria nos primeiros dez minutos, usando algumas vantagens por ele... você sabe. –cora e a olho pasmo.

—Eu disse que você não precisava de vantagens, que meu marido é um treinador excelente. –reviro os olhos.

—Na verdade, Wally é mesmo. –digo tentando voltar ao que interessa no momento. –Sara, a quanto tempo não treina com o Wally?

—Anos, desde que fui para o exército, por que? –Sara seria a única que poderia provar minha teoria, no entanto ela sabe derrubar um velocista, só posso torcer para que Luna aguente por alguns minutos.

—Pega o arco, e tome o meu lugar. –instruo descendo para ficar ao lado de Isis, vejo Luna assustada.

—O que está fazendo? –minha irmã sussurra me olhando como se estivesse louco.

—Só pode estar brincando! –Luna exclama.

—Não estou. –sorrio para minha noiva. –Olha isso. –digo a Isis em voz baixa.

Elas começam a lutar, no princípio é brutal. Luna estava de mãos vazias, se esquivando dos golpes de Sara com muita dificuldade, até que não parecia mais pensar. Foi quando o jogo virou, Luna se mantinha a um passo de Sara, Isis e eu observamos a nossa amiga tentando recuar para ganhar potência, o que dava a Luna uma vantagem no ataque, não demoraria muito e Sara sacaria como vencer, somos treinados para estudar nossos adversários e usar a força deles como uma arma para derrota-los.

—Isso é incrível! –Isis murmura admirada, olhando para a luta como se fosse uma partida emocionante de futebol.

—Eu disse. –sorrio orgulhoso, era claramente um empate e como nenhuma estava querendo arrancar a cabeça ou aleijar a outra, era melhor dar aquilo por encerrado. –Podem parar! –elas recuam com sorrisos cansado e as mãos apoiadas nos joelhos.

—Arqueiros lutam basicamente como velocistas. –começo a dizer subindo no tatame com Isis. –Precisamos de espaço, para ter vantagem.

—É claro! –Sara exclama batendo na testa. –Por isso Zoom está conseguindo vencer sempre.

—Luna restringiu o espaço de Sara, igualando a técnica de anos e a força claramente superior a dela. –Isis termina.

—Precisamos igualar Zoom. –Luna começa a correr em direção ao vortex principal, e nós entramos apressados no elevador atrás dela. –Wally sem a velocidade dele, ainda é um grande lutador, mas Hunt sem a velocidade não passa de um policial regular.

—Precisamos de uma isca. –digo quando ela se senta em frente aos computadores e nós a ladeamos.

—Um local ante velocidade.

—Como a cela do Flash Reverso. –Luna abre as imagens de Eddie trancafiado na tela.

—Talvez um pouco maior. –Isis sugere, parecendo se animar, pela primeira vez desde o dia em que me feri, e seja lá o que aconteceu entre ela e Damian.

—Você está bem para isso, não quer descansar? –pergunto a seguindo.

—Só tenho descansado desde que voltei Con, eu estou bem. Quero pegar esse cara.

—Só me fala se precisar dar uma pausa, ou se for demais...

—Tudo bem, eu dou conta. –me interrompe.

—Devemos ligar para Wally, e os outros. Acho que finalmente temos alguma coisa. –Luna diz.

—Podemos pegar o desgraçado. –Sara sussurra com um ar de esperança quase assassino, e a esse ponto nem sou capaz de julgá-la, Zoom ultrapassou todas as linhas.

DAMIAN

Luna havia me chamado no momento exato que estava dando a primeira mordida no meu sanduiche, da próxima vez não vou me dar ao luxo de andar três quadras até o Billy Belly Burger e enfrentar aquela fila imensa, vou atacar o que tiver sobrando na geladeira desse porão. Por um momento senti como é ser um Flash, o sentimento de frustração que é se separar da sua comida. Começo a simpatizar mais com o Wally, o que é esquisito. Mas pelo tom de urgência que Luna demonstrou pelo comunicador, me leva a pensar que Isis poderia ter achado uma outra maneira de fazer alguma besteira, o que é bem possível, pensar nisso chega a ser frustrante. Jogo minha comida, que constituía de uma refeição balanceada feita especialmente para heróis, espero ter demonstrado todo o sarcasmo que o pensamento exige, com um hambúrguer grudento, bata frita cheia de sal, e um copo extragrande de refrigerante, no lixo, mentira, salvei o refrigerante, e desço até a parte principal da caverna pensando o que Alfred falaria dessa minha rotina alimentar, provavelmente conseguira ao menos uma sobrancelha erguida em reprovação, e um prato de salada, grão naturais, alguma carne magra e sem graça. Não é segredo que a nossa família não é a mesma sem ele, diferente do que todos de fora pensam, meu pai nunca foi o nosso pilar de sustentação, o Mordomo foi mais responsável pela nossa criação de valores, que todo o resto, mas de tudo que o velho Pennyworth tinha de melhor, a culinária não era uma delas. Ainda assim, trocaria qualquer combo Billy Belly Burger por um chá inglês sem açúcar do velho.

—Eu sou rápido, mas isso foi ridículo. – Wally para ao meu lado roubando o meu copo de refrigerante. – não consegui destrancar a porta do meu apartamento, não consegui nem pegar a chave do meu bolso. – exagera, fazendo Sara o olhar com um sorriso de piedade no rosto. –E já fui chamado de volta. -se joga irritado em uma cadeira ao lado da esposa.

—Wally, você saiu a quase duas horas. –Isis reclama.

—Então? –me sento na cadeira que normalmente é usada por Felicity.

—Vejam isso. –Connor indica o centro do vortex, onde uma imagem em três dimensões de Sara e Luna em um treinamento começa a ser reproduzido. A luta é rápida, Luna parece ditar o espaço enquanto Sara tenta ampliar o seu domino para armar um contra-ataque.

—Não acredito que filmou. – ouço Luna reclamar aos sussurros com Connor, mas minha mente mal absorve o que ocorria a minha volta. Aquilo que Connor mostrava poderia ser uma saída.

—Sou um ótimo treinador. –Wally se gaba, quando o a imagem da luta desaparece. – Talvez devesse treinar comigo, Sara.

—Você está dizendo que o seu padrinho não me ensinou direito? – Sara levanta uma das sobrancelhas em descredito. – Deixa ele saber disso.

Na saúde e na doença. Cadê a cumplicidade? O companheirismo?

—Não lembro de ter feito nenhum voto no meu casamento.

—Você ganhou. –Wally abaixa a cabeça em derrota. –Só não conta para o Ollie.

—Você tem um plano? – pergunto ignorando a não-crise conjugal de Sara e Wally, voltando a atenção para Connor.

—Hunter tem apenas a velocidade a seu favor, sem ela, Luna daria uma surra nele de olhos fechados. –Connor começa.

—Precisaríamos de um local adequado. –Wally volta a sua cabeça para o jogo. – Tirar a velocidade de um de nós não é algo fácil.

—Não precisamos tirar, não de verdade. –Isis dá um passo à frente. –Wally, Hunter só está um passo a nossa frente por que nos conhece, nos estudou por muito tempo, por que confiávamos nele. Quando você lutou com o Flash Reverso não foi assim. Precisamos o surpreender.

—Ele não conhece tudo. - Sara completa. – Até agora estamos agindo por reação. Ele nos ataca, e reagimos a isso.

—Temos que traze-lo para o nosso campo. Um lugar que nos dê vantagem. – Luna termina, com mais esperança em cinco minutos de conversa do que a tenho visto em anos.

—Precisamos de um local onde ele não tenha familiaridade. –olho para Wally. – Você foi amigo dele, algum lugar que ele não conhece, com espaço suficiente?  E sem possíveis vítimas.

—Será que a Diana emprestaria a chave dos portões do Tártaro. – Isis começa a divagar. – Não me digam que não é uma possibilidade? Não quando eu tenho essa adaga feita por Hefesto no bolso da jaqueta.

—Vamos tentar não envolver Hades. Vai por mim. – respondo voltando minha atenção ao computadores. –Não vai quere ficar devendo favores ao deus do submundo.

—Está falando comigo agora? –pergunta franzindo o rosto petulante, e desvio meu olhar para Luna.

—Tem o acelerador de partículas. –Luna tenta. – Ele é grande o suficiente, podemos colocar dispositivos ante gravidade por toda a extensão, e Hunter nunca foi a Star Labs de Central.

—Me parece o mais próximo de um plano que conseguimos até agora. – Sara olha para mim parecendo esperar que eu diga alguma coisa.

—O quê? – pergunto desconfiado.

—Você é o filho do Batman, não tem nenhuma arma secreta ou coisa do estilo? – sinto que era uma acusação ou uma inquisição.

—Se eu tivesse um plano, teria posto em pratica quando Isis foi capturada, ou quando você foi morta. – reclamo me levantando. Mas talvez eu tivesse um plano, mas não um inteiro.

—Aí está o mau humor que a gente não sabe mais viver sem. –escuto Wally dizer, fazendo graça apesar do tom depressivo em sua voz, mas já estava muito perto do elevador, para perder tempo voltando. Muita coisa para pensar. Era um bom plano, mas Sara tinha razão, eu era filho do Batman e sempre fui ensinado a ter um plano alternativo.

Felicity havia rastreado o local onde Isis ficou presa, mas não encontrou nenhuma pista, todos já haviam desaparecido. Agora estávamos fechando o cerco e isso era uma coisa boa. Volto a ala hospitalar para pegar meu livro, aquele que eu estava fingindo ler, já que minha cabeça não estava disposta a ajudar a pensar em nada além da garota irritante por quem havia me apaixonado.

—Achei que estaria aqui. – sua voz me pega de surpresa.

—Pensei que não estivesse falando comigo. –guardo meu livro no bolso interno da minha jaqueta.

—Não é uma competição de resistência. –era exatamente isso. -Preciso de carona. – dá de ombros. Eu não caio nessa e ela sabe.

Meu carro estava em na garagem do porão, fizemos o percurso em um silencio apreensivo, sabíamos que hora ou outra um de nós iria ter que ceder, mas era difícil deixar o orgulho de lado, admito que sou turrão, mas Isis não é menos que eu.

—Me desculpa. – começa a falar quando já estávamos no carro a caminho da sua casa. – Não por ter feito o que fiz. Trancar Sara e Luna, faria fácil de novo. – começa gesticular tão rápido quando fala, e eu seguro fortemente o volante, para manter a calma. – Consegui entender o porquê me tirou de lá. Deveria ter ficado uma fera com Connor, não com você. – reviro os olhos.

—Você realmente acreditou que eu deixaria Connor a própria sorte? – começo me obrigando a falar em um tom baixo. – Eu não sabia que Wally estava a caminho, mas eu precisava te tirar dali, sua presença só iria atrapalhar Connor na luta, ele tentaria te tirar do perigo abrindo a própria guarda como isca para Hunter. Eu iria voltar e lutar com ele.

—Eu sei. – é a única coisa que Isis consegue dizer, e ficamos em silencio por um longo tempo. -Você é feliz? – pergunta quando pensei que já tinha desistido do diálogo.

—Num conceito geral, ou nos últimos dias?  - ela fica em silencio, esperando uma resposta qualquer. – Felicidade é um termo relativo...

—E essa é uma péssima desculpa, quero uma resposta. – suspiro resignando.

—Não estou trasbordando felicidade, mas não posso me queixar no contexto geral. Eu tenho uma família, amigos, por mais absurdo que seja, e eu dou valor ao que tenho. Acho que é o conceito de felicidade. – dou de ombros olhando a cidade escura ao minha volta.

—Você tem a mim. – não me viro para ela, precisava absorver as palavras. –Sou cabeça dura Damian, tanto quanto você, e com todas as probabilidades de dar errado, no final deu certo. Você não deveria estar aqui, vivo, ou se fosse em uma ordem natural seria cinco, seis anos mais velho do que eu, não teríamos nada em comum além do nosso trabalho noturno. –solta um riso de apreensão.

—Onde está querendo chegar? Acha que foi sorte eu ter morrido, ter passado quatro anos morto e depois voltar a vida? Destino? -  paro em frente sua casa achando graça do desproposito de tudo aquilo.

— De 52 terras, 52 realidades, talvez sejamos os únicos de nós a estarmos juntos. – Isis solta o cinto de segurança e vira o seu corpo para o meu, em uma reação instintiva, por que é assim que já reajo a Isis, por instinto, me volto para ela também. – Eu tenho pena das outras sósias minhas espalhadas por essas 51 terras. Passaram a vida toda atrás de algo que não sabem da existência, algo que só eu tenho. –envolve seus braços em meu pescoço, me puxando para um beijo, primeiro rápido, mas que que se emendou em outro mais demorado e mais intenso. – Espero ser o suficiente, essa vida que temos, essa família que tem, e nossos amigos.

—Você sabe de alguma coisa? – ela balança a cabeça em negação, mas havia outra história que não podia me contar. – Sou feliz Isis. Essa é a minha vida, minhas conquistas, nada que tenho foi me dado de graça, foram conquistas que talvez outros de mim não saberiam valorizar. E acredite, os outros 51 Damians vestiriam um cinto de castidade se fosse para ficar perto de você. –a beijo novamente.

—Você não pode garantir, não sabe o porre que eu devo ser nas outras terras. –sorri divertida.

—Tenho uma ideia vaga... –Isis soca o meu ombro, mas seu sorriso fácil está de volta, e me alegra.

—Vai entrar?

—Seu pai não vai estar com um arco atrás da porta? –brinco, mas Isis olha rapidamente para a entrada procurando algum indicio.

—Ele não pode falar nada. – dá de ombros, mas só depois que constatou que o Queen não estava em nenhum lugar perto. – Connor trazia as namoradas dele desde que me entendo por gente.

—Ok, não preciso saber do histórico sexual do seu irmão. – faço uma careta. – Talvez deva compartilhar esses relatos com Luna. – seria maldade?

— Que tal pedirmos pizza? – ignora o meu comentário. Quando Isis fala de comida me lembro que estou a muito tempo sem comer nada.

—Não, com a sorte que temos acho melhor atacar o que tiver na geladeira. – era visível o meu desespero e ela parece se divertir com ele.

—Além de pipoca de micro-ondas não sei fazer nada. – admite.

—Meu sanduíche de manteiga de amendoim e geleia é impressionante. – damos risadas juntos, saindo do carro.

—Não foi destino ou sorte. –ela diz quando fecha a porta atrás de mim, e a olho de lado enquanto seguíamos em direção a cozinha. –Foi uma escolha consciente de nós dois, e isso me soa muito melhor. –parece ter encontrado a resposta, para seja o que for que estava a incomodando.

—É, também prefiro assim, não gosto que me digam o que deve ser feito. –passo meu braço por seus ombros e sorrimos um para o outro, sem saber qual de nós dois tem a personalidade pior.

WALLY

—Oi. –escuto a voz de Luna, que se senta na poltrona ao lado da cama hospitalar da caverna, onde estava deitado tentando me obrigar a dormir, apesar da minha cabeça estar girando em meio a toda essa história.

—Oi, fiquei muito orgulhoso hoje. –falo abrindo apenas um olho, e ela sorri tímida.

—Sua esposa é assustadora. –admite me fazendo dar risada.

—Você deu conta, e ela te ama o que é uma garantia de que vai preservar sua vida. –brinco, mas a minha voz soa mais rouca do que o normal, é como se um grande macaco voador estivesse pousado sobre o meu peito.

—Posso te sedar se quiser. –oferece, como se fosse capaz de ler meus pensamentos.

—Prefiro conversar primeiro, você tem um minuto? –pergunto deslizando na cama pequena para ceder espaço para ela. Luna deita ao meu lado, com as pernas esticadas e as mãos sobre a barriga, encarando o teto como eu estava.

—Antes de tudo me desculpe, eu tenho sido o pior melhor amigo do mundo...

—Essa frase é muito redundante. –debocha, dispensando minhas desculpas. –O que aconteceu Wally?

—Isis me disse algo essa manhã e acho que foi sobre uma visão. –começo a dizer e ela me olha assustada. –Sobre meus pais biológicos.

—Pensei que não tivesse interesse neles.

—E não tenho, mas desde que ela me falou não consigo parar de pensar sobre. –passo a mão por meu rosto, frustrado. –E se eles estiverem em perigo, se a vida de um dos dois estiver em minhas mãos?

—O que precisa que eu faça? –sinto minha garganta se fechar, não gosto de pensar sobre meus pais, mas o fato de Luna me conhecer tão bem me alivia.

—Pode encontra-los? –ela balança a cabeça concordando. –Ester e Paul Galler.

—Não vou esquecer. –diz se levantando. –Agora vou te sedar, precisa dormir. Cisco e Ronnie que não me ouçam, mas você é o melhor engenheiro mecânico que temos.

—E treinador. –acrescento a vendo preparar a seringa, e me deito da melhor forma que posso.

—O melhor de todos. –diz acariciando meus cabelos, me olhando como se eu fosse o Phill. –Pronto?

—Manda ver, eu preciso mesmo...

LUNA

—Não precisam de mim agora, precisam? –Sara aparece do meu lado, com um sorriso pervertido no rosto.

—Eu acabei de sedar o Wally. –seguro o riso vendo a decepção em seu rosto. –Mas pode aproveitar e dormir um pouco, tem espaço para você na cama dele.

—Claro, dormir. –bufa irritada entrando no elevador.

Sigo para o computadores, e começo a pesquisar. Assim que jogo “Paul Galler” na mais simples ferramenta de busca descubro que ele tem sete processos por agressão, incluindo o aberto por Laurel Lance a dezenove anos atrás, e um por homicídio. Paul ficaria preso pelo resto da vida. Por outro lado Ester entrou e saiu de clinicas de reabilitação desde que Wally foi adotado, um padrão estranho. Ela foi uma mulher bonita, de cabelos ruivos e olhos tranquilos como os de Wally, apesar de não se parecer nada com o Barry, nenhum dos dois parecia. O que torna a semelhança entre ele e Wally inexplicável.

Dez minutos depois já tinha os endereços, Paul está na penitenciária de Opal City, e Ester em uma casa de repouso para ex dependentes químicos em Central. Fico alguns segundos apenas olhando para a tela do computador, posso esperar no mínimo sete horas até que Wally desperte, entregar isso a ele, e mais uma vez colocá-lo em meio a um dilema emocional que irá esgotá-lo ainda mais... Tecnicamente ele me pediu para encontra-los. Pego minha bolsa, casaco e saio decidida.

—Aonde você está indo? –escuto a voz de Connor quando estou prestes a subir na plataforma de teletransporte.

—Não está com fo... fome? –minto desviando meus olhos dos dele.

—Luna? –sinto seu corpo se aproximar do meu, e finjo procurar algo em minha bolsa.

—Wally me pediu para fazer uma coisa por ele, mas não sei se posso te contar o que é. –confesso.

—Tudo bem, não conte. Mas eu vou com você. –ele pega o próprio casaco.

—Eu posso resolver isso sozinha, Connor.

—Não duvido que possa, mas Hunter ainda está solto. –bom argumento, dou de ombros e seguimos para o teletransporte.

Opal City é bem parecida com uma fusão de Ivy Town e Gotham, dá para perceber claramente a diferença da periferia para o subúrbio. Se Connor se surpreendeu quando começamos a andar em direção a penitenciaria ele não demonstrou. Encontro uma policial em seus quarenta e tantos anos, com os cabelos castanhos começando a ficar grisalhos presos em um coque, com cara de durona.

—Boa tarde. –cumprimento quando paramos em frente a ela.

—Em que posso ajudar?

—Queremos visitar Paul Galler. –a policial franze o rosto confusa, como se ninguém nunca tivesse procurado por ele, o que faz todo sentido em minha opinião.

—É parente dele?

—Não, somos do escritório de Laurel Lance. –Connor toma a frente. –E acreditamos que ele possa nos ajudar com um caso. Pode confirmar nesse telefone, Connor Hawke e Luna Delphine. –entrega um cartão da Laurel para a policial, que se afasta para fazer a ligação.

—Como? –me viro em direção a ele.

—Medida de segurança, Laurel sempre confirma. –dá de ombros. –Está pensando como foi bom ter me trazido junto, não está? –implica com um sorriso de lado.

—Okay. –reviro meus olhos, mas não consigo conter o sorriso.

—Está tudo certo. –a policial volta e nos entrega duas credenciais. –Stwart, vai acompanha-los. –aponta para um homem enorme, que me lembra Michael Clarck Duncan em A Espera de um Milagre.

Era como uma clássica cena de um filme, nos sentamos em uma daquelas mesas de concreto, enquanto Paul, um homem louro de aproximadamente um metro e setenta e sete, usando um macacão laranja, com as mãos algemadas caminhava em nossa direção com dois guardas o segurando pelos braços. Seu rosto estava machucado, o lábios superior cortado e o olho esquerdo roxo. Vejo Connor cerrando aos mãos quando Paul sorri com certa alegria ao me ver.

—Oi. –falo quando ele se senta à nossa frente. –Meu nome é Luna Delphine, esse é...

—O que querem? –me interrompe com a voz arrastada.

—Temos algumas perguntas, o senhor está bem, o que aconteceu com seu rosto? –Paul sorri com indiferença, levantando as mãos algemadas para tocar o corte no lábio.

—Isso é uma prisão boneca, não um parque de diversões.

—Luna. –falo com seriedade, enquanto Connor se ocupava em olhar para Paul de forma ameaçadora. –Pode me chamar de Luna, ou Srta. Delphine. –isso o faz sorrir divertido. –Como está a sua saúde, Sr. Galler?

—Vou viver nesse inferno por mais uns vinte anos. Por que minha saúde te interessa?

—Alguém está o ameaçando? –questiono ignorando sua pergunta.

—O que? Não! –Paul me olha como se eu fosse louca. –Por que está aqui, garota? –ótimo, nada está acontecendo com o Sr. Galler, o que poderia fazer Isis querer que Wally procure os pais biológicos afinal?

—Eu conheço o seu filho. –abro o jogo e vejo seu rosto ficar branco. –Ele é meu melhor amigo.

—Eu não tenho nenhum filho. –diz com convicção, que me faz pela primeira vez olhá-lo com nojo.

—Como pode dizer uma coisa dessas, depois de tudo o que fez com Wally? –ele solta uma risada típica de psicopatas, Connor e eu o olhamos sem entender.

—Aquele moleque não é meu. –diz se recompondo. –A vadia da mãe dele me traiu, aquela desgraçada louca. –seu rosto se enche de desprezo. –Pensei que fosse meu, mas quanto mais o fedorentinho crescia, mais parecido com o filho da puta do pai dele ficava. –Connor e eu nos olhamos chocados.

—Quem é o pai dele? –minha voz sai em um sussurro.

—O desgraçado, responsável por me fazer passar tantos anos nesse lugar maldito. –não pode ser! –Mas eu precisava fazer justiça, sou um homem. Precisava fazê-lo pagar por ter estado com aquela prostituta...

Connor e eu saímos da delegacia em choque, sem conseguir processar direito toda a informação que recebemos. Nada daquilo fazia sentido, o responsável por colocá-lo na cadeia foi o Flash, mas a quanto tempo Barry está com a Iris? Ela é a âncora dele, já vi Wally com Sara e como ele orbita ao redor dela. Não consigo imaginar como isso pode ter acontecido.

—Isso significa que Barry é o pai do Wally? –Connor murmura como se tivesse levado um soco no estômago.

—Paul deve estar mentindo. –tento protestar, mas minha cabeça rodava sem parar.

—Wally é a cara dele, Luna. Não dá para negar isso.

—Podemos tentar falar com Ester. –respiro fundo, tentando colocar meus pensamentos em ordem.

—Ela não é louca? –Connor argumenta.

—Tem alguma ideia melhor?

—Não! –levanta as mãos em sinal de rendição. –Vamos falar com a doidona.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado. Não deixem de comentar!
Recadinho super rápido, semana que vem não vai ter capítulo novo, como já avisamos anteriormente a Sweet vai sair do lugar tão, tão distante que ela mora, para me visitar aqui na "cidade grande", então não vamos ter muito tempo para escrever. Nos vemos no dia 17/04, sem falta!

Bjnhos!

Em minha defesa eu não morro no reino Tão, Tão, Tão distante. Só não é uma Metrópoles ou uma Gotham, mas tb não chega a ser uma Smallville.
Bjs da Sweet Rose