Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 20
Déjà Vu.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Bom, nós queremos agradecer a galerinha que favoritou a fic, isso nos ajuda muito, valeu mesmo. Sem falar dos comentários lindos, e recomendações perfeitas.
Fique aqui registrado nosso muito obrigado!
Boa leitura.



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ISIS

Me jogo na cama agradecida por hoje ser sábado, e o meu único compromisso do dia ser esse encontro maravilhoso com a minha alma gêmea. Na verdade, conjunto de almas gêmeas, minha cama, travesseiro e coberta, nada poderia ser mais lindo que isso. Passamos a noite procurando por pistas que nos levassem a Tommy, e fizemos o mesmo em todas as noites da semana anterior. Mas foi inútil, ele sabe desaparecer, ficou assim por quase vinte anos, não acharíamos a menos que ele quisesse.

Me viro na cama de um lado para outro, eu estava fisicamente tão cansada, que parecia ter sido triturada em um liquidificador, 70% do meu corpo, está coberto por hematomas, não durmo direito a pelo menos quatro dias. Só que a minha mente se recusava a desligar do mundo lá fora. A procura por Tommy, achar uma maneira de o trazer de volta, sem falar em tudo aquilo que eu ainda não sei como lidar, Sara, e um plano mirabolante que devo criar para uma possibilidade de ela ser atacada no dia mais feliz da vida dela.

Na verdade, eu quero gritar de frustração, socar alguma coisa até não sentir mais minhas mãos. Ter algo para fazer e não simplesmente me sentir a pessoa mais inútil dessa ou de todas as outras 52 Terras. Olho para o relógio e não faz nem mesmo quarenta minutos que eu me deitei, mas já é o suficiente para saber que não vou conseguir dormir tão cedo. Lá fora ainda estava escuro, e tudo indicava que seria um dia chuvosos em Star City, levanto me dando por vencida, e visto uma roupa de treino, se eu não dormisse acabaria sofrendo um apagão por exaustão, então melhor que fosse dentro de casa e de preferência com o tatame amaciando a queda.

Eu treino até não sentir mais as extremidades do meu corpo, minha cabeça pesava e os hematomas pareciam ter ganhado vida, mas apesar de tudo, tenho um sorriso nos lábios. Sorriso que desaparece quando dou de cara com os meus pais que se agarravam enquanto subiam as escadas, tenho sorte de ainda estarem vestidos. Engulo a ânsia de vomito e dou a volta, subindo a escada dos fundo.

Oh Deus! Preciso sair de casa, minha mente não aguenta mais essas cenas de amor explicito desses dois. E por um momento eu me imaginei morando em um pequeno apartamento perto da Universidade, aquela que eu não escolhi nem mesmo o curso ainda, mas a questão é ter o meu canto, longe de cenas embaraçosas como essa que acabei de presenciar, Damian me visitando nos fins de semana...

E tem mais essa, preciso contar aos meus pais que Damian e eu estamos juntos. Me pergunto como ter essa conversa embaraçosa com o casal vinte, eles são o que posso descrever como singulares. Minha mente cria milhares de cenários diferentes, um pior do que o outro. Em uma cena meu pai pendurava Damian pelos calcanhares do alto do prédio da prefeitura. Outra, meu pai e Connor amaram Damian em um alvo giratório e ficam brincando de tiro ao alvo com ele, e essas são minhas melhores perspectivas, as que incluem Felicity Queen são ainda piores. Definitivamente, vou precisar de ajuda para resolver isso, não consigo fazer sozinha.

Subo as escadas dois degraus por vez e me jogo em uma chuveirada, me trocando em seguida, coloco um vestido azul, sapatilhas e pego meu casaco. Enquanto desço para pegar meu carro, prendo meus cabelos em um rabo de cavalo alto. Poderia ir muito mais rápido se eu usasse o teletransporte, mas precisaria de um tempo para saber como pedira essa ajuda. Duas horas e meia de viagem e estou parada a porta de um apartamento que eu ajudei a decorar, batendo freneticamente na porta, diga-se de passagem.

–Por Deus, que não seja a Sra. Marry procurando por aquele cachorro fujão. –ouço uma voz rabugenta do outro lado da porta.

–Bom dia, Sara. –tenho um sorriso amarelo quando minha amiga abre a porta com uma cara amaçada e um cabelo que faria um leão parecer que tinha feito escova, mas ei! Quem era eu para falar de aparência? Provavelmente eu devo estar como quem levou dois socos nos olhos, de tão fundas que deveriam estar minhas olheiras.

–Boa madrugada, Isis. –agora ela estava sendo dramática, já deve ser quase seis horas, da manhã.

–Wally, eu preciso ver o Wally. –seu rosto muda quando percebe a ansiedade em minha voz.

–O que o Wally aprontou agora? –pergunta já abrindo passagem para que entre, vejo Wally no topo da escada em uma condição nada melhor que a da Sara.

–Juro pela Speed Force, que Wally é inocente. –ele balbucia, com a voz ainda grogue de sono.

–Vim cobrar uma promessa. –aponto o dedo para ele que fica em alerta.

–O que eu prometi agora? – desce as escadas lentamente fazendo a retrospectiva de todas as conversas que já tínhamos tido na vida.

–Eu vou fazer café, vocês resolvam isso antes das oito da manhã. –Sara quase ameaça apontando alternadamente de mim e para Wally.

–Vai me dizer qual promessa eu fiz? –Wally se joga no sofá colocando a almofada em cima do rosto.

–Quero que conte para os meus pais e para Connor sobre Damian e eu. – ele tira a almofado do rosto me olhando sem falar nada.

WALLY

Sinceramente, não sei mais como as pessoas interpretam a palavra “prioridade” ultimamente. Minha cabeça doía pelas poucas horas de sono que eu tenho tido, minha preocupação com Hunt e o fato dele ainda estar ressentido, e não me deixar vê-lo. E agora tenho que lidar com Isis, Damian, e não sei denominar o que mais. Não é nem perto do que eu espero de uma manhã descente.

–Isis, por favor, será que podemos esquecer isso, e você poupar meus ouvidos dos detalhes sobre a sua vida amorosa? –pergunto enquanto Sara volta com duas canecas de café fumegantes, uma para Isis e outra para ela mesma, já que café não era a minha praia.

–Você me prometeu Wally. –Sua voz era um misto da persuasão da Fel e do desapontamento do Ollie. Consigo me lembrar de relance de uma conversa semelhante, droga, eu prometi mesmo!

–Você prometeu, Wally? –Sara me pergunta.

–Sim. –murmuro mal humorado, esfregando meu rosto para conseguir focar qualquer coisa ao meu redor. –Em minha defesa, nunca imaginei ela. –aponto para Isis. –Namorando o.... –queria falar demônio, peste, e bom, qualquer outra coisa, mas sinceramente, tanto faz, ela o ama. –Damian. –o nome sai com certo esforço, e sinto a mão de Sara acariciando meu ombro, como uma forma de me elogiar, pela estranha maturidade.

–Eu era o álibi todas as vezes que vocês dois resolviam fugir, eu fui uma boa amiga, e apesar da minha paixonite... –suas bochechas tomam um tom rosado que quase me faz rir da cena. –Sempre os encobri. -Isis fecha os olhos constrangida. – Eu não queria estar pedindo Wally, mas eu só tenho o Connor e você para isso, e te garanto que ele gosta tanto da ideia quanto você, mas a culpa é sua. –ela tinha o dedo em riste para mim. –Você prometeu e eu vim cobrar. –cruza os braços sobre o peito, será que ela tinha noção de como parecia uma criança mimada nesse momento?

–Ok, ok. –me rendo, não tinha o que fazer, ela ficaria no meu pé até que eu aceitasse. –Mas primeiro eu vou dormir, depois vemos isso. –ela sorri feito uma menina e pula em cima de mim me abraçado.

–Você é o melhor!

–Sei, sei. Estou fazendo isso por coerção. –mas mesmo irritado a abraço, Isis sempre seria a minha irmãzinha.

–Isis? –Sara chama a nossa atenção, nós viramos para ela que olhava para o seu celular. –Hoje é seu aniversário. –Isis olha sem entender.

–Não, ainda faltam... – ela começa a contar nos dedos, parecendo confusa. – Hoje é meu aniversário? –pergunta para ela mesma. –Nossa, hoje é meu aniversário! – ela sorri por um momento e depois fica seria de novo. –Eu comprei uma cama de hospedes para vocês. –concordo com um leve sorriso. –Acho que vou usa-la, se vocês não se incomodarem? –Isis me entrega a caneca e sobe parecendo figurante de um filme de zumbi.

–Já te levo uma coberta. –Sara grita, e Isis faz um pequeno sinal de “ok” com as mãos. –Acho que ela vai cair antes de chegar na cama. –sorri para mim, indicando que devo ir ajuda-la. Subo em um piscar de olhos, levanto Isis no colo, leve como a mãe, coloco ela na cama e Sara já vinha com uma coberta, que eu tiro de suas mãos e a cubro com carinho.

–Ela nem percebeu que todo mundo já sabe. –Sara diz com a gente já fora do quarto de hospedes e rumando para o nosso.

–Se tivesse me lembrado disso a cinco minutos, poderia ter recusado o trabalho. –reviro os olhos enquanto puxo a coberta para cobrir os nossos corpos.

–Vai ser divertido. –Sara deita sobre meu peito e eu a envolvo em um abraço. Já pensou no que vai dar de presente para ela?

–Mais um? –finjo indignação, para não preocupar Sara, a última coisa em que vou pensar, é um presente.

–Não. –balança aquela cabeleira infantilmente levanta dos meus braços me olhando com um sorriso só dela. –Wally, ela está fazendo dezoito anos, ano que vem ela vai para a faculdade, acho melhor a gente caprichar no presente.

–Desde que ela não vá para o exército, marinha, aeronáutica, fuzileiros, ou treinamento espacial. –falo e Sara sorri voltando para os meus braços.

–Wally, não existe ser humano mais exagerado que você. – eu volto a envolve-la.

–Podemos pensar nisso depois que acordarmos? –seu silencio é o sim que eu precisava.

Vou tentar pela milésima vez nessa semana, falar com Hunt, talvez pedir Sara para ficar algumas horas com ele, ou talvez Connor possa vir a Keystone, não gosto de imaginá-lo sozinho naquelas condições. A pior parte em promessas feitas, é que não temos ideia de quando elas serão cobradas, eu realmente não estava em meu melhor momento.

CONNOR

–Oi! –vejo Wally parado na porta do hospital com as mãos nos bolsos dos jeans, e o olhar desanimado.

–Ele não quis te ver? –respira fundo, passando as mãos nos cabelos antes de responder balançando a cabeça de forma negativa.

–Ele nunca quer.

–Você parece cansado, dormiu alguma vez nessa semana?

–Não tenho dado muita sorte com isso de dormir. –parecia haver algo por trás de sua voz, mas não acho que ele queria falar sobre. –Mas cara, valeu por aparecer.

–Quando precisar.

Nós entramos no hospital, e vou em direção a recepcionista, uma mulher jovem com cabelos castanhos, e um rosto simpático. Ela abre um sorriso largo para Wally. Ele tem passado tanto tempo aqui, que acho que já fez amizade com toda a equipe médica.

–Oi Lucy! –cumprimenta, com seu típico sorriso, as vezes não sei como Wally consegue, tem dias que simplesmente não quero mostrar os dentes, e se estivesse no lugar dele agora, eu provavelmente estaria com uma carranca maior que o mundo. –Esse é Connor.

–Oi Lucy! –falo em uma tentativa boba de ser simpático sem segundas intenções, a garota parece congelar por um segundo.

–Ah, oi! Você é amigo do Wally? –as maçãs de seu rosto ficam vermelhas.

–Irmãos de pais diferentes. –Wally responde se inclinando no balcão e sussurra para a mulher. –Está se perguntando de onde vem a boa genética? –olho assustado para ele, mas a garota dá risada, parecendo se divertir com o jeito dele.

–Desculpe Wally, ele ainda não quer te receber. –diz depois de passar alguns segundos digitando.

–Eu quem quero fazer a visita. –digo.

–Ah, claro. –ela parece pensar no que fazer por um segundo. –Vou ligar para o quarto, Connor?

–Hawke.

–Claro. –algo brilha em seus olhos.

–Acho que ela acabou de ligar o nome à pessoa. –Wally sussurra. –Cara, isso parece ser muito fácil para você.

–Não estou mais no mercado. –dou de ombros, demonstrando pouco interesse.

–O que? Você e Vicky voltaram a namorar de verdade? –quase dou risada da indignação no rosto dele.

–Primeiro, Vicky e eu não tínhamos um relacionamento. Era uma amizade com benefícios. –ele revira os olhos. –Não sei por que todo mundo faz esse drama por nada.

–Tanto faz Connor, está com ela ou não?

–Não, somos só amigos. –ele me olha irritado. –Do jeito certo agora.

–Está com a Luna? –pergunta sério.

–Não. –me limito a responder.

–Então como inferno, você saiu do mercado. –podia ver uma veia na testa dele pulsar, indicando que a paciência já havia esgotado.

–Vicky me disse algo que me fez perceber que só estou adiando o inevitável. –respiro fundo. –Eu nunca mais tentei nada desde que Luna não aceitou meu pedido de casamento. Acho que para mim, era uma coisa nova receber um não. Então preferi ser amigo dela, colega de apartamento, parte da família, e o que mais ela quisesse, menos uma coisa que pudesse me tirar da vida dela, caso eu falhasse.

–Deixa eu ver se entendi. –ele segura o riso. –Eu te digo isso a malditos quatro anos, mais ou menos uma vez por semana, então a Vicky fala uma única vez, e você entende? –dou de ombros, e escutamos Lucy informar que Hunt me receberia.

Entro no quarto e o vejo colocar um livro em sua mesinha de cabeceira, ele sorri para mim, da mesma forma que sorria a três semanas atrás. Se não estivesse em uma cama de hospital, não pensaria que algo havia mudado. Me sento em uma cadeira acolchoada bege, ao lado de seu leito.

–Hunt.

–E ai, Connor? –ele deve estar em negação, estudo seu rosto, mas havia uma certa paz em suas feições, completamente controversa a forma que ele vem tratando Wally.

–Parece estar melhor. –digo. –É bom te ver fora daqueles aparelhos.

–Obrigado pelas visitas, eu soube que vocês estiveram aqui enquanto eu estava em coma. Agradeça a Luna também por mim. –diz com um sorriso agradecido.

–Era o mínimo que poderíamos fazer. –dou de ombros.

–Não, vocês não precisavam, por isso estou grato. –sorri.

–Tem mais uma pessoa que não tem saído daquela sala de espera. –aponto em direção ao corredor e o rosto de Hunt fica sério. –Cara, eu conheço o Wally por toda a minha vida, se ele pudesse fazer o que você pediu, já estaria feito. Muitas pessoas morrem como consequência de uma viajem no tempo, acredite, isso só mostra que ele é um herói.

–Nunca disse que ele não é. –pela primeira vez, vejo algo parecido com sofrimento passar por seu rosto. –Talvez ele só precise ser um herói melhor. –meu primeiro instinto é proteger meu amigo, algo na voz dele me faz querer ser agressivo, como se um homem paraplégico pudesse ser uma ameaça. Respiro fundo, e tento deixar minha voz o mais tranquila que posso quando volto a falar.

–Todos nós precisamos, é o que tentamos fazer dia após dia. Você é um policial, sabe do que estou falando.

–Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo. –posso sentir o ressentimento em sua voz. –Bom, eu ainda sou capaz de fazer. –dá de ombros com tristeza.

–Fazemos aquilo que é possível Hunt. –eu me levanto, e começo a andar em direção a saída. –Não foi culpa do Wally, eu sinto muito pelo que te aconteceu, sinto de verdade. –ele assente, piscando algumas vezes. –Melhoras!

–Obrigado.

LUNA

Connor e eu chegamos a mansão dos Queens no início da noite, e para nossa surpresa a maior parte dos convidados já estavam lá, com as duas exceções de sempre. Phill ficou em casa para esperar os amigos, e viriam todos juntos, talvez ainda exista esperança para os Allen afinal.

–Como está a aposta? – Connor vai para perto de Sara antes mesmo de falar com qualquer outra pessoa da casa. Seu rosto estava iluminado feito o de uma criança no Natal.

–Está acirrada, mas Wally está na frente. –Sara sorri, pegando um maço de dinheiro da carteira. –Se eu fosse você apostaria no tio Barry, tenho motivos para acreditar que Wally vai atrasar além do seu normal.

–Se você diz. –Connor entrega uma nota de dez para Sara que junta as outras.

–Oi Luna! –ela se inclina para dar um beijo no meu rosto. –Em quem vai apostar?

A bolsa de apostas já virou uma tradição em eventos como esse, da última vez Barry se atrasou tanto que perdeu Felicity soprando as velinhas do seu sorvete de morango com gotas de chocolate. E ela por vingança, o fez ficar parado e receber o sorvete na cara, o que particularmente achei um desperdício, mas quem sou eu para reclamar com a minha chefe.

–Não acho apostas algo racional, não existe matemática nisso, apenas sorte versus acaso. Como vou adivinhar quem vence? Sem contar que eles são heróis, o que aumenta o fator acaso em 80%. –tagarelo, vendo os dois me olharem confusos.

–Em outras palavras, ela não vai apostar. –Connor diz para Sara que dá risada.

–Onde está a Isis? –pergunto procurando entre as cabeças.

–Ela acabou de sair. –John aponta para a porta entreaberta. –Os Queen’s vão acabar matando nós Diggle de raiva, um dia. – diz baixo para Sara, mas alto o suficiente para que Connor e eu pudéssemos ouvir, mas preferi colocar a minha atenção em Chloe que brincava com Dick, fazendo caretas, um para o outro.

–Tenha fé pai, falta só um. –Sara implica.

–Nessa geração! –ele bufa cruzando os braços sobre o peito. –Vai ver quando for a festa de um ano de seus filhos e tiver que esperar além do pai e avô paterno, a prole dos Queen’s! –ele aponta para Connor e eu, que olhamos em direções opostas, constrangidos.

–Nada de netos por enquanto. – Sara balança a cabeça negativamente e John tem um sorriso enorme nos lábios, eles não percebem quando Connor me olha preocupado, agora não existia mais humor para nós.

–Ela falou para vocês que vai usar o vestido da Lyla? O do segundo casamento é claro. –Felicity chega por trás de Connor e lhe dá um beijo na bochecha. – Oi querido, oi Luna. – me sorri feliz.

–Chefe. –brinco.

–Onde está o Phill? –procura por entre os convidados.

Outro motivo para adorar Felicity, ela me aceitou como parte da família, e da mesma maneira, aceitou Phill. Antes éramos apenas ele e eu, quando conseguíamos nos ver é claro, graças a ela e a todos aqui não era mais assim, e por mais que eu goste dos meus momentos sozinha, e eu gosto muito, é bom saber que eu tenho uma família.

–Phill ficou esperando os amigos, vão vir todos juntos. – Connor explica. –Minha vida seria muito mais fácil se Isis tivesse escolhido Philippe para namorar. –parece pensar alto.

–Você implicaria com Phill da mesma maneira, e isso dificultaria o relacionamento entre vocês dois. –Sara faz graça e tento não demonstrar minha vontade de cavar um buraco e pular dentro, quando todos os olhos se voltam para Connor e eu.

–Impossível. –ele diz sem hesitar. –Conhece o Phill? –olha para Sara com desdém. –Aquele garoto gosta mais de mim do que da Luna.

–I... Isso, não é ver... verdade. –interrompo olhando constrangida de Felicity para John, que se divertiam nos observando.

–Ele me idolatra, é quase uma cópia minha... –sua voz vai desaparecendo aos poucos, conforme ele percebe o que fez, e vemos o pavor em seu rosto, então Dick está a seu lado, com o braço em seu ombro e um sorriso gigante nos lábios.

–Isso, senhoras e senhores, é Connor se dando conta de que meu irmão é uma melhor opção para Isis. –Dick implica. –Felicity, querida, por favor, bate uma foto. –quando ela começa a responder, escutamos a voz de Barry.

–Me fala que não vou levar sorvete na cara de novo? Não trouxe uma outra roupa, e as camisas de Oliver são muito grande para mim, fico me sentindo uma criança. –Barry anda normalmente até nós.

–Fica tranquilo tio, Wally é o vencedor hoje. -Sara atualiza.

–Você bem que poderia ter se atrasado mais um pouco. –John reclama irritado enquanto os gêmeos correm para abraçar Barry, sendo seguidos por Iris.

–Você deveria ter aprendido que apostar é feio. –Barry faz cara de irritado para John. –É isso que eu ensino para os meus filhos.

–Valeu pai. –Dawn sorri. –Acabei de ganhar a mesada do Don. –ninguém disfarça, todos estavam gargalhando, com exceção de Don que havia acabado de sofrer um desfalque terrível no caixa do mês.

ISIS

–Isis? –Dick andava em minha direção, segurando a mão de Chloe que passa a correr assim que seus olhinhos me veem. –Feliz aniversário. –ele fala, sabendo que não se aproximaria antes da filha.

–Feliz aniversário, tia Isis. –Chloe me cumprimenta.

–Obrigada lindinha. –respondo a apertando mais em meus braços.

–Papai! –grita para Dick que já tinha Al em um braço e com o outro envolvia o cintura de Barbara. –Posso dar o presente?

–Depois. –Dick solta a cintura da Barbara e puxa a filha, e me abraça de lado, desajeitado pelo esforço de conter Chloe. -Pode ir tirar o cabeça dura do Damian do carro?

–Ele veio de carro? –me espanto, mas não fico para saber a resposta, dou um abraço em Barbara e um beijo em Al, quer é a criatura mais fofa desse universo.

Puxo a cortina da janela do hall de entrada e consigo ver Damian sentado em um carro, era uma sensação familiar. Um arrepio percorre a minha espinha, mas tento afastar o medo de já ter vivido isso antes, não preciso disso, não hoje. Abro a porta no momento que Damian bate a do carro, encosta na lateral do passageiro e me espera ali. Ele sorri, e por um momento, é como se tudo em volta parasse, e sinto mais uma vez o gelo percorrer meu corpo, como se já tivesse vivido isso.

–Carro? –pergunto curiosa com o fato de não ter usado o teletransporte como todos os demais.

–Estou cansado das pessoas brincarem com minhas moléculas, ainda mais quando uma dessas pessoas pode ter, ocasionalmente, sido chantageado, na verdade mais que ocasionalmente. –sorri de forma perversa. –Realmente, só você para me fazer vir em uma festa de aniversário. –seus dedos entrelaçam com os meus de uma maneira simples, era natural, Damian se inclina em minha direção e encosta os lábios nos meus, me dando um beijo rápido. –O velho Wayne, desejou feliz aniversário.

–Você contou a ele? –questiono constrangida.

–Não tem muito que ele não saiba. –dá de ombros, e retira um pequeno pacote do bolso interno da jaqueta. – É algo que já deveria ter entregue a muito tempo. –abro a caixa e dentro havia um medalhão antigo.

Era do tamanho de um botão, com um formato oval, em uma cor que parece ser ouro antigo. Imponente, mas ao mesmo tempo delicado, apesar de não ser necessariamente feminino, parece algo que está em uma família a gerações. Sorrio para Damian que me observava com certo receio no rosto.

–É lindo. –pego entre os dedos e vejo pequenas marcações por todo ele.

–É um objeto místico. –levanto o meu olhar intrigada.

–Você sabe que já enfrento o suficiente de magia para essa, e qualquer outra vida que eu possa vir a ter?

–Eu não sei a história, completa, mas não é magia negra, se é disso que você tem medo. –sorri me provocando.

–A essas alturas não me assusto nem com o blues da encruzilhada. –dou de ombros. –E como você tem certeza que não é magia ruim?

–Minha tia me deu, quando eles trouxeram a minha consciência de volta, depois do poço. –da de ombro como se fosse uma coisa banal, me irrita como ele banaliza as próprias dores. –me disse que quando precisasse, ele me traria a pessoa certa para me ajudar. Nunca cheguei a usar, não precisei. Quero que fique com você. – era algo incrível que eu não podia aceitar, fecho a caixa e faço menção de devolver. –Não Isis, eu preciso que você fique. –ele fala de uma maneira tão decidida que não tenho como recusar. –Só tenha certeza que vai usar no momento certo, por que será apenas uma vez. –tiro o colar que usava e coloco o medalhão na corrente, entregando para Damian que me ajuda com o fecho.

–Obrigada. –agradeço.

–Quanto a magia, Nyssa odeia essas coisas, e nunca me exporia a algo ruim. – não sabia como processar aquilo mesmo se tivesse tempo.

–Feliz aniversário. –um coro em saudação me faz tomar um susto, estava tão imersa em pensamentos que nem tinha visto quando as quatro pessoas mais normais da minha vida haviam chegado, Tess, Danny, Mia e Phill nos sorriam, quer dizer todos menos Phill que olhava irritado para Damian, que revidava da mesma maneira, ele era tão igual ao meu irmão que até as manias de Connor ele tinha adotado, inclusive a super proteção fraternal.

–Vamos entrar. – passo os braços envolta dos pescoços de Damian e Phill, depois eu veria como lidar com esses dois. –Se não o sorvete vai derreter.

A casa estava cheia, todo o burburinho e sorrisos que nem sempre nos acompanhavam no dia a dia de vigilantes. -Toda vez que venho em sua casa nessas ocasiões penso que estou em uma festa da Vogue. Você só conhece pessoas com aparecia de supermodelos? –Tess olha abismada para o meu irmão que vinha me cumprimentar ao lado de Luna, Mia encarava Dick como se ele fosse algo de outro mundo.

–Você sabe que eu estou aqui? – Danny reclama, e ela apenas mexe a cabeça em afirmação parecia muito ocupada, embasbacada por Connor.

–Hey Isis. –Connor me tira do meio de Phill e Damian, me levantando nos braços, em um abraço de urso. –Feliz aniversário, pirralha.

–Até quando vai me chamar de pirralha? –finjo frustração. –Sabe, não tenho mais cinco anos. –Connor me põe no chão e me olha com um grande sorriso.

–Não é? Nem notei. –sorri implicando e consigo ouvir Mia a Tess suspirando atrás de mim.

–Tio Barry chegou, mas o Wally não? – pergunto o procurando entre as cabeças, mas nada da cabeleira ruiva.

–Estou trinta Dolores mais rico, graças a isso. – sorri me mostrando as notas.

–Tio Damian! -Chloe corre em direção ao meu namorado, isso era tão esquisito de imaginar, quanto mais pronunciar. Ela o arrasta para mostrar algo perto de Dick e Roy.

–Seu presente está no quarto. –Connor diz.

–Ao lado do meu. –Luna completa enquanto Phill passa um dos braços ao redor dos ombros dela.

–Você é Mia Dearden? –Connor se vira para minha amiga, que olha para trás, como se esperasse que ele estivesse falando com outra pessoa.

–É... –responde sem graça.

–Connor. –oferece a mão para ela, e fico tentando entender o que estava acontecendo ali. –Phill, me fala muito de você. –o rosto de Phill perde a cor, e vejo Luna fazendo força para não rir.

–Fala? –os olhos de Mia brilham por um momento.

–Não desse jeito. –Philippe tenta consertar. –Eu falo de todos os meus amigos.

–Principalmente da Mia. –Luna diz com sua voz baixa, recebendo um olhar de repreensão do irmão. –O que foi? –questiona sob o olhar mortal dele.

–Olha, se você quiser, pode ir na nossa casa um dia desses, assistir um filme. Nós pedimos pizza. –Connor volta a falar, e nesse momento, Philippe já estava da cor do vestido vermelho de Luna. –Tenho certeza que Phill vai adorar? Não é? –meu irmão o olha incentivando.

–Vai? –Mia murmura confusa, e o garoto tosse uma vez antes de responder.

–É, vai ser legal.

Meus outros amigos pareciam tão perdidos quanto eu, Connor nem mesmo se deu ao trabalho de cumprimentar qualquer um deles. Luna disse um oi tímido, e permaneceu ao lado do irmão. Vejo os Diggle em um canto afastado e resolvo que é melhor sair dali, antes que fosse inclusa a seja qual for a maluquice que “Lunnor” está tramando.

–Alguém sabe do Wally? – pergunto entrando no meio da conversa.

Sara me olha com um sorriso, como se me pedisse calma. Como ela pode me pedir calma? Wally havia me contado o quanto penou com o tio John na linha do tempo anterior a que vivemos hoje. Ai minha cabeça, será que é pedir muito uma noite normal sem pensamentos de versões de “De Volta Para o Futuro” ou da maneira que eu vejo hoje, “O Exterminador do Futuro”, por que do jeito vai, não duvidaria do Schwarzenegger meter o pé na porta, ao som de Gun’s and Roses, gritando “Hasta la vista, baby” e atirando em tudo que se movesse, duas vezes seguidas.

–Ele já vai chegar. –Sara passa o braço em meu ombro. –Wally não vai fugir da promessa. –garante em meu ouvido.

Na porta da biblioteca, vejo minha mãe fazendo sinal para nós duas, que pedimos licença e a seguimos para o cômodo. Olho para o espelho no fim do corredor, e só então percebo que Sara usava um vestido justo, marcado na cintura, que acabava acima de seus joelhos, completamente branco. Eu paro de andar, e ela para ao meu lado.

–Isis, você está bem? –pergunta tocando meu ombro.

–Sim. –tento sorrir da melhor forma quando entramos na biblioteca.

Minha mãe pega o tablet e em cinco segundo tinha uma imagem das câmeras de segurança de Keystone, e um raio vermelho passa por entre o congestionamento, ela desacelera e fica claro Wally correndo entre o trafego pesado. Sinto meu coração parar uma batida ao perceber que já havia visto isso antes. Damian no carro, o vestido e agora isso...

–E bom você estar aqui em dois minutos, ou o seu cabelo vai ter o sorve da Isis como cobertura. -a bronca da minha mãe com o Wally, através do comunicador faz meu coração voltar ao normal, na medida do possível.

–Vocês estavam me esperando para a festa começar? –Wally para atrás de mim, como se estivesse ali desde sempre, arrumando o ultimo botão de sua camisa branca.

–Se contenha Wally. –Sara aponta para fora do cômodo, onde os meus amigos, que estavam alheios a tudo isso.

–Claro, claro. Agora se me dão licença, vou tirar minha noiva para dançar. – pega Sara pelo braço e começa a se afastar.

–Nada disso. –puxo Wally de volta.

–Ok. –diz frutados.

–Fel. –pega minha mãe pelo braço a arrastando para fora da sala. –Vamos atrás do Ollie. -meu pai conversava animado com Barry, parecia tudo tão tranquilo que penso em desistir de contar a eles.

–Ollie? –Wally puxa um dos braços do meu pai enquanto sorri para o seu. – Devolvo ele daqui a pouco Tio Barry.

Olho para Damian, ele faz menção de se juntar a mim, mas eu apenas faço um leve acedo com a cabeça para que ele continue onde está, não sei se meu pai tem um alvo giratório aqui em casa. Wally andava pela casa, e eu acreditava que iria para o escritório, mas ele pega um caminho diferente e acabamos na cozinha, eu estou tão nervosa que estou a ponto de ter um AVC. Gente! estou ficando tão exagerada quanto o Wally, isso não poderia ser um bom sinal.

–Estimados Queen’s. –Wally começa enquanto abre a geladeira procurando alguma coisa para comer, meus pais se olham achando aquilo tudo muito estranho. – Cadê o creme de amendoim? –questiona tirando a cabeça de dentro do refrigerador.

–Wally! -o repreendo.

–Ok. –pega um tablete de chocolate e enfia de uma vez na boca e começa a murmurar alguma coisa inteligível, eu apenas entendi Isis e Damian, mas só isso mesmo.

–Engole Wally. –minha mãe sorria olhando para o afilhado enquanto meu pai remexia em alguma coisa no bolso dele, com o típico ar impaciente dele.

–É o seguinte. -Wally finalmente limpa a boca com um guardanapo que estava ali por perto. –Não é novidade para ninguém, esse lance dos Queen’s já está manjado, olha lá o Connor. –ele aponta para a porta como se meu irmão tivesse ali e eu queria jogar um dos pratos de aperitivos na cara dele, o que seria um completo desperdício, já que não acertaria e eles iram acabar no chão. –Bom, antes não era oficial, mas agora é, o neto do Demônio, quero dizer, o Damian, e a Isis estão namorando. -olho ansiosa para os meus pais que mantinham as caras fechadas, Wally vem até mim, e me abraça forte. –Nunca vou dizer isso a ele, e se você contar que eu falei vou negar até meu último suspiro, mas ele é um cara legal, e sei que vai te fazer feliz, e ai dele se ele não fizer. Agora com o Connor é por sua conta. – me solta e olha para os meus pais. –Se vocês me derem licença, tenho uma dança como a minha noiva gata, e depois vou tirar minha amiga tímida para dançar, só para ver ela tropeçar nos próprios pés de vergonha. –e assim ele sai, rindo da própria piada, e me deixando no olho do furacão, nem fiz meu testamento, o que será que acontece com a Katoptris se eu morrer?

–Você não vai dizer nada? –meu pai puxa uma cadeira do balcão e se vira para mim.

–Pai, mãe... Eu, eu gos...- começo a falar e por um momento, penso que sou a Luna.

–Para com isso Oliver. –minha mãe dá um pequeno soco no braço do meu pai, que desamara a cara e começa rir, seguido pela minha mãe, eu olho para os dois, acho que tinha sido abduzida para um outro planeta.

–Ok, ok... –meu pai começa a falar mais desata a rir de novo. –Pronto, parei. –respira profundamente. –Até que enfim você resolveu nos contar. Quatro anos! –diz indignando.

–Faz menos de três semanas. –olho de um para o outro sem entender nada.

–É sério? –ele me olha intrigado, como se não acreditasse que pudesse ser verdade, minha mãe tinha a mesma expressão no rosto. Confirmo balançando a cabeça. –Olha, ela está falando sério. –comenta como se eu não estivesse parada na frente deles.

–Sempre pensei que ele fosse seu namorada, quer dizer, por que ele ficaria aqui o tempo todo? –fala muito rápido, depois se vira para meu pai, como se esperasse uma resposta, ele apenas dá de ombros. -Caramba, Isis! Ela puxou isso do seu lado da família. –aponta para ele, que apenas balança a cabeça concordando.

–Já que você resolveu nos contar, posso incluir uma coisa a mais em seu presente. – ele tira uma caixinha pequena do bolso e me entrega. Quando eu abro, vejo uma pequena pulseira, com pequenos pingentes, uma flecha, óculos, um raio, e uma pequena adaga, era lindo todos os detalhes e o cuidado.

–Seu pai é muito talentoso. –o olhar dela mãe era de puro amor para ele, e segurava entre os dedos, o pingente em forma de coração com o nosso sobrenome, que ela nunca tirava do pescoço.

–E agora podemos colocar essas presas de vampiro aí também. –meu pai me entrega o que só se pode entender com um grande pequeno canino em forma de pingente.

–Pai, são morcegos, não vampiros. –a confusão no meu rosto, o faz soltar uma risada curta.

–Eu sei, mas não podia perder a piada. –ele coloca um pequeno morcego prateado, prende a pulseia em meu pulso e beija a minha testa. –Agora eu quero dançar com a minha linda esposa, e como a minha bela filha. –me solta e é a vez da minha mãe me abraçar.

–Eu nunca pensei em dizer isso, mas estou me sentindo a sua avó. – ela me beija e tem os seus olhos marejados. –Você está tão grande. –me abraça e de alguma maneira consegue ser mais forte que o abraço do meu pai ou o do Connor.

–Mãe... ar... preciso. – exagero enquanto meu pai se esvaia em risos.

–Agora você tem que contar para o Connor. –meu pai diz sobre os ombros dela, ele sorri docemente, mas era só para aqueles que não o conheciam, a maior diversão do Sr. Queen é a oportunidade de torturar os filhos.

CONNOR

–Posso? –toco no ombro de Wally que dançava com Luna.

–Bom, na verdade não. –ele olha para minha amiga, que abre um sorriso mínimo, depois para mim, que bom, não estava mais no auge da minha paciência. –Foi uma boa conversa Lu, obrigado.

–Quando precisar.

–Não seja um idiota. –diz ao passar por mim.

–Hunt? –questiono Luna, pegando sua mão, coloco a outra em sua cintura, e ela toca com a ponta dos dedos em meus ombros.

–Wally fica repassando o incidente, como se pudesse ter feito algo a respeito. –seu rosto fica sério, consigo ver a preocupação em seus olhos. –Sei que vai parecer insensível, e talvez depois do que eu disser você me ache uma pessoa horrível.

–Nem se você se esforçar muito. –digo sem hesitar, ela respira fundo antes de voltar a me olhar nos olhos.

–Sei que Hunt é um cara legal, que é um dos melhores amigos do Wally, e nem posso imaginar a barra pela qual está passando. Mas me parece injusto pedir que Wally volte no tempo por ele. Quero dizer, um milhão de desastres aconteceram na história do mundo, e muitos outros acontecem todos os dias. Miséria, fome, crianças morrendo em bombardeios. –existia uma indignação não disfarçada em cada palavra que saia por seus lábios cheios, me sentia fascinado a cada gesto. –Entendo que não é a primeira vez dele, mas uma coisa é voltar para conter o tio que ficou pirado, e também é um dos heróis mais poderosos do mundo. Outra é tentar impedir o acidente do amigo.

–Acho que Hunt não pensou em todos esses pontos. –ou pensou? Não consigo mais entender aquele cara.

–Tem mais uma coisa. –ela hesita, me olhando de baixo para cima, e quando volta a falar, sua voz está ainda mais baixa que o normal. –Wally disse que nunca mais volta no tempo, por nada. O que me fez pensar...

–Eu sei. –suspiro. –Não sabemos como, ou onde, mas tenho visto Isis estremecer sempre que Felicity fala sobre o casamento deles. –olho na direção onde Sara dançava com o pai, e Wally torturava minha mãe, a girando na pista de dança.

–Acha que é... –confirmo, antes que ela termine a pergunta. Sinto sua mão envolver a minha com um pouco mais de força, ela deita a cabeça em meu peito, e acaricio suas costas.

–Nós ainda temos uma chance, J’onn vai entrar em contato na hora certa.

–Eu sei, mas me parece tão in... injusto. –gagueja com a voz fraquinha. –Eles estão tão felizes.

Do outro lado da pista, Dig gira Sara, ao mesmo tempo que Wally faz o mesmo com Felicity, trocando os pares. Quando minha mãe para nos braços de John, eles se viram para ver Wally se inclinando sobre Sara, para lhe dar um beijo teatral. Era bonito e triste, Felicity percebe que eu observo e me dá um pequeno sorriso, indicando a porta da biblioteca.

“Leva ela.” Diz movendo os lábios, e aponta para Luna. Sorrio de volta, e a vejo me lançar um beijo.

–Isso aqui, está depressivo demais. –murmuro baixinho me afastando de Luna com delicadeza. –Vem, quero te mostrar uma coisa. –pego a mão de Luna, e quando estou prestes a seguir caminho, Isis aparece com a mesma expressão de angustia que tem andado desde que começou a namorar Damian em “segredo”.

–Con, preciso falar com você. –diz me segurando. –Com vocês, tanto faz. –ergo uma sobrancelha. –Eu... –ela respira fundo, como se procurasse as palavras, estava divertido, mas eu precisava ir para outro lugar. Então solto a mão se Luna e seguro Isis pelos ombros.

–Se eu quero imaginar você namorando o Wayne? Não. –balanço a cabeça em negativa, enquanto ela me olha espantada. –Se acho que ele não é bom o suficiente para você? –hesito. –Bom, você é minha irmãzinha Isis, ninguém nunca vai ser bom o suficiente, mas entre todos os caras ruins do mundo, fico feliz por ter escolhido um que morreria por você. Por que se ele pisar na bola, é isso que vai acontecer! –sorrio de forma ameaçadora.

–Você já sabe? –é tudo o que consegue dizer em choque.

–Isis, todo mundo já sabe. –respondo me inclinando para beijar seu rosto. –Para com esse drama.

–Mas estamos contentes, por... –Luna começa a falar e a olho desconfortável. –Connor sua irmã tem dezoito anos e namora. Se acostume a dizer a palavra! –brinca rindo, Isis ainda estava chocada. –Parabéns! –Luna diz, e beija o outro lado do rosto dela.

–Como vocês... –ela começa a dizer quando voltamos a andar.

–Em outra hora Isis, pede o Damian para te contar! –grito em resposta.

Entramos correndo na biblioteca, e vamos para um sofá de couro preto que ficava no fundo. Nos jogamos lado a lado, ainda dando risada de Isis. –Aquela era mesmo a sua irmãzinha? –Luna aponta em direção a porta. –A garota que usa um arsenal de armas brancas, de baixo do jeans?

–Culpa do amor, ele deixa os Queens idiotas. –respondo, mas de repente não estávamos mais rindo. Engulo em seco, olhando para uma prateleira distante.

–Então, o que queria me mostrar? –pergunta se levantando, e passa a olhar em volta.

Seria uma pergunta simples, qual é Connor, você consegue! É só começar a falar... “Luna quer tomar um café comigo?”, não café é mais para quem não se conhece, um jantar seria melhor. Merda! Ela vai entender errado, sempre entende errado.

–Preciso te perguntar uma coisa, mas não sei como. –assumo coçando a nuca, nervoso. –Eu percebi isso a algum tempo... –desde que a conheci, mas com Luna, menos é mais. –Mas tenho tentado encontrar um jeito...

–Droga! –xinga baixinho. -Sabia que você per-perceberia. –ela começa a dizer passando a mão no rosto. –Eles perderam sua já-jaqueta na lavanderia, então comprei uma igual e a desgastei com lixa de pé. –olho espantado para ela.

–Qual jaqueta? –Luna arregala os olhos, se dando conta que acabou de se entregar à toa. –Luna Delphine, qual jaqueta?

–A de aviador. –responde em um sussurro e volta a se sentar encolhida a meu lado.

–Eu usei essa jaqueta hoje! –olho para ela de lado. –Está exatamente... –paro para pensar. –Até o buraco no bolso esquerdo...

–Rasgou quando você e Tim estavam em uma missão no Panamá. Eu sei! –choraminga a última parte, escondendo o rosto entre as mãos. –Fiz com aquele canivete que você me mandou levar na bolsa, depois queimei as extremidades, para parecer ser um corte velho.

–Luna! –não sabia o que dizer, eu adorava aquela jaqueta. –Quando aconteceu?

–Antes de você viajar para ver a Sandra.

–Cinco meses! –estava chocado.

–O que me faz perceber que todas as temporadas de Withe Collar não foram em vão. –parece conversar com ela mesma. –Sou uma falsificadora excelente.

–Quer saber de uma coisa? –me viro de frente para ela. –Sabe o seu amado vinil do Bon Jovi?

–Ele se perdeu na mudança. –diz automaticamente, até parecer se dar conta, e quando volta a me olhar, seu rosto está irado. –Você não fez isso!

–Eu detesto aquele álbum, e você o escutava todos as vezes em que nos víamos em seu apartamento. O joguei em algum lugar da ponte de Star City, no dia em que nos mudamos. –conto, ela abre a boca para responder, ou mais provável, me xingar, quando Isis entra afobada, mas parece congelar quando vê a cena. Damian entra atrás com uma expressão de puro tédio.

–Isis, não precisa provar nada para Wally. É só uma blusa, ninguém gosta de ver fotos antigas dos outros... –ele para de falar quando percebe a expressão no rosto da minha irmã.

–Visão? –Luna sussurra baixinho para mim.

–Alguma que ela já teve. –Damian responde estudando o rosto dela.

–Me desculpem, eu preciso de um minuto. –Isis murmura, saindo atordoada.

–Eu vou, ou você? –Damian pergunta e olho para Luna, depois para a porta por onde Isis passou.

–Vai você. –falo me levantando. –Faça Isis se sentir melhor. -Damian assente e sai apressado. –Luna. -chamo e ela se levanta, parando na minha frente. –Preciso que vá até a Felicity, e diga para ela inventar alguma desculpa para mim, algo que funcione. –ela balança a cabeça confirmando.

–O que vai fazer? –sua voz sai baixa, e sinto sua mão segurar meu braço, olho para onde sua mão me tocava, depois para seus olhos.

–Esperava outra coisa dessa noite. –digo mais para mim mesmo do que para ela, depois respiro fundo colocando minha cabeça de volta no jogo. -Eu vou atrás do J’onn, acho que chegou a hora.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse capitulo oficializa o inicio das tretas! Hahaha
Amores, nos diga o que acharam do namoro Damis sendo revelado (bom, não exatamente), Connor fora do mercado, Wally e Hunt, e o provável destino de Sara. Estamos curiosas!
Bjnhos!



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