Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 12
J'onn J'onzz


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Domingo dia lindo, com taser novo do nosso casal, estamos morrendo com o negócio da ansiedade aqui... Acho que esse capítulo acabou sendo especial para os fãs Damisis, esperamos que curtam!



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DICK

Me sento ao lado de Damian sobre a luz da fogueira, em uma campina cercada por árvores. Estávamos no meio do nada a mais de um dia, seguindo uma pista fria que sabíamos se tratar de trabalho jogado fora. Isis e Sara dividiam uma barraca enquanto Connor, Damian e eu estávamos em sacos de dormir do lado de fora. Ainda bem que aqui faz um calor do inferno, ou por Deus, me teletransportaria para casa agora mesmo.

–Não acampamos assim há tempos. –comento nostálgico tomando o graveto com o qual ele atiçava o fogo.

–Nós nunca acampamos Grayson, se dormimos ao relento, foi por que estávamos em missões. –dá de ombros parecendo entediado, mas esse é o normal dele, quando quer esconder algo.

–Eu consigo me lembrar da primeira missão com você, como se fosse hoje... Não te achava digno de ser chamado de Robin, era pessoal demais para mim...

–Conheço a história Dick. –bufa impaciente. –O que quer? –Damian me olha irritado, qualquer outro recuaria, mas apenas sorrio para ele e volto a atiçar o fogo.

–Estava pensando...

–Sabe, não preciso de um conselho, e você não precisa se importar o tempo todo. –ele se levanta, estava entre a irritação e o desespero. Damian passa tanto tempo tentando decidir para que lado de sua genética vai pender, que esquece que é único e pode fazer suas próprias escolhas, trilhar o próprio caminho, por isso estou aqui, e vou sempre estar.

–Verdade. –me levanto também esticando meu corpo. –Não preciso, mas vou dar mesmo assim. –o vejo revirar os olhos. -Como você mesmo diz, eu gosto muito de fazer isso. –dou risada da minha própria piada. –Olha Damian, está tudo bem se importar. Ninguém vai descobrir que tem um coração por isso. –ele anda de um lado a outro, até parar em frente ao fogo, com o semblante pensativo. –Eu tenho guardado esse segredo por anos, tenho certeza que Isis pode fazer isso também.

–Ela não pode. –afirma em voz baixa. –Os Queens e todos ao meu redor, de repente passaram a me olhar de forma diferente, e não é o quero Grayson. É mais fácil quando somos apenas...

–Um fim, para alcançar um meio. –completo revirando meus olhos. –Fui criado pelo Bruce também. –justifico sobre seu olhar questionador. –Cada um de nós carrega uma parte dele.

–Eu carrego o sangue... –blá, nunca o escuto quando ele começa esse papinho de eu sou filho você não, acho um saco.

–Tudo bem, você tem o DNA, todo mundo sabe disso. –reviro meus olhos, antes de o encarar sério. -Mas também tem o anseio por proteger todos e não parecer se importar. Damian, isso não se passa de casca e aparência, uma hora todos vão descobrir, você querendo ou não. Foi o que aconteceu com ele quando você morreu, e antes disso com Jason.

–Você estava fingindo sua morte, quando eu voltei! –acusa com a voz calculadamente baixa. –Não pode simplesmente voltar, e pensar que vamos ser como antes Grayson! –engulo em seco, para mim Damian é uma criança levada, que nunca pode ter uma infância, até ai estava tudo bem para mim, mas agora percebo que eu também contribui para tirar um pouco da inocência dele, não me sinto nada bem nessa posição. –Eu despertei, depois de anos, e nada mais era como antes. De todos, você era o único que pensei que estaria lá, mas não estava, e não se importou em me contar a verdade!

Olho para os olhos furiosos dele, são poucas vezes que Damian se permite ficar tão vulnerável como agora. Não posso negar, estive ocupado demais na Spyral, e compreendo ele se sentir traído. Nada que disser nunca, vai ser o suficiente, mas nesse momento, ele não estava com raiva de mim, até poderia estar, mas eu não era o verdadeiro foco de sua fúria.

–Eu precisava. –me limito a dizer. –Era o certo a ser feito, sinto muito.

–Você. Não. Tinha. Esse. Direito. –diz entre dentes.

–Quer mesmo fazer isso? –ele apenas continua a me olhar furioso, vou entender como um “sim”. –Não fui o único que morreu Damian!

–Acha que eu quis morrer? –grita sem poder mais se conter, escuto a barraca de Isis se abrindo, a vejo sair para fora com Sara, e Connor já estava de pé, todos nos olhavam apreensivos. –Acha que quis ficar no meio do relacionamento doentio dos meus pais?

–Você se permitiu morrer Damian, deveria ter lutado mais! –repito as palavras que um dia Bruce me disse, enquanto nos espancávamos, não planejava que soassem tão verdadeiras, eu estava tão ressentido quanto ele.

–E VOCÊ, DEVERIA ESTAR LÁ! –esbraveja por fim, e não posso argumentar, por que é uma culpa que carrego todos os dias, primeiro por não ter lutado o suficiente para protege-lo, depois por não poder estar lá em sua volta. Nos encaramos por alguns segundos e desisto por fim.

–Me desculpe. –murmuro dando as costas para ele, e saindo em direção ao nada.

LUNA

As vezes as coisas não são simples ou fáceis, pensar nos outros definitivamente não é. Olho para os olhos de Laurel, a meu lado na sala onde a audiência de conciliação estava acontecendo. A minha frente, Jossely e Marta se davam as mãos acima da mesa, e evitavam me olhar nos olhos. Caroline Spencer, é uma das advogadas mais respeitadas do país, e pelo que vejo atrás daqueles óculos redondos, olhos frios como o gelo, rosto triangular e seus cabelos castanhos opacos, arrumados perfeitamente em um coque sem graça, o trabalho era mesmo seu único interesse na vida. Não que me importe com ela, por que sinceramente, não me importo mesmo, mas morro de medo do que ela pode fazer comigo, e principalmente com Phill.

–Oi, desculpem o atraso. –Felicity entra, olhando em volta, usando um vestido azul elegante, com seus cabelos em um rabo de cavalo. Ela sorri para mim, com seu ar bondoso de sempre, e se senta ao meu lado. –Oi Laurel. –cumprimenta se curvando para ver a amiga.

–Chegou bem na hora. –Laurel pisca para ela com um meio sorriso. –A nossa testemunha de caráter chegou. –seu rosto assume um ar sério, e focado enquanto uma assistente liga a câmera que documentaria tudo, e foca a todos nós. –Essa é...

–Felicity Smoak-Queen, a primeira dama da cidade. –Caroline interrompe com ar frio, encarando a Sra.Queen. –Sabemos quem ela é.

–Bom, então sabem da influência dos Queens, e todo o bem que já fizeram a Star City. –Laurel responde a altura, cortando o sorrisinho presunçoso daquela mulher feia. –Felicity, pode nos falar sobre Luna Delphine?

–Claro. –ajeita sua postura. –Luna é minha funcionária a quase nove meses, e a melhor assistente que já tive, nunca faltou a um dia de trabalho, mesmo estando doente. Todos da empresa a adoram, ela conhece a cada um deles pelo nome, e é gentil...

–A Srta. Delphine se socializa com os colegas de trabalho? –a versão contemporânea de Roz de Os Monstros S/A, interrompe mais uma vez, que mulher mais sem educação!

–Em que isso in... interfere... –começo a dizer indignada, embora minha voz não passe de um sussurro, mas sinto a mão de Laurel sobre a minha, não que aquele contato me reconfortasse, mas ao menos desviou minha atenção por um segundo.

–Sua pergunta é irrelevante, e claramente uma pegadinha. Se ela disser que sim, a chamaram de promíscua e irresponsável, e se disser que não, vão usar isso contra ela, com o argumento ridículo de que a Srta. Delphine não consegue se relacionar com pessoas. Por favor Spencer, não desça tão baixo. –Laurel diz a encarando de forma mortal, até mesmo eu, senti vontade de me encolher.

–E ela consegue? –dessa vez é Jossely quem diz, me olhando com ar enojado. –Nem mesmo conseguiu entrar no estádio, no dia das finais do basquete de Philippe. –acusa. –ficou vendo tudo encostada na porta, pronta a sair correndo, assim que não pudesse mais suportar. –sinto minha cabeça girar, meu coração se apertar e um nó enorme em minha garganta.

–Foi no aniversário de morte de nossos pa... pa... pais... –respondo contendo as lágrimas, e toda a sala é tomada por um silêncio insuportável, mas Marta me olha com ar de desculpas, como se estivesse envergonhada pela atitude da mulher, olhar esse, que eu ignoro, pois precisava me concentrar em não vomitar.

–Não sei se consegue ver o ponto em questão Sra. Foster. –Felicity diz, com sua voz um tanto irritada. –Luna não é o que você diz, ela estava vivendo o pior de seus dias, e não sei se já se sentiu sozinha, perdida, ou desconfortável em sua própria pele. –respira fundo como se quisesse se conter para não gritar. –Estar aqui agora para ela, é um inferno, da mesma forma como foi estar naquele estádio lotado, sentindo saudades da família que lhe foi tomada. Mas Luna foi, por que Philippe é tudo para ela. Ele vale muito mais do que o desconforto, ou a vontade de se isolar. E se não entendem isso, não merecem ser as mães dele.

–Não queremos mais a guarda compartilhada, queremos tudo. –Laurel diz se levantando e me puxando junto. –A Sra. Queen está certa, não merecem Philippe, como não merecem estar na mesma sala que Luna.

Saímos da sala e olho assustada para as duas mulheres a minha frente, com vontade de perguntar “O que inferno, aconteceu lá dentro?”, mas não tinha voz para fazer isso. –Vai dar tudo certo Luna. –Felicity diz acariciando meus ombros. –Vamos conseguir.

Minha cabeça rodava, meu estômago estava embrulhado. Olho em volta procurando uma lixeira próxima, onde eu me ajoelharia em frente, e despejaria o resto de dignidade que me sobrou dentro. Mas meus olhos encontram algo diferente. Um homem alto ridiculamente bonito, de cabelos louros, usando uma jaqueta de motoqueiro com um ar de cara mau, que enlouqueceria a maior parte das mulheres. Connor estava escorado na parede, me observando cheio de compaixão, de repente a lixeira passou a ser o plano B.

–Vai lá, converso com você em um minuto. –Laurel diz com a voz doce, e Felicity dá um passo para o lado, abrindo caminho para que eu alcançasse seu filho.

Ando, sentindo cada grama de meus quarenta e nove quilos a cada passo sobre meus saltos. Connor parece perceber, pois se adianta correndo em minha direção, e antes que perceba como, seus braços já estão a minha volta, me prendendo a ele, e para minha surpresa, aquilo me reconfortava e muito. –Você está aqui. –sussurro, me apoiando nele.

–Qual é Luna? Eu até cantei a musiquinha. –sinto o sorriso em sua voz que sempre exala simpatia. –Qual parte de “Sempre” você não entendeu?

–Obrigada. –é tudo o que consigo responder. –Não deveria estar atrás do Amazo? –já não o via a dois dias por isso.

–Estou. Mas ele ainda vai ser um monstrengo daqui a duas horas, e minha melhor amiga precisa de mim por perto. –responde se afastando do abraço e me dando a mão, enquanto caminhávamos de volta para Felicity e Laurel. –Ela está pronta, podem dizer.

–Existe uma forma de conseguirmos mudar o caso. A principal acusação que impede Luna de ter a guarda do irmão é que ela não consegue se relacionar, mas estou vendo que isso não é verdade. –Laurel diz olhando para minha mão na de Connor, normalmente isso me incomodaria, mas não quero soltá-lo. –Precisamos apenas que as pessoas a entendam, como você entendeu Connor.

–Fechado. Posso testemunhar. –ele diz rapidamente, e vejo o sorriso de puro orgulho que se abre no rosto de Felicity.

–E você precisa de um lugar maior para morar. Sem ofensas, seu AP é um charme, mas um quarto/sala não é o ideal para um adolescente. –agora ferrou tudo. Qual parte de “não tenho dinheiro” não ficou claro aqui? –Isso é um problema? –Laurel pergunta vendo minha hesitação.

–Não tenho como me mudar nesse momento. –murmuro, sentindo o ar me faltar.

–Tenho certeza que vamos pensar em algo. –Felicity intervém. –Laurel, nós precisamos voltar para a Torre. Connor, querido, por favor, leve Luna para casa. –se adianta dando um beijo no rosto do filho. –Estava com saudades. –diz o olhando nos olhos, por alguma razão, senti a necessidade de desviar os meus tamanho o afeto que um exalava pelo outro.

–Eu também, mãe. –responde com aquele sorriso típico do Connor, aquele que descongelaria o iceberg do Titanic. Felicity nos olha por um momento depois suspira tocando o peito. –Vou cuidar dela. –garante, como se alguma pergunta tivesse sido feita. Então as mulheres saem apressadas, e Connor e eu seguimos a direção inversa.

–Um carro? –me surpreendo o vendo seu Posher estacionado na calçada. –Pensei que tivesse sido teletransportado direto para cá.

–Não, mas deixei Isis em casa antes de vir, estamos todos de folga hoje. O que quer fazer? –pergunta mantendo a porta do carro aberta para mim. Mas o nome de Isis me faz lembrar algo.

–Na verdade precisamos conversar. –Connor me olha com um meio sorriso safado, e é como se seus pensamentos pervertidos gritassem para mim.

–Não acho que amizade colorida seja uma boa Luna, sou meio que um galinha em reabilitação. –brinca me fazendo revirar os olhos.

–Não sobre nós, sobre Isis. –a simples menção ao nome da garota o faz parecer alguém sério, gosto disso. –Existe um padrão nas visões dela, e como ela não pode contar, precisava ter certeza que você já percebeu isso.

–Isso o que? –ele me olha através do retrovisor.

–A primeira visão dela foi com meu irmão, e ela correu para o tribunal de justiça, me lembro como não conseguia tirar os olhos de Phill. Depois foi com seu pai, consegue se lembrar de como ela ficou apreensiva e nada a tirava de perto dele? –Connor parece se dar conta de onde estava tentando chegar.

–Ela não saiu de perto da Sara, desde que voltamos. Nesse momento, elas estão juntas na minha casa. –era o que temia, Wally ficaria arrasado se isso não for algum desastre em um universo paralelo. –Como percebeu isso? –sua voz sai baixa, como se estivesse lidando com muitos sentimentos no momento.

–Só prestei atenção. –dou de ombros. –Tem ideia de algo que possa ser feito? –ele afirma estacionando o carro. –Coloque isso. –me entrega um comunicador, e faço cara de arrependimento imediatamente.

–Não quero fazer isso de novo... –começo a protestar, mas ele mesmo se inclina prendendo o dispositivo em minha orelha.

–J’onn, dois para a torre, preciso falar com você. –eca! É só o que consigo pensar, quando mais uma vez, fazem um remake de Footlose com minhas moléculas.

CONNOR

Paramos no centro do teletransportador, e já me adianto colocando a mão na cintura de Luna prevendo a tontura que se seguiu. J’onn, Felicity e Laurel caminham em nossa direção apreensivos, e murmuro que ela está bem. Faço o resumo da história do desaparecimento de Isis para todos, e passo alguns segundos acalmando minha mãe. Luna olhava tudo em sua volta encantada, acho que a nossa caverna acabou de deixar de ser interessante para ela.

–Isis pode morrer se nos contar qualquer coisa, e não podemos perder Artêmis. –falo. –Precisamos a ajudar, sem que ela saiba que está sendo ajudada.

–Quer que eu leia a mente dela. –J’onn encurta a história, e concordo com um aceno. –Ela não pode contar, mas não significa que não podemos saber. -Luna se encolhe ao meu lado, parecia aterrorizada ao ver um homem verde, isso pode ser considerado racismo.

–Ele é tão grande! -afirma em voz baixa. Claro que Luna não iria se ater aos fatos estranhos, ela ficou mais impressionada com o porte do marciano, de que com a cor e com o fato dele ser de outro planeta.

–Luna esse é J’onn J’onzz, você deve ter ouvido falar no Caçador de Marte? – questiona e ela afirma com a cabeça, constrangida pelo excesso de atenção.

–Vi nos arquivos sobre os membros da Liga, tem força sobre humana, voa, intangibilidade e metamorfo.- lista parecendo procurar na memoria em meio a todos os nossos arquivos.- Você é feito do mesmo metal liquido que o T-1000? – Luna parece arrependida antes mesmo de terminar a frase envolvendo Exterminador do Futuro 2.

–Não. – seguro o sorriso, mas isso me deixou curioso. – Não? – me viro para J’onn, que discorda, segurando o sorriso também. - Não. – afirmo novamente agora com mais convicção.

–É um prazer... –começa a dizer educado, mesmo depois de todos esses anos, J’onn ainda se atrapalha com os costumes humanos.

–Luna Delphine. –completa estendendo a mão para o marciano, que retribui o gesto, parecendo se divertir.

–J’onn tem outro poder que não é muito divulgado. –falo quando eles soltam a mão um do outro. -Ele é um telepata, o que pode nos ajudar com a Isis.

–Ler mentes. Não pode ser bom.

–Nem sempre é ruim. – J’onn olha intrigado para Luna. – Ela se parasse com você, Oráculo.

–E muito. – Laurel confirma.

–Nossas semelhanças não são o motivo deles subiram até aqui. – Felicity volta ao assunto em pauta.

–Isis. – digo e somos conduzidos para uma sala de conferencias onde possamos conversar sem interrupções. –As visões estão piorando. – digo quando todos estão sentados. –Ela não pode nos contar o que vê, sem se colocar em perigo, e não sabemos o risco que as outras pessoas correm. – vejo de canto de olho Luna com os cotovelos sobre a mesa e as mão na face, ela parecia não aprovar essa ideia. – Não creio que exista outra saída. –digo olhando diretamente para ela.

–Ler a mente da Isis pode nos ajudar, mas há um problema. –J’onn começa a dizer. -A mente dela precisa estar suscetível, e todos vocês passam por diversos treinamentos para poder fortalecer seus escudos psíquicos. Sem falar no poder da força de vontade que cada um tem, e pode tornar impossível para mim fazer o trabalho. Se ela não der abertura e eu tentar entrar à força, posso literalmente fritar a mente de Isis. – claro que o plano precisava ser aperfeiçoado, mas era o mais próximo de ajudar Isis e Sara, sem perder nenhuma delas.

–Ler a mente dos mocinhos sem autorização não é algo que só os bandidos fazem? – Luna por fim deixa escapar o que a incomodava.

–Há sempre uma exceção. – Laurel sorri para Luna. - Salvar dois ou mais membros da família, eu considero uma grande exceção.

Fel apenas olhava para mim sem demonstrar nada do que se passava por baixo daquela cabeleira artificialmente loira. -Mãe?

–Não. – em seus olhos há temor, ela parecia estar vivendo um dilema. – Não sem a abertura adequada, não sem ela baixar totalmente a guarda. Isis não pode estar exposta a nenhum risco, e se ela te expulsar da mente você sai, por que se não, eu vou estar do seu lado com um maçarico aceso. –J’onn engole em seco, a cada dia ele se parece mais com um humano.

DAMIAN

Entro em casa e vou direto para a caverna, encontro meu pai já uniformizado, fazendo o relatório da missão para a Liga. Um fracasso, seria o que eu escreveria se fosse ele. Tudo o que fizemos hoje foi combater robôs controlados pelo pior lado do governo, e colocar em risco a vida de uma garota, que nem mesmo deveria estar nessa missão. Todos sabiam do risco de ter Nightmare na equipe, a prova foi ela enfrentando dois tutores no treino, depois a divisão idiota que fizeram, e Grayson querendo discutir relação.

–Tempo perdido. –entrego meu dispositivo a ele, e me sento a seu lado analisando uma parte dos arquivos.

–Deveria subir, e tirar o dia de folga, como os outros. –fala com os olhos fixos no computador e continuo meu trabalho, queria um endereço, onde esses robôs estão sendo fabricados, não gosto de trabalhar com a Waller no meio do caminho.

–A estruturas desses androides. –abro a tela com uma imagem do que falava, e meu pai solta seus arquivos e se aproxima para analisar. –Consegue ver?

–Se parecem com a do Amazo.

–Mas não acho que copie os poderes, olha essas diferenças. –aponto para as engrenagens que eram responsáveis pela mecânica dos robôs e as comparo com as de Amazo.

–Muito mais simples, mas ainda assim semelhantes.

–Foram feitas no mesmo lugar. –concluo. –Só precisamos de um endereço.

–Eu preciso de um endereço, você vai subir e tirar o dia de folga. –decreta voltando a se concentrar no trabalho.

–Vai precisar de ajuda! –argumento, irritado.

–O Arqueiro Verde vai comigo.

–Estão nos cortando da missão outra vez? –minha voz sai mais irritada do que pretendia, mas que se dane. –Não acha um tanto redundante?

–Não estamos cortando vocês, estamos os dando um dia de folga. –ele gira a cadeira em minha direção, e retira a máscara do rosto, droga, eu odeio o modo pai. –Nunca treinaram como da última vez, então foram direto para uma missão. Estão brigando entre si. –reviro os olhos, claro que ele já sabe da minha discussão com Grayson. –Estressados, o que os torna alvos mais fáceis. Agora você vai subir, e vai tirar o resto do dia de folga. –encera a discursão com um tom autoritário.

Dou as costas para ele, pronto para voltar a mansão, mas me lembro dos arquivos que Connor e Wally juntaram na primeira vez que procuraram por Amazo. Arsenal que lhes deu a pista, eu poderia procura-lo e conseguir um endereço, poderia rastrear mesmo que já tivessem se mudado. Era uma vantagem que meu pai não possui... Mas no momento que ele descobrisse, todos os outros estariam fora da missão... Dou um passo para trás, e me viro mais uma vez, ele ainda me olhava com o semblante calmo.

–Connor, Wally ou o Arsenal. –falo e o vejo erguer uma sobrancelha. –Podem ser um começo. –ele assente, um pouco surpreso, e dou de ombros saindo da caverna.

Em meu quarto me sento na escrivaninha e volto a procurar mitos sobre a Katoptris, dessa vez no computador, quando escuto a porta se abrindo nem mesmo me dou ao trabalho e olhar, só pela ausência de barulho dos passos já sei de quem se trata. –Oi. –Dick bate três vezes na porta, e olho de relance em sua direção. Ele estava com suas roupas de civil, uma bolsa de bebes e Al em seus braços enrolado em uma manta. –Precisamos conversar. –me entrega a criança, que se mexe ao passar para meus braços antes de encontrar uma posição confortável e voltar a dormir.

–Tanto faz. –dou de ombros e ele se senta na beirada da minha cama, giro a cadeira para ficar de frente para ele.

–Eu visitei seu tumulo algumas semanas depois que você morreu. –começa a dizer tirando a bolsa dos braços e cruzando as mãos, com os cotovelos apoiados nos joelhos. –Não pude ir imediatamente, não pude ir a nenhum lugar. –ele respira fundo antes de voltar a falar. –Mas precisava conversar com você.

–Mortos não escutam, Grayson. –murmuro, olhando para Al, ele se parecia com Babara, assim como Chloe se parece com o Dick, mas mesmo assim, tem traços do outro.

–Foi o que pensei que diria. –ele solta um riso sem humor. –Mas quero te falar agora o que te disse aquele dia. –o olho interessado, por mais que odeie admitir. –Uma vez questionei Alfred se eu havia sido um filho ruim. –fico confuso por um segundo, Richard Grayson, era o filho perfeito, eu sei, por que tento há anos, competir com a imagem que o garoto prodígio deixou.

–Por que pensou isso? –a pergunta sai de forma involuntária.

–Por que não sou como Bruce. Não visito o tumulo dos meus pais uma vez por semana, nem mesmo estava lá quando Tony Zucco cortou as linhas do trapézio. Eu me curei, me apoiei nas pessoas e segui a diante... Mas não foi assim com você. –ele se levanta e anda até uma cômoda onde se apoia. –Só consegui encarar seu túmulo semanas depois que você salvou a cidade. Você é meu irmão Damian, não importa que merda pense sobre esse maldito DNA... –bufa quando estava prestes a abrir a boca. -Eu precisava seguir em frente. –não consigo responder de imediato, então mudo Al de posição em meus braços para ganhar algum tempo.

–Não repetiu o que fez quando o Coringa queimou o circo? Por que seria idiota. –ele dá um meio sorriso pelo meu tom de escárnio. –E se os mortos pudessem ver, isso seria o tipo de coisa que me deixaria furioso.

–Por falar nisso, eu tenho algo para você. –ele vai até a bolsa e pega um jogo de vídeo game, SwordWalkers, com a capa toda amassada, ver aquilo me desarma.

Estava o seguindo a semanas, desde de que Coringa resolveu unir nossa família em um jantar, onde nossos rostos, ou o que nós pensávamos ser nossos rostos eram o prato principal. Ele jogou com a mente de todos nós, mas com o Grayson foi pior. O Palhaço tirou dele tudo ao queimar o circo Haley, e usar os amigos dele para tentar o matar, Asa Noturna estava quebrado. Todos tentaram falar, ou intervir de alguma forma, mas não era disso que precisava. O vi bater mais do que o necessário em vários bandidos, até quase matar um, foi quando achei que estava muito perto de cruzar a linha, e resolvi interferir.

Não que me importasse com a vida do idiota que ele tiraria, aquilo para mim seria menos um peso no mundo, mas para Dick Grayson seria o fim da própria vida. Pulamos de prédio em prédio na cidade, por alguns minutos em silêncio, apenas o deixei se afastar do local.

–Eu deveria ser aquele que não se preocupa, eu deveria ser a pedra. –diz se lançando de um prédio a outro.

–E daí? –questiono o seguindo.

–E daí que se eu não for, então o que o Coringa disse sobre mim, estava certo.

–Você foi queimado por pessoas que você confiava. Sabe de um coisa? –subo no parapeito do prédio e passo a correr a seu lado. –Isso vai acontecer novamente. Não significa que você deva parar. Você confia nas pessoas Asa Noturna, é o que te faz ser quem é. –paramos em uma encruzilhada, era hora de nos separarmos. –Sabe, se sobreviver o resto da semana, deveríamos fazer isso mais vezes. Talvez durante uma partida de SwordWalkers? É um jogo agradável. –sorrio para ele, atirando um cabo no prédio seguinte.

–É sobre o Batman pegando sua Katana de você, não é? –debocha me fazendo bufar.

–Como qualquer pessoa pode pensar que você é o engraçado? –reflito em voz alta revirando os olhos.

–Vou encomendar o jogo Kurosawa.

–Legal, até lá.”

–Por que está desse jeito? –levanto o jogo destruído em minha mão livre, tentando não demonstrar alteração em minha face.

–Você me irritou um pouco... –abro a capa, e o CD estava trincado, e podia jurar que algumas partes ali foram coladas. –Muito. –corrige, depois que vejo o estrago.

–Isso faz com que me sinta melhor. –dou de ombros, o olhando incerto.

–Entendo você estar com raiva, eu mereço. Sei como é perder um parceiro... Um irmão. –ele pega a bolsa. –Imaginei o seu rosto quando lancei esse jogo na parede. Mas também continuei a ser quem sou por sua causa, por te dever isso. –me levanto com Al e paro na frente dele.

–Quer que eu vá a Star City, não é? –semicerro meus olhos enquanto o entrego o bebê, mas escuto o riso baixo que ele solta.

–Damian, você não é do tipo que larga o osso, deixar de insistir no que quer não vai adiantar, é o que te faz ser quem você é. –abro um pequeno sorriso para ele, odeio admitir, mas Grayson com essa mania irritante de dar conselhos, ainda é melhor do que Grayson nenhum.

–O que você faria sem mim? –falo olhando o jogo destroçado, quando ele começa a andar em direção a porta. Foi o que o disse no dia em que fui morto, o que o dizia em todas as nossas missões juntos. –Não foi sua culpa. –espero até que se vire em minha direção. –Consigo me lembrar de você me dizendo que deveria estar em casa, lutando para me proteger. Eu tinha minha cabeça a prêmio e sabia disso. Não foi sua culpa. –a expressão de seu rosto muda, ele parecia estar aliviado.

–Mais uma coisa. –ele olha para os antigos bastões dele, que estavam pendurados na minha parede, antes de se virar em minha direção com seu sorriso zombeteiro. –Nós não conseguimos deixar de ser bons. Robin, menino prodígio, Damian.

–Somos os melhores. –e quando ele sai pela porta, sei que eu não tenho parceiro melhor do que Richard Grayson.

ISIS

Sara já estava estranhado todo o meu grude com ela, eu também começaria achar esquisito se fosse seguida até mesmo quando fosse ao banheiro. Então quando o Wally passou aqui e a pegou para resolver alguma coisa a respeito de um mal-entendido com uma líder de torcida, não pude simplesmente falar nada para impedir que ele a levasse. Sinceramente, a garota me pareceu até um pouco aliviada por estar indo.

Mas a imagem dela morrendo não sai da minha mente, e agora se alterna com a do meu pai, meu cérebro começou a se parecer com o asilo de Arkham. Só o que me dá esperanças e que aquela Sara estava mais velha, isso me faz ter tempo para impedir que tudo ocorra de verdade, se é que aquela era a Sara que eu conheço. Vou enlouquecer, eu preciso de ajuda, mas não sei quem poderia me ajudar nesse caso. Por que a única pessoa que me entenderia, sem um milhão de perguntas é o Ser-inominável. O lado bom, é que ao menos, agora posso dividir minha atenção entre a morte iminente de Sara, com o ódio que tenho do Pivete-Sem-Nome.

Me jogo na cama olhando o lustre de cristal delicado que pendia do teto. Não sei por que quando reformei meu quarto não arranquei isso daqui de uma vez, odeio coisas sobressalentes e esse lustre é a maior coisa sobressalente da minha vida. Corro a garagem onde pego um quite básico de ferramentas, não podia fazer nada sobre Sara, a versão morta do meu pai, ou sobre Você-sabe-quem, mas podia me livrar daquele treco brega de uma vez por todas.

Arrasto minha cama para trás, e posiciono uma cadeira abaixo do lustre. Minha real vontade era tirar isso a marretadas, mas acho que minha mãe se irritaria com um buraco no teto. Começo desparafusando as laterais, não me importando em jogar no chão os pregos, e suportes, na verdade era divertido ver aquele treco se espatifar em mil pedacinhos, muito divertido...

–Não sabia que tinha iniciado uma reforma no quarto? -Ouço a voz do meu pai a porta.

–Esqueci essa gerigonça da última vez. – forço um sorriso cheio de dentes para ele.

–Da ultima vez, quando trocamos as cortinas. – não estava entendendo direito, mas ele estava esquisito, mais que o normal.

–As cortinas, os móveis, a pintura. Já te falei que odeio esse carpete? Será que podemos usar aquele seu cartão American Exprex, sem limites? – sorrio o meu truque supremo quando quero alguma coisa do velho Queen, uso o sorriso Felicity Smoak, mas ele apenas me sorri de volta. Sem piscar algumas vezes, nem a cara de bobo, suspiros... Nada. Só um sorriso normal. Que coisa bizarra.

–Ainda estou pagando a fatura da ultima crise...

–Boa tentativa pai, mas isso aqui. –aponto para o quarto. -Foi no cartão do Connor, tecnicamente quem está pagando é a Sandra.

–Claro. – coça atrás da orelha, ele ficava mais estranho a cada segundo. – Eu só pensei... Vamos pedir pizza para o jantar.

–Pai ainda são quatro horas da tarde.

–Verdade, vou falar com a Felicity! – ele olha para mim sorrindo amarelo e sai fazendo cara de paisagem, o que deu nele hoje?

Olho para a geringonça mais uma vez, acho que chegou a vez de cortar esses fios. Desço as escadas e consigo ouvir as vozes na cozinha, o estranho é que pareciam estar sussurrando, e se tem uma coisa que minha família não é, ao menos não dentro de casa, é silenciosa. Fazemos isso para evitar constrangimentos, e sessões excessivas com psicólogos no futuro, ninguém quer ver seus pais se agarrando sobre a mesa de jantar, isso pode dar indigestões para toda uma vida.

–Qual é o segredo? – pergunto quando paro em frente a porta da cozinha e de repente havia um silencio sepulcral em todo o cômodo. Acho que o bicho que picou meu pai havia infectado o resto da minha família, e de quebra a Luna, apesar que para ela não era esquisito ser esquisita, era apenas a Luna sendo normal.

–Só estamos escolhendo o que vai ter no jantar. – magicamente minha mãe aparece com um cardápio de comida chinesa nas mãos.

–Não seria pizza?

–Seria... Vai! – concorda.

–Mas a Luna está nessa dieta, nada de carboidratos para ela. – Connor sorri e vejo a sua não-namorada ficar escarlate.

–Frango xadrez para mim. – sussurra, e não sei como frango xadrez podia ser menos calórico, mas seja qual for essa dieta eu vou começar a seguir.

–Ok. Eu vou desligar a força do segundo andar por um momento. – explico seguindo até o painel de força que ficava em uma das paredes na lavanderia. Volto para a cozinha e todos estão com aquela cara de ‘estamos fazendo uma festa surpresa para você, então faça o favor de não desperdiçar os nossos esforços’ até poderia cogitar essa hipótese, mas tem duas variantes importantes, a primeira é que meu aniversário já passou, e a segunda, não estamos com tempo de pensar em festas.

Volto para o meu quarto e começo a cortar os fios dessa geringonça. -Precisa de ajuda? – agora era a vez do Connor, isso estava me deixando com o pé atrás.

– Claro, pode me passar o alicate de corte, e de quebra me dizer o que está acontecendo? – coloco minhas mãos na cintura esperando alguma coisa, nem que fosse um comentários sarcástico.

–Esse lance com o Amazo está deixando todo mundo estressado. – realmente, pondero olhando em volta. Principalmente a minha família. É isso, ou eles estão tentando me enlouquecer. –Não conseguimos rastreá-lo. – com todo o lance da Sara, tinha até esquecido do Amazo, ou do que parecia ser ele, e ainda tinha aquele velho esquisito morrendo. Só a lembrança daquilo faz um calafrio percorrer meu corpo. Ótimo, mais uma coisa para encher minha mente, descobrir quem era o velho moribundo. Volto a olhar para Connor que parecia ter visto algo muito estranho na sua frente, quase me fez acreditar que ele estava vendo o mesmo que eu. Pensamento ridículo, a não ser que... Não, impossível. –Vou comprar um lustre menor para você. – sai parecendo que iria apagar um incêndio.

–Você não sabe o que eu quero! – grito para o vazio.

–Vou fazer o meu melhor! –grita já longe.

As imagens que a adaga me mostrou dançavam na minha mente, eu tentava colocar alguma padrão naquilo tudo, mas parecia que os deuses não gostavam da ordem. Isso me lembra que tenho que perguntar mais a Diana sobre essa família maluca dela, e todas as quinquilharias que eles jogaram na terra. Por Deus eu não queria mais topar com nenhum artefato magico por essa ou qualquer outra vida.

–Um centavo por seu pensamento? -a voz da minha mãe me faz despertar de meu transe.

–Essa foi piegas Sra. Queen. – vejo suas bochechas ganharem cor com o constrangimento, agora é oficial, eu não sei o que está acontecendo aqui, mas quero minha família de volta. –Acho que estou emotiva por todo esse perigo que vocês estão enfrentando, e o fato do seu pai ter morrido. –ala coça a testa, como sempre faz quando está nervosa. –Tudo bem, eu sei que ele não morreu, mas é que o vejo fazendo isso se ele achar necessário, não quero perder nenhum de você, ou Wally, e por Deus como eu me preocupo com a Sara. – tudo que eu queria era poder dizer que ela precisa se preocupar com a Sara mais que todos nós, que ela corre perigo, que alguém vai...

–Você não está lá na cozinha? – a voz insolente do Ser-inominável tira meus pensamentos do lugar.

–O que você está fazendo aqui? – pergunto assustada demais para entender o que ele estava dizendo. Mas ele ignora a minha preocupação e continua encarando a minha mãe o ar de garoto mal educado, típico dele.

–Eu te vi na cozinha. – e sua expressão passa de insolência para pânico.

–Vocês perderam a noção da realidade? –questiono olhando de um para o outro.

–Acho melhor deixar vocês conversando. – minha mãe desce as escadas rapidamente.

–Espere aqui. – Damian levanta o dedo. – Pelo amor de tudo que é mais sagrado, apenas obedeça. –e pronto, ele desce as escadas como se possuísse os poderes do Flash.

Eu não entendia o que estava acontecendo, e alguma coisa me dizia que era melhor eu não descobrir por hora. Depois da Katoptris entrar na minha vida, eu comecei a enxergar a intuição de uma maneira totalmente diferente. Aquela má sensação que sentimos no estômago e tendemos a ignorar, virou meu termômetro de perigo, e agora estava no alerta máximo. Cinco minutos passam sem que eu ouça um único ruído lá de baixo, era fato, eles estavam me escondendo algo, mas eu teria que confiar que tinham um bom motivo para isso. Afinal, sou eu quem tem os maiores segredos e não posso dividir com ninguém.

–Merda! Odeio isso!- praguejo enquanto coloco a cadeira no lugar.

–Odeia o que? – o Você-sabe-quem está parada na soleira da porta, com a sua típica cara de badboy, percebo o quanto ele é parecido com o pai, o pior de tudo era que eu o achava tão lindo quanto, e parece ter ficado mais bonito desde que decidi odiar esse garoto.

–Você está esperando convite para entrar? Já ouviu falar que não se deve convidar um morcego para dentro de casa? – finjo o ignorar enquanto junto as ferramentas no chão.

–Isso é sobre vampiros. –era uma risada em sua voz? Tentador olhar, mas venho de uma longa linhagem de cabeças-duras, não iria quebrar a tradição.

–Quase a mesma coisa. –dou de ombros.

–Vai me dizer o que aconteceu ou tenho que deduzir? – me dou por vencida e olho para ele, pisco duas vezes para colocar meus pensamentos no lugar. Merda, odeio admitir mas senti falta da peste.

–Não cansa de reformar esse lugar? – dá um sorriso de canto de boca, qual o problema dele? Está tão simpático?

–Esse lance de jogar charme é coisa do Dick, mas está se saído bem... Só que você faz mais a linha Jason, olhar maníaco e coração vingativo. – sorrio com sarcasmo, tinha percebido que ele estava fugindo do assunto de proposito, ele não iria me falar o que estava acontecendo no andar de baixo, eu suspiro de frustração. Odeio ficar de fora, mas não tinha o que fazer. –O que você está fazendo aqui? – passo por ele e volto até o painel de força para acender as luzes do segundo andar, olho para os lados a procura da minha família, mas eles sumiram, odeio quando sou a última a saber das coisas.

–Precisamos conversar. – começa, e só essas palavras já fazem um frio percorrer minha coluna.

–Inominável, você já falou tudo que precisava da última vez.

–Me chamou de que? – ele senta em um dos banquinhos na cozinha e me espera voltar.

–Inominável, Você-sabe-quem, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, varia dependendo do meu humor. – meu sarcasmo é tão forte que acho que estava escorrendo pelo canto da boca. Volto para a cozinha, parando de frente para ele.

–Você vem pensando muito em mim. –lá vem ele de novo com o sorriso de lado.

–E você tem que parar de andar tanto com o Dick. – bufo de raiva de mim mesma e desvio fingindo interesse em uma garrafa de suco que estava no balcão da pia.

–Você tem razão em estar brava. – esse não podia ser o Damian.

–Espera, você não é o Damian, M'gann é você? – olho tentando achar alguma coisa, mas isso não era a cara da Miss Marte. –Não isso é a cara do J’onn. – Damian quase cai da cadeira.

–Agora você acha que tem alguém tomando o meu lugar?

–Não pode me culpar, você está dizendo que eu tenho razão, e está sendo simpático, e charmoso, e cheio de sorrisos... -gesticulo feito uma doida, respiro duas vezes tentado me acalmar, olho para o Damian de novo e lá estava a carranca fechada que ninguém mais consegue imitar. Ufa! –Por um momento achei que J’onn estava usando a sua imagem para tentar descobrir sobre a visão que tive nas pirâmides. – sorrio balançando a mão para que ele esquecesse, era uma ideia absurda, e ele parece um papel de tão branco.

–Sou eu. – leva as mão ao peito como que para garantir. – Mas se prefere a versão menos sociável de mim. – ele dá de ombros.

–Eu quero a versão que me explica o que está fazendo aqui. – minha vez de fechar a cara. –E por quero, só estou respondendo a uma pergunta que você mesmo fez. –sinto a necessidade de explicar, quando me dou conta do duplo sentido na frase.

–Eu estava explicando até você vir com essa de J’onn e M’gann. – ele respira demoradamente, parecia querer colocar a cabeça no lugar.

–Por que você simplesmente não fala o que está pensado de vez?

–Por que não é simples assim. – explode de vez me assustando. – Tá vendo, é isso! -eu não entendo. – Passei a minha vida inteira sem me preocupar com o fato de espantar as pessoas, por que esse é o meu lance, as pessoas ao meu redor sabem, não é algo que os espante. Mas ai você chegou, é eu comecei a me conter por que me preocupo com você, não estou acostumado a ter esses pensamentos. – diz praticamente jogando todas as palavras em mim, como se eu fosse culpada, mas não entendia o porquê.

–Serio? –era a minha vez de ficar brava. – Eu não pedi para se preocupar comigo, nunca quis nada disso!

–Não entendeu nada? Já é tarde para mim! –ou! Era só o que conseguia pensar.


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Notas finais do capítulo

Ufá, capítulo enorme!
Mas se você chegou até o fim, fica aqui registrado nosso muito obrigada, esperamos que estejam curtindo, por isso nos contem o que acharam dessa confusão (com motivo) que fizeram com Isis, Connor e Luna lutando as batalhas um do outro e todas as mudanças em Damian...
Estamos curiosas!
Bjnhos;
Thaís Romes e Sweet Rose.



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