Capítulo I

Começo de uma nova amizade

Finalmente uma vida normal

pessoa que agora sonha

e se decepciona.

Bom, hoje vai ser meu primeiro dia de aula, em uma escola nova, possivelmente com amizades novas, um novo começo, não que eu esteja interessada nisso, mas é o que todos dizem quando se mudam ou são transferidos. Estamos no meio do ano e talvez seja o terceiro bimestre e também é estranho que eu não seja uma aluna transferida nem nada. Para ser sincera eu tive alguns probleminhas e não deu para me matricular no início do ano, mas disseram que ia ter vaga novamente no segundo semestre, o problema foi que as vagas tinham acabado. Só que minha mãe é muito esperta e não queria que eu perdesse um ano da minha vida, não que eu me importe, e contou todos meus problemas para o diretor e, enfim, me matricularam. Ela teria que contar de qualquer jeito mesmo...

E aqui estou eu sentada em uma cadeira, acolchoada de couro, só esperando me falarem que eu podia entrar, já que tem uma aluna encrenqueira lá dentro ouvindo os sermões e ameaças do diretor.

Pobre garota

A discussão tinha se encerrado, logo uma garota de cabelos ruivos que batem na cintura sai da sala e ela começou a me encarar como se lesse meus pensamentos e soubesse de toda a minha vida. Seus olhos eram de um verde claro diferente que chegava perto de azul, bem intensos.

Essa pessoa parece ser bem interessante e diferente.

Mas por que será que essa menina está me encarando? Será que é porque sou novata? Não podia ser por causa do meu cabelo, porque eu estava usando uma touca preta.

Ela dá um sorrisinho e passa por mim. Ainda não entendi a dela.

Me levantei da cadeira e dei duas batidas na porta com as costas da mão e ouvi um “pode entrar”

Abri a porta e entrei. A sala não era grande, nem muito iluminada e a cor das paredes que eram escuras só ajudava, tinha duas cadeiras de frente a uma daquelas mesas de escritórios e atrás da mesa estava sentado o diretor. Ele parecia ser uma pessoa tranquila e calma.

— Por favor, sente-se. — pediu e eu me sentei.

— Sou Annie Baker. — Apresentei-me para ele procurar meu nome.

— Prazer srtª Baker, me chamo Edgar —Ele estendeu a mão para que eu apertasse e assim o fiz.

—Prazer — Continuei educada e ele abriu uma gaveta que tinha na mesa e de lá tirou minha ficha.

— Oh, Annie, ouvi falar muito a seu respeito. — Afirmou com um olhar de pena — Espero que se dê bem nessa escola e se tiver algum problema não hesite em me pedir ajuda. — completou me entregando um papel do que seria meu horário da semana toda.

— Ok, obrigada e não hesitarei. — Falei sorrindo como se não me importasse, mas odeio que sintam pena de mim.

Me levantei e sai da sala dele. Olhei para o papel, meu primeiro horário seria física sala 02.

Andei pelos corredores da escola— totalmente perdida— tentando encontrar a sala 02, mas só depois de errar pelo menos duas vezes de corredor eu encontrei a sala que tinha uma plaquinha em cima da porta especificando de que matéria era a sala, enfim, a porta estava aberta então entrei.

A professora ou professor—não sei— ainda não tinha chegado. Decidi que ia sentar perto do fundão bem no cantinho do lado da parede, já que as primeiras carteiras estavam ocupadas por outras pessoas. Quando estava me aproximando do meu destino vejo a garota, que tinha me encarado uns minutos atrás, sentada na cadeira do lado da que eu planejava me sentar, por essa eu não esperava.

Quando ela me viu abriu um sorriso estranho e falou com a maior naturalidade:

— Se soubesse que demoraria tanto tempo, teria te esperado. — Acho que minha face demonstrava confusão que estava sentindo, pois ela logo se explicou — O direto falou que teria uma novata na minha turma.

Fiquei um pouco tensa, o que ele teria dito para ela?

— Hum, legal. — Me sentei e joguei a mochila em cima da mesa — Mas o que você estava fazendo na direção? — não contive minha curiosidade e queria mudar de assunto.

— Ah, isso — suspirou entediada. — Eu tinha falado umas verdades para a professora de física uma hora atrás. — O que ela fazia na escola uma hora atrás? — Nem me pergunte o que eu estava fazendo aqui. — sorriu doce.

— Então? — Indaguei para que ela continuasse a mini história do acontecimento

— Falei para professora que era melhor ela parar o que estava fazendo, se não ia se dar mal, sabe? Só queria ajudar. Não que eu seja educada nem nada, daí ela disse que ia me processar por estar espalhando calunias dela por aí. Então eu peguei pesado e falei que se ela fizesse isso quem iria levar a pior ia ser ela, porque eu já sabia de tudo e com as provas que tenho... enfim a professora tá puta de raiva comigo. — Falou rindo da situação, mas que coisa. Isso é normal para se acontecer em uma escola?

— Uau, que história, mas aí, como você foi parar lá na direção? — perguntei voltando ao assunto principal, já que tinha desviado um pouquinho do foco.

— Obvio, a prof me deu uma detenção falando que eu a desrespeitei, ou algo assim. Mas como sou boazinha, não contei e pequena trama que ela está vivendo para o diretor. — Deu de ombros.

Eu estava certa em pensar que essa garota era diferente.

— Você tá zoando comigo? — Perguntei um pouco desconfiada, quem contaria uma história dessas para uma pessoa desconhecida, mesmo que não tenha revelado nada de mais.

—Talvez sim, talvez não. —Divagou— Ah, a propósito me chamo Alehara. — estendeu a mão.

— Alehara... — pronunciei o nome dela um pouco incerta — Okay, me chamo Annie, prazer em te conhecer — apertei sua mão.

—Sim, Alehara. Pode me chamar de Ale, se quiser é claro. Seus olhos chamaram minha atenção, caso esteja se perguntando do porquê de eu ter te encarando sem mais nem menos. — Falou e eu nem tinha pensado muito nisso, não depois da história que ela me contou.

— Legal. Os seus também não são muito comuns. — Certamente não eram mesmo.

A professora de física entrou na sala. Ela aparentava ter uns vinte e três anos, com o corpo todo em cima, o cabelo preso em um coque e um rosto agradável, mas que no momento transmitia ódio. Ela olhou diretamente para Alehara, nada contente em ver a garota sentada ali e esta apenas deu de ombros pouco se importando.

— A aula vai começar, silêncio. — Que voz ameaçadora essa professora tem e parece que ela é bem respeitada pelos alunos, já que a zorra que era antes acabou imediatamente.

A aula começou, eu já sabia de todo o conteúdo que a srtª Willians estava explicando. Para ser sincera, não queria ouvir o que já sabia, então abri meu caderno na última folha e comecei a desenhar. O que? Ainda não sei.

Com o passar do tempo o desenho começa a tomar forma, os rabiscos antes aleatórios agora se organizavam e, nesse momento, já sabia o que ele iria virar e comecei a rabiscar estrategicamente.

Quando terminei uns minutos antes da aula acabar.

O resultado foi uma paisagem meio estranha— foi o que exigiu mais tempo— com um pássaro em um galho só observando o outro voar para longe e, talvez, nunca mais voltar. Não sei porque desenhei isso, sinceramente. Larguei o lápis em cima do caderno e suspirei.

Fiquei totalmente absorta em desenhar que o tempo tinha passado voando, que ironia.

Meu caderno tinha sumido de cima da mesa quando olhei para onde ele deveria estar. Aonde ele foi parar? Virei para o lado e vi Alehara olhando para o desenho boquiaberta, um pouco chocada até. Então ela passou a folha e viu outro desenho meu, que era um coração mecânico cheio de engrenagens em preto e branco. Não gosto muito de desenhos coloridos.

Então ela arrancou uma folha do próprio caderno e começou a escrever nela.

Me passou o papel e eu li o que estava escrito

“OMG, menina, no que você estava pensando quando desenhou isso?!?” sorri

E então escrevi:

“Sei lá em nada, só estava entediada”

“Você desenha muito bem, parabéns. Sim, física é uma bosta! ”

E chegou minha vez de escrever, novamente.

“Que nada, mas valeu. Eu só sei da matéria e não queria ouvir a mesma coisa de novo. ”

“Você é repetente? ” Observei que quando ela tinha escrito essa frase estava meio confusa.

“Não, não. Só não tinha nada para fazer antigamente então estudava. ”

Ela escreveu algo sorrindo

“NERD!!! ” dei um sorriso mínimo disso.

E a nossa conversa escrita acabou no mesmo tempo que o sinal tocou.