Chiaroscuro escrita por ChopperChan


Capítulo 4
Capitulo 4- Voz Ideal


Notas iniciais do capítulo

Yo Minna! ChopperChan voltou da roça!
E agora um capítulo pra comemorar o último....dia....de....férias.....BUAHHHHHH
OKAY, RECOMPONHA-SE, MULHER! LEMBRA QUE O CHOPPER VOLTOU!
Okay, okay. Agora lá vamos nos! Tá bem grandinho então... Enjoy!



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Contagem de tempo: cinco anos após o encontro da voz ideal.

Naquele dia, um novo barco chegava à ilha. Mas não um barco mercador, como aquele que trouxera Rouge e o Tio. Nem um barco pirata, como aquele que desembarcará a mulher grávida sem nome.

Era um navio da marinha.

Mas o que um navio da marinha faria tão longe, em uma ilha tão pacífica? Investigava um caso denunciado de escravidão.

Acontece que, poucas semanas antes, em uma conversa qualquer, tais frases foram ditas por um garoto chamado Roger:

–-Todos somos donos de nós mesmos, até você. Foi o que o prefeito me disse.
Essas frases podem não ter sentido para quem as ouve (ou no caso, lê) fora de contexto, mas nós sabemos muito bem o quanto elas valiam para Rouge, a pequena escrava de onze anos.

Ou temos uma certa noção, porque se tem outra coisa que nunca vamos entender completamente, é o quanto a liberdade significa para os escravos.

Mas, claro que depois disso ela passaria horas na biblioteca atrás de livros de direito para garantir que isso não era mais uma das invenções do garoto, apenas para descobrir, feliz, que era verdade sim.

Leitor, você acha terrível ter esperança quando na verdade não há razão nenhuma para isso? Ou é algo que não faz mal, já que, no fim, não faz diferença para ninguém a não ser para você?

E, na surdinha da noite, depois que o Tio já havia ido se deitar, ela escreveu uma carta ao Governo Mundial. Uma carta que mudaria o curso da história. Não a história dela somente, mas a nossa história em si.
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O homem que comandava aquele navio tinha um nome de respeito. Monkey D Lester. A linhagem dos Monkey D vinha servindo à marinha e ao governo desde que se tinham registros, e aquele homem não seria a ovelha negra a deixar de lado a tradição de séculos. Ou talvez fosse essa a parte que os outros viam.

Aquele homem imponente também carregava um passado misterioso. Havia cerca de doze anos, ele desaparecera e ninguém nunca saberia o que aconteceu durante o período de seis meses que não dera notícias. Ele também não respondia, apenas murmurava alguma ordem que nenhum subordinado ou mesmo superiores se atreviam a descumprir, e voltava a encarar o horizonte, como se aguardasse algo.

Mas ele nunca recebera esse algo, e ninguém saberia o que ele tanto aguardava. Afinal, que humano admitiria um relacionamento com um rato? Nenhum. Nunca.Principalmente aquele. Aquele marinheiro era casado e tinha uma reputação de família para manter! Aquela pirata... Ela não valia a pena. Nem mesmo cumprira a promessa de lhe escrever! Como ele puseram-se tão idiota a ponto de cair no teatrinho de apaixonada, claramente um truque para que ela pudesse fugir?

Naquele tempo ele havia saído em missão, e ninguém esperava que ele precisasse de tanto tempo para caçar uma única pirata, principalmente pela baixa recompensa que aquela tinha. Os Monkey D tinham um talento natural para farejar, afinal de contas. Se a missão fora um sucesso ou não, eles só saberiam naquele dia.

O homem desembarcara solene, pisando firme e devagar. Entre suas pernas, corria uma criança também de sobrenome Monkey, nascido de humanos de honraimaculada. O pequeno Garp tinha dez anos, e uma energia inesgotável.

–-Qual o nome da ilha Pai? O que viemos fazer aqui? Quem que mandou a carta? Quanto tempo vamos ficar? Quando vamos comer?- Ele solta a um pergunta a cada passo, num ritmo que seria impossível de responder.

–-Cale a boca Garp, estamos em missão. Você tem que manter a compostura.

–-Mas como se eu não sei o que temos que fazer?

–-Tudo o que temos que fazer é procurar uma menina na biblioteca da cidade e ver se o que ela disse na carta é verdade. Só.

–-Deve ser só brincadeira de uma criança.-Sengoku era outra criança que acompanhava a missão. Mas, aos doze anos, já tinha um pouco mais de senso em relação ao trabalho na marinha.- Não sei porque nós nos demos ao trabalho de vir até aqui.

–-É o nosso dever averiguar as denúncias, não importando quem as delatou.

–-Mas Lester-sama.... como uma escrava conseguiria escrever essa carta?

–-Eu não sei. O que importa é que ela o fez, então pare de reclamar que acaba nos atrasando. Quanto antes resolvermos isso, mais cedo voltaremos para a base.

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Nesse meio tempo, Rouge esperava na frente do casarão em que funcionava biblioteca. O Tio havia saído para a cidade,e não pretendia voltar cedo, o que era bom. Muito bom para aquela situação.

Ela não estava sozinha, claro. Roger a acompanhava de perto, como estivera fazendo nos últimos cinco anos, e mantinha a mão encaixada firmemente na da amiga, deixando que ela apertasse o quanto precisasse naquele momento de tensão.

–-Eles estão mesmo vindo? Não é só um sonho?

–-Estão. Estão sim.

–-Tem certeza?

–-Tenho sim.

–-Absoluta?

–-Quer que eu te belisque, pra você ver que está acordada?

–-Não precisa.

Ele a cutucou na lateral da barriga.

–-Ei! Por que fez isso?

–-Sentiu isso? Então tá acordada.

Rouge soltou uma risadinha.

–-Obrigada... Eu acho.

–-De nada.

Passos se aproximavam.

Ela apertou ainda mais a mão do amigo.

–-Rouge? Esta me machucando.

Ela afrouxou um pouco.

–-Desculpe mas...

O rosto de Monkey D Lester apareceu, imponente e distante, diante das duas crianças. Seguido pelos pupilos, ele mal direcionará um único olhar aos dois.

–-Você, menina, é a escrava de nome Rouge?- Sengoku perguntou

Mas aquela voz não tinha o tom necessário para que ela entendesse.

–-O que?-ela estreitou os olhos.

–- Você é a escrava chamada Rouge?- Garp repetiu.

–-O que?- Ela ainda não compreendia.

–-Por Deus garota!- Lester dirigiu um olhar gélido à menina- Você está faltando com respeito à marinha! Quer que nós a levemos presa? Responda a maldita pergunta!

Mas mesmo aquela voz não tinha o poder necessário.

–-O que?

–-Ah, esqueça. Garp, Sengoku, reportem aos superiores que tudo não passou de uma grande brincadeira, de crianças sem noção e...- Ele lançou um olhar de desprezo à garota-...Sem um pingo de educação.

Rouge se encolheu, soltando a mão do amigo. Não compreendia o que eles diziam, mas aquele olhar apareceria em seus pesadelos por muito tempo.

Mas Lester cometera o erro de não se dignar a olhar para o garoto ao lado.

–-Oe! Velhote! Quem não tem educação é você! Rouge não tem culpa se é surda e não entende as @&$? que você fala!

–-Como se atreve a tratar um vice almirante dessa forma seu..- O mais velho firmou o olhar na criança atrevida.

E, supreendentemente, Roger sustentou o olhar de ódio daquele homem, coisa que ninguém ousava fazer. Mas esse não foi o único fato que surpreendeu Lester.

Aquele garoto... Aquele garoto era muito familiar a ele.

Porque ele via aqueles traços raivosos em seu próprio reflexo, todo santo dia.

Mas havia algo mais. Aquele olhar atento, focado, mas que ao mesmo tempo dava a impressão de analisar todo o entorno com curiosidade e avidez.... Aquele olhar que conseguia ver longe....

Ele só vira aquele olhar em uma única pessoa.

–-Qual o seu nome, garoto?

–-Gol D Roger. Como ouro, mas o D é separado.

Dito isso, Monkey D Lester não teve nenhuma outra reação senão rir. Rir com gosto é de uma maneira bem irônica.

–-Aquela maldita mulher.... -Ele murmurava em meio ao riso.

Rouge puxou de leve a blusa do amigo, sussurrando.

–-Roger? O que está acontecendo? Seu nome faz parte de alguma piada ou...

–-Nada. Não está acontecendo nada. Mas esses caras não vão ajudar em nada, pelo visto.- Ele a tomou pela mão, usando a outra para cobrir a boca que tossia- Vamos embora.

–-Espere aí, garoto. Você vem com a gente.

–-Eu? O que?

–-Vai receber treinamento naval.

–-Não, eu não....ATCHIN!

–-Sim, você vai. Eu acabei de decidir isso.

Roger passou a mão pelo nariz.

–-Você não pode decidir nada por mim.

–-Conosco você pode ter um tratamento melhor dessa sua doença.

–-É só uma gripe! Tenho pelo mudemos uma vez por mês e continuo vivo!

–-Céus garoto! Eu estou me voluntariado para adotar você, seu órfão ingrato!Aceite logo essa família que eu te ofereço!

Como ele sabia que Roger era órfão? Ninguém parou para pensar nisso.
Mas Lester pronunciou uma palavra que Rouge entendera. Sabe qual palavra era essa? Família. A palavra era família.

Ela já lera essa palavra tantas e tantas vezes, imaginando como ela soaria.... e em todas essas vezes, ela desejou ter aquela palavra para ela. Mas não para ela mesma. Ela não precisava de uma família, conseguia se virar sem uma. Ela queria ter aquela palavra para dá-la a Roger. Ele sim, precisa de uma família mais do que qualquer outro.

–-Roger... Ele quer te adotar?

–-É.- ele olhava emburrado o homem.

–-Ele quer te levar daqui?

–-É. Mas fica tranquila que eu não vou.

–-Mas... Você devia ir.

–-O que?

–-Roger, eu quero que você vá.

–-Por que? Não me quer por perto?

–-Porque você terá uma família! E vai ter uma educação melhor do que se simplesmente ficar a toa aqui na ilha!

–-Mas Rouge.... E você?

–-Vá.- ela sorriu, doce- eu vou ficar bem, de verdade.

Seu coração parou de bater e se reduziu a uma pedrinha fria e desiludida. Mas então, com a mesma rapidez, saltou de novo para a vida, batendo de esperança.

–-Mas e o Tio? E as histórias e....

–-Vá logo Roger. Eles têm pressa. Mas antes...- Rouge puxou uma folha dobrada de dentro do bolso- leve com você. Para não esquecer da Ervilha.

–-O que é isso?- ele aceitou a folha.

–-A única folha que eu tive coragem de arrancar de um livro. É a Princesa Ervilha. Pra você lembrar de ter coragem.

–-Coragem, amigo- sussurrou o mestre da linha- Tenha coragem pela princesa.

Ele sorriu, guardando a imagem

–-Eu vou sair numa Demanda.

–-Boa sorte, meu pequeno cavaleiro. Agora vá conhecer seu navio.

E Roger saiu correndo atrás das três figuras que se afastavam.
Sabem, quando se é dono de si mesmo, você também é responsável por si mesmo. E quando se é responsável por algo, temos o poder de decidir o que queremos fazer com esse algo.

Com a vida é mais ou menos parecido. Podemos tomar decisões a vontade sobre o que faremos,mas é muito,MUITO provável que decidiremos por algo ridículo.
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As histórias nunca são escritas apenas pelos autores. Uma boa parte delas vem da imaginação dos leitores.

E por isso eu peço que, mais uma vez você imagine: Uma garota cresceu sem saber que uma pessoa não podia pertencer a outra por não ouvir quando lhe diziam. Um belo dia, a única pessoa que tinha uma voz capaz de entrar pelos ouvidos defeituosos lhe conta que não é bem assim, e resolve fazer uma denúncia ao governo por escravidão. Mas, no barco responsável pela busca da criança escrava, o responsável era justamente o pai dessa mesma pessoa de voz potente e que nem mesmo sabia que era pai. E, ao chegar na ilha, se torna inegável a paternidade daquele homem sobre a criança que cresceu sozinha.

Não é uma coincidência incrível? Não. Não é. É uma coincidência absurda. Absurdamente incrível. Mas quem sou eu para questionar o que o mundo das histórias faz?

O mesmo mar, responsável pelo desespero que impediu a mensagem de chegar ao seu destinatário, trouxe o pai até o filho que não sabia ter.

De certa forma, o destino é Irônico, não?

Ou talvez o destino seja mais uma daquelas coisas ridículas. Mas como as coisas ridículas tendem a ser, o destino também é poderoso. Mas pode ser ridículo, poderoso e maravilhoso também, para alguns dos mais afortunados.

Mas antes que eu dê esse capitulo por encerrado, deixe-me narrar a última parte dessa nossa despedida. Preste atenção, porque se eu estou parando a história para pedir por atenção, é porque uma parte muito importante vem a Seguir:

O barco nda marinha não ficou nem mesmo um dia na ilha de Long Town, mas já foi o suficiente para mudar o curso da nossa história.

Mas, quando o barco já quase se perdia no horizonte, Roger gritou uma última frase:

–-Eu vou voltar!

É uma coisa curiosa. Talvez pela distância, talvez pelo vento ou talvez porque ninguém mais prestava atenção na sombra que se afastava, ninguém ouviu aquela frase.

Ninguém exceto a garota surda que ainda se sentava no cais, admirando a única pessoa com quem realmente se importava se afastar. Não é irônico, também, que uma pessoa de ouvidos problemáticos tenha sido a única a ouvir?

Mas aquela voz... Era a voz ideal. Que sempre encontraria o caminho para dentro dos defeituosos ouvidos daquela criança estranha. E, além do mais, ela queria ouvir aquela frase. Ah, como ela queria!

–-Eu sei.- ela sorriu- Não vou sair daqui.

E saiu em disparada, de volta para a biblioteca.

Sabe o motivo de tanta pressa? Não, ela não estava ansiosa para voltar à vida de escrava solitária e incompreendida. O motivo daquela correria era Retomar mais uma leitura de contos de fadas. Não uma história nova, e nem específica. Ela simplesmente abriu um livro de contos qualquer, ainda na primeira página, na primeira frase:

–-Era uma vez.- ela pronunciou em voz alta.-Era uma vez.

–-Era uma vez-ele disse em voz alta, para a escuridão. Disse essas palavras porque eram as melhores, as mais poderosas que ele conhecia e o simples fato de pronunciá-las o confortava.

E me diga leitor, há frase mais mágica que "Era uma vez"? Era uma vez é a frase com mais promessas escondidas, mesmo com tão poucas palavras. Promessa de uma boa história. Promessa de personagens cativantes.
Promessa de um final feliz.

E, mais do que apenas promessas feitas, quando a história começa com "era uma vez", elas serão sempre cumpridas. Todas as histórias que começam "era uma vez" terminam com "felizes para sempre".

Assim, ele lia a história como se fosse um encantamento, como se as palavras, ditas em voz alta, pudessem fazer a magia acontecer.


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Notas finais do capítulo

Eu acho que esse é o capítulo com mais citações até agora :v mas de qualquer forma eu gostei.
Até a próxima! O/
P.S.: AHEEEOOO CARAMBAAAAA NINGUÉM SABE O QUANTO EU ESTOU FELIZ PELA VOLTA DO CHOPPER!!!
P.S.2: Minhas aulas voltam amanhã e eu vou ter que revisar muito as matérias, então talvez eu demore um pouco mais com o capítulo.
P,S.3:só por garantia de que alguém ainda está lendo meus PSs.
P.S.4: Aulas voltam amanhã.... Chuif.



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