Chiaroscuro escrita por ChopperChan


Capítulo 19
Capítulo 18- Era um vez.


Notas iniciais do capítulo

Bom gente... Conclusão ne?--Mas vamos deixar a dramaticidade toda pras notas lá de baixo.-
Enjoy!



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Em uma cena muito semelhante à ocorrida alguns anos na ilha de Long Town, uma mulher dava à luz.

Mas aquela mulher, diferente da pirata desconhecida, tinha nome e sobrenome. Portgas D Rouge. Era um nome construído pela única pessoa que ela depositara confiança o bastante para amar com tudo o que tinha, e carregava com orgulho aqueles três nomes próprios.

Se você se lembra bem do comecinho da nossa história, você deve saber o final desse capítulo tão semelhante ao início. Sabe que ele não será feliz, e essa é a sua ultima chance de largar esse texto e procurar algo mais alegre. Porque por mais que me doa escrever essas palavras, me manterei fiel ao que a história original nos conta.

Rouge vai morrer.

Pare um segundo e reflita sobre essa frase. "Rouge vai morrer". São três palavras, formando uma frase, e cujo sujeito pode ser modificado para "eu vou morrer", "você vai morrer", "Nós vamos morrer"... Não importa. O fim de tudo será sempre esse fatídico verbo: Morrer. Não só nessa frase, mas o destino de tudo é esse: a morte. E se pensarmos além, veremos que são apenas três palavras traçando o destino de Rouge. Quem foi que deu às letras o poder de decidir o final dessa personagem? Ninguém. Pois esse poder não é das letras, mas sim do destino. As letras apenas cumprem sua função:anunciar aquilo que lhes foi designado. Mas vamos parar por aqui, pois seguindo por esse caminho acabaremos odiando todas as frases que contenham palavras ou letras, e esse não é o objetivo de nenhum autor, mesmo dos amadores como eu.

E três palavras também podem formar frases maravilhosas, como "Eu amo você" ou "Felizes para sempre". Três palavras podem formar até mesmo "Era uma vez". Você se lembra do que eu disse sobre a frase "Era uma vez"? Se sim você já entendeu como não podemos julgar frases pelo seu número de palavras. Se não, ainda há tempo para voltar atrás, para o capítulo quatro, e reler o que eu disse.

Além disso, o verbo final não é exatamente triste. Não quando se tem tempo o suficiente para ser feliz, e Rouge teve o tempo que precisou.

Com certeza ela teve.

Como eu posso saber que ela teve tempo o suficiente? Pois mesmo naquela surdez que vivia, ela ouviu os sons mais lindos que alguém pode ouvir: Ela ouviu a melodia das musicas e dos pássaros. Ela ouviu a voz de Roger. Ela ouviu Roger chamando pelo seu nome. E mais do que isso, ela ouviu o próprio filho.

Force sua mente para o início da história novamente. Você se lembra do que eu disse sobre o choro? Mesmo se não lembrar, eu acrescento uma coisa que me esqueci de contar: é um som mágico, e poderoso. Talvez não tanto quanto o riso ou o primeiro piscar de olhos, mas o choro é o primeiro sinal da luta pela vida. E é potente o bastante para achar o caminho que leva aos ouvidos, mesmo aqueles problemáticos, da mãe.

Porque o choro mostra que a pessoa vive, que tem forças e sentimentos o bastante para viver. Tem o poder de afastar a morte, a espreita dos recém nascidos mais fracos. É tudo isso sem ser uma palavra e si, apenas um som vindo do fundo da garganta.

Por isso esse choro não é exatamente um som triste. Muito menos para Rouge, porque para os surdos nenhum som é triste. E mesmo para quem ouve perfeitamente, o primeiro sinal de vida do próprio filho é emocionante o bastante para que se esqueça de qualquer tristeza. Mas para aquela mãe em particular, ele era ainda mais especial. Porque ela ouvia mais que bem aquele som: ela ouvia perfeitamente.

Aquela criança nascera com a voz do pai.

Rouge sorriu imensamente em meio às lágrimas de alegria e dor. Depois de tanto tempo, depois de tanto esgotar suas forças, ela era recompensada.

Mas eu vou interromper essa felicidade para expor uma triste realidade: nenhum ser humano, por mais determinado que seja, está apto a carregar uma criança dentro de si por tanto tempo, ainda mais se esforçando para esconder o feto.

O corpo de Rouge sofrera muito durante a gravidez. O fato de ela se esforçar ao máximo para esconder a saliência da barriga fazia com que o corpo se retesasse e apertasse os órgãos internos, abrindo espaço para que a criança crescesse para dentro e sem esticar o tecido de fora. Devido a esse aperto, o pulmão ficara comprometido pela metade, bem como o estômago e o resto do sistema digestivo. Sabe o que quer dizer isso? Quer dizer que nos últimos tempos Rouge não vivia, ela sobrevivia. E ninguém conseguiria sustentar a si mesmo e a um bebê com apenas metade da capacidade do organismo.

Não sem abrir mão da própria vida.

Mas a pergunta a ser feita no momento é: depois de tantas lutas, tanto sacrifício, Rouge se importaria de dar sua vida pela continuação de seu legado?

A resposta, leitor, é um não respondido sem hesitações e com um sorriso no rosto.

E, em meio a toda aquele misto de felicidade e tristeza, uma única voz se elevou:

–-Essa criança e sua mãe estão fadadas a desgraça.-a parteira soltou- nenhuma criança deveria nascer de vinte meses!
Mas aquela mulher tinha uma voz muita aguda. Aguda demais para quem tem ouvidos problemáticos.

Então, sabe o que Rouge ouviu?

Zip. Zero. Nada.

E, sinceramente, era melhor assim. Pouparia muito sofrimento desnecessário. Afinal, ninguém tão acostumada à morte entenderia o quanto uma mãe pode abdicar em prol do próprio filho.

–- Meu filho... - Rouge abraçou o pequeno, grande para um recém nascido- ... Você se parece com ele...

–-Ele quem mulher? O pai desse bebê estranho?

Rouge não ouviu.

–-... Foram os nomes... que nós decidimos....Ann, se fosse menina... Ace, se fosse menino....

–-Por Deus mulher! Você não entende que mal tem forças pra respirar e ainda solta um texto tão grande?

–- O nome dele... O nome dele é Gol D Ace.

E, empregando seus últimos resquícios de energia num esforço final, ela abraçou a criança com toda a força que ainda tinha. Era o modo que ela tinha para dizer "Viva. Eu passo a minha determinação para você".
Esse era o grande motivo que todas as mães, que todos os descendentes, insistem em passar pra frente o sobrenome D. D significa determinação.

D significa a próxima tempestade.

Ela ainda tinha os braços circundando o bebê quando o corpo caiu para frente, os olhos fechados por uma eternidade e um sorriso no rosto.
Sabe o que esse sorriso significa, leitor? As pessoas só sorriem em frente à morte quando não tem arrependimentos, e a recebe de braços abertos.
As pessoas sorriem saudando a morte quando tiveram tempo de viver.
___________________________________________________________

Leitor, preste atenção que agora eu vou lhe dizer o mais importante da nossa história: depois de tantos anos, apenas naquele momento final Rouge finalmente encontrara o motivo de gostar tanto daquela história de um camundongo e um prato de sopa. Ela gostava porque aquela história a ensinara que, para um final feliz, a mocinha não precisa se casar com o mocinho.Ensinara que ela precisava aprender a se contentar com um final não tão feliz. Ensinara que um final não precisa ser perfeito para ser feliz.
Ou talvez ela, por ser nada mais que uma grande imperfeição, encontrasse sua felicidade em um final condizente à sua condição.

Mas, além disso, também a ensinara que o para sempre não é tão grande assim. Um para sempre é um tempo relativo. Não estava escrito, claro, e nem era muito óbvio, mas quando se é muito esperto qualquer coisa te leva a questionar.

Até mesmo um livro infantil.

Quanto tempo dura um para sempre dos homens? E dos camundongos? Ou para os ratos?

Cada um tem seu para sempre,alguns até mesmo vivem vários ao longo da vida. Só nos resta descobrir se nosso "para sempre" será, é ou foi tempo o suficiente.

E o "para sempre" dos mortais, leitor, sempre acaba mais rápido do que gostaríamos. Por isso, o único "para sempre" satisfatório e verdadeiro é o encontrado nas histórias de contos de fada. Mortais de papel e tinta não morrem a não ser que alguém, com a mesma tinta, assim o decrete.
Então confie em mim uma última vez, leitor. Confie em mim quando eu digo que Chiaroscuro existirá para sempre, bem aqui, apenas esperando alguém disposto a viajar um pouco.

Mas não se engane, leitor. Isso não é um fim, e muito menos um Adieu.

Creio que, depois de tanta coisa, merecemos palavras reconfortantes. Eu, você, nossos personagens.... Creio que mereçamos essas simples palavras reconfortantes que eu vou lhe dizer:

Isto, leitor, é um "Era uma vez."


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Notas finais do capítulo

--Senta que lá vem emice--
Então gente.... Muito obrigada a todos que acompanharam até o fim à minha peleja com essa coisa dramática que eu chamei de Chiaroscur! Acho que todos já devem saber do quanto eu sofri pra escrever alguma coisa tão atipica pra mim mas..... Eu não vou pôr fim. Nunca ponho fim nas Minhas histórias. Qual o sentido em colocar "fim" em um "para sempre"? Nenhum, na minha concepção.
E vocês devem estar pensando: "que diabos de autora termina uma história com 'Era uma vez'"? Essa é uma boa pergunta, na verdade. E, para todas as boas perguntas a resposta é 42.-- Tá, zoeiras a parte, é o que eu já disse antes: historias não tem fim. E, se estamos tratando-a e One Piece, daí que não tem fim mesmo.
Então.... Eu vou me despedir da mesma forma que fez Kate DiCamilo:
"Gostaria muito que você pensasse em mim como um camundongo contando uma história, está história, com toda a emoção, sussurrando na sua orelha para me salavar da escuridão e para salvá-lo da escuridão tambem.
—-Histórias são vida- Disse Gregório, o carcereiro, para Despereaux.
Leitor, espero que você tenha encontrado um pouco de luz aqui."



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