Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 7
07


Notas iniciais do capítulo

Sétima drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

VII

Noiva. Ela estava noiva de Uchiha Sasuke: o primeiro, único e grande amor de sua vida. Custava-lhe assimilar isso e custava-lhe ainda mais pegar no sono desde a noite em que ele fez o pedido. Andava distraída, com a cabeça praticamente nas nuvens, mas ninguém podia culpá-la por isso.

Depois de haver balbuciado um “sim” constrangido para Sasuke, Sakura percebeu que criou um estranho novo hábito de se beliscar constantemente para se assegurar de que não estava devaneando em um de seus sonhos adolescentes.

Como agora, esparramada sobre a cama, no aconchego do seu quarto com a luz da lua e das estrelas varando a janela balcão e caindo sobre sua forma delicada. O apertão na pele do seu braço garantiu que ainda estava desperta. Talvez desperta até demais a julgar pelos ponteiros do relógio sobre a mesinha à cabeceira.

Mas ela era incapaz de pegar no sono, não com flashes vívidos do jantar que aconteceu na casa de seus pais apenas algumas horas atrás.

Sasuke teve o seu desejo atendido e foi formalmente apresentado à Mebuki e Kizashi Haruno como mandam os protocolos e as convenções.

Ambos anunciaram o noivado naquela mesma noite, para assombro dos pais de Sakura que se mostraram um pouco preocupados acerca do ritmo com que eles avançavam no relacionamento. Uma inquietação desnecessária, garantiu Sasuke com todo o respeito e, curvando-se para o patriarca da família Haruno, prometeu cuidar de sua única filha enquanto ao mesmo tempo pedia por sua benção e anuência.

Um sorriso lhe veio aos lábios no momento em que recordou os olhos marejados do pai, que precisou receber apoio de Mebuki, alegando o tempo todo que se tratava apenas de um cisco incomodando-o. Para quebrar a tensão, no final, ele contou uma de suas infames piadas — para o constrangimento de sua filha.

Sakura se levantou com um sobressalto quando ouviu leves batidas no vidro de sua janela balcão. A julgar pelos contornos familiares da silhueta que transparecia pelo vidro temperado, indiscutivelmente seu inusitado visitante era ninguém menos do que seu noivo.

Ela conteve um arrepio assim que ponderou a palavra e buscou pelo roupão pendurado sobre uma cadeira. Vestiu-o e atou um nó firma na cintura, suspirando longamente antes de resvalar a janela e dar de encontro com o ar fresco noturno e com o olhar cálido de Sasuke.

— Sasuke-kun?

Não conseguiu evitar tentar unir exaustivamente a gola do roupão que usava; estava consciente demais do pijama de babados que vestia por baixo e sentia-se quente só de se imaginar usando algo parecido na presença dele.

— Espero não estar sendo inconveniente — ouviu-o murmurar com certa estranheza, mas, para tranquilizá-lo, estendeu a mão e afagou seu braço.

— Está tudo bem, Sasuke-kun; eu estava acordada.

— Eu... — ele titubeou, desconcertado, e abaixou o olhar para algum ponto atrás dela. — Eu queria me certificar de que tudo correu bem.

Sakura sorriu com astúcia e como gesto de encorajamento, entendendo onde ele pretendia chegar. Cessou o afago e comprimiu os dedos no braço dele para lhe transmitir segurança.

— Meus pais adoraram você, Sasuke-kun.

Esperava do fundo do coração que seu tom constante acalmasse as inquietações do rapaz e, ora, quem não adorava Uchiha Sasuke depois de conhecê-lo a fundo? Depois de penetrar a carapaça ferida com a qual ele se entrajava? Sasuke era uma pessoa adorável, quando ele permitia que as pessoas enxergassem as suas maiores virtudes.

Ela jurou que, sob a luz índigo da noite, ele suspirara aliviado.

— Você se importa que os preparativos sejam apressados? E, Sakura... — Os olhos dele ardiam ao fitá-la agora: — Eu preferiria que fizéssemos algo mais íntimo. Não sei como se sente a respeito disso...

— Não, não me importo, e uma cerimônia mais íntima, por mim, está ótima, Sasuke-kun — garantiu, olhando-o de cima; as estrelas o emolduravam, a noite o tornava mais misterioso e decididamente mais intimidante. — Eu não quereria de qualquer outra forma.

E era verdade: algo mais simples e apenas para os mais íntimos parecia-lhe perfeito.

— Nesse caso, eu já vou indo — despediu-se com ar escuso e com um meio sorriso que a perseguiria nos sonhos (isso se o sono a abarcasse).

Sasuke se curvou para alcançá-la e Sakura jurou que receberia o costumeiro e casto beijo na testa. Surpreendeu-se, no entanto, quando os lábios do Uchiha desviaram-se para um ponto mais abaixo. A respiração uniforme dele sobre a sua pele lhe causou arrepios deliciosos e a boca pousou ligeira no canto dos seus próprios lábios. Foi breve, mas tão doce que não conteve um suspiro arrebatado.

Ele se afastou tão rápido quanto se aproximou, deixando como lembrança a fragrância irresistível do seu perfume amadeirado, o calor evanescente do seu beijo e o roçar do dedão áspero sob o seu queixo. Sumiu na noite estrelada feito um espectro.

Sakura levou algum tempo para se recuperar do gesto inesperado, mas uma vez que se recompôs, deixou a sacada e deslizou a janela, bloqueando a corrente de ar frio. Encostou-se ao vidro, sonhadora.

Decididamente, não dormiria naquela noite também.


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Notas finais do capítulo

Na próxima drabble: o primeiro beijo :v
...
Responderei os reviews do cap. passado amanhã. Obrigada a todos que comentaram! Comentem nesse também, ok? ;)
Até!



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