Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 31
31


Notas iniciais do capítulo

Trigésima primeira drabble dedicada à Thata Cullen, adriellybroch, Lizze e Uchiha Kousei pelas, OMG, quatro recomendações maravilhosas! *-*
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Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XXXI

 

Sasuke esperou pelo tempo que fosse necessário para que sua esposa se acalmasse pela segunda vez, segurando-a com firmeza sem cogitar a hipótese de soltá-la. Fez isso até que, pouco a pouco, tanto os soluços quanto as lágrimas foram diminuindo, cessando por definitivo.

A palavra “pai” ainda causava um alvoroço na sua cabeça. É claro que ele considerou — e ansiou — a possibilidade, mas agora ela não era mais um futuro abstrato, pintado pelos seus anseios mais profundos e dolorosos; era real, dizia para si mesmo, no seu íntimo.

Em outra época, com outro eu seu, o medo o subjugaria, o colocaria de joelhos, reflexos dos traumas que viveu e que o marcaram tão profundamente. Mas esse Sasuke não existia mais. Então, ele se certificou de oferecer toda a segurança de que Sakura precisava nesse momento.

Antes que percebesse o que estava fazendo, estava acariciando as costas dela e apagando rastros de lágrimas com seus beijos. Não era bom com palavras, nunca havia sido, mas seus gestos sempre haviam falado mais alto no fim.

Ainda assim, viu-se perguntando logo depois de ela haver suspirado demoradamente:

— Está mais calma?

Quando a olhou, o rosto dela estava vermelho, os olhos um tanto inchados e ainda brilhantes de lágrimas, mas era o seu sorriso que resplandecia, mais quente e mais luminoso do que o próprio sol.

Sakura assentiu energicamente e usou o dorso da mão para terminar de enxugar o rosto.

— Ahh, desculpa, Sasuke-kun, eu estou uma bagunça... E num momento como esse...

Então, desfez o abraço de vez e se sentou com as costas apoiadas na cabeceira da cama e nos travesseiros, respirando uma vez de cada. Sasuke fez o mesmo, mas se voltou completamente para ela — fosse um gesto consciente ou não, não conseguia evitar.

Sakura respirou fundo mais uma vez, e mais outra. Quase um minuto se passou enquanto o silêncio se esgueirava entre ambos. Por fim, ela adotou uma postura mais séria.

— Precisamos conversar, Sasuke-kun.

Ele aquiesceu e esperou. Mais alguns segundos se passaram antes que Sakura voltasse a falar e num tom mais calmo.

— Eu sei que não conversamos sobre filhos. Com o casamento acontecendo tão depressa e depois a viagem, não tivemos muito tempo para discutir sobre isso.

Ela fez uma pequena pausa, enrubesceu um pouco e continuou depois de conseguir se recompor:

— E, bem, nós também não tentamos evitar a possibilidade.

De repente, o rubor suave nas faces dela se intensificou e ela desviou o olhar encabulado para as mãos, que se retorciam nervosas sobre o colo. Em seguida, usou-as para cobrir o rosto num gesto de frustração.

— Ahh, shannaro! É tão constrangedor conversar sobre isso com você!

Uma vez que a fachada séria dela ruiu, Sasuke se pronunciou pela primeira vez desde que ouviu a confirmação de sua suspeita da própria Sakura.

— Há quanto tempo você acha que...?

Sakura destapou o rosto e espreitou o rosto dele com cuidado, franzindo os lábios.

— É difícil dizer com exatidão. Mas, pelos meus sintomas, eu diria talvez um mês ou um mês e meio.

— Entendo — murmurou e depois não soube mais o que dizer; talvez houvesse palavras demais — quase ao ponto de sufocá-lo — e regurgitá-las não era fácil para ele, alguém reservado e até um pouco tímido.

— Sasuke-kun? — Sakura o chamou de forma mais cautelosa, o que ele estranhou.

Quando voltou a olhá-la, a expressão no rosto dela não o agradou:

— Você... Você quer esse bebê?

Sasuke respirou fundo e fixou o olhar penetrante na esposa ao respondê-la:

— É claro que eu quero, Sakura.

Ela arfou e em seguida respirou aliviada; a tensão abandonou-a imediatamente. Ao que parece, havia entendido que era besteira questionar se Sasuke queria aquela criança. Céus, ele mal conseguia parar de pensar naquele pequeno ser que crescia dentro de Sakura e que eles dois haviam feito: um pedaço dele e dela.

Num suspiro, ela se desculpou por questionar os seus sentimentos.

— Desculpa, Sasuke-kun, acho que só estou um pouco nervosa com tudo o que está acontecendo.

Ele se aproximou mais, recostando-se aos travesseiros também. Sakura seguiu cada movimento dele com os olhos grandes e brilhantes, mesmo quando um braço caiu os ombros dela e fez menção de puxá-la para perto. Felizmente, ela o conhecia bem demais para entender o convite e o aceitou, deitando-se no peito dele.

Sasuke manteve o braço ao redor do ombro da esposa, deslizando-o ao longo das costas dela numa carícia suave. Sentiu-a exalar profundamente contra o seu corpo e roçou a boca no alto da sua cabeça.

— Nós vamos ser uma família completa agora — ela divagava entre sussurros, quase febril de felicidade.

— Quando acha que podemos partir para Konoha?

Sakura, que estivera sonolenta com os afagos dele nas suas costas, despertou completamente depois de ouvi-lo questioná-la sobre Konoha. Desprendeu-se dele e se sentou com as costas eretas na cama, alerta.

— Konoha?! Estamos voltando para Konoha?!

Sasuke bufou pelo nariz e apertou os olhos, apesar de não encará-la. Sakura contou quase um minuto até que ele abrisse a boca para explicar a situação de ambos.

— Nós vamos ter um bebê, não? — indagou como se fosse algo óbvio e seu tom condescendente acendeu algo dentro dela, o que também a levou a franzir os lábios um pouco. — Não podemos continuar nos movendo da forma como nos movemos.

Apesar de usar a palavra “nós”, Sakura sabia que ele estava se referindo apenas a ela. Sentindo-se contrariada, ela apoiou as mãos na cintura e fixou o olhar no rosto dele com uma obstinação incisiva.

— Sasuke-kun, eu estou grávida e não doente. É claro que o bebê demandará cuidados específicos, mas, francamente, se eu não puder lidar com uma gravidez durante essa viagem então ninguém mais pode, shannaro!

Ele tornou a desviar a olhar, determinado a manter o seu ponto a qualquer custo.

— Não vou colocar você e nem o bebê em perigo, Sakura, isso já está decidido.

— E por que você acha que corremos algum perigo, Sasuke-kun, francamente?!

— Eu tenho as minhas razões — reiterou com um tom tão categórico ao passo que finalmente permitiu que Sakura enxergasse a insegurança por trás de sua máscara, um único fragmento de vulnerabilidade no seu rosto que a fez compreendê-lo de imediato.

Comovida pelo sentimento tão frágil que enxergou no semblante do marido, Sakura voltou a se aproximar e, dessa vez, foi ela a abraçá-lo, apertando o rosto contra o peito bem onde o coração dele batia. Virou o rosto e beijou o espaço, verdadeiramente ansiando alcançá-lo.

— Está tudo bem, Sasuke-kun, eu entendo, de verdade — sussurrou e, pouco a pouco, ele relaxou nos seus braços. — Mas a gravidez ainda está só no início, temos tempo para decidir o que vamos fazer, tudo bem? Nós ficaremos bem por enquanto, eu prometo. — E com isso, ela se referia aos três.

Ao que parece, a solução proposta havia, pelo menos, amenizado os ânimos exaltados de ambos. Sakura entendia por que Sasuke a queria na segurança e no conforto de Konoha, entendia a ansiedade crescente dele por mais que ele tentasse disfarçar. Acreditava que a palavra família, para ele, tanto despertava lembranças doces quanto terrores amargos.

Não duvidava de que fosse ter que lidar com um Sasuke superprotetor a partir de agora, mas não se importava. Queria que eles dois começassem uma nova família, queria, de certa forma, devolver o que ele havia perdido há tanto tempo. Queria que se sentisse amado mais do que tudo.

E esse bebê não era o princípio disso, mas a conclusão de todo um processo.

Nos últimos tempos, ela descobriu facetas dele que não conhecera em anos. Como marido, percebeu que ele era atencioso e carinhoso a sua própria maneira. A lealdade que ele lhe devotava ainda conseguia fazê-la se sentir a mulher mais amada do mundo. Porque ele era intenso em tudo o que fazia e em cada sentimento que transbordava.

Sasuke havia se tornado um homem magnífico, a pessoa incrível que se escondeu por trás das suas próprias feridas e mágoas por tantos anos enfim havia podido emergir, e se Sakura já não o amasse tanto que esse sentimento desbordava dela, então ela sentia que poderia se apaixonar por ele de novo e de novo.

Mas agora ela, na verdade, mal podia esperar para vê-lo como um pai porque não duvidava de que ele também seria nada menos do que excepcional.

Até lá, só precisava convencê-lo de que podiam continuar com a viagem.


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Notas finais do capítulo

Vou ter que pedir a vocês que tenham mais um tiquinho de paciência comigo porque a pós-graduação resolveu sugar as minhas forças até o último dia desse ano e, por incrível que pareça, eu já tenho trabalho pra entregar ANO QUE VEM! HAHAHAHA
...
O capítulo anterior deu o que falar e espero que tenham gostado da reação do Sasuke. Nós sabemos que esse papai super protetor já tá cozinhando os miolos imaginando mil formas de manter a esposa e o bebê em segurança ahsuahsuahsuahu
...
Bom, por último (mas não menos importante), talvez, EU DISSE TALVEZ, estejamos caminhando para o final de Monotonia. Nada pode durar para sempre, certo? XD Mas, enfim, isso é só uma suposição minha, ainda não tenho ideia de quantas drabbles restem até o fim.
Obrigada a todos pelos comentários lindos e até o próximo! *-*



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