–Moshi moshi!! – respondi atendendo o celular.

–Karin-chan? – perguntou a voz rouca do outro lado da linha. Pelo número que aparecia na tela do celular era a Kely ligando, mas aquela voz...

–Kely...? – perguntei em dúvida.

–Sim. – um som de alguém colocando o pulmão para fora foi ouvido – Desculpa Karin-chan, mas não vou poder ir hoje pro trabalho. Minha gripe está pior e meu médico pediu para que eu ficasse em repouso. Não vou poder terminar com você o projeto. Me desculpe!! – o som roco e cansado da voz de Kely me fez ficar com pena dela.

–Tudo bem. Eu vou dar um jeito. – respondi, mas por dentro estava morrendo de medo de errar em fazer o projeto sozinha – O importante é você ficar melhor.

–Obrigada amiga. – mais uma tosse foi ouvida.

–Kely? – ela não parava de tossir – Kely, não morra ainda! – falei fingindo desespero.

–Engraçadinha! – falou depois da crise – Os papeis, Sakura lhe entregou?

–Entregou. – falei lembrando de ontem e da pequena conversa com minha rival.

–Que bom. – tossiu novamente – Agora vou desligar. Qualquer coisa me liga.

–Está bem. Beijos!

Ótimo! Agora eu estava sozinha e tinha que fazer tudo morrendo de medo de errar. Perfeito! O que falta agora pra minha vida ficar pior?

–Karin-san? – levantei meus olhos desesperados para minha rival. Céus!! Como não tinha pensado nisso? Claro que tinha como minha vida ficar pior. – Aconteceu algo?

–Kely está doente. Vou ter que fazer o projeto sozinha. Só tenho até amanhã pra entregar. Vou ser demitida. – Haruno-san primeiramente olhou pra mim surpresa, logo após riu. – O que é tão engraçado? – estava ficando com raiva. Acho que séria demitida, não por fracassar no projeto, mas por matar alguém.

–Olhe ao seu redor. Estamos nas empresas Uchihas. Você sabe como é difícil entrar aqui. Você viu quantas pessoas foram entrevistadas e só uma passou. Você passou. Todos que entraram aqui são bons o suficiente para fazerem seus trabalhos perfeitamente. E você é um desses que pode fazer algo perfeito. Se você não pudesse não estaria aqui.

Ela riu mais um pouco, como se meu desespero fosse engraçado. Mas dessa vez eu não senti raiva. Fiquei um pouco chateado por está sendo zoada, mas não raiva.

–Se acalme. Você é boa o suficiente. – virou indo em direção a sua sala, mas de repente parou – Qualquer coisa me procure. – e novamente voltou a andar.

Minha rival era incrível.

Peguei os papeis e comecei a fazer o que ainda estava faltando.

De algum modo, a imagem da rosada caminhando estava na minha mente e isso acabou influenciando nos meus desenhos. Eu pensei: Que tipo de carro combinaria com ela?

Estava determinada a fazer o máximo que eu podia.

*** *** *** ***

Havia chegada o dia da entrega dos desenhos para que pudessem ser analisados e quem sabe, passarem de simples desenhos no papel para curvas no metal. Eu estava nervosa. Já eram 17h30min e eu ainda não havia terminado todos. Tudo porque justo nesse dia eu havia perdido a hora, depois perdido o ônibus, não encontrado nenhum taxi e ainda estava morrendo de enxaqueca.

Estava nos retoques final quando aquela voz me atingiu. Não tinha como não se lembrar desse tom. Mesmo que minha mente tivesse esquecido, meu coração lembraria perfeitamente.

–Uzumaki Karin.

Levantei meus olhos ainda não acreditando que ele estava na minha frente. Acho que ele falou mais alguma coisa, pois vi aqueles lábios perfeitos se mexendo.

–Uzumaki! – ele praticamente gritou irritado – Só podia ser prima daquele baka mesmo. – revirou os olhos e eu corei pensando por quanto tempo ele havia me chamado – Cadê os desenhos? Já passou da hora de entregá-los.

–Desenhos? – meu cérebro ainda estava fazendo download da pergunta – Ah! – peguei todos e os juntei apressadamente – Aqui estão. – ele pegou rudemente da minha mão.

–Seja mais responsável da próxima vez.

–E você seja mais gentil. – a voz irritada da rosada se fez presente – A pessoa que estava com ela fazendo os desenhos ficou doente. Ela teve que fazer tudo sozinha. Então pegue leve com ela. Ela se esforçou.

–Pra defender suas amiginhas você vem falar comigo. – riu com sarcasmo – Desde quando é defensora dos mais fracos? Desculpa, já ia me esquecendo. Você sempre foi. Pena que você seja boa com todos, menos com um.

Virou as costas cobertas pelo palito negro e a passos firmes desapareceu. Olhei pra rosada e ela ainda estava parada no mesmo lugar. Olhava firmemente para o local que ele havia desaparecido.

–Você o ama. – a rosada virou o corpo rapidamente assustada com minhas palavras.

–O que vo-

–Não sei por que vocês estão separados. A única coisa que sei é que vocês dois gostam um do outro. – vi que ela quis retrucar, mas acabou desistindo.

–E você também gosta dele. – meu corpo ficou tenso.

Como? Como ela sabia disso? Estava assustada. Ela tinha certeza do que havia dito, assim como eu tinha certeza das palavras que havia dirigido a ela.

–Não se preocupe. Não irei falar para ninguém, como não farei nada. Então por favor, não fale para ninguém o que descobriu. Para todos eu odeio o Uchiha e é assim que eu desejo que todos continuem pensando.

–Por quê?

–Por que é isso que eu desejo senti. Eu desejo odiá-lo. – falou olhando nos meus olhos. A intensidade daquelas palavras...

Eu senti na minha pele a raiva que ela sentia dele. Por causa disso senti minha pele se arrepiar e por um segundo senti minha respiração parar em espanto.

Um modo de você saber o quanto uma pessoa é importante para você

É sabendo o quanto lhe doeria se ela lhe traísse.