Perdido... escrita por kevin henri


Capítulo 3
Seasons Die One After Another.


Notas iniciais do capítulo

Enfim, ultimo capítulo, espero que esteja ao gosto e vocês, a musica tema desse capítulo é Kisetsu Wa Tsugitsugi Shindeiku (Estações Morrem Uma Após a Outra). Se nencaixou bem com esse final tão lindo.

Boa leitura o/



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Estações morrem uma após a outra

Suas vozes do falecimento tornam-se ventos

O homem que não pode ficar bêbado nesta cidade colorida

É pouco romântico olhar para a lua daqui



  Era de manhã, Kaneki moveu seu braço, sentindo-o completamente curado, ossos, veias, tendões, unhas, tudo estava ali, como deveria ser, estava deitado no telhado, passou a noite inteira ali, nunca conseguindo dormir, ou desviar seus  pensamentos de Touka, ou simplesmente sequer deixar de, a cada cinco minutos, olhar para sua janela, vendo-a ali, deitada, repousando tão docemente que parecia um anjo.



Na vida onde minhas pernas ficam presas pela lama

A chuva tinha sabor de álcool

Com um olho apático na cidade ele vagueia

Desconfiado inocente em frente da estação



  Ela era tão linda…

 

É como uma sombra translúcida

Que é incerto para mim chamá-lo de mim, é viver

 

Se eu cantar para a chuva as nuvens se quebrariam

É uma vida atrofiada, em um verão violento



  Seus cabelos, agora com algumas partes negras, por enquanto, o assemelhava ao tempo em que ele se juntou à Aoirgiri Tree, coisa que nunca deveria ter feito, deveria ter voltado para junto dos outros, do Nishio, da Minami,... dela… Touka…

  Se sentia o pior lixo de todos os tempos, desde que havia “voltado‘, não havia um minuto que ele se arrependesse da decisão que tomou anos atrás, percebeu, apenas agora, que estava de manhã, por volta das seis horas, era um domingo, pois à esse horário, mesmo nos sábados, a cidade era muito movimentada, pessoas saiam de suas casas para trabalhar, ou passear, fazer o que quer que fossem fazer, mas isso tornava aquela parte da cidade movimentada.

  Ele estudava o local, coisa que não pudera fazer muito bem horas atrás por sua mente estar um pouco desconcertada, a cafeteria dela era localizada em uma esquina, perto de uma avenida, um local estratégico com um grande tráfego de pessoas, Touka sem dúvidas era inteligente, o sol começava a surgir no horizonte, atrás dele, melhorando sua visão sobre o lugar, percebeu Touka começando a despertar, por conta disso decidiu se esconder rapidamente, enquanto sentia seu coração bater forte em seu peito, não queria ser descoberto por ela, não agora.

  Depois de um tempo, julgando ser seguro olhar, ele o fez, levantando lentamente sua cabeça até conseguir vê-la, ela não estava mais lá, apenas a viu entrar em uma porta, carregando uma toalha, provavelmente indo tomar banho, para despertar por completo.

 

Saudações; este é um verso de rompimento que eu lanço para você, o passado repugnante

Incapaz de jogar fora as ruínas

Dos piores dias, piores sonhos e deixar para trás,

Estou tentando morrer aqui



  Depois de averiguar que já era seguro se aproximar, el saltou, de pério em prédio, de telhado em telhado, até chegar em sua janela, com movimentos delicados, pensou em entrar, porém ouviu o som da maçaneta sendo girando, em seguida ele se escondeu ao lado da janela, apenas virando um pouco a cabeça, vendo Touka, de costas para ele, usando apenas uma toalha para cobrir seu corpo.

  - Esqueci de pegar isso -

 

  Ouviu sua voz enquanto que, de dentro do guarda roupas, ela tirava uma pequena camiseta sem mangas, ele a olhou detalhadamente, a sua pele, parecendo mais alva, lembrava pura porcelana, os cabelos, ainda secos, pareciam ainda mais brilhantes, seu tom de voz parecia feliz, o que o fez se questionar se simplesmente voltar para a vida dela era o certo a se fazer.

  Ficou tanto tempo olhando-a que quase se esqueceu de se esconder, recobrando seu fôlego, alguns segundos depois Touka virou-se, olhando para a janela, onde ele estava, ao ouvir seus passos se aproximando, Kaneki pensou em sair dali, mas eles pararam abruptamente, e ele ouviu um “Não tenho tempo pra isso”, isso porque ela havia deixado o chuveiro ligado, e logo voltou para o banheiro.

 

Após eras, as flores desabrocham e transmitem o verso de transição para você

Manchada em agonia, lamentando e lastimando tristeza

E ainda, a música nunca termina,

Mesmo que o sol não brilhe sobre ela



  Ele lentamente, usando sua kagune, conseguiu destrancar a janela, penetrando entre as frestas da janela, ao entrar lá, ele estudou todo o cômodo, com passos silenciosos e inaudíveis para qualquer um, não tocou em nada, não podia arriscar de seu cheiro ficar impregnado nas coisas dela.

  O cômodo era bem ajeitado, previsível, visto que pertencia à uma garota, livros bem colocados e guardados em uma estante, e, um que chamou a atenção de Kaneki, era um que estava aberto na escrivaninha, logo Kaneki reconheceu aquilo como um diário.

  Com os dedos mais do que silenciosos e cautelosos, ele pegou o livro em mãos, e, como se nem estivesse ali, começou a lê-lo, até que uma página chamou sua atenção.

 

Os amanhãs morrem um por um, mesmo se tivermos pressa, não podemos alcançá-los

E isso se torna passado

Temos pressa de viver, o fogo só é iluminado por um momento

Algo como uma razão para viver viria mais tarde




  “De vez em quando eu penso o que seria de mim se eu não tivesse encontrado com o pessoal, Minami agora está na escola, mas nos finais de semana ela sempre vem me ajudar, até mesmo meu irmão as vezes passa por aqui, não fica mais de cinco minutos, mas já é alguma coisa, Nishio também está me ajudando, mesmo que apenas nos sábados, mas, eu sinto saudades da Anteiku, do gerente, do pessoal que começou tudo aquilo, e, principalmente, mesmo não querendo admitir, sinto saudades do imbecil do Kaneki.

  Apesar de tudo, ele foi uma parte importante da minha vida, ainda é, mas tudo começa a se provar que eu devo esquecê-lo, talvez de uma vez por todas, de vez em quando sinto saudades de dar bronca nele, de ficar irritada, ou chateada com ele, porque ele era um grande idiota.

  Ele dizia que queria ficar forte para proteger as pessoas ao lado dele, mas ele nunca me perguntou o que eu queria, eu queria ele ali, comigo, o tempo todo, mesmo que ele tivesse mudado, eu estava disposta a aceita-lo, com todo o meu coração.

 

  Sinceramente, eu espero que ele volte pra mim…”

 

Mesmo que um ego instável

Se torne incerto para você, você mesmo que se odeia

 

Pelo menos, se eu cantar, a escuridão se esclareceria?

É uma vida colocada em minhas mãos de um sonho de uma raiz podre



   Aquela página o fez ficar pensativo, e, foi então que ele depositou o livro de volta, da mesma maneira que havia pegado, porém, havia deixado aberto naquela página, retirou os fones de ouvido de seu pescoço, depositando-os ali, deu mais uma olhada no quarto dela, e, assim que ouviu o chuveiro ser desligado, ele saiu, rápido, mas silencioso, fechando a janela da mesma maneira que abriu.

  Touka saiu do banheiro minutos depois, já vestida, enquanto enxugava seu cabelo, e estava prestes a se sentar em sua cama, mas parou ao ver o fone de ouvido antigo ali, em cima de seu diário, que acidentalmente deixou ali, mas não tinha problema, pois somente ela morava ali, certo?

  Ela o tocou, ele exalava um cheiro que ela não conhecia, acompanhou o cabo dele, até percebeu que o cabo circulava uma palavra singular na página de seu diário, “Kaneki”, então ela ligou os pontos, lentamente, lágrimas começaram a rolar por seu rosto, enquanto que ela rapidamente correu até a janela, abrindo-a e colocando a cabeça para fora.

 

  “IDIOTAAAA!!!!”

 

Saudações; este é um verso de rompimento que eu lanço para você, o passado repugnante

Incapaz de jogar fora as ruínas

Dos piores dias, piores sonhos e deixar para trás,

Estou tentando morrer aqui



  Gritou, com toda a sua força, com toda a sua vontade, e ele escutou aquilo, e uma certa nostalgia cobriu-o por inteiro, ele escutou, e, inconscientemente, sorriu, era bom escutar aquilo de novo, depois de tanto tempo, insanamente bom, ele estava na parte de trás do prédio, e mesmo assim ouviu o grupo, talvez fosse melhor esperar até de noite, estava pensando quando seria a melhor hora para encontra-la, cara a cara, frente a frente, e o pior de tudo, sabia que provavelmente iria levar o pior soco de sua vida.

  Pensou em andar por aí, claro, evitando os lugares que houvessem câmeras, estudando o lugar, aprendendo onde poderia se esconder, ou se disfarçar, e o melhor de tudo, as ruas estavam desertas, o que o permitia se movimentar melhor, pulando entre os telhados.

  A esta altura, os investigadores estavam longe, se bobear, ainda estavam no vigésimo distrito, o procurando em todos os cantos possíveis, sequer deveriam suspeitar que jamais o veriam de novo, que jamais iriam toca-lo, ou descobrir onde ele se escondia, Kaneki pretendia sumir do mapa, permanentemente, independente de como fosse o seu desfecho com Touka.

 

Após eras, as flores desabrocham e transmitem o verso de transição para você

Manchada em agonia, lamentando e lastimando tristeza

E ainda, a música nunca termina,

Mesmo que o sol não brilhe sobre ela

 

Arrastando minhas pernas com um rosto cansado

Franzindo a testa para o pôr do sol refletido

 

Devo ir? Devo voltar? Eu me pergunto mas,

Depois de algum tempo eu começo a andar, mostrando as costas para quem eu fui

 

  Logo anoiteceu, por volta das sete da noite, ele rondou por muito tempo, e sequer percebera o tempo passar, foi quando decidiu voltar, e encarar seus “demônios”, ou o seu “pequeno demônio”.

  Tudo ainda continuava deserto, poucos carros circulavam o local, o que o permitia chegar até a janela rapidamente, sem o uso de suas kagunes para não chamar a atenção, apenas saltando, como aqueles praticantes de Parkour.

  Ao chegar lá em cima, bateu levemente na janela da moça de cabelos azuis enegrecidos, batidas leves, quase silenciosas e receiosas, quase como se dissessem que seu dono estava dividido entre fazer aquilo ou fugir como um covarde.

  Porém ele não podia mais fugir, fugiu dela por tanto tempo que agora se arrependia amargamente, e logo, ele percebeu que, lentamente, a janela foi aberta,suavemente, como se Touka também estivesse tentada a deixar ele ali, plantado do lado de fora de seu quarto.

  Quando a janela abriu por completo, quando ele inclinou o rosto para começar a entrar, levou um forte soco em seu rosto, de forma que deveria ter quebrado o seu nariz, quase fazendo-o cair dali, porém, ele teve sua mão segurada e, com um pouco de esforço, foi puxado para dentro do pequeno apartamento.

  Ao entrar, a janela atrás de si foi fechada bruscamente, enquanto ele se levantava e colocava o nariz de volta em seu devido lugar, ao se virar, ele viu Touka, foi a primeira vez, em anos, que viu seu olhar, olhos azuis tão brilhantes quanto o céu limpo em um dia de puro verão, as bochechas um pouco avermelhadas, lágrimas ameaçando percorrer seu tão belo rosto.



Sim, eu devo que ir

Mesmo que não haja nada à frente, eu vou viver

 

Nossas vidas são o que nós colhemos de qualquer maneira

Vou deixar o que é um pouco disso aqui

 

  Ele se levantou lentamente, enquanto sentia a dor em seu nariz diminuir rapidamente, ela se aproximou dele, não desviando seus olhos dos dele em momento algum, enquanto Kaneki se mantinha estático, sem mover um músculo, mesmo que apanhasse até quase morrer, era muito pouco pelo que ele fez à ela, não pagaria nem mesmo um por cento da dor que lhe causou.

  Ela levantou seus braços, fechou seus olhos, apenas esperando a dor de seus socos, dor que nunca veio, em vez disso, ele sentiu um calor reconfortante de seus braços agarrando-o, enquanto ela colava o seu corpo ao dele em um abraço apertado, escondendo seu rosto nas roupas de seu peito, não o olhando em nenhum momento.

 

  - E...Eu achei que nunca mais… Te veria.. Seu idiota - Sua voz chorosa indicava que ela, mesmo negando, não controlava o choro, nem as lágrimas que descia por seu rosto, molhando as roupas de Kaneki, seus braços rodearam o corpo da menor, aproximando-a ainda mais dele, ouviu seu nariz fungar, enquanto ele abaixava sua cabeça, beijando o topo da dela.

 

  - Eu nunca mais vou te deixar… Touka - Falou baixinho, porém o suficiente para que ela escutasse, com isso, suas mãos apertaram suas roupas em suas costas, um claro sinal de vergonha com o que foi dito à ela



Saudações; este é um verso nostálgico para o passado que não existe mais

Se eu acho que esses piores dias,

Esses piores sonhos foram o início,

Eu cheguei bem longe



  - Promete… ? - Sua voz parecia mais calma, mesmo que pouco, enquanto ele sorria levemente, apertando a menor ainda mais contra o seu corpo, sussurrando um “Prometo”, Touka sorriu, enquanto saltou em cima dele, fazendo ambos caírem no tapete felpudo do apartamento, amaciando suas quedas.

  Touka estava em cima de sua cintura, esta pouco se importando com posições comprometedoras naquele momento, tudo o que importava era que ele estava ali, POR ela, apenas PARA ela.

 

  - Conseguir o meu perdão não vai ser fácil, aviso já - Lágrimas ainda rolavam por seu rosto, enquanto ela o encarava, as lágrimas pingavam em sua blusa, mas não desfaziam o sorriso em seus lábios, em um movimento rápido e veloz giro, levando-a junto com ele, trocando de posições.

  Agora era ele que estava por cima, suas mãos pararam de tocar o chão, para se colocarem acima das dela, entrelaçando seus dedos, ele se inclinava lentamente para ela, seus olhos, encarando os seus, lentamente se aproximando dela, pensou em se mover, mas seu corpo não respondia, parecia querer aquilo, precisar daquilo.

 

As flores caem de qualquer maneira, e a vida vai voltar ao círculo de reencarnação

Manchada em agonia, lamentando e lastimando tristeza

E ainda, a música nunca termina,

Mesmo que o sol não brilhe sobre ela

 

   E, inevitavelmente, seus lábios se encontraram e se juntaram em um beijo, Touka se permitiu gemer um pouco em surpresa com o contato labial, era uma sensação completamente nova para ela, já que nunca havia beijado nenhum garoto, e para Kaneki, era igual, era tentador, viciante, e ela queria mais, por isso o beijo foi aprofundado, enquanto ambos apreciavam aquela sensação, sem se importarem com mais nada além deles dois, aquele momento pertencia à eles e somente à eles, era a realização de algo que, com o tempo, se tornara inevitável, indomável, e, agora, se e tornara algo compartilhado, era como se a força imparável encontrasse um objeto que era capaz de para-lo, ou como se o objeto imóvel não pudesse parar a força imparável.

  Logo, ambos separaram seus lábios com relutância, Kaneki deitou-se ao lado dela, ainda com os dedos entrelaçados, enquanto ambos sorriam.

 

  - Eu te amo Touka Kirishima - Seu sorriso fez seu coração acelerar, suas bochechas estavam um pouco vermelhas, mas, mesmo assim, mesmo com vergonha, não desviava o olhar do dele em nenhum momento, sempre olhando para seus olhos, que já não era tão frio quanto se lembrava, o antigo Kaneki ainda estava ali, a olhando, por baixo de todo aquele branco.

 

  - Eu também te amo Ken Kaneki  - Sua resposta fez seu coração se encher de alegria, como se o mundo não existisse mais, apenas eles, ali, naquele momento que ele queria que fosse eterno, que durasse para sempre, mas, no fundo, sabia que não queria, pois queria construir momentos melhores, para ele, e, principalmente, para ela, sentiu algo quente em seu peito, brotar, dominando seu ser por completo, tão forte quanto as batidas de seu coração, se sentia um vulcão em erupção, prestes a explodir, mas tudo o que conseguia fazer, naquele momento, era sorrir.

 

As estações voltam à vida uma por uma.

 

 

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

É isso, fim, the end, acabou, espero que tenha gostado, eu fico feliz em poder concluir essa história, porque nunca começo nada sem terminar, masenfim, comentem, opinem e critiquem, positivamente, claro.

Enfim, é isso, até nosso próximo encontro o/



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