Ao entrar na seção 17, a agente coloca o corpo da android na câmara Hipercrômica, equipamento desenvolvido para anular quaisquer tipos de controles tecnocinéticos. Nick observava Garden enquanto ela ligava o equipamento.

— Por... Por que está aqui?

— Fiquei sabendo que estava com problemas e tive que vir.

— Achei que nunca mais iríamos nos ver.

— Você é o diretor de tudo isso e meu chefe. Mesmo que eu não quisesse e não queira te ver, isso seria impossível – Disse Garden colocando ambas as mãos na mesa atrás de si, escorando-se.

— Como você está?

— Você realmente se importa, Fury? Ou apenas está fingindo um pouco de humanidade depois do que fez comigo? Isso não combina com você.

Fury se calou. Ele sabia que não adiantava contestá-la e que ela não entenderia o porquê de ter tomado aquela atitude no passado.

Nesse momento, a android despertou assustada e tentou quebrar o vidro, socando-o.

— Desista, é inútil – Disse a agente mexendo em suas unhas.

— Me tire daqui, agora! – Dizia a android socando ainda mais o vidro blindado com moléculas de kitonium, material parecido com o adamantium.

— Ou então o quê? – Perguntou a agente andando lentamente até ficar face a face com a android – Vai fazer aquela lâmpada explodir e cair sobre mim? – Debochava Garden, apontado para a lâmpada fluorescente acima de sua cabeça.

A android então tentou obter controle sobre um equipamento à sua esquerda, mas viu que era inútil.

— O que você fez comigo? – Perguntou ela, furiosa.

— Essa câmara anula qualquer um controle telecinético ou tecnocinético, ou seja, seus poderes são inúteis – Respondeu Nick, aproximando-se dela e ficando lado a lado com Garden, que saiu dali e assentou-se numa cadeira de couro ao lado da câmara – Agora me diga: por que quer tanto assim se encontrar com os meus soldados?

— Porque vocês mataram o meu pai!

— Quem é seu pai? O Ultron? É sério isso? Não sabia que robôs faziam sexo.

— É melhor respeitá-lo! – Disse a android batendo ainda mais no vidro.

O sorriso da Garden se reduziu a uma expressão séria ao ver que o vidro estava se rachando.

— Nick, olhe – Disse ela, numa tentativa de atentá-lo ao vidro.

A android continuava a bater no vidro mais e mais até que ele finalmente se rompeu e ela se libertou.

A agente correu em sua direção, porém a android a lançou na parede através de uma das placas energizadas pelos fios de alta tensão no interior do teto, eletrocutando Garden e deixando-a quase inconsciente. A android então retorce o metal e prende as pernas e braços de Garden e tranca a porta atrás de Nick, antes que pudesse correr.

A android começa a andar em direção a Nick que saca sua pistola e atira no olho dela, mas as balas não faziam efeito. Eles então começam uma luta corporal, porém, Fury estava debilitado pela batalha anterior, onde teve suas duas costelas quebradas, perdendo facilmente para a android que possuía uma força descomunal, onde cada soco era como um golpe de um carro em alta velocidade.

Após cair, a android aperta seu pescoço e indaga:

— Onde estão Nick?

— Em Marte.

A android apertou ainda mais forte, fazendo Nick ficar ainda mais perto de morrer sufocado.

— Diga Nick! Ou eu te mato agora mesmo.

— Eles estão mortos, sua vadiazinha de merda – Disse Garden, de pé e sem os metais recobrindo seus pés e mãos.

A android olhou para ela e disse:

— Meu nome é Thalia! – Exclamou correndo em direção da agente que escapou lindamente, pulando na parede e chutando a android com o pé direito.

— Tudo bem, Thalia, eles estão mortos. Satisfeita agora?

— Garden! – Exclamou Nick com a voz prejudicada.

— O que foi Nick? Não vou mais esconder isso.

— Eles... O quê? – Disse Thalia.

— É isso que você ouviu, mortos. Satisfeita?

— Não... Não pode ser. Eles... Eles...

— Eles morreram, depois de tentar consertar as merdas que seu pai fez.

— Como assim?

— Eu não sei. Ninguém sabe. Só sabemos que eles sofreram uma emboscada que custou a vida de centenas de bons agentes, inclusive das “aberrações de circo”.

A android então se ajoelhou e abaixou a cabeça.

— Eu... Eu falhei em vingar a morte do meu pai.

— Entre para o clube. Todos falhamos em alguma coisa, mas dessa vez, nossa falha custou a vida de cada um deles.

— Temos problemas maiores para nos preocupar – Disse Nick olhando para o monitor holográfico em seu braço.

No monitor, passava-se a noticia de que uma força desconhecida causou uma destruição monstruosa na região leste da costa. Cinco cidades foram completamente devastadas em questão de segundos.

— O que é isso? – Indagava-se Nick olhando atentamente para o monitor.

No fundo, era possível ver uma figura azul andando rapidamente entre os destroços enquanto a equipe de filmagem tentava focalizar naquela figura, mas sem sucesso.

Garden ouviu a notícia e olhou para Thalia. Ela viu que apesar de ter quase tentado lhe matar, o seu objetivo havia sido frustrado e ela não apresentava risco iminente, ou ao menos era o que parecia. Após andar em direção da android, Garden estende sua mão para ela, porém Thalia se levanta.

— Não preciso de sua ajuda.

— Tudo bem, então – Disse a agente retraindo sua mão e virando-se para Nick que abria a porta e encaminhava-se ao seu escritório, sendo seguido pela agente e por Thalia.

Um clima meio estranho tomou conta dos três, a prisioneira desordeira havia se libertado e desistido de matar os dois e agora seguia quem a prendeu. Nick sentou-se em sua cadeira, colocou seus cotovelos à mesa e cruzou os dedos. Em sua expressão era evidente que uma perturbação tomava conta de si, preocupação que se intensificava cada vez mais a cada instante.

— O que houve? – Perguntou Garden.

— Eu... Eu preciso de um plano.

— Plano para quê?

— Ainda pergunta? Meus soldados estão mortos, essa Thalia Ultron...

— Ei! Meu nome é Thalia. Só Thalia, sem sobrenomes – Disse a android.

— Que seja. Essa android aparece quebrando tudo e agora essa... Essa coisa aparece e destrói metade da costa leste como se derrubasse um prédio de dominós. Estamos sem defesa. Não restaram soldados o suficiente depois da emboscada.

Todos se calavam e ouviam Nick.

— Todo esse tempo na direção da S.H.I.E.L.D essa é a primeira vez que eu não tenho ideia do que fazer.

— Que tal reabrir a iniciativa Vingadores? – Disse Garden.

— É o quê? Quem faria parte dos Vingadores?

— Pense Nick. Você me transformou no que eu sou hoje, pode fazer o mesmo com outras pessoas.

— Não é assim que funciona Garden.

— Por que não seria? Não temos outra opção. Vamos procurar pessoas com habilidades extraordinárias e convidá-las a fazer parte dos Novos Vingadores.

Nick silenciou-se e pensou na ideia.

— Para que tudo isso? Por que não deixamos que todos morram? – Disse Thalia.

— O quê?

— Esse era o plano do meu pai.

— Dane-se o seu pai. Ele matou milhares de inocentes para cumprir suas metas ridículas e seu plano de tentar salvar a humanidade, exterminando ela.

— E ele não estava errado.

— Ok então, e se eu te dissesse que temos que exterminar todos os androids para que a tecnologia evolua?

— Mas isso não faz o menor sentido.

Garden se calou e ficou olhando para Thalia, que entendeu o que ela queria dizer.

— Você está certa, Garden – Disse Nick.

— Eu sempre estou certa... Pai.

Eles se olharam por alguns segundos e Nick pôde entender quem ela havia verdadeiramente se tornado. Mesmo depois de tudo aquilo, ela jamais esqueceu o que ele havia feito por ela, mas ainda sim, sua amargura não deixava ela ver que todas as decisões tomadas no passado foram para lhe proteger. Independente disso, o futuro era o que importava, Nick precisava seguir com o plano e assim, decidiu abrir uma nova iniciativa, nomeando-a de: Os Novos Vingadores: Força do Amanhã.