Três semanas se passaram desde a morte dos heróis. O clima fúnebre permeava em toda a Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão, S.H.I.E.L.D. No escritório, o diretor assentava-se curvado com as mãos em sua cabeça, em sua cadeira confortável, mas não o suficiente para inibir a sensação de desespero, mesmo sendo um homem tão forte.

— Senhor, senhor! – Gritava o engenheiro de comunicação tentando chamar a atenção de Nick Fury abrindo a porta bruscamente.

— Diga...

— Burton, Mason Burton, senhor! – Completou o jovem engenheiro – Há movimentação hostil na região do porto de Santa Luzia, senhor.

— Movimentação hostil? É para isso que me chamou?! – Disse Nick levantando de sua cadeira, dando as costas para o jovem que, suado e ofegante, olhava para ele sem entender – Deixe que a polícia local dê conta disso.

— Mas... Senhor...

— O que é? Eu já falei! – Interrompeu o diretor, estressado.

— É que... Quem está fazendo isso, é uma Android.

— E daí?

— Foram encontrados traços de Adamantium nela, mesmo Adamantium encontrado no Ultron.

Nick virou-se lentamente e decidiu finalmente dar atenção ao jovem rapaz que, em seu olhar, esperava uma resposta plausível.

— Tem certeza?

— Absoluta, senhor! Eu refiz os testes três vezes.

Nick olhou para baixo pensando em algum plano de ação para averiguar o que estava acontecendo e descobrir quem estava causando o caos.

— Venha comigo – Disse Fury pegando algumas armas e equipamentos.

Enquanto andavam pelos corredores, Nick pedia que uma unidade aérea o acompanhasse.

— Senhor, o que eu faço? – Perguntou o jovem engenheiro.

— Sabe atirar, Burton?

— Sei sim, senhor.

— Então venha comigo.

Ambos entraram na camionete preta de Nick e foram em direção ao porto. Era evidente no rosto de Fury certa preocupação o que intrigava Mason.

— Por que está tão preocupado, senhor?

— Pareço preocupado?

— Na verdade sim, senhor.

— Ultron deu muito trabalho e trouxe muita destruição e eu não quero que mais nenhum android, robô ou o que raios seja isso venha trazer ainda mais danos.

— Mas não acha mais seguro mandar a cavalaria primei...

— Por causa da minha covardia perdemos 9 bravos guerreiros – Disse Nick olhando profundamente nos olhos de Mason – E eu não quero que isso se repita.

Burton olhou para frente e ligou um dispositivo GPS localizado na frente do banco do passageiro.

— Certo, suspeito está se movendo em direção à rodovia Yuming. Não, espera... – Disse Burton constatando que o sistema estava com falhas e localizava vários pontos aleatoriamente e em locais distintos simultaneamente – Não entendo, esses pontos...

— Ela está causando interferência nos sistemas eletrônicos.

— Então como vamos saber onde ela está, senhor?

— Só seguir o rastro de destruição – Respondeu Nick virando à direita e passando através de destroços.

Após dirigir por alguns metros, Fury para o carro e ambos descem. Logo ao fundo, viam-se policiais atirando contra uma jovem de cabelos castanhos que colocava a mão em seu rosto, como se estivesse se protegendo das balas que nem sequer lhe fazia cócegas.

— É ela, vamos! – Disse Nick pegando sua arma e correndo em direção do android.

Ao se aproximar, a android olha diretamente para Nick e lança contra ele uma das viaturas dos policiais que atiravam inutilmente. Nick desvia e se protege atrás de seu carro juntamente com Burton.

— Nick! Não fuja de mim seu pedaço de merda – Disse a android.

Seus olhos vermelhos indicavam uma fúria indomável, contrastando diretamente com seu longo vestido branco, que dava a sensação de uma pureza semelhante a uma menina de dezesseis anos. Sua forma humana era incrivelmente realista, enganando a qualquer um se não fosse seu braço direito que se encontrava metalizado. Seus cabelos castanhos balançavam ao vento, não apenas por serem sedosos, mas também por estarem sendo agitados pelo vento produzido pelas hélices de um helicóptero que pairava sobre sua cabeça, anunciado que seria aberto fogo sobre ela se não se rendesse.

A android estende seus braços e, através de um círculo na palma de sua mão, lança uma rajada de energia eletroestática sobre helicóptero, obtendo total poder dele através do controle eletrotecnicoestático. Após controlar o helicóptero, ela o lança contra o carro de Nick, fazendo com que Fury e Burton rolassem para os lados, esquivando dos destroços, porém, uma das hélices perfura o abdômen de Burton, que cai desfalecido ao chão, jorrando sangue pela sua boca.

Nick vai até o corpo morto do jovem enquanto olha para os lados e vê toda a destruição ao seu redor. As pessoas gritavam e corriam desesperadamente, os policiais que antes tentavam parar a android, agora corriam para salvar suas vidas, os pedaços de prédios e edifícios jaziam sobre o chão que, rachado, acomodava os destroços de um ambiente que antes era de calmaria, e lá estava Fury, ajoelhado, vendo aquela figura doce andando em sua direção, doce como um furacão.

Nick então se põe de pé e fica frente a frente com a android que caminhava em sua direção enquanto exclamava:

— Nick! Onde estão as suas aberrações de circo?

— Provavelmente estão no Cirque du Soleil, em alguma atração maravilhosa por aí – Dizia Nick enquanto pegava lentamente uma esfera de metal, lançando na android que apenas olhava a esfera grudada em sua perda desferir choques.

Ela riu e disse:

— Esse choque de válvula de banheiro quente não adianta – Disse ela pegando a esfera e a esmagando.

Os fios dos postes caídos à esquerda de Nick se soltaram e o agarraram, levando-o até a Android que mantinha um sorriso.

— Você fez piada com a pessoa errada. Agora onde estão aqueles malditos?

— Por que você os quer?

— Para que eu não o esmague agora – Disse ela apertando os fios do poste, deixando Nick com a respiração prejudicada – Chame-os, agora!

— Se você é tão poderosa, por que não os chama com seus poderes mágicos – Disse Nick, com sua cabeça tremendo pela dor sentida em suas costelas que pareciam estar se quebrando.

De repente, um barulho de metal faz com que a android olhe para trás. Nas suas costas, uma micro-bomba explode, deixando um grande buraco nas costas da android que cai ao chão. Nick aproveita a distração para cortar os fios não-eletrizados com uma caneta lazer. Ao cair, Fury olha para quem lançou a micro-bomba.

— Garden?

A android rola no chão e lança uma rajada sobre a figura atrás dela, porém foi inútil, pois a ruiva repeliu a rajada púrpura com um escudo de telecinese que se formou alguns centímetros à sua frente, lançando-o contra a android, fazendo-a ficar desorientada. A ruiva, então, anda calmamente em direção ao corpo da android que se encontra imóvel por conta de aparatos eletromagnéticos que prendiam seus membros.

— Está na hora de dar Turn Off em você – Disse a ruiva, colocando uma bala que brilhava na cor azul, atirando contra a cabeça da android.

Nick observava a mulher tomando conta da situação de uma maneira que nem ele mesmo conseguiu. Ele se sentiu intimidado, não porque uma pessoa qualquer conseguiu deter uma android altamente volátil e perigosa, mas sim porque ele a conhecia.

Ao ver a ruiva andando em sua direção e fazer continência perante a ele, Nick diz:

— Garden? O... O que está fazendo aqui?

— Salvando a sua vida, senhor.

— Você não devia estar aqui.

Ela olhou para os lados, suspirou e disse:

— Bem, eu acho que aqui era exatamente onde eu deveria estar. De nada, Nick. Agente Caitlyn Lucinda Garden ao seu dispor, senhor! – Disse ela, fazendo continência novamente e em seguida arrastando o corpo da android e colocando no porta-malas de seu carro – Você vem, Nick?

Nick foi em direção do carro, cambaleando por conta de alguns destroços que cortaram sua perna.

A agente dirigia em direção à S.H.I.E.L.D enquanto recebia olhares de Nick, que olhava com admiração, mas também com curiosidade, mesmo assim mantinha sua feição de homem sério, como assim gostava de ser reconhecido.