— Você fica tão fofo chorando.

Aquilo bastou para que Jhonatan abrisse um sorriso e cessasse suas lágrimas, abraçando Garden fortemente. Os outros se curvaram apoiando seus braços em seus joelhos, aliviados por ouvir novamente a voz de Garden que, mesmo fraca, estava viva.

Jhonatan a ajudou a ficar de pé enquanto olhava os minúsculos pedaços que sobraram de Thália.

— Espero que haja um inferno dos robôs e que você nunca saia dele – Disse.

Nesse momento, uma figura branca aparece perto dos nossos heróis. Henrique então pensa se tratar de Raven.

— É aquela vadia! – Disse ele.

— Não Rick, não sou a Raven – Disse a figura tirando seu capuz, revelando-se idêntica a Raven – Sou a irmã dela, Pheonix Roth.

Sua pele era cinza como a da Raven, conferindo-lhe uma aparência pálida, seus olhos eram lilás e seu cabelo preto com tons de roxo. No centro de sua testa havia uma pequena pedra vermelha, seu corpo era semelhante ao da irmã, com seios fartos, cintura fina e pernas torneadas. Em sua mão havia um pequeno bastão de mais ou menos 30 centímetros. Eram gêmeas.

— Como você sabe o meu nome? – Perguntou Henrique levando lentamente sua mão à sua espada.

— Sei muito sobre vocês, mais do que pensam, e sei que querem matar a minha irmã.

— E você veio para impedir, certo? – Disse Dylan.

— Não... Eu vim para ajudá-los.

Ninguém entendeu. Ela se aproximou deles estendendo a mão em sinal de que não faria nada a eles. Sua voz era suave, diferente da voz da irmã e, de certa forma, trazia uma certa calma ao se ouvir.

— Ouçam: Raven e eu não somos desse planeta...

— Ah jura? E o que vocês querem aqui? – Perguntou Jhonatan.

— Eu quero o bem, porém ela... Acho que vocês já perceberam o que ela quer. De qualquer jeito, fomos separadas quando ainda éramos jovens. Somos filhas de Trigon, um demônio e Arella, uma humana.

— Espera aí, seu pai é uma espécie de íncubos? – Perguntou Dylan.

— Muito pior que isso. Raven é a preferida do meu pai e desde pequena teve uma vocação para o lado do mal, assim como nossos outros 6 irmãos, derivados de pecados capitais.

— Não seria melhor ter ido para a adoção? – Perguntou Jhonatan.

— Cala a boca – Repreendeu Garden – Continue.

— Meu pai a mandou aqui porque quer seu planeta para ele e ela fará de tudo para tê-lo, porque quer orgulhar o meu pai.

— E você está tentando impedí-la, certo?

— Exatamente. Eu preciso confrontá-la. Antes eu conseguia manter contato com ela e, de certa forma, eu conseguia coagí-la a não praticar o mal, porém de uns tempos para cá eu não consegui mais comunicar-me com ela. Foi quando tudo isso se sucedeu.

— E como pretende pará-la? Duvido muito que apenas chegar e dizer: “maninha, vamos brincar de boneca, deixe esse planeta para lá” vai adiantar – Disse Cedric.

— Eu sei disso, eu pretendo purificá-la.

— Ah legal, vai fazê-la aceitar à Jesus e batizá-la? Glória a Deus! – Debochou Jhonatan.

— Não, escute: ela tem sim um lado bom, porém, seus sentimentos estão completamente corrompidos, mas eu consigo enfraquecê-la enquanto vocês...

— Enquanto nós a matamos! – Disse Cedric.

— Sim... Receio que sim.

— Certo. Então o que fazemos agora? – Perguntou Dylan.

— Vamos até ela – Disse Garden.

— Vamos? Ah é muito fofo de sua parte, mas você, meu bem, não vai a lugar algum a não ser um esconderijo onde possa descansar – Disse Jhonatan.

— É engraçado você cogitar a ideia de que manda em mim. Eu não sou uma criança e eu estou bem – Protestou Garden.

— Está mesmo? Sabe o que eu acho? Acho que você não utiliza seus poderes exatamente porque não consegue controlá-los e eles lhes causam o que causaram.

— E desde quando você se preocupa comigo?

— Desde que você quase morreu. Ouça, precisamos de você assim como de qualquer um aqui, e eu não quero correr o risco de te perder de novo.

— Por que não simplesmente... Sei lá... Aceita o fato de que eu vou com vocês e ponto?

— Por que você tem essa mania de...

— Ei, ei, ei, já chega – Disse Henrique – Não é hora de discutir a relação. Sabe me dizer onde ela está, Pheonix?

— Em Roma – Respondeu Pheonix.

— Não acredito, que desgraça! – Exclamou Cedric.

— O que foi? – Perguntou Garden.

— Foi onde me fizeram de escravo em 60.

— 1960?

— Não, 60 d.C.

Todos olharam para ele como se ele estivesse delirando.

— Deixa, é uma longa história – Disse Cedric.

— É... Melhor mesmo... – Disse Dylan – Enfim, não podemos confrontá-la agora. Vamos para um lugar descansar, treinar e depois sim pensaremos em um plano.

— Conheço um lugar – Disse Pheonix – Vamos.

Cedric, Dylan e Henrique seguiram Pheonix que colocou seu capuz novamente em sua cabeça.

— Vem, eu te ajudo – Disse Jhonatan.

— Eu posso me virar sozinha – Disse Garden empurrando-o com sua mão esquerda.

Jhonatan se afastou por 3 passos.

— O que está olhando, imbecil?

— Venha até mim.

— Como se eu não con... – Disse Garden caindo ao chão ao tentar dar o primeiro passo.

— Mulheres... – Disse Jhonatan aproximando-se dela, pegando o escudo e colocando-o nas costas e a levantando Garden, levando-a no colo.

Ele olhou para ela com um sorriso bem malicioso que dizia por si só: “eu falei”.

— Cale a boca e vá, imbecil – Disse Garden virando a cara.

Os nossos heróis seguiram Pheonix até um depósito abandonado, porém com tudo que era necessário para subsistência.

— Essa é sua casa, Pheonix? – Perguntou Dylan.

— Sim, bem... Tecnicamente sim.

Os 4 entraram na porta. Ao se aproximar da porta, Garden diz:

— Já pode me deixar aqui.

Jhonatan a põe no chão, porém, antes dela entrar ele a chama.

— Posso dar uma palavrinha com você?

Garden suspirou e disse:

— Fala logo imbe... – Antes que pudesse terminar de falar, Jhonatan a surpreende com um beijo, segurando firme em sua cintura.

Apesar de parecer que fosse relutar, Garden envolve o pescoço de Jhonatan em seus braços se entregando completamente em poucos segundos, segundos que no fundo, ambos queriam que fossem eternos. Jhonatan então para de beijá-la e ambos se olham por um tempo, mas havia mais naquele olhar do que em todas as ofensas de Garden à Jhonatan.

— Era só isso que eu queria falar mesmo, obrigado – Disse Jhonatan indo em direção à porta.

Porém, Garden o puxa pelo braço e diz:

— Ainda falta minha resposta.

Ela o beija novamente. Seu beijo foi tão bom que Jhonatan a pegou no colo pelas pernas e a colocou contra a parede, onde os dois se beijaram por vários e vários segundos. Garden cruzou as pernas ao redor da cintura de Jhonatan impedindo que ele a soltasse, como se ele fosse realmente querer isso. Nenhum dos dois queria parar, porém era só uma questão de tempo até um dos outros aparecessem.

Ao ouvir barulhos de passos, ambos se soltam e se arrumam para que ninguém percebesse o que os dois estavam fazendo.

— Você beija bem, lenhador – Disse Garden.

— Digo o mesmo, agente Caitlyn, ou deveria dizer... “Gostosa”.

Garden respondeu com um sorriso e Jhonatan a pegou no colo para que pudessem entrar.

— Por que demoraram tanto? – Perguntou Cedric.

— Porque esse babaca aqui consegue desmatar uma floresta a machadadas, mas não consegue me carregar – Disse Garden, obviamente disfarçando.

— Isso que porque nem a floresta do país do Henrique pesa tanto quanto você – Disse Jhonatan, brincando com ela.

Jhonatan a colocou no sofá onde os outros estavam sentados. Pheonix estava de pé olhando para eles, passando-lhes as instruções.

— Certo, vocês lutaram contra ela, o que sabem sobre ela? – Perguntou Pheonix.

— Sabemos que a surra que tomamos vai ficar para a história – Disse Jhonatan.

— Eu já mandei você calar a boca – Disse Garden.

— Ok, desculpe. Sabemos que ela consegue controlar as sombras, teleportando-se ao entrar em contato com elas e também criando clones ao solidificá-las – Respondeu Jhonatan.

— Pelo que parece ela também tem telecinese e possui um campo de força – Completou Henrique.

— Sim, mas já vimos que eu consigo lidar com o campo de força dela – Disse Jhonatan.

— Sim, Jhonatan até desferiu um golpe muito forte nela, mas parece que não surgiu efeito.

— É por isso que eu preciso encontrá-la – Disse Pheonix – Ela está muito forte e vocês jamais seriam capazes de vencê-la assim. Tenho que enfraquecê-la a ponto dela ficar vulnerável o suficiente para vocês.

— Vamos a Roma amanhã! – Disse Cedric.

— Eu vou com vocês – Disse Garden.

— Olha, gosto...

— Não, Jhon, eu não me importo se eu morrer. Eu não tenho nada a perder. Não tenho família, não tenho amigos, não tenho nada. Por favor, não tente me impedir.

Jhonatan curvou-se por um tempo e depois balançou a cabeça.

— Está certo, se é isso que você quer.

— Obrigada. A gente consegue pessoal, e com a Pheonix aqui temos uma chance maior de derrotá-la.

— Sim, vamos mostrá-la que quem manda nesse planeta de merda somos nós – Disse Dylan, ficando de pé.

Logo em seguida todos levantaram.

— Nick não nos recrutou a toa. Vamos mostrar que a morte dele não foi em vão – Disse Jhonatan – Afinal, nós sabemos do que somos capazes, sabemos que todos devem nos temer e principalmente, sabemos quem somos a partir de agora. Somos Vingadores! Somos a nova ordem, o novo começo. Somos Os Novos Vingadores: Força do Amanhã!

Todos vibraram e aplaudiram as célebres palavras de Jhonatan. O desânimo que antes sentiam agora se converteu em alegria. Eles estavam determinados a honrar seus nomes e, verdadeiramente, vingar a terra daquela ameaça. Pela primeira vez, todos sentiam o verdadeiro poder emanando de si com glória e força. Talvez a guerra não estivesse perdida.