Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso


Capítulo 8
Capitulo 7: O treinamento da quimera


Notas iniciais do capítulo

Espero que continuem gostando.
Se bem que eu acho que eu serei odiado um pouco por vocês.
Capitulo diferente e com mudanças acontecendo, aproveitem.



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Começava a amanhecer e a luz batia no rosto do mago, apesar de tão atado ao outro havia dormindo bem e relaxado.

Seus olhos se abriram com calma levando um tempo para perceber aonde estava, natural de quando não se acorda em seu quarto.

Bocejou longamente tentando se levantar e não conseguindo, estava preso aos braços de Apolo.

“Passei a noite nos braços de Morfeu e acordei nos braços de Apolo” riu mentalmente.

– Bom dia. - Disse uma voz a um canto. - Dormiu bem?

– Dormi sim Ophiuchus. E você?

A serpente soltou um muxoxo de desagrado, não havia dormido.

Nova tentativa de se levantar, os braços ficaram mais apertados..

– Você é meu. - Disse a voz dormindo. - Não vai fugir.

– Tudo bem então. - Concordou o mago. - Ele não acordou ainda Ophi! - Sussurou o mago.

A cobra apenas riu.

– Devo deixá-los a sós?

O mago corou, mesmo sabendo que era brincadeira aquilo deixou-o com muita vergonha.

– N...Não brinca com isso!

Algum tempo se passou e Apolo começou a acordar afrouxando os braços para libertar Sommerfeld.

– B...Bom dia Apolo.

Apolo passou a mão pelos cabelos de Táqion com carinho.

– Bom dia. - Pela primeira vez o mago o viu sorrir levemente e mesmo com a boca fechada chamou sua atenção. - Dormiu bem?

O mago assentiu com a cabeça estando agora totalmente vermelho.

Ophiuchus segurava tanto o riso que nem conseguia mais se concentrar em uma cor só, mudando a todo instante. Sommerfeld teve certeza que era para irritá-lo mas não era.

– Está com fome? - Perguntou o príncipe.

– Estou.

Apolo então se levantou revelando o corpo parcialmente nu e saiu porta afora.

– Gosto dele. - Disse a serpente recebendo um olhar mortal e ficando quieta.

Algum tempo depois o príncipe retornou com diversas frutas frescas e ofereceu aos presentes.

– Ophiuchus, o que você fez com o cara ontem?

– Cobra constritora.

– Putz! Isso dói. - Disse franzindo o cenho.

Apenas um deles estava confuso, o que seria uma cobra constritora?

– Táquion, o que é isso?

– A cobra constritora? - Apolo confirmou com a cabeça. - É um tipo de praga, vai subir pelo corpo dele apertando como se fosse uma cobra e deixando marcado o caminho.

– Gostou? - Sibilou a outra com um sorriso.

– Adorei. Ele mereceu.

Aquele era um lado de Táquion que o guerreiro ainda não tinha visto, ele podia ser bem malvado se quisesse.

Comeram as frutas e a cobra se despediu dizendo que os encontraria na campina, eles não deviam demorar.

– Táquion, vou limpar a minha armadura, me espere aqui.

Apolo saiu do quarto deixando a porta entreaberta.

O mago cobriu a cabeça parcialmente por causa da luminosidade da janela, os raios de sol estavam incomodando seus olhos, mas não tanto quanto a figura que entraria a seguir o incomodaria.

– Filho... - Disse a voz. -Eu vim ver se você está bem...

A voz era carregada e triste e este aos poucos ia adentrando o quarto para o desespero do mago.

– Nós não nos falamos muito mas eu acredito que você esteja precisando de um apoio.

A figura vagava pelo quanto e o mago pensava numa saída, se fosse encontrado ali estaria em uma bela encrenca, colocaria o príncipe numa bela encrenca, deixaria Ophiuchus encrencado. O cenário era caótico.

“Ai caramba! Oque eu faço?” O mago suava frio sem saber o que fazer, não havia muita coisa.

O rei se aproximou e sentou na cama.

– Confesso que eu mandei alguns homens atrás de você, mas eu só queria saber o que estava acontecendo. - O rei riu baixinho. - Charlote disse que você andava estranho. Ninguém descobriu nada no fim das contas. - Pensou um pouco. - Mas estranhamente foram atacados por uma cobra e um gato esquisito. Covardes!

“Obrigado Ophi e Gama!”

O rei esticou a mão colocando no braço do rapaz.

– Nossa, filho você emagreceu... - O rei estranhou e decidiu puxar as cobertas.

Táquion nunca teve uma ideia tão absurda na vida, transformou-se em Apolo.

O rei olhou para ele um pouco perdido.

– Acho que foi impressão minha.

O príncipe voltava pelo corredor e quando entrou no quarto. Seus olhos se cruzaram com os de Táquion e ao perceber seu pai no recinto deu meia volta retornando discretamente parte do caminho em silêncio.

– Apesar de eu ser meio distante e meio perdido eu gosto de você filho. Você tem que ser forte nesse momento afinal um dia você será rei. - O pai fez uma careta. - Se bem que eu acho que não terei netos.

O rei abruptamente olhou para seu “filho”. Um frio cortou a espinha do mago, aquele olhar de desconfiança era fatal.

– Eu jurava que o seu olho branco era o da direita, não o da esquerda. - O rei se afastou. - Não faz mal, deve ser coisa da minha cabeça. Não vou mais mandar ninguém te espionar filho, confio em você.

O monarca seguiu até a porta se virando e avisando.

– Ah! O General Titus não está bem, reclamou de uma forte dor na perna. Acho que ele vai ficar parado hoje.

Para alívio de Sommerfeld o pai de Apolo saiu do quarto.

Enquanto seguia sua sina pelos corredores do palácio o rei encontrou... Apolo?!

– Filho?

– Pai?

– Eu acabei de falar com você... Eu... - O homem estava confuso e correu até o quarto.

Uma narceja piava pousada num móvel foi tudo que encontrou.

– Descanse pai.

– Acho melhor eu descansar mesmo filho. - O mais velho limpou a testa suja de suor. - Acho que não me sinto muito bem.

A porta foi fechada e o mago voltou a ser humano.

– Você não faz ideia de como esses minutos foram terríveis.

– Vamos?

– Ah! Obrigado por se preocupar.

Apolo revirou os olhos e o mago se tornou novamente em narceja.

Seguiram rapidamente para fora do castelo com os pios abafados da criatura nas mãos do guerreiro, por mais delicadeza que usava machucava o outro sem muito esforço.

Finalmente chegaram a campina onde a relva cantava ao som do vento.

Os dois se sentaram e então o mago começou.

– Conversei com a minha mestra anteontem e fizemos um acordo. - Apolo olhava para ele atento. - Eu posso continuar te ensinando, mas só se eu melhorar minhas habilidades. - Ele abaixou a cabeça. - Eu odeio treinar e ela tem certeza que eu estava negligenciando o treino por sua causa.

Os dois observaram a campina alguns minutos em silêncio.

– Tem mais umas coisinhas... - Continuou o mago. - Mas acho melhor tomarmos um banho para falar disso.

O outro concordou e seguiram até o rio onde a banheira feita pelo mago ainda estava em pé, ou melhor escavada.

Novamente vou preenchida com a água e depois esquentada para só então receber ervas que perfumariam seus corpos.

Os dois se despiram e entraram na água sem pudores a fim de se lavar e relaxar.

– Minha mestra quer te conhecer. - Disse Sommerfeld se apoiando prazeirosamente em uma das bordas.

O guerreiro apenas concordou.

Os dois passaram suas mãos em seus corpos tirando as sujeiras que ali haviam até que o silêncio foi quebrado pelo mais falante.

– Também queria convidar você para irmos fazer uma viagem para os jogos. - Vendo a perplexidade explicou. - É um evento anual que reúne magos de diversos lugares do mundo, mas não só magos, bruxos e feiticeiros também. É uma competição bem legal.

– Lave minhas costas.

– Eu estava dizendo que...

– Lave minhas costas.

– Tudo bem. - Era cansativo as vezes falar com o bronco, mesmo que ele fosse gentil ele ainda era muito difícil de se dialogar.

Sommerfeld passou a esfregar as costas do outro para limpar e continuou.

– Nós teremos que viajar bastante, os jogos serão meio distantes e...

– Eu vou.

As mão do mago pararam e ele não reagiu.

– O que disse?

– Eu vou. - Repetiu.

O príncipe sentiu a cabeça do outro se apoiar em suas costas e as mão penderem até sair daquele local.

– Fico muito feliz. Muito mesmo que tenha aceitado.

O guerreiro soltou um suspiro inaudível e o mais fraco continuou até deixá-lo limpo. Se afastou sendo agarrado no braço e colocado entre as pernas do príncipe.

– Minha vez. - Ouviu do príncipe.

Sentia as mãos fortes resvalarem suas costas com cuidado, não era muito bom nisso afinal a vida toda só aprendera a lutar. Estava tentando retribuir os cuidados de seu amigo mas não era muito bom nisso.

Lentamente aproximou seu rosto da nuca do mago e cheirou a volta do pescoço fazendo Táquion mudar de cor rapidamente e ficar todo arrepiado.

Sommerfeld soltou um gritinho agudo para se envergonhar mais ainda, mas o outro só ignorou aquilo.

– Maça?

– Si...Si...Sim, é ma...ma...ma...Maçã. - Gaguejou o mais fraco.

“Ele não fez de propósito! Pare com isso idiota!” Falou para si mesmo.

Secaram-se no sol enquanto o dia passava.

– Apolo, eu não tenho como te levar levitando até a vila. Você é pesado e eu não ia aguentar gastar tanto mana.

– Me ensine.

Sommerfeld riu achando graça no comentário.

– O que foi? - Perguntou com irritação o guerreiro.

– Não posso te ensinar isso amigo.

– Por que eu não sou um mago?

– Não. - Era uma das maiores frases que o príncipe já tinha dito, estava aos poucos se abrindo com ele. - O problema é outro.

O guerreiro bufou bravo.

– É que você é um caso raro de mana zero.

Apolo olhou perplexo.

– Deixa eu ver como vou te explicar. - Pensou um pouco e continuou. - Toda a magia é produzida por mana. Todos os seres vivos produzem mana e por definição poderiam praticar magia. Mas existem alguns que nascem sem mana, é raro mas acontece. Você é um deles.

– Isso é ruim?

– Não, é só uma limitação, talvez uma deficiência. Mas posso te ensinar alguns princípios, assim você poderia ao menos entender.

– Como vamos para sua vila.

– Eu estive pensando. - O mago riu. - É idiota, mas você poderia ir nas minhas costas.

– Você é fraco.

O mago não gostou de ouvir o comentário.

– Não como humano! Assim! - Sommerfeld saltou sobre ele transformando-se na criatura com corpo de urso que era pesada e robusta e depois voltou ao normal apresentando-se sentado em seu peito. - Só precisamos tentar.

O guerreiro o empurro no chão massageando o peito. Táquion ria, era engraçado ver a reação do outro que estava realmente zangado.

– Transforme-se.

O mago atendeu prontamente sendo montado pelo outro que segurava seus chifres com força. A fera disparou correndo alguns metros derrubando o outro.

– Você se machucou? - Disse voltando a ser humano.

– De novo.

O mais fraco sorriu e acatou a ordem.

Caíram.

Repetiram várias vezes, era difícil ficar preso àquela criatura veloz. Mas estava começando a pegar o jeito. Talvez em uma semana conseguiria aprender.

Alguns dias precisaram se passar para que o príncipe estivesse em sintonia com sua montaria, não mais caia, sabia quando ele ia virar e quando ele ia apenas desviar das coisas, estavam se tornando um.

A fera parou de correr aos poucos e despencou cansada no chão com seu “cavaleiro” imitando o gesto sobre aquele pelo macio. Voltou a ser humano estando coberto pelo maior.

Estou exausto.

– Também estou.

– Pode sair de cima, tá pesado.

O guerreiro jogou o corpo para o lado.

– Logo você vai conhecer minha mestra, ela é muito legal. E tem os doutores Fótom e Rosalind, os gêmeos Quark, o professor e muita gente, vai ser demais.

– Quieto.

De novo a grosseria do mais forte atingia o menor, mas esse nem ligou, estava cansado para isso e mesmo que não estivesse não falaria nada.

Os dois sentiram a brisa bater em seus rostos cansados, aquilo era um exercício de paciência.

Ao mesmo tempo que Apolo tinha que aprender a montar, o mago precisava se acostumar com ser montado, não era uma tarefa fácil.

A mão do guerreiro passou pelos cabelos de Táquion bagunçando-os com gentileza.

– Gosto dos seus cabelos.

Com uma simples frase o mago enrubesceu. Ficou tão vermelho que em poucos segundos a brisa havia se tornado gelada devido ao calor que se desprendia de sua face.

– Po...Po...Porque diz isso?

– É macio. Seus pelos também são.

– Meus pelos? - Indagou o mago pensando em seu corpo que era quase totalmente desprovido deles.

– Quando você é aquele bicho.

– Ah! Se diz quimera. - O mago relaxou esquecendo da mão que lhe afagava. - Quimera é a junção de vários animais.

O outro soltou um som de entendimento para a simples explicação que ouviu.

– Táquion, você me faz bem.

Você me faz bem também. - Disse o mago abraçando o outro. - Desculpe minha impaciência.

– Tudo bem.

Sommerfeld fez uma careta que Apolo não pode ver. “Ele podia ter se desculpado por ser grosso.”, pensou um pouco melhor e suspirou “Ele nunca diz o que eu quero ouvir. É o jeito dele ser gentil.”.

– Amanhã será o grande dia. - Apolo ficou em silêncio. - Quer dormir em casa?

– Sim.

Os dois haviam se restabelecido durante aquele descanso.

O mago estava ansioso, tinha tanta coisa para mostrar. Apolo tinha que conhecer aquelas coisas, ele piraria!

Tanta gente para apresentar, coisas para contar e...

– Amanhã quero te apresentar para uma pessoa especial. - Ele sorriu meio triste. - Sorria um pouco quando formos falar com ela, está bem?

A sobrancelha de príncipe apenas se arqueou um pouco.

De quem ele poderia estar falando? Não importava pensar nessas coisas.

Seguiu-se alguns momentos onde tudo que era ouvido era o barulho do nada.

– Táquion, o General Titus está piorando.

– Eu imagino que sim.

– Estou ficando pesaroso.

“Pesaroso” não que Apolo falasse muito, mas ele não conhecia essa palavra até poucos dias atrás, o mago que havia lhe ensinado, este sorriu por dentro orgulhoso.

– O que aconteceu? - Indagou o mais franzino sorrindo.

– A dor da perna agora está no peito e o corpo dele está cheio de marcas.

– Normal.

– Normal?

– Imagine que tem uma cobra subindo e se enrolando nele. O corpo dele é espremido e ele sofre. Vai parar antes de chegar ao pescoço.

– Certeza?

– Ophiuchus está ai?

A cobra se ergueu.

– Estou aqui.

– Falei algo errado? - Indagou o mago.

A cobra riu.

– Na verdade a constritora pode ir até o pescoço e sufocar a vítima. - Nesse momento Táquion gelou e foi olhado com reprovação por Apolo. - Mas nesse caso não vai acontecer, a ordem não foi para isso. - A cobra sorriu estranhamente exibindo seus poucos dentes. - Feliz?

– A...Acho que sim.

A cobra gargalhou com a reação do rapaz rolando seu corpo pelo chão.

– Espero que não faça mais isso de me assustar. - Falou o mago inflando as bochechas irritadas.

A mão forte fez o ar ser expulso deixando-o só com o biquinho.

– A culpa é sua. - Brincou o guerreiro sorrindo. Pela primeira vez ele havia visto aqueles dentes brancos e certinhos. Era perfeito. Só ouve um outro sorriso mais tímido que foi alguns dias atrás.

Pelo fato de Apolo pouco sorrir ele nunca havia prestado atenção nos seus dentes. Mas não parou por ai, observou as sobrancelhas espessas e o rosto másculo apesar de não haver barba. Será que ele ficara mais bonito com os cuidados do mago? Provavelmente não.

“O que está acontecendo comigo?” indagou em seu íntimo.

– Meninos! Está ficando tarde. -Disse uma voz trazendo-o de volta. - Vamos voltar? - Sugeriu a cobra.

Os dois concordaram. Amanhã seria um grande dia.


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Notas finais do capítulo

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