Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso


Capítulo 7
Capitulo 6: Excitação de mana


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, eu estou tentando aproveitar minhas férias para fazer mais coisas.
Um leão tem que estar bonito hehe.
Espero que gostem. E não esqueçam de comentar.



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Sentiu a mão de sua tutora lhe atingir a face com força e então ela abraçou-o chorando.

– Desculpe! - Chorava Bósson sonoramente. - Eu não sou minha mãe! Eu não consigo!

Uma luz começou a se desprender de seu corpo e rodear os dois de forma imperceptível.

– Eu queria ser uma melhor tutora! - Ela apoiou a cabeça na curva do pescoço do mais novo que não se mexia.

Táquion estava estático, o tapa que havia levado o deixara assustado, mas sentia o calor do abraço de sua mestra.

– Me perdoa! Eu não sou uma boa mestra! Não sou uma boa amiga! Eu não sei o que fazer!

A luz então formou uma esfera no entorno deles e as marcas de Táquion se curaram e suas dores foram sanadas, ele sentia-se bem. Ele olhava para aquela esfera e um peso atingiu seu coração. Como foi idiota! Devia ter confiado nela.

– Eu nuca consigo chegar em você! Você se fecha pra mim! Eu não sei os seus segredos. - Ela gritava chorando sem abrir os olhos, estava muito aflita. - Eu só queria que você pudesse confiar em mim.

– Você só queria cuidar de mim... - Chorou em seus braços. Ela não via a esfera, nem tinha consciência dela mas ele sabia o que era aquilo. - Lar.

Existe um evento causado por fortes emoções em magos que foi chamado de excitação de mana. O mana se desprende de seu corpo e toma forma em alguma magia que tenha relação com os sentimentos de seu dono. Nem sempre é uma magia conhecida, mas sempre é uma magia poderosa.

Era a segunda vez que Sommerfeld via isso. A magia que havia se formado se chamava “Lar”, o mais novo nunca havia visto antes mas conhecia pois havia estudado ela uma vez. Nenhum mago jamais realizou essa magia verdadeiramente, apenas versões incompletas e deficientes. A única vez que havia sido relatada uma formação completa dela foi por causa de uma excitação de mana.

O rapaz passou a mão carinhosamente nas madeixas de sua tutora sentindo a textura delicada daquele cabelo e então começou a se desculpar.

– Eu tenho medo. - Disse num soluço. - Eu sei que você só quer me ajudar mas as vezes é difícil. Eu gosto de você. - Ele então chorou mais forte. - Sei que não é sua mãe, desculpe por dizer essas coisas. Eu estou triste, me sinto sozinho e sou um idiota!

Aquelas palavras começaram a acalmar o choro de sua tutora.

– Eu devia ter pensado antes em como se sentia, mas eu sou um idiota! - Táquion apoiou-se na cabeça dela. - Você tem medo também, mas eu quero que confie em mim, eu também erro, mas eu quero que me dê uma chance.

Bósson riu baixinho ouvindo aquilo.

– Acho que eu que devia ter dito isso.

– Exaltação de mana Bósson, precisei disso para perceber...

A moça abriu os olhos e por um momento viu a esfera selvagem de névoa se dissipar deparando-se com Rosalind e Fóton boquiabertos na cena.

– Você invocou Lar. - Disse o homem.

– É, parece que invoquei. - Disse Bósson meio sem graça. - Desculpem o incomodo. - Ela se levantou. - Táquion, vamos terminar nossa conversa em casa...

– Tudo bem...

Os dois agradeceram o casal que ainda observava-os surpresos. Lar era uma coisa única, uma magia especial. Ela podia proteger e curar ao mesmo tempo, tornava o espaço dentro dela algo inalcançável, era como se ela fosse só fumaça no meio do mundo.

Na casa de Bósson eles conversaram sobre a situação e seu aprendiz disse que não ia parar de ensinar o rapaz, mesmo que tivesse que deixar sua monitoria. Bósson cedeu não o proibindo, mas como condição ele deveria melhorar suas habilidades e em breve teria que apresentar seu discípulo.

“Ele está tão crescido.” pensou ela. Tentou apagar aquele pensamento pois para ela ele sempre seria como o irmãozinho que ela havia ganho um dia.

Ela havia decidido ser sua mestra para poder cuidar dele, quase sempre esquecia que ele também precisava crescer.

O rapaz a sua frente não era mais aquela pequena criaturinha que chegou um dia em sua vila numa cesta carregada por seu avô e que no fim entrou em sua vida.

Ela sorriu sem perceber enquanto o outro falava e pensou “Você sempre será aquela criança frágil para mim...”

– Bósson? Está me ouvindo? - A voz do outro tirou-a de seu transe.

– Sim, claro. - Disse firme. Não queria mostrar que estava viajando tão longe enquanto ele falava.

– O que você acha de fazer isso quando formos aos jogos?

Os jogos dos magos era um evento anual com magos de diversos lugares do mundo, eles competiam em diferentes modalidades com a intenção de conseguir fundos de pesquisa de outras vilas para o desenvolvimento de novas magias ou o aprimoramento das já existentes.

Era também uma oportunidade de se conseguir ver magias desconhecidas e secretas de vilas distantes. Os magos do oriente sempre usavam algumas estranhas e vez ou outra se observava uma magia bem interessante.

– Eu adorei! - Disse ela fingindo que sabia do que se tratava. - Fico muito feliz que pense assim.

– Espero que ele concorde. - Disse o mais novo sorrindo.

“Ele?” pensou ela. Com o que havia acabado de concordar. Era melhor sondar.

– Ele pode não gostar...

– Vou explicar, dentro do possível, claro. - Os olhos de Táquion brilhavam com aquelo. Sua mestra estava apoiando-o. - Pena que teremos que ir a pé.

“ A pé? Que merda é essa que eu concordei?” martelava a moça.

– Obrigado mestra! - Táquion deu-lhe um beijo e saiu. - Esses serão os melhores jogos da minha vida! - Foi a última frase ouvida por Bósson com seu pupilo já na rua. Ele havia comemorado alto o bastante para que todos ouvissem.

– Eu preciso beber. - Concluiu a responsável.

No dia seguinte o mago se levantou cedo e radiante.

Tinham um acordo agora, ele deveria se esforçar mais e poderia continuar tutorando o outro.

Arrumou suas coisas e saiu, nada poderia atrapalhá-lo. Bom, nada exceto uma coisa.

– Ele ainda não chegou. - Quando era por volta de meio dia ele percebeu que Apolo não viria.

Uma tristeza o lembrou que havia dito ao guerreiro.

Transformou-se e voou pelos céus em forma de narceja.

“Preciso falar com ele” pensava, “Eu não devia ter dito aquilo, mas se não tivesse voltado ele ficaria me esperando.”

Era ruim voar sendo tão pequeno, mas assim seria despercebido caso alguém o visse.

Quase no castelo lembrou-se de como foi imprudente, alguma outra ave poderia tê-lo atacado, quando transfigurado não poderia usar magia mas para sua sorte nenhum animal o havia atacado. Mal sabia que estava sendo guardado por Ophiuchus.

Entrou no castelo delicadamente cortando o ar e procurou por seu amigo sem sucesso.

Estava se sentindo cansado, suas asas doíam mas não podia ir para casa sem falar com ele. Logo que sentiu-se bem voou novamente.

Passando pelo pátio do castelo encontrou Apolo e voou até próximo dele pousando em uma das estruturas sem ser percebido. Não poderia se revelar, ele não estava sozinho.

Ele estava lutando contra oito pessoas e derrubando todos eles sem muita dificuldade. Atingia violentamente um com o escudo e o outro com a espada a medida que se aproximavam.

“Ele é um monstro!” Observou Táquion.

As nuvens se abriram lentamente conforme o dia passava fazendo o sol bater contra a face suada de Apolo deixando evidente sua exaustão, mas ele não vacilava contra os que atacavam.

Um ataque pelas costas que ele não havia percebido se aproximou, num impulso de aviso a narceja piou ao mesmo tempo que Apolo derrubava quem o atacava por trás.

O guerreiro acabou olhando para o lado depois de derrubar seu atacante ouvindo o som da pequena ave e graças a isso foi levado ao chão violentamente.

“Desculpa!” pensou o mago.

Um guerreiro de armadura dourada se aproximou.

– Apolo, o que foi isso? - Disse bravo. - Tenha foco seu idiota!

Apolo se levantou e ajoelhou-se perante ele.

– Não quis te desagradar General Titus.

O homem agarrou a armadura e o levantou violentamente.

– Titus Flávios idiota! - Rosnou o homem jogando-o no chão com a mesma violência. - Não se esqueça.

– Sim senhor. - Disse se levantando.

– Você anda preguiçoso e fraco. Qual o seu problema?

– Minha mãe senhor ela...

O príncipe levou um chute sendo jogado no chão novamente, seu olhar se cruzou com o da narceja.

– Ela teria vergonha de você seu inútil.

Os olhos do mais novo ficaram marejados visivelmente, apertando, o agora tão pequeno coração do mago.

– Você está chorando? - Indagou com raiva Titus. - Alguém me dê uma espada, vou ensinar uma lição para este lixo.

As cenas de violência que se seguiram fizeram Sommerfeld sentir-se um monstro quando brigou com o guerreiro. Nunca havia imaginado como era sua vida.

Queria ajudar, ia se revelar e quando então ia forçar sua transformação foi agarrado por Ophiuchus.

– Droga moleque! Não faça isso!

A narceja nada respondeu, até por que não podia.

– Você quer piorar a situação dele! Pense! - Sibilou a serpente. - Graças aos céus o professor pediu pra eu ficar de olho em você!

Cada “S” da serpente era evidente devido a sibilação mas mesmo isso não podia distrair o coração palpitante do pequeno ser.

– Se você não aguenta ver eu vou te tirar daqui a força. Entendeu?

A ave olhou a cobra sem responder.

– Desculpa Táquion, esqueci que não pode responder nessa forma. - A serpente pensou um pouco. - Pie se entendeu.

Um pio tímido deixou a narceja.

– Mais uma coisa. - Disse a Ophiuchus. - Não seja tão imprudente mais! Algum animal podia ter te atacado.

Os dois voltaram a assistir a cena de selvageria até que depois de pouco mais de uma hora Flavius se cansou de espancar Apolo.

– Vá para o seu quarto e não saia de lá.

A narceja piou chamando-o e ele se levantando foi em sua direção sendo golpeado novamente.

– Eu disse quarto! Você é burro? Só pode.

Ele olhou triste para a narceja e entrou no castelo.

– Está esperando o que guri? - Perguntou a cobra. - Vai atrás dele!

A narceja voou apressada atrás de Apolo que estava machucado e sangrando, mesmo que o perdesse seria fácil segui-lo devido as gotas de sangue que marcavam o caminho.

O príncipe entrou num quarto e então bateu a porta.

“Droga!” pensou Táquion. Agora precisaria pensar em outra forma de entrar.

Esperou até o corredor ficar vazio, qualquer um que visse a pequena narceja na porta acharia estranho, mas teve que esperar até se transformou em humano e entrou no quarto sem pedir permissão.

– Me deixe sozinho. - Pediu o príncipe sem olhar quem havia entrado.

A alma do mago doía, apesar de o castelo ser frio e nada aconchegante o quarto do príncipe parecia mais um calabouço do que um quarto. As paredes de pedra deixavam o ambiente mais escuro e depressivo do que já era.

O ambiente sujo em que ele vivia somado a como era tratado por seu mestre explicava sua pessoa tão dura.

Táquion se aproximou e deitou-se atrás dele.

– Desculpa amigo, eu não pude fazer muita coisa além de assistir.

Apolo encheu-se de tristeza e felicidade ao ouvir aquela voz.

– Táquion.

– Sou eu amigo.

– Me sinto mal.

Sommerfeld colocou a mão no rosto machucado que se virou para ele.

– Vai ficar tudo bem Apolo. - Uma luz verde começou a fechar as feridas só outro.

– Eu não queria que tivesse visto.

– Não fale nada. - Disse o mais fraco vendo a vergonha estampada no rosto de seu amigo. - Eu vou cuidar de você, vai ficar tudo bem.

Os dois ficaram quietos e Apolo pode ouvir passos no corredor tendo tempo somente de agarrar o mago e escondê-lo com seu corpo e cobertas.

A porta foi aberta violentamente.

– Vim ver se estava em seu quarto seu lixo. - Disse a voz raivosa. - É bom que não saia daqui.

Saiu batendo a porta violentamente.

– Você está bem Táquion?

O mago afirmou com a cabeça.

Apolo abraçou ele como se este pudesse desaparecer se ele afrouxasse os braços. Nesse momento o mago parecia ser a única coisa realmente verdadeira em sua vida, se esse fosse levado pelo vento como uma folha o que sobraria além do vazio?

Ficaram assim por vários minutos, era bom. O que foi visto pelo mago não parava de o incomodar.

– Ophiuchus está ai? - Perguntou o mago deixando Apolo perplexo.

Das sombras a um canto surgiu uma serpente deixando Apolo mudo.

– Diga para o professor que eu vou dormir aqui.

A cobra assentiu.

– Seja educado e se apresente.

A cobra mudou de cor tornando-se um tom verde bonito.

– Olá príncipe. - Sibilou a cobra. - Eu sou Ophiuchus, familiar do professor Schrödinger.

– Oi. - Disse Apolo apreensivo.

– Se o professor te colocou no meu encalço provavelmente você não poderia ser visto, certo? - A cobra concordou. - Quero fazer um acordo.

A cobra olhou curiosa.

– Eu não falo nada e finjo que não te vi. - A cobra começou a gostar da ideia. - E você dá uma lição naquele monstro.

– Achei que nunca ia pedir. - Sorriu a cobra. - Se bem que não precisaria. Acordo fechado.

A serpente se despediu mudando de cor para se tornar um com o ambiente e saiu pela janela.

– Táquion. - A cobra chamou sua atenção. - Cuide dele. Eu volto logo.

O mago se voltou para Apolo e continuou a cuidar de suas feridas.

– Tire as roupas, quero ver o estrago. - Disse o mago.

O guerreiro se despiu e revelou escoriações que o mago ia passando a mão e removendo gentilmente.

Cada toque causava um pouco de dor que logo passava sendo substituída por uma sensação calma e inexplicável.

– Táquion. - Disse com voz fraca. - Eu sabia que era você lá.

– Eu sei, vi nos seus olhos.

– Fiquei feliz, achei que não ia mas te ver.

– E por minha causa que isso aconteceu.

– Não. - O mago parou ao ouvir isso. - Ele sempre faz isso.

– Ele não pode fazer isso! - Disse o mago furioso.

– Ele é meu professor...

– A Bósson me quebra sempre, mas ela nunca me trataria assim! Sempre ela cuida de mim no fim das contas e me abraça. - A cada palavra lembrava de sua mestra que infelizmente exagerava as vezes, mas era o jeito dela. - Ela se preocupa comigo. Se eu fico doente ela cuida de mim.

Apolo ouviu quieto.

As mãos do mago resvalavam por aquele corpo com carinho e então o abraçou.

– Não quero mais ver você assim.

O guerreiro acariciou seus cabelos e ajudou o mais fraco a se deitar.

– Vamos dormir.

Sommerfeld concordou.

O outro puxou ele para bem junto de seu corpo parcialmente desnudo e ainda sujo da surra transmitindo ao mago seu calor fagueiro.

– Você precisa de um banho Apolo. - Disse o mago sentindo remorso e querendo cuidar do outro.

– Eu sei. Durma.


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Notas finais do capítulo

Eis a diferença de uma mestra amável mesmo com seus defeitos e um monstro sem coração.

Comentem! Eu me animo e escrevo mais. =3
tbm gosto de saber a opinião de vocês tipo "Não entendi assunto x" ai eu me esforço para ter mais clareza ou "Adorei y" opa! to no caminho certo.

Falando nisso, o que foi que a Bósson topou?



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