Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso


Capítulo 9
Capitulo 8: A vila que a névoa esconde


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, o capitulo estava ficando longo e eu ando meio sem criatividade. Também não estava ficando como eu queria.
Decidi fazer muitas mudanças e dividir o capitulo, agora me agrada.
Logo minhas férias acabam, então vou começar a demorar para lançar, minha rotina é muito apertada.
Mais uma vez desculpem, mas não ia postar um lixo aqui.
=3



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Pela manhã quando Táquion chegou a campina o príncipe já o esperava com trajes diferentes do habitual. Poderia facilmente ter se passado por um mago de uma outra região que ele desconhecia mas já havia visto nos jogos em outros anos.

Trajava sua inseparável armadura e por cima dela uma manta de couro castanha e rude. Aquela pele cobria-o todo estando aberta somente devido ao volume se sua espada.

– Bom dia. - Disse o mago medindo-o dos pés a cabeça sem comentar o visual. - Vamos?

O mago transformou-se na quimera a qual havia treinado com o príncipe e este montou-lhe com algum cuidado para não lhe machucar.

A criatura começou a correr por aqueles prados fazendo a capa do príncipe esvoaçar heroicamente sobe aquele céu ambarado da manhã.

Apolo nunca havia ido até tão longe naquela região, pois nunca havia sido necessário. Já havia ido a campanhas com sóis de distância a fim de lutar em batalhas para seu reino, mas nunca dessa forma e com essa intenção.

A quimera corria veloz passando por veios de água cristalina e correndo por lugares de beleza impensável, não que o seu cavaleiro parasse para apreciar.

Correram por um campo branco de dentes de leão que dançavam no ar graciosamente por onde eles passavam e tingiam o ar com sua delicada cor alva.

Pouco mais de uma hora de corrida o bicho foi desacelerando seguindo num trote leve devido a um destino próximo.

Parou e urrou alguma coisa ficando de pé em frente a um campo florido. Novamente tornou-se mago fazendo Apolo cair de pé atrás dele.

– Aqui vamos andar até para não machucá-los.

– Machucar? - Indagou Apolo procurando algo no meio das folhas.

– Sim, não quero machucar os girassóis. - O mago deu um passo a frente entrando no meio das flores com delicadeza para abrir caminho sem quebrar seus caules.

– Venha! - Disse Sommerfeld chamando Apolo. - Só cuidado.

O outro revirou os olhos e entrou naquele lugar tentando ser delicado obedecendo o mago.

– Desculpe te fazer andar, mas eu ficaria mal se destruísse essas.

Durante a caminhada Táquion falou muitas coisas sobre girassóis acerca de sua natureza e beleza. Falou também de algumas pinturas sobre essas flores sempre seguido pela ideia de que era perda de tempo por parte do guerreiro, mas que ponderava um pouco mais pensando que desde que aprendeu a ler percebeu muita coisa que não sabia.

Finalmente saíram daquele cenário tão repetitivo que cansava a vista de um e maravilhava os olhos do outro. Novamente em fera tornou-se e foi montado sendo levemente incomodado pelos pelos puxados e partiu novamente.

Correu até chegar numa queda d'água que se afundava num grande lago novamente tirando o guerreiro de cima e se tonando mago.

– E agora? - Indagou Apolo irritadiço.

– Calma. - Pediu o mago. - Não posso passar por aqui como quimera.

Ele então tocou a água e esta se congelou graciosamente subindo a cascatas e revelando uma caverna a pouco mais de seis metros do nível do lago.

Eles caminharam pela superfície branca e escorregadia e chegaram até a base. O mago segurou na cintura do príncipe e então levitaram até lá e tão logo pisaram no chão a água voltou a fluir líquida escondendo a passagem.

Dentro da penumbra um pequeno orbe de luz surgiu criado por Sommerfeld revelando uma passagem estreita por onde os dois seguiram.

– Já chegamos?

– Quase. - O mago dava pouca atenção ao outro enquanto andava. - Minha vila é bem escondida. Lembre-se que magos vivem lá.

Uma névoa começou a dançar pelos pés dos dois ficando cada vez mais espessa.

– Me de sua mão. - Pediu o mais franzino. - Essa névoa é encantada. Uma vez me perdi nela e levei quase uma semana para sair.

Sentiu a mão metálica da armadura segurar a sua e adentrou na bruma a sua frente em silêncio.

Com poucos metros já se tornava impossível ver qualquer coisa mais distante que o próprio nariz naquele lugar. Não havia som também.

Apolo apertou sua mão um pouco mais sendo correspondido pelo que seguia a frente. Era a única certeza que ainda estava ali.

A claridade invadiu os olhos do príncipe revelando um sol brilhante a sua frente, havia finalmente saído de lá. Quanto tempo tinha estado naquele nevoeiro. Olhou para trás e viu apenas uma névoa rala que revelava uma floresta como qualquer outra.

– Chegamos. - Disse Táquion sorrindo de orelha a orelha. - Venha! Você precisa conhecer minha casa!

Muitos rostos estranhos olhavam para o guerreiro com certa estranheza mas retribuíam um aceno de mão quando viam o mago a seu lado.

– Minha casa é aquela! - Disse puxando o maior pela mão. - Vem!

O maior mal se movia pela força diminuída de Sommerfeld mas chegaram até a casa sem fechadura.

Passaram pela porta e adentraram um cômodo ajeitado e aconchegante.

– Quer comer alguma coisa? - O dono da casa olhou para um objeto estranho onde uma esfera azulada era circundada por uma esfera pequenina de ouro muito polida. - Já é quase nove horas. - O anfitrião sorriu. - Vou fazer um chá para as visitas.

– Visitas? - Estranhou o príncipe.

– Sim - Disse o menor movendo-se até a cozinha deixando o convidado na sala. - A vila é pequena e as notícias se espalham. Você é quase uma celebridade.

“Celebridade” indagou o guerreiro sem entender muito. Pior para ele que logo começaria a entender o termo.

A primeira batida na porta.

– Entre! - Gritou da cozinha.

Duas figuras adentraram dando bom dia. Eram exatamente iguais exceto pelos olho e cabelos. O primeiro tinha um olho esmeralda e um olho arroxeado que destoavam de seus cabelos alaranjados enquanto o outro tinha um olho prata e o outro champagne acompanhado de um cabelo cinza.

Os gêmeos tinham um porte físico razoável mas não era possível comparar com o de Apolo, tinham por volta de 1,68m e estavam muito sorridentes.

– Bom... - Disse o primeiro.

– Dia. - Completou o segundo.

A figura que veio da cozinha com uma bandeja deixou o bule sobre a mesa.

– Bom dia irmãos Quark. Parem com essa coisa bizarra na frente da minha visita.

Os dois riram e fizeram um jogo de corpo estranho enquanto falavam.

– Nos magoa muito você... - Iniciou o de cabelo cinza.

– Falar tão abertamente... - Continuou o de madeixas laranja.

– Sua opinião que somos bizarros. - Disseram juntos.

Apolo observava os dois franzindo o cenho devido aquela coisa nada normal que os dois fizeram.

– Você deve ser... - Um deles ficou pensativo por um momento. - Apolo. - E lhe estendeu a mão. - Eu sou Up. - E abriu um sorriso. - Aquele é Down. - O outro simulou uma cara triste. - Somos os irmãos Quark, é um prazer conhecê-lo.

– Ignore-os. - Disse o anfitrião rindo. - Eles são esquisitos desde... Desde sempre.

– Você não é muito de falar, não é? - Disse Down. - Tem chá de que ai? - Virou-se olhando o bule.

– Pra o Apolo e eu cereja. - Táquion abriu um sorriso sacana. - Pra vocês, beladona.

Apolo estava perdido no meio daquele assunto, até por que não os conhecia.

Sommerfeld serviu uma xícara para os gêmeos e os três ficaram a tentar inserir o guerreiro no assunto, mas sem muito sucesso.

Após alguns minutos os visitantes se levantaram.

– Bom, se quiserem ir na taverna mais tarde, apareçam. Por conta dos Quark hoje. - Disse o ruivo.

Os dois saíram pela porta acenando. Os que ficaram retribuíram o comprimento.

Apolo tomou outro gole de chá em silêncio.

– Desculpe por eles. - O mago abriu um sorriso amarelo. - São meus amigos.

– São divertidos. - Disse o príncipe. Estava mentindo, mas queria ser simpático.

O dono da casa começou a ajeitar as coisas aqui e ali tirando pó ou afofando almofadas das duas poltronas verdes da sala.

O príncipe olhava aquilo com certa atenção vendo que a casa dele era muito organizada. Diferente de seu quarto. De quase tudo no castelo.

– Bom, melhor eu ir a casa da Bósson, quer ir lá? - Apolo só concordou com a cabeça. - Só para avisar, pode tirar a armadura.

O maior fez menção de tirar as peças de metal quando uma voz veio do portal.

– Eu ficaria com ela. - Disse o homem.

– Fóton! - Táquion se levantou e foi cumprimentar o outro. - Não achei que viria tão cedo.

– Eu vim convidar vocês para almoçarem conosco. - Disse apontando para os dois na casa. - Rosalind vai fazer sachertorte. - Ele sorriu. - Se não forem sobra mais para mim. A propósito Apolo, sou o Dr. Fóton. - Se aproximou e apertou a mão do outro com energia. - Eu e minha esposa Rosalind somos o que vocês chamam de...- Pensou um pouco apertando os lábios tentando lembrar a palavra. - Médicos.

Mais um pouco de chá e o “médico” se despediu.

– Vamos antes que chegue mais gente.

Os dois saíram da casa de madeira e andaram algumas ruas até chegar em uma casa com uma oficina na frente.

Adentraram o imóvel não encontrando sua dona mas um transeunte que parou para se apresentar e cumprimentá-los avisou que ela tinha ido ao centro de treinamento.

Seguram até o local indicado parando vez ou outra para falar com algum mago que queria conhecer o príncipe que era o falatório da semana. Algumas moças riam baixinho ao vê-lo.

O engraçado é que Apolo não retribuía o sorriso mantendo-se impassível e mau humorado o que deixava todos levemente constrangidos e fazia seu professor rir da situação.

Vez ou outra ainda revirava os olhos em desagrado. Realmente ele estava começando a entender o que era uma “celebridade” e não estava gostando.

Provavelmente era o único espaço de pedra na pequena vila o que eles se aproximavam e este só poderia ser o centro de treinamento. Era um coliseu simples que ao passar por sua entrada chegava-se a uma recepção que dividia o prédio entre biblioteca, área de prática de magia e área de luta.

Apolo ia lendo as placas e por isso estava entendendo que eles estavam indo para uma área de luta. Mal imaginava que magos lutassem por observar Táquion.

– Oi Bósson! - Gritou Sommerfeld. - Olha quem eu trouxe!

Apontou o guerreiro.

A moça de uns trinta anos abriu um sorriso e se aproximou andando em vez de usar magia. Passou por uma estrutura em forma de serpente que rodeava a arena fazendo a luz por ali tremer como se fosse um pedaço de gelatina.

– Então você é o Apolo... - Disse curiosa. - Sou a Bósson. - Ela estendeu a mão para o mais novo que retribuiu. - Me dá uma luta? Não vou usar magia. - Ela ergueu as duas mãos próximas ao rosto.

– Não quero te machucar. Você é mulher.

A moça riu e fez uma imitação dele falando aquilo deixando Táquion com um sorriso amarelo.

– Apolo, é mais fácil ela te machucar.

Ele olhou feroz para o mago que sentiu um frio na espinha, mas não teve muito tempo para isso pois a moça passou a mão pelo pescoço de Apolo e o arrastou até a arena.

– Hoje você vai descobrir o que é brigar com uma mulher. - Riu ela enquanto o arrastava.

Se postaram no meio da área e então ela fez uma observação.

– Como você está de armadura é justo que eu use uma, certo?

– Justo. Mas eu não quero te machucar...

– Veremos. - Disse fazendo uma cara de desagrado.

Com um movimento de mãos uma carapaça se formou em seu corpo cobrindo-a com grande rapidez.

– É de luz, mas deve ter uma resistência aproximada da sua.

Os dois se prepararam para a batalha.

Táquion assistia de uma arquibancada o que seria um massacre.

Começaram.

Apolo só teve medo de machucá-la até receber o primeiro golpe e perceber que não iria ser uma brincadeira.

Ele avançou na direção dela atacando rápido mas não conseguindo atingir devido a boa esquiva da moça. Ela entrou então em seu espaço passando uma mão por baixo de seu braço e a outra por seu pescoço girando-o no ar, não que tenha sido o suficiente para fazê-lo cair.

A confiança dele começou a se abalar pois mesmo não indo para o chão foi jogado alguns metros.

Novamente avançaram um na direção do outro e num golpe de espada ela novamente entrou em sua defesa dessa vez torcendo-lhe o braço e o girando, mas ele era mais forte que ela e conseguiu desferir um contra ataque. Pelo menos foi o que pensou.

Ela prendeu da espada de Apolo ao chão e com um golpe de marreta partiu-a e em seguida golpeou ele com o “Gran Strondo” derrubando-o para finalmente cantar a vitória.

– Se machucou? - Disse estendendo a mão com um sorriso.

– Estou bem. - Disse ele se levantando sem a ajuda dela. Se recusava a ser ajudado por uma mulher, ainda mais uma que o derrotou tão facilmente.

Ela o observou um pouco e pôs a mão em seu ombro.

– Parado. - Ordenou ela.

O rapaz se surpreendeu e ela então tocou o supercílio do rapaz fazendo ele reconhecer a sensação de cura.

– Cortei seu supercílio, desculpe. - Disse carinhosa.

– Tá! - Disse o guerreiro irritado saindo de perto dela. - Vamos embora Táquion!

O mago ficou vendo o outro se afastar e sua mestra foi se aproximando dele.

– O que foi isso Táquion?

– Acho que ele não gostou de perder para você...

– Vai atrás dele.

Quando ele foi encontrado já fora do centro estava com cara de poucos amigos e muito irritado. O mago pousou do seu lado.

– Você ficou bem irritado não é? - Iniciou o mago. O outro bufou violento. - Ela é bem forte, não me impressiona que tenha perdido só...

– QUIETO!

Sommerfeld parou estático enquanto o outro andava, o que poderia ter acontecido. Mesmo que o mal humor fosse uma característica do príncipe ele nunca havia agido assim antes.

As pessoas que passavam tentavam manter certa distância devido ao rosto que estava assustador sustentado por aquele homem de armadura.

Novamente o mago se aproximou.

– Quer tomar um banho?

– Quero ir embora.

– Posso pelo menos entender o que houve?

Apolo olhou incrédulo para o menor, que pergunta idiota que ele estava fazendo? Não era óbvio?

A pergunta foi repetida. Não houve resposta.

– Não seja um mal perdedor! - Começou a discursar bravo para o maior. - Ela é...

– ...Mulher.

– Eu ia dizer excelente. - Finalmente o mago havia entendido o que houve, o problema não era perder, mas perder para uma mulher. Para um mago era um pensamento que não existia. - Não sabia que ia ficar assim por esse motivo.

O maior parou de andar.

– Eu sou uma desonra para meu pai.

– Bom, nós magos não pensamos assim...

Aos pouco Táquion foi convencendo Apolo a ir para sua casa, a situação estava difícil. Por que as pessoas no mundo exterior ainda não entendiam a igualdade de gêneros. Os magos faziam de tudo lá em sua vila, independente do sexo.

Quando o maior se acalmou havia chegado a hora de conversarem.

– Tire a armadura Apolo.

O príncipe se recusou.

– Por favor, tire a armadura. Tome um banho e depois vamos conversar um pouco.

O mago levou apolo até o andar de cima onde passou por um quarto simples e aconchegante e abriu uma porta que dava para um banheiro.

– Para a água cair, basta puxar esse cabo. - O mago mostrou como era feito naquele aparato que acabava num bico de regador. - Vou aquecer a água.

Aquele seria um banho estranho.


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Notas finais do capítulo

Vou fazer aqui uma seção de pequenas curiosidades:

O nome Táquion foi escolhido por representar uma partícula que teoricamente seria mais rápida que a luz. Isso divide os físicos entre os que acreditam em sua existência e os que acham isso um disparate.
Sommerfeld foi o físico que propôs a existência dessa partícula.

A névoa que esconde a vila tem relação com a história "As brumas de Avalon"

Deixem seus comentários. Eles me fazem bem feliz.
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