Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso


Capítulo 5
Perdão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo que eu espero que gostem.
Comentem sobre, só assim eu posso saber se estão gostando ou não e do que estão ou não gostando. =3



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Táquion caiu no meio da arena.

– Fique de pé! - Gritou sua tutora. - Erga um escudo forte.

– Você está bem animada hoje. - Respondeu. - podia pegar mais leve.

– 3, 2, 1! - Ela apontou seu bastão e atirou uma bola da luz. - Foi!

Mais uma vez o mais novo foi jogado longe.

– Não posso respirar?

– 3, 2, 1! - Novo tiro.

O rapaz se esquivou.

– Táquion! É pra se defender, não fugir! - Disse Bósson brava.

– Me da um intervalo. - Disse ofegante. - Eu estou sendo jogado a manhã toda!

– Só está assim por que treina pouco. - Ela apoiou o bastão no corpo e estralou os dedos. - quinze minutos?

– Ótimo.

Ela se aproximou do aprendiz e passou a mão em sua cabeça.

– Você tem uma quantidade da mana maior que a minha, se não fosse preguiçoso seria um mago incrível.

– Falou a segunda maga mais forte e a mais agressiva. - O rapaz diminuiu o ritmo da respiração. - E você sabe que eu não gosto muito de treinar, não é só preguiça.

– Olha lá o Up Quark, ele faz um escudo ótimo. - Ela riu um pouco pegando um martelo dentro de sua capa. - Mas acho que eu consigo arrebentar o escudo dele com isso.

– Uma arma mágica. Ainda mais a sua.

O trabalho de Bósson é produzir armas mágicas e a sua é o gran strondo, um martelo com propriedades som, ar e trovão. Uma arma realmente terrível para se lutar contra mas combina perfeitamente com ela.

– Vamos voltar?

– Mas já? - Reclamou Táquion.

– Já. Tenta erguer a melhor barreira que puder enquanto eu vou até o outro lado da arena.

Táquion forçou uma grande quantidade de mana para formar uma defesa resistente.

– Lá vai! - Disse a moça atirando uma esfera luminosa.

Desta vez ela bateu na parede que apenas se abalou e não se quebrou.

– Viu, você consegue quando tenta. - Brincou a mestra.

– Eu tive mais tempo para erguer...

– Seu problema é tempo? - Riu. - Então quanto tempo você precisa para erguer algo que eu possa bater com o “strondo” e não quebre?

– Acho que mil anos.

A professora riu e apontou novamente o cajado. Dessa vez ela bombardeou o escudo com diversas esferas luminosas diferentes em um espaço de tempo muito curto.

A barreira se torceu um pouco e rachou, mas ainda não quebrou.

– Quero que treine o seu tempo de reação. - Ela jogou o bastão e pegou o martelo. - Vamos inverter. Você tenta derrubar a minha barreira agora.

Ela estendeu o martelo no ar e criou uma barreira quase invisível de tão perfeita que era.

– Eu devo atacar com?

– Elemento fogo, subelemento explosão. Você pode usar outras coisas para melhorar seu ataque, mas explosão deve prevalecer.

O mais novo pensou um pouco e procurou um ataque que fosse efetivo. Usaria explosão, som, ar e luz.

Apontou o bastão para ela e começou a preparar o ataque. Disparou! O impacto fez a terra tremer mas nem arranhou aquele escudo. Era muito bem feito.

Quanto mais atacava mais sentia seu mana se esvaindo e não conseguia criar dano naquela parede, provavelmente conseguiria na de outro mago de seu nível, mas no dela era difícil demais.

Chegou ao ponto de não conseguir finalmente atacar caindo de joelhos.

– Vamos almoçar Táquion. - Ela desfez a barreira. - Seu ataque está fraco, mas suas ideias de como combinar foram boas. Com mais treino você deve conseguir fazer alguma coisa.

Eles seguiram atá a casa da moça onde ela preparou um pouco de comida com a ajuda de seu aprendiz. Sentaram-se a mesa e conversavam enquanto comiam.

– Você não me parece muito concentrado hoje Táquion, aconteceu alguma coisa?

– Eu estava pensando em tutorar. - Disse o rapaz sondando.

– De jeito nenhum. - Sua tutora ficou brava nesse momento. - Você nem treina direito e vai querer ensinar outro?

O rapaz corou e pensou na hora em Apolo revirando os olhos quando ele falav algo que parecia idiota.

– Tem razão. - Fingiu concordar. - Mas isso não me impede de pensar.

– De acordo.

– Como é tutorar alguém?

– É divertido. - A moça falou mais branda. - Mas cada caso é diferente e você tem que aprender a se adaptar. Por exemplo você. - O rapaz a olhou curioso. - Você é preguiçoso, mas é muito forte e inteligente. Se eu não te forçar você se acomoda. - Ela olhou pro lado revivendo o passado. - Minha mãe dizia que você aprendia fácil. Ela tinha uma conexão com você que eu acho que eu nunca terei.

Por alguns minutos os dois ficaram em silêncio, apesar de ser um assunto constante não era fácil falar de Marie.

Táquion quebrou o silêncio.

– Te invejo as vezes...

Bósson olhou para ele curiosa.

– Você é forte e não tem medo de agir, está sempre pronta e não precisa de tempo pra usar magias em seu máximo.

Ela então olhou para ele por um momento estreitando os olhos e começou a sorrir.

– Quero tentar uma coisa.

O mais novo levantou uma sobrancelha.

– Faça um escudo que não seja para receber um ataque. Ele deve ser feito de forma que eu possa andar e cima. Mas quero que pense em alguém que gosta como se quisesse proteger essa pessoa do meu pé encostar nela a todo custo. Faça de olhos fechados.

Ele fechou os olhos e então imaginou Apolo na chuva e então formou um escudo paralelo ao chão tão cristalino e fino.

Sua mestra pegou o martelo e então bateu com todas as forças no escudo que apenas estremeceu.

– Não é possível. - Disse espantada.

– Tão ruim?

– Abra os olhos. - O rapaz abriu e viu seu escudo. - Eu bati com o gran strondo e ele nem rachou.

O escudo estremeceu e se dissipou.

– Isso é mentira. - Disse o rapaz desconfiado.

– Não. - Ela sorriu. - O problema é a sua insegurança. É o seu coração! - Ela então abraçou o rapaz e o girou. - Só precisa ser mais seguro!

Ela soltou-o e então perguntou.

– Posso saber o que você pensou?

– Pensei na sua mãe no dia do acidente. - Mentiu.

A moça abraçou ele e chorou feliz. Tinha descoberto como ajudar seu pupilo.

Bósson era sempre muito dura, mas seu coração era como um piano, só quando se chegava próximo a ponto de tocá-lo se percebia a beleza se sua existência. Hoje ele ouvia Vivaldi daquele coração.

Os dois voltaram para o centro de treinamento e seguiram para a arena e começaram a treinar de novo.

Sua mestra tentava fazer ele repetir a proeza mas sem sucesso, ela ainda precisava aprender a fazer ele liberar aquele potencial. Ela se irritava com a falta de entendimento acerca daquele assunto e acabava descontando no aprendiz. O resultado disso foi uma mestra frustrada e um aluno mal humorado.

No outro dia o humor do jovem ainda estava horrível e agora seu corpo doía muito. Arrumou suas coisas e foi ver o seu pupilo.

– Bom dia. - Disse ao ver o outro.

Como sempre não obteve resposta.

Sentou-se no chão e o outro se acomodou ao seu lado.

– Eu tinha dito pra você que seria João e Maria não é? - Ele folheou até a página e começou a narrar a história sempre tentando obter uma resposta do outro, criar um diálogo, mas sem sucesso.

Como era frustrante contar uma história para aquele rapaz. O mago sentia como se nunca fosse alcançá-lo.

Quando terminou a história já era hora do almoço provavelmente, e Sommerfeld trouxe comida para os dois de novo.

Ofereceu então algumas coisas, salada, batatas cozidas, ovos cozidos e pães de centeio. Como já era habitual o guerreiro pegou algo e comeu como se nunca mais fosse comer na vida.

– Devagar, saboreando, mastigando. Lembra? - Disse o mago escondendo sua irritação.

O guerreiro revirou os olhos e passou a fazer o que ele disse sem falar nada, mas deixou evidente o seu desagrado.

Tudo aquilo passaria despercebido para Táquion num dia normal, mas não naquele dia. Parecia que tudo que o outro fazia era para irritá-lo mas ele se segurava. Precisava ser paciente.

Durante a tarde passou novas sílabas para Apolo que mostrava um grande progresso e isso o relaxou.

– Apolo, preciso meditar um pouco, não estou bem.

O príncipe apenas continuou fazendo seus exercícios sem falar nada.

O de cabelos alvos se sentou respirou e espirou. De novo e de novo. Buscava seu eu interior, mas este lhe fugia com pensamentos sobre o dia anterior, sobre ter mentido e outras coisinhas menores. O som de Apolo praticando as sílabas começou a irritá-lo também.

– Apolo faça silêncio! - O guerreiro olhou par ele e apenas balançou a cabeça reprovando sua atitude. - Desculpe eu...

– Homens não pedem desculpa! - Rugiu o outro.

Aquilo havia sido a gota d'água. Se queria um motivo para descontar em alguém ia ser esse.

– Qual o seu problema? - Começou a reclamar o mago indo na direção do outro. Este se pôs de pé para poder olhá-lo nos olhos. - Eu venho todos os dias e você não consegue demonstrar um mínimo de educação! - Ele então começou a bater na armadura do outro que apenas ouvia impassível. - Você não faz ideia de o quanto minha tutora me quebrou ontem e o quão dolorido eu estou hoje! Sempre eu tenho que te dizer para não comer como um animal! E você ainda me diz que eu não devo dizer desculpas por que não é “coisa de homem”!

O mago estava furioso, mas o guerreiro apenas o observava com sua expressão de costume. Sempre dura e sem sentimento.

– Você reclama! Você grunhi! Não consegue falar? - Tente agir como gente!

O mago saltou no ar e disparou como o outro nunca havia visto antes.

“Melhor eu ir direto falar com o professor.” pensou Ophiuchus.

A serpente então partiu para a casa de seu mestre. Lá chegando contou a ele o que havia ocorrido.

Schrödinger levantou-se e vestiu uma capa para ir a residência do outro. Lá chegando bateu a porta.

– Vai embora! - Disse uma voz melancólica e irritada.

Ele ignorou e adentrou a porta do mesmo jeito.

– Não vou embora depois de te ouvir assim.

– Eu sou uma pessoa horrível. - disse um jovem com a cabeça afundada na mesa.

– Não é para tanto. - O mais velho pendurou sua capa num cabide próximo. - Vou preparar um chá. Ainda guarda as ervas no mesmo lugar.

– Sim. Segunda prateleira dentro...

– Dentro do pote escrito mel. - Ele riu então. - Você nunca gostou de mel.

O velho Schrödinger voltou minutos depois da cozinha com um bule e duas xícaras. Entregou uma ao outro e o serviu.

– Quer me falar o que aconteceu?

– Não.

– Brigou com seu amigo?

O mais novo olhou para o outro intrigado.

– É tão evidente?

– É sim.

– Ele não se abre! Ele não come direito, não fala e ainda me da bronca quando eu sou educado com ele. - Ele tentava justificar as palavras em sua mente. - Ele é um ogro quando se fala em educação! É pedir muito um bom dia?

O mais velho limpou os óculos em sua roupa. E começou a olhar por eles.

– Ele também me ignora exatamente como o senhor está fazendo. - Disse Táquion com desagrado.

– Não estou te ignorando. - Colocou novamente os óculos. - Estou apenas limpando os óculos para poder vê-lo melhor.

O mais novo corou de vergonha.

– O que ele te disse quando brigou com ele?

– Ele não disse nada, só ficou me olhando com aquela expressão...

– Impassível? - Sugeriu.

– O senhor é bom nisso. - Disse o mais novo impressionado.

O mais velho riu.

– Peça desculpas para ele amanhã. - O mais velho segurou no ombro de Táquion. - Minha neta reclama das mesmas coisas praticamente. - Ele então riu. - Ela me olha e diz “Como ele é preguiçoso!”, “Não consigo me comunicar com ele!”, “Ele não entende!”, “Ele me diz que não quer ser um ferreiro como eu” e outras coisas. - A cada frase falada ele imitava muito mal a voz de sua neta e isso fazia o mais novo rir.

Ele então se levantou e seguiu até a porta.

– Descanse e... - Ele estalou os dedos e uma luz verde correu o corpo de Táquion. - … Isso vai reduzir a dor muscular.

Fechou a porta e partiu pela rua deixando apenas um par de olhos cobalto muito bem escondidos observando o jovem mago.

– Eu faço merda sempre ou só todo dia? - Indagou Táquion. - Melhor eu me desculpar amanhã. Se ele for amanhã.

Mal raiou o dia e o mago já saltou da cama, pediria desculpas e ia levar uma comida gostosa.

Preparou um bule de chá, biscoitos e pedaços de frango assados. Colocou tudo em uma caixinha que praticamente sumiu dentro da bolsa que o mago carregava mesmo ela sendo três vezes menor. Pegou o livro e procurou o lápis e as folhas. Havia esquecido-as quando foi embora. Sentiu um pouco de peso na consciência, mas, mesmo assim, partiu.

O céu cinza indicava que provavelmente choveria de novo. Pensou no guerreiro molhado e novamente sua consciência pesou.

Finalmente pousou e Apolo não estava lá, mas as folhas e o lápis estavam. Haviam algumas pedras para que as folhas não voassem e algumas palavras rabiscadas que o outro tentou escrever.

– Eu sou um idiota. - Concluiu o mago. - Droga! Droga! Droga! Droga! Droga! Droga!

Um barulho chamou sua atenção e ao olhar para algumas árvores perto viu Apolo saindo de trás delas.

Correu até ele enquanto falava.

– Desculpa Apolo, eu não queria estourar ontem, é que eu estava muito estressado e eu fiquei frustrado por causa do seu silêncio. - Quando se aproximou o suficiente. O príncipe apenas apoiou sua mão pesada no ombro do mago.

– Bom dia. Se sente melhor?

O mago olhou para o guerreiro mudo, não tinha certeza do que ouvira.

– Bom dia. Se sente melhor? - Repetiu o outro pausadamente com o intuito de fazer o outro entender.

– Me sinto melhor. - Respondeu o mais magro meio atordoado.

– Fico feliz. - A cada palavra Táquion ficava mais chocado. - Desculpa se te irrito.

– Você me disse que homens não pedem desculpas...

– Tudo bem, você precisa disso.

E pela primeira vez desde que aprendera a voar o mago sentiu o chão faltar.

– Me preocupo com você. - Concluiu o mais robusto.

– Pra compensar quer que eu leia duas histórias?

O príncipe fez que não com a cabeça e explicou.

– Uma. Se não elas acabam.

Realmente Táquion havia sido grosseiro com uma pessoa que queria seu bem.


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Notas finais do capítulo

Acho que a Bósson tem muito a aprender com seu pupilo e com seu avô.

O professor é muito esperto, não é atoa que ele é um dos magos mais importantes.

Espero que tenham gostado.

Comentem para me ajudar a melhorar para vocês. Beijos leoninos.



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