Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso
Notas iniciais do capítulo
Capitulo cheio de gente nova! Sim, vocês vão começar a conhecer a vila dos magos e vão saber um pouco de Marie.
Agradeço aos que estão acompanhando essa história e espero que continuem!
Táquion estava de volta a vila dos magos, podia ver o céu estrelado até onde a vista alcançava.
Estava realmente escuro então projetou um globo de luz para poder ver para onde ia. Chegando em sua casa abriu a porta e entrou sendo surpreendido por uma figura a lhe esperar numa das cadeiras.
– Professor! - O que faz aqui? - Disse Táquion.
– Vim saber de você. Tem chegado muito tarde, sabe que eu me preocupo.
– Sente-se, vou preparar algo para nós. - O rapaz seguiu até a cozinha e com um gesto ascendeu as velas para iluminar o ambiente.
O homem se sentou em uma cadeira próxima a uma mesa. Era um homem com seus sessenta e poucos anos, cabelos brancos e olhos severos, contudo não aparentava ser tão rígido. Era tão magro quanto alto e ostentava um simpático sorriso.
– Por que tem chegado tão tarde Táquion? - Indagou o homem.
– Promete que não conta pra Bósson Professor Schrödinger? - Disse corando. O homem assentiu. - Eu estou tutorando um rapaz.
–Interessante. É alguém da vila? - Indagou curioso o mais velho.
– Não. É um rapaz que eu conheci num de meus passeio. - Táquion veio com um bule e duas xícaras. - Tive um bom pressentimento sobre ele.
– Então esse será nosso segredo. - Disse Schrödinger.
Os dois se serviram e tomaram um gole do chá.
– Se ela soubesse poderia pedir a ajuda dela. Sabe que ela é uma boa tutora, poderia lhe ser muito útil.
– Com todo respeito professor, se ela me proibisse de tutorá-lo eu ficaria muito triste e a lei diz que se a tutora proibir seu aluno de tutorar outrem este deve deixar seu dever. - O jovem fez uma expressão engraçada. - Não quero que isso aconteça.
– E o que tem ensinado a ele?
– Estou ensinando ele a ler e a escrever. - Disso com entusiasmo. - Ele é muito esforçado. - Tirou o livro da capa e colocou na mesa. - Ele também gosta muito quando eu leio. - O mais novo olhou com um triste carinho para o livro.
Schrödinger passou a mão por sua cabeça e disse.
– Marie teria muito orgulho de você. - O professor se levantou e seguiu até a porta. - Cuide bem deste livro e ensine seu pupilo direitinho. Eu vou cobrar. - Ele passou pela porta a faz um sinal. - Boa noite.
– Boa noite professor.
Sommerfeld olhou o livro e pensou “Melhor eu dormir”.
No dia seguinte levantou-se cedo, ferveu água e fez chá. Tentava pensar que história contaria hoje para Apolo.
Organizava as coisas aqui e ali, apesar de simples sua casa era graciosa, sempre tinha flores em um vaso na mesa, panelas polidas na cozinha e tudo em seu devido lugar. Pegou algumas folhas de papel e pôs na mesa, no dia anterior seu aprendiz acabara com a que tinha levado, precisaria de mais para entretê-lo.
Uma batida na porta chamou sua atenção.
– Bom dia pequeno Táquion! - Disse um homem de cabelos negros compridos e ostentava diversos piercings e tatuagens.
– Olá Dr. Fóton. A que devo sua presença essa manha? - Disse com um sorriso.
– Queria saber se tem se alimentado direito. - O homem bocejou longamente e coçou um. Tinha um azul e um amarelo.
– Acho que sim. Entre, o chá vai esfriar. - O dono da casa lhe ofereceu passagem. - Podemos conversar melhor.
Fóton aceitou o convite e entrou.
– Você tem passado muito tempo longe da vila. Não que seja da minha conta. - O homem o mirou. - Mas quero você bem de saúde.
– Tenho procurado me alimentar com frutas e cereais! - Disse o jovem orgulhoso.
– Proteína nada não é? - Disse o com reprovação. - Você sempre teve esse problema.
– Mas doutor...
– Sem mais. Tome. - O homem ofereceu uma pequena trouxa pro rapaz. - Rosalind fez para você.
– Agradeça sua esposa por mim dr. - Disse com um sorriso.
– Bom eu vou indo. - O homem foi passando pela porta. - Nos preocupamos com você, então cuide-se. - Ele olhou a rua e disse. - E Eu sairia pela janela se fosse você. Até depois.
O mago realmente entendeu o conselho do mais velho, e estava realmente fugindo pela janela quando a porta se abriu.
– Aonde o senhor pensa que vai? - Perguntou uma jovem senhora. Não tinha mais que trinta anos. - Pensando em fugir?
– Se eu falar que não você vai acreditar? - Disse ele fechando a janela.
– Não. - Disse ela rindo.
Ele apenas olhou para ela como se dissesse “ Então, né.”. A moça passou a mão por seus cabelos azuis claro e então falou.
– Não tenho te visto treinando. Por que?
– Por que eu não tenho ido ao centro de treinamento. - Respondeu.
– Jura? Eu nem podia imaginar. - Disse fazendo graça. - Táquion, se você não ficar forte nunca será um ferreiro mágico como eu.
– Mas eu não quero ser um ferreiro mágico. Quero ser um estudioso da magia como Marie.
– Não quer não. Você quer ser um ferreiro mágico. - Riu a moça.
Ele revirou os olhos.
– Seu avo disse que eu que devo escolher.
– Perdi. - Disse a moça fazendo um movimento com as mãos. - Se o grande professor Schrödinger diz que você escolhe, você escolhe.
Ela olhou para uma prateleira e deu por falta do livro de Marie, não era para menos, era um livro grande e deixava um espaço razoável na prateleira.
– Onde colocou o livro da minha mãe?
– Eu tirei para ler...
– Está mentindo, mas eu sei que sente falta dela. - A maga se aproximou dele e o abraçou. - Eu também sinto. - Ela foi saindo pela porta. - Bom, me entregue seus deveres até o fim de semana e apareça no centro. Até mais.
“Essa é minha tutora. Nem parece que é tão durona.” pensou o mago.
Terminou de juntar suas coisas e saiu voando céu afora.
Quando já estava longe pousou e se transfigurou na criatura com chifres de cervo e partiu até a campina.
– Bom dia Apolo! - Disse alegremente voltando a sua forma original.
O guerreiro apenas o olhou e bufou irritado.
– Eu vou bem obrigado. - Falou provocativamente. - Demorei por que minha tutora foi me ver essa manhã. É um milagre eu estar inteiro.
O guerreiro apenas o olhou com impaciência.
– Já entendi. - O mago volitou até próximo dele e abriu o livro. - Não seria ruim se você fosse mais educado comigo as vezes, é quase como falar com uma pedra. Uma pedra agressiva.
Apolo achegou-se a ele.
– Deixa eu ver. - Ele folheou um pouco. - O pássaro dourado.
Como fazia todos os dias teve o olhar atento de seu aluno que se esquecia de tudo com as histórias, parecia até uma criança, e aquilo agradava o mago.
A manhã passava rápida como se corresse nas costas da raposa dita na história até que essa também se findou.
– Nossa! - Disse Apolo.
– Gostou?
O guerreiro fez que sim com a cabeça.
– Fico feliz. - Sorriu o mago. - Vamos praticar?
Novamente o bronco assentiu.
– Nós já conhecemos as letras, vamos tentar as sílabas. - Táquion pegou uma das folhas e escreveu com sua caligrafia bonita. - “P” mais “O” se diz “po”. Repita comigo.
– Po. - Disse o príncipe.
– Muito bom! “L” mais “O” se diz “lo”.
– Lo.
– Isso e se eu escrever assim?
Sommerfeld então escreveu no papel e pediu que o outro lesse.
– A-po-lo. Apolo. - Ele então olhou para o mago. - É o meu nome.
O mago sorriu para ele com orgulho.
– Sim, é o seu nome.
O outro se voltou para o papel e repetiu seu nome lendo a escrita. Parecia que havia descoberto algo fantástico, talvez fosse, ele aprendera a escrever seu nome. Pegou o lápis e tentou escrever com sua caligrafia torta. Mostrou então para o mago.
– Muito bom! - Incentivou. - Está melhorando.
O outro só o ignorou e continuou.
– Vamos fazer mais algumas sílabas.
Pacientemente o mago mostrou mais algumas sílabas simples e mostrou para o príncipe que se ele juntasse elas eu conseguia formar palavras. Apesar de não demonstrar Apolo estava muito interessado naquilo, era perceptível quando ele começava a escrever com sua letra feia, tinha muito afinco.
Um trovão ao longe chamou a atenção de Táquion.
– Acho que vai chover. - Disse olhando para o céu. - Se começar a chover vai ser ruim.
O guerreiro apenas revirou os olhos ao ouvir aquilo. Como poderia ser um problema? Era só água.
Os minutos se passavam e a cada palavra nova descoberta Apolo se impressionava e o mago achava graça. Já era quase meio dia quando Sommerfeld tirou uma pequena trouxa da capa.
– Quer comer? A Sra. Rosalind sempre me faz muita comida. - O mago torceu a face. - E ela cozinha melhor que eu. Não dá para competir.
Apolo estranhou a pequena trouxa, não era muito maior que seu punho, como aquilo poderia ter comida para dois.
Táquion colocou o pano na grama e abriu revelando peixe assado, arroz, batatas douradas, torta de limão e uma jarra de suco.
– Como eu disse, muita comida. - O mais franzino franziu as sobrancelhas pensativo. - Acho que eles querem me engordar como em João e Maria.
– João e Maria... - Disse o príncipe.
– É, João e Maria, sabe? Casa de doces, bruxa má, etc. - Vendo que o guerreiro não estava entendendo nada lembrou-se que ainda não havia contado essa história. - Desculpe, depois te conto essa história. Vamos comer?
O guerreiro se aproximou e pegou u pouco de batata e colocou na boca.
– Coma com calma. A comida não vai fugir. Veja. - Táquion colocou um pedaço de batata na boca e mastigou. - Viu, devagar, apreciando o sabor e de boca fechada.
Os dois comeram com Apolo sempre ouvindo as broncas do mago.
Após o almoço mais prática e com mais sílabas. Começava a pingar e o mago fez um movimento com as mãos criando uma curvatura invisível por onde a água escorria lenta e preguiçosa.
– Fico triste quando chove. - Comentou o mago. - Marie ia até minha casa e me fazia bolinhos em dias assim.
Pela primeira vez o guerreiro parou o que estava fazendo.
– Que é Marie?
Sem perceber Táquion começou a falar, olhava a chuva distraidamente.
– Ela ajudava a cuidar de mim. Sempre lia essas histórias. - Pegou o livro e passou a mão com carinho. - Marie sempre lia para eu dormir...
– O que houve?
– Ela faleceu. Teve um acidente e ela não resistiu. - Táquion começou a cantar uma música doce.
O outro revirou os olhos e voltou a escrever.
– O sorriso dela iluminava o mundo... - Suspirou.
A cantoria não incomodava tanto Apolo, mas também não agradava. Lembrava um pouco de sua mãe. Pensou que talvez o mago fosse mulher, justificaria seu jeito.
Conforme a tarde caiu a chuva continuava forte e Táquion achou melhor encerrarem por hoje.
– Apolo, amanhã não virei. - O outro o olhou atento e descontente. - Minha tutora quer que eu vá treinar e eu preciso apresentar a ela meus estudos. É quase como quando você me mostra o que escreveu.
O outro deu os ombros.
– Prometo que compenso. - A chuva estava forte. - Melhor eu te acompanhar para você não se molhar, e está relampejando muito.
O guerreiro revirou os olhos e saiu da cobertura deixando a chuva cair sobre seu corpo. Olhou para cima fazendo com que as gotas contornassem o seu rosto e reclamou de forma inaudível. O mago flutuou até ele e criou um curva no ar.
– Não faça isso! Vai ficar doente. - O mago flutuava a seu lado. - Para de ser tão duro! - O Outro apenas continuou andando. - Você podia fingir que presta a atenção quando eu falo com você.
O mago acompanhou o guerreiro até próximo do palácio onde se despediu e recomendou que ele se aquecesse.
Partiu então para a sua casa.
No palácio ninguém estranhou o fato de o príncipe estar encharcado, não era a primeira vez que ele tomava chuva.
Seguiu para a biblioteca deixando um rastro de água e lama por onde passava. Estava começando a entender a palavra escrita. Olhava alombada dos livros e reconhecia algumas sílabas e palavras aqui e ali. Estendeu a mão para pegar um livro mas logo a recolheu. Sentiria vergonha se alguém o visse lendo.
Seguiu então para o seu quarto e lá se trancou. Tirou sua armadura e jogou a um canto junto com suas armas. Tirou a roupa que o mago trouxera para ele e atirou em outro canto qualquer. Pegou um pano e se secou. Pensou em fazer alguma coisa mas se lembrou do que o mago disse sobre se aquecer e então deitou-se e ficou nas cobertas.
Táquion estava chegando em casa quando viu a luz de sua casa acesa. Entrou encontrando um gato.
– Olá Gama. O que está fazendo aqui?
– O professor pediu que eu viesse ver se estava bem, está chovendo muito. - O gato se esticou e bocejou. - Ele pediu que eu ficasse de olho em você.
– Diga que ele não precisa se preocupar.
O gato se aproximou e se esfregou nas pernas do mago.
– Não seja assim. Ele não me disse o por que, você dirá?
– Nossa, como você é um familiar solicito. - Disse com desdem.
– Assim você fere meus sentimentos. - Respondeu o gato com tom de brincadeira. - Suba e se troque, vou preparar algo para você comer.
– Obrigado Gama. - Disse passando a mão no dorso do animal. - Não precisa fazer nada, só diga para que ele não se preocupe.
– Está bem. - O gato saiu da casa e correu aos pulinhos pela chuva.
“Espero ter um familiar útil como este um dia.” Pensou o mago.
O mago pegou um livro na prateleira e começou a lê-lo preguiçosamente. Apesar de seu corpo estar lá só conseguia pensar se Apolo estava bem afinal mesmo que ele fosse forte devia ficar doente.
Os minutos passavam e ele não conseguia se concentrar em nada. Fechou o livro e colocou na prateleira.
– Amanhã eu faço isso. - Disse para si.
Subiu as escadas e se deitou passando a observar a chuva que batia em sua janela. Aos poucos foi sendo levado por aquele som até que adormeceu.
Nova manhã, novo dia.
Foi até sua dispensa e pensou que seria melhor comprar algumas coisas pois já estava quase sem nada.
Trocou-se e saiu pela pequena vila. O ar estava gelado e as ruas molhadas do outro dia ainda.
– Você levanta cedo. - Disse um gato preguiçoso em um muro. O gato bocejou longamente tendo a atenção do mago. - Fez os seus deveres?
– Fiz sim. - O mago pegou o gato no colo. - Vamos comigo até a mercearia, estou com pouca comida em casa.
– Tudo bem. - Disse o gato se aconchegando.
– O professor está em casa?
– Está sim, por que?
– Quero falar com ele.
Os dois seguiram até a mercearia a algumas quadras da casa de Táquion. Ele então pegou diversos itens como vegetais e manteiga. Pagou a uma mulher gordinha e simpática no balcão e saiu com o gato em seu encalço.
Seguiu até uma casa um pouco maior que a sua e bateu à porta sendo convidado a entrar.
– Bom dia Prof. Schrödinger.
– Bom dia Táquion, o que o traz aqui? - Disse com curiosidade.
O jovem apontou para o gato.
– Ah sim! Pedi que ele ficasse de olho em você.
– Peço que retire esse pedido. - Suspirou. - Estou bem, sei me cuidar e não precisa se preocupar.
– Táquion, já te contei como você chegou aqui?
– Uma centena de vezes professor. - Disse com um sorriso.
– Sério?! - O homem passou a mão por sua barba. - Bom, está bem. - O homem olhou para Gama. - Está dispensado por hora. Desinvoco-o.
– Até outra hora professor. - O gato olhou para o mais novo. - Se cuida guri. - E então desapareceu com um pequeno estalo.
– Obrigado. Me sinto melhor assim. - Táquion passou a mão em seus cabelos. - Queria alguns conselhos do senhor sobre... Você sabe.
O velho riu alto, pensava que seria a pior pessoa o possível para dar este tipo de informação.
– Certeza? - Nunca fui bom em tutorar.
– Bom, um conselho ruim é melhor que conselho nenhum. - O jovem respirou fundo e continuou. - Como eu lido com alguém que pouco fala?
O outro pensou um pouco e passou novamente a mão em sua barba.
– Tente arrancar palavras dele com calma, uma hora ele vai falar.
O mais novo pensou um pouco e então agradeceu e se despediu.
O velho então passou a mão na superfície da mesa e disse.
– Ordeno que apareça diante de mim. Ophiuchus.
Uma serpense negra com olhos cobalto se materializou perante o mago.
– Tenho preocupações. - Disse o homem. - Quero que fique de olho em Táquion e se algo acontecer, proteja-o. Você não deve ser vista nem ouvida.
A serpente assentiu e saiu pela porta tornando-se cristalina e desaparecendo no meio do ambiente.
– Me perdoe Táquion, mas você é minha responsabilidade.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Humm, por que será que Táquion é responsabilidade de Schrödinger?
O que sua Tutora fará?
Apolo aprenderá a ler?
Acompanhe o próximo capitulo.
Deixe o seu comentário, não sou mágico e não sei o que está bom e ruim na história. Grato!
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