Meio Príncipe escrita por OMajestosoLeãodeBolso


Capítulo 4
Professor Schrödinger


Notas iniciais do capítulo

Capitulo cheio de gente nova! Sim, vocês vão começar a conhecer a vila dos magos e vão saber um pouco de Marie.
Agradeço aos que estão acompanhando essa história e espero que continuem!



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Táquion estava de volta a vila dos magos, podia ver o céu estrelado até onde a vista alcançava.

Estava realmente escuro então projetou um globo de luz para poder ver para onde ia. Chegando em sua casa abriu a porta e entrou sendo surpreendido por uma figura a lhe esperar numa das cadeiras.

– Professor! - O que faz aqui? - Disse Táquion.

– Vim saber de você. Tem chegado muito tarde, sabe que eu me preocupo.

– Sente-se, vou preparar algo para nós. - O rapaz seguiu até a cozinha e com um gesto ascendeu as velas para iluminar o ambiente.

O homem se sentou em uma cadeira próxima a uma mesa. Era um homem com seus sessenta e poucos anos, cabelos brancos e olhos severos, contudo não aparentava ser tão rígido. Era tão magro quanto alto e ostentava um simpático sorriso.

– Por que tem chegado tão tarde Táquion? - Indagou o homem.

– Promete que não conta pra Bósson Professor Schrödinger? - Disse corando. O homem assentiu. - Eu estou tutorando um rapaz.

–Interessante. É alguém da vila? - Indagou curioso o mais velho.

– Não. É um rapaz que eu conheci num de meus passeio. - Táquion veio com um bule e duas xícaras. - Tive um bom pressentimento sobre ele.

– Então esse será nosso segredo. - Disse Schrödinger.

Os dois se serviram e tomaram um gole do chá.

– Se ela soubesse poderia pedir a ajuda dela. Sabe que ela é uma boa tutora, poderia lhe ser muito útil.

– Com todo respeito professor, se ela me proibisse de tutorá-lo eu ficaria muito triste e a lei diz que se a tutora proibir seu aluno de tutorar outrem este deve deixar seu dever. - O jovem fez uma expressão engraçada. - Não quero que isso aconteça.

– E o que tem ensinado a ele?

– Estou ensinando ele a ler e a escrever. - Disso com entusiasmo. - Ele é muito esforçado. - Tirou o livro da capa e colocou na mesa. - Ele também gosta muito quando eu leio. - O mais novo olhou com um triste carinho para o livro.

Schrödinger passou a mão por sua cabeça e disse.

– Marie teria muito orgulho de você. - O professor se levantou e seguiu até a porta. - Cuide bem deste livro e ensine seu pupilo direitinho. Eu vou cobrar. - Ele passou pela porta a faz um sinal. - Boa noite.

– Boa noite professor.

Sommerfeld olhou o livro e pensou “Melhor eu dormir”.

No dia seguinte levantou-se cedo, ferveu água e fez chá. Tentava pensar que história contaria hoje para Apolo.

Organizava as coisas aqui e ali, apesar de simples sua casa era graciosa, sempre tinha flores em um vaso na mesa, panelas polidas na cozinha e tudo em seu devido lugar. Pegou algumas folhas de papel e pôs na mesa, no dia anterior seu aprendiz acabara com a que tinha levado, precisaria de mais para entretê-lo.

Uma batida na porta chamou sua atenção.

– Bom dia pequeno Táquion! - Disse um homem de cabelos negros compridos e ostentava diversos piercings e tatuagens.

– Olá Dr. Fóton. A que devo sua presença essa manha? - Disse com um sorriso.

– Queria saber se tem se alimentado direito. - O homem bocejou longamente e coçou um. Tinha um azul e um amarelo.

– Acho que sim. Entre, o chá vai esfriar. - O dono da casa lhe ofereceu passagem. - Podemos conversar melhor.

Fóton aceitou o convite e entrou.

– Você tem passado muito tempo longe da vila. Não que seja da minha conta. - O homem o mirou. - Mas quero você bem de saúde.

– Tenho procurado me alimentar com frutas e cereais! - Disse o jovem orgulhoso.

– Proteína nada não é? - Disse o com reprovação. - Você sempre teve esse problema.

– Mas doutor...

– Sem mais. Tome. - O homem ofereceu uma pequena trouxa pro rapaz. - Rosalind fez para você.

– Agradeça sua esposa por mim dr. - Disse com um sorriso.

– Bom eu vou indo. - O homem foi passando pela porta. - Nos preocupamos com você, então cuide-se. - Ele olhou a rua e disse. - E Eu sairia pela janela se fosse você. Até depois.

O mago realmente entendeu o conselho do mais velho, e estava realmente fugindo pela janela quando a porta se abriu.

– Aonde o senhor pensa que vai? - Perguntou uma jovem senhora. Não tinha mais que trinta anos. - Pensando em fugir?

– Se eu falar que não você vai acreditar? - Disse ele fechando a janela.

– Não. - Disse ela rindo.

Ele apenas olhou para ela como se dissesse “ Então, né.”. A moça passou a mão por seus cabelos azuis claro e então falou.

– Não tenho te visto treinando. Por que?

– Por que eu não tenho ido ao centro de treinamento. - Respondeu.

– Jura? Eu nem podia imaginar. - Disse fazendo graça. - Táquion, se você não ficar forte nunca será um ferreiro mágico como eu.

– Mas eu não quero ser um ferreiro mágico. Quero ser um estudioso da magia como Marie.

– Não quer não. Você quer ser um ferreiro mágico. - Riu a moça.

Ele revirou os olhos.

– Seu avo disse que eu que devo escolher.

– Perdi. - Disse a moça fazendo um movimento com as mãos. - Se o grande professor Schrödinger diz que você escolhe, você escolhe.

Ela olhou para uma prateleira e deu por falta do livro de Marie, não era para menos, era um livro grande e deixava um espaço razoável na prateleira.

– Onde colocou o livro da minha mãe?

– Eu tirei para ler...

– Está mentindo, mas eu sei que sente falta dela. - A maga se aproximou dele e o abraçou. - Eu também sinto. - Ela foi saindo pela porta. - Bom, me entregue seus deveres até o fim de semana e apareça no centro. Até mais.

“Essa é minha tutora. Nem parece que é tão durona.” pensou o mago.

Terminou de juntar suas coisas e saiu voando céu afora.

Quando já estava longe pousou e se transfigurou na criatura com chifres de cervo e partiu até a campina.

– Bom dia Apolo! - Disse alegremente voltando a sua forma original.

O guerreiro apenas o olhou e bufou irritado.

– Eu vou bem obrigado. - Falou provocativamente. - Demorei por que minha tutora foi me ver essa manhã. É um milagre eu estar inteiro.

O guerreiro apenas o olhou com impaciência.

– Já entendi. - O mago volitou até próximo dele e abriu o livro. - Não seria ruim se você fosse mais educado comigo as vezes, é quase como falar com uma pedra. Uma pedra agressiva.

Apolo achegou-se a ele.

– Deixa eu ver. - Ele folheou um pouco. - O pássaro dourado.

Como fazia todos os dias teve o olhar atento de seu aluno que se esquecia de tudo com as histórias, parecia até uma criança, e aquilo agradava o mago.

A manhã passava rápida como se corresse nas costas da raposa dita na história até que essa também se findou.

– Nossa! - Disse Apolo.

– Gostou?

O guerreiro fez que sim com a cabeça.

– Fico feliz. - Sorriu o mago. - Vamos praticar?

Novamente o bronco assentiu.

– Nós já conhecemos as letras, vamos tentar as sílabas. - Táquion pegou uma das folhas e escreveu com sua caligrafia bonita. - “P” mais “O” se diz “po”. Repita comigo.

– Po. - Disse o príncipe.

– Muito bom! “L” mais “O” se diz “lo”.

– Lo.

– Isso e se eu escrever assim?

Sommerfeld então escreveu no papel e pediu que o outro lesse.

– A-po-lo. Apolo. - Ele então olhou para o mago. - É o meu nome.

O mago sorriu para ele com orgulho.

– Sim, é o seu nome.

O outro se voltou para o papel e repetiu seu nome lendo a escrita. Parecia que havia descoberto algo fantástico, talvez fosse, ele aprendera a escrever seu nome. Pegou o lápis e tentou escrever com sua caligrafia torta. Mostrou então para o mago.

– Muito bom! - Incentivou. - Está melhorando.

O outro só o ignorou e continuou.

– Vamos fazer mais algumas sílabas.

Pacientemente o mago mostrou mais algumas sílabas simples e mostrou para o príncipe que se ele juntasse elas eu conseguia formar palavras. Apesar de não demonstrar Apolo estava muito interessado naquilo, era perceptível quando ele começava a escrever com sua letra feia, tinha muito afinco.

Um trovão ao longe chamou a atenção de Táquion.

– Acho que vai chover. - Disse olhando para o céu. - Se começar a chover vai ser ruim.

O guerreiro apenas revirou os olhos ao ouvir aquilo. Como poderia ser um problema? Era só água.

Os minutos se passavam e a cada palavra nova descoberta Apolo se impressionava e o mago achava graça. Já era quase meio dia quando Sommerfeld tirou uma pequena trouxa da capa.

– Quer comer? A Sra. Rosalind sempre me faz muita comida. - O mago torceu a face. - E ela cozinha melhor que eu. Não dá para competir.

Apolo estranhou a pequena trouxa, não era muito maior que seu punho, como aquilo poderia ter comida para dois.

Táquion colocou o pano na grama e abriu revelando peixe assado, arroz, batatas douradas, torta de limão e uma jarra de suco.

– Como eu disse, muita comida. - O mais franzino franziu as sobrancelhas pensativo. - Acho que eles querem me engordar como em João e Maria.

– João e Maria... - Disse o príncipe.

– É, João e Maria, sabe? Casa de doces, bruxa má, etc. - Vendo que o guerreiro não estava entendendo nada lembrou-se que ainda não havia contado essa história. - Desculpe, depois te conto essa história. Vamos comer?

O guerreiro se aproximou e pegou u pouco de batata e colocou na boca.

– Coma com calma. A comida não vai fugir. Veja. - Táquion colocou um pedaço de batata na boca e mastigou. - Viu, devagar, apreciando o sabor e de boca fechada.

Os dois comeram com Apolo sempre ouvindo as broncas do mago.

Após o almoço mais prática e com mais sílabas. Começava a pingar e o mago fez um movimento com as mãos criando uma curvatura invisível por onde a água escorria lenta e preguiçosa.

– Fico triste quando chove. - Comentou o mago. - Marie ia até minha casa e me fazia bolinhos em dias assim.

Pela primeira vez o guerreiro parou o que estava fazendo.

– Que é Marie?

Sem perceber Táquion começou a falar, olhava a chuva distraidamente.

– Ela ajudava a cuidar de mim. Sempre lia essas histórias. - Pegou o livro e passou a mão com carinho. - Marie sempre lia para eu dormir...

– O que houve?

– Ela faleceu. Teve um acidente e ela não resistiu. - Táquion começou a cantar uma música doce.

O outro revirou os olhos e voltou a escrever.

– O sorriso dela iluminava o mundo... - Suspirou.

A cantoria não incomodava tanto Apolo, mas também não agradava. Lembrava um pouco de sua mãe. Pensou que talvez o mago fosse mulher, justificaria seu jeito.

Conforme a tarde caiu a chuva continuava forte e Táquion achou melhor encerrarem por hoje.

– Apolo, amanhã não virei. - O outro o olhou atento e descontente. - Minha tutora quer que eu vá treinar e eu preciso apresentar a ela meus estudos. É quase como quando você me mostra o que escreveu.

O outro deu os ombros.

– Prometo que compenso. - A chuva estava forte. - Melhor eu te acompanhar para você não se molhar, e está relampejando muito.

O guerreiro revirou os olhos e saiu da cobertura deixando a chuva cair sobre seu corpo. Olhou para cima fazendo com que as gotas contornassem o seu rosto e reclamou de forma inaudível. O mago flutuou até ele e criou um curva no ar.

– Não faça isso! Vai ficar doente. - O mago flutuava a seu lado. - Para de ser tão duro! - O Outro apenas continuou andando. - Você podia fingir que presta a atenção quando eu falo com você.

O mago acompanhou o guerreiro até próximo do palácio onde se despediu e recomendou que ele se aquecesse.

Partiu então para a sua casa.

No palácio ninguém estranhou o fato de o príncipe estar encharcado, não era a primeira vez que ele tomava chuva.

Seguiu para a biblioteca deixando um rastro de água e lama por onde passava. Estava começando a entender a palavra escrita. Olhava alombada dos livros e reconhecia algumas sílabas e palavras aqui e ali. Estendeu a mão para pegar um livro mas logo a recolheu. Sentiria vergonha se alguém o visse lendo.

Seguiu então para o seu quarto e lá se trancou. Tirou sua armadura e jogou a um canto junto com suas armas. Tirou a roupa que o mago trouxera para ele e atirou em outro canto qualquer. Pegou um pano e se secou. Pensou em fazer alguma coisa mas se lembrou do que o mago disse sobre se aquecer e então deitou-se e ficou nas cobertas.

Táquion estava chegando em casa quando viu a luz de sua casa acesa. Entrou encontrando um gato.

– Olá Gama. O que está fazendo aqui?

– O professor pediu que eu viesse ver se estava bem, está chovendo muito. - O gato se esticou e bocejou. - Ele pediu que eu ficasse de olho em você.

– Diga que ele não precisa se preocupar.

O gato se aproximou e se esfregou nas pernas do mago.

– Não seja assim. Ele não me disse o por que, você dirá?

– Nossa, como você é um familiar solicito. - Disse com desdem.

– Assim você fere meus sentimentos. - Respondeu o gato com tom de brincadeira. - Suba e se troque, vou preparar algo para você comer.

– Obrigado Gama. - Disse passando a mão no dorso do animal. - Não precisa fazer nada, só diga para que ele não se preocupe.

– Está bem. - O gato saiu da casa e correu aos pulinhos pela chuva.

“Espero ter um familiar útil como este um dia.” Pensou o mago.

O mago pegou um livro na prateleira e começou a lê-lo preguiçosamente. Apesar de seu corpo estar lá só conseguia pensar se Apolo estava bem afinal mesmo que ele fosse forte devia ficar doente.

Os minutos passavam e ele não conseguia se concentrar em nada. Fechou o livro e colocou na prateleira.

– Amanhã eu faço isso. - Disse para si.

Subiu as escadas e se deitou passando a observar a chuva que batia em sua janela. Aos poucos foi sendo levado por aquele som até que adormeceu.

Nova manhã, novo dia.

Foi até sua dispensa e pensou que seria melhor comprar algumas coisas pois já estava quase sem nada.

Trocou-se e saiu pela pequena vila. O ar estava gelado e as ruas molhadas do outro dia ainda.

– Você levanta cedo. - Disse um gato preguiçoso em um muro. O gato bocejou longamente tendo a atenção do mago. - Fez os seus deveres?

– Fiz sim. - O mago pegou o gato no colo. - Vamos comigo até a mercearia, estou com pouca comida em casa.

– Tudo bem. - Disse o gato se aconchegando.

– O professor está em casa?

– Está sim, por que?

– Quero falar com ele.

Os dois seguiram até a mercearia a algumas quadras da casa de Táquion. Ele então pegou diversos itens como vegetais e manteiga. Pagou a uma mulher gordinha e simpática no balcão e saiu com o gato em seu encalço.

Seguiu até uma casa um pouco maior que a sua e bateu à porta sendo convidado a entrar.

– Bom dia Prof. Schrödinger.

– Bom dia Táquion, o que o traz aqui? - Disse com curiosidade.

O jovem apontou para o gato.

– Ah sim! Pedi que ele ficasse de olho em você.

– Peço que retire esse pedido. - Suspirou. - Estou bem, sei me cuidar e não precisa se preocupar.

– Táquion, já te contei como você chegou aqui?

– Uma centena de vezes professor. - Disse com um sorriso.

– Sério?! - O homem passou a mão por sua barba. - Bom, está bem. - O homem olhou para Gama. - Está dispensado por hora. Desinvoco-o.

– Até outra hora professor. - O gato olhou para o mais novo. - Se cuida guri. - E então desapareceu com um pequeno estalo.

– Obrigado. Me sinto melhor assim. - Táquion passou a mão em seus cabelos. - Queria alguns conselhos do senhor sobre... Você sabe.

O velho riu alto, pensava que seria a pior pessoa o possível para dar este tipo de informação.

– Certeza? - Nunca fui bom em tutorar.

– Bom, um conselho ruim é melhor que conselho nenhum. - O jovem respirou fundo e continuou. - Como eu lido com alguém que pouco fala?

O outro pensou um pouco e passou novamente a mão em sua barba.

– Tente arrancar palavras dele com calma, uma hora ele vai falar.

O mais novo pensou um pouco e então agradeceu e se despediu.

O velho então passou a mão na superfície da mesa e disse.

– Ordeno que apareça diante de mim. Ophiuchus.

Uma serpense negra com olhos cobalto se materializou perante o mago.

– Tenho preocupações. - Disse o homem. - Quero que fique de olho em Táquion e se algo acontecer, proteja-o. Você não deve ser vista nem ouvida.

A serpente assentiu e saiu pela porta tornando-se cristalina e desaparecendo no meio do ambiente.

– Me perdoe Táquion, mas você é minha responsabilidade.


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Notas finais do capítulo

Humm, por que será que Táquion é responsabilidade de Schrödinger?
O que sua Tutora fará?
Apolo aprenderá a ler?

Acompanhe o próximo capitulo.

Deixe o seu comentário, não sou mágico e não sei o que está bom e ruim na história. Grato!
=3



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