Survival Instinct escrita por Anieper


Capítulo 75
Capítulo 75




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Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado

Clarice Lispector

Ally estava na lavanderia com Lori e Sofia. Desde que Noah tinha ido embora elas ficaram responsável pelas roupas. Ally usava esse tempo para contar mais para Lori como tinha sido a vida de Carl nesses últimos meses. Sabia que apesar de tudo, ela se importava com o filho e por mais que ela odiasse Lori, ela tinha o direito de saber que Carl ainda sentia falta dela e que a amava. Apesar de tudo o que tinha acontecido com eles. Ele ainda era um garotinho confuso. Lori escutava tudo com atenção e sempre fazia algumas perguntas para Ally que respondia calmamente.

– Não acredito que perdi tudo isso da vida dele. – Lori disse quando Ally terminou de contar. – Nem vou me surpreender se ele passar a me chamar de Lori e te chamar de mãe. Você tinha razão quando disse que tinha sido mais mãe dele do que eu. Você foi. Se meu filho está vivo hoje, é por sua causa. Mesmo depois de tudo que tinha passado doou sangue para ele, cuidou dele, mesmo quando ele a negou, esteve com ele. Se preocupou com ele e o protegeu.

– Carl é meu filho, Lori. – Ally disse torcendo uma calça de um dos pacientes. – Pode não ter meu sangue, pode não ter saído de mim, mas desde que o conheci, tive uma ligação especial com ele. O amo do mesmo modo que amo Judith e esse bebê. Eu morreria por ele sem pensar. Pularia na frente do que fosse para que ele pudesse ter uma vida feliz e longa. Não me importa quantas vezes ele me diga que não sou a mãe dele. Eu sou.

– Eu sei. E agradeço você por isso. Carl sempre foi meio fechado, mas depois do divórcio... Eu nunca conseguia chegar perto dele. Nunca conseguia fazer com que ele falasse o que estava sentindo para mim. Depois Rick levou aquele tiro... Nunca na minha vida vi meu filho tão quebrado. Tão vulnerável.

– Você teve sorte, Lori. Não viu por tudo que Carl passou. Eu vi como ele estava enquanto pensava que Rick estava morto e pode acreditar, não foi nada parecido com o que aconteceu depois. Aquela não foi a pior coisa que ele já passou. – Ally jogou a calça ai seu lado enquanto olhava para a frente, se lembrando as mudanças do filho. – Cada lugar que perdíamos, cada pessoa que morria... A cada golpe novo, vi as mudanças em Carl. Vi como aquilo o afetava. Ele passou a ser um dos melhores atiradores do grupo. Sabe usar qualquer arma que coloque na mão dele. O chamo de bebê apenas para me lembra, que um dia, ele foi um menino inocente que eu protegia com meu corpo toda vez que via algo que poderia feri-lo.

– Eu sempre soube que você seria uma mãe melhor do que eu fui. – Lori disse balançando a cabeça rindo. – Eu fiquei com tantos ciúmes de você.

– Principalmente quando comecei a namorar com Rick. – Ally disse vendo o armazém ao longe.

– É. No momento em que disse sim para Shane no dia do casamento, descobri que ainda amava Rick. Mas não importava, não tinha mais volta. Rick não queria me ver nem pintada de ouro e Carl me odiava.

– Carl nunca te odiou, Lori. Carl era e ainda é, apenas um garotinho assustado e confuso. Ele não sabia o que estava acontecendo. De uma hora para outra a vida dele deu uma reviravolta. Um dia era ele, você e Rick. No outro, era ele, você e Shane. Pelo que Rick e ele me falaram, eles sempre foram muito ligados e não poder morar com o pai, o feriu. Ver outro no lugar do pai, o feriu. Ele sempre teve Shane como um segundo pai, mas vê-lo com você... Saber que a vida dele nunca mais seria como era antes o machucou de um modo que você nunca conseguiu ver.

– Mas você viu.

– Sim. Sempre soube ver o quão machucado uma pessoa está. Acho que isso que me fez me aproximar de Daryl. Sempre conseguir ver por de trás de toda a sua marra. Sabia que ele era mais do que um groso, que mandava tudo e a todos para o inferno. No fim, ele também é apenas um garotinho assustado e confuso.

– Como você pode me salvar depois de tudo o que fiz? Depois de ter machucado duas das pessoas mais importante da sua vida?

– A muito tempo li uma coisa que sempre ficou em minha cabeça: O amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor. O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor. – Ally disse tirando o cabelo do rosto. – Eu não posso te jugar pelos seus pecados, quando tenho os meus. Mas posso te perdoar pelos seus erros. O mundo já está uma merda para continuamos cultivando ódio, Lori.

– Obrigada. – ela disse sorrindo.

Ally apenas concordou com a cabeça e pegou mais roupas. Elas passaram algumas horas até terem terminado. Ally e Sofia foram para o quarto e tomaram um banho para irem jantar. Assim que chegaram no refeitório viram Beth e Patrícia conversando animadas. Elas foram até lá e se sentaram ao lado delas. Eles conversaram animadas enquanto comiam. Ally estava comendo o que comia normalmente, nem mais nem menos e isso a fazia acreditar que se ficasse cem vezes gravida, as cem vezes não conseguiria comer direito. Afinal, era para ela comer o dobro daquilo. Ela colocou mais um pouco de comida na boca e fez uma careta, aquilo estava horrível.

– Você está bem? – Sofia perguntou olhando para ela confusa.

– Sim. Apenas isso que está com um gosto ruim.

– Ally, está normal.

– Sabe que não como bem quando estou gravida. – ela disse para Sofia. – Deus, pensei que nessa gravidez seria diferente.

– Eu sinto falta do Carl te olhando como se a qualquer momento você fosse espirrar e o bebê fosse sair voando. – Sofia disse fazendo Ally ri. – Uma vez ele me contou que realmente tinha medo disso acontecer.

– Ele me contou que vocês estão namorando.

– Estávamos antes de tudo isso acontecer. Mas vai que ele encontrou outra pessoa e agora está feliz com ela.

– Não acredito nisso. Meu filho nunca faria isso. Ele realmente gostava de você. A risco a dizer que ele te ama. Você conhece Carl, ele nunca deixaria de gosta de você de uma hora para outra. Ele me disse que estava pensando em falar com Daryl quando a prisão foi atacada e isso vindo de um adolescente quer dizer muita coisa. Acredite.

– Você não tem medo de Rick encontra alguém? De quando vocês se encontrarem ele está com outra?

– Ás vezes penso nisso, mas o que eu posso fazer quanto a isso? Estou aqui e ele lá. – Ally deu de ombros. – Eu tento pensar que ele está me esperando e me procurando. Isso é o que me faz seguir em frente e se ele tiver outra eu tenho meus filhos.

– E eu tenho meus pais. – Sofia disse olhando para baixo. – Eu tenho medo de quando encontrar ele e contar o que aconteceu com Shane ele tenha nojo de mim. Eu mesma sinto nojo de mim.

– Sofia, aquilo não foi sua culpa. Mas te aconselho que conte para ele. Carl gosta de você e vocês são adolescendo com hormônios a flor da pele, uma hora ou outra as coisas vão esquentar e você pode se lembra o que aconteceu e acabar se afastando dele e o deixando confuso. Se Carl foi o garoto que penso que ele é. Ele ficará ao seu lado e te dará todo o apoio que você precisa, não precisa ter medo disso.

– Você vai está comigo quando eu contar? Sei que meus pais também devem saber sobre isso. Papai nunca me perdoaria se eu não contasse isso para ele.

– Eu vou estar lá segurando sua mão a todo momento. – Ally sorriu para ela. – Não precisa se preocupar com nada disso agora, sim, princesa?

– Certo. – Sofia sorriu e voltou sua atenção para a comida a sua frente.

– É incrível como você nasceu para ser mãe. – Patrícia disse olhando para ela. – Não posso imaginar ninguém que conseguiria aclamar alguém com poucas palavras como você.

– Sempre soube fazer isso e depois de tomar a frente sempre que alguém morria, aprendi a ser forte, a saber o que falar. Sempre tenho mil e umas frases prontas na cabeça. – Ally afastou o prato dela. A comida há estava enjoando. – Rick disse que isso se deve ao fato de sempre está lendo.

– Você tem que ver seus olhos quando você falar dele do Carl ou da Judith. Eles parecem duas estrelas de tão brilhantes que ficam. – Patrícia disse. – Você os ama de um modo tão incondicional.

– Eles são minha razão de seguir em frente.

– Mal posso esperar para conhecer eles. – ela disse sorrindo.

Ally esperou elas comerem para que pudessem ir juntas para o quarto. Quando chegaram lá se arrumaram para ir dormi. Ally notou que Lori não estava em lugar nenhum. Felipe estava deitado em seu colchão no chão e dormia. Dando de ombros, ela foi para a cama e dormiu.

Ally não sabia que horas era, apenas que acordou morrendo de cede. Ela olhou para o lado e viu que seu copo estava vazio. Xingando baixinho, ela se levantou e foi em direção a porta o mais silenciosamente que pode. Ela sempre deixava água no quarto, não sabia por que justo hoje tinha esquecido. Ela bocejou e continuou andando pelos corredores em direção a cozinha. Ela estava quase entrando que encontrou com Dawn.

– Acordada a essa hora. – a policial disse olhando para ela.

– Acordei para beber água. Esqueci de levar para o quarto. – ela disse mostrando o copo vazio. – E você? O que faz acordada a essa hora?

– Estava de guarda. – ela disse encostando na parede. – Já pensou sobre falar sobre a gravidez para os outros?

– Se quiser, fique à vontade para falar sobre minha gravidez. Isso não vai mudar em nada. Ainda vou querer sair daqui. Ainda vou quer minha liberdade e a liberdade da minha família.

– Eu te admiro. Nunca vi alguém lutar tanto por uma coisa como você.

– Meu marido merece saber que será pai outra vez. – Ally disse abrindo a porta e fazendo Dawn a seguir até a cozinha. – Meus filhos merecem conhecer o bebê.

– Você é incrível falando isso. – ela disse rolando os olhos.

– Eu os amo. – ela disse firmemente. – E... Escutou isso?

– O que?

– Pareciam alguém soluçando. Tem alguém aí? – Ally perguntou seguindo o som e ignorando Dawn falando que não tinha escutado nada. – Oi?

Assim que atravessou a bancada viu Lori no chão em uma poça de sangue segurando uma faca, chorando. Ally colocou a mão na boca e olhou para os pulsos da mulher que tinham cortes fundos.

– Lori... o que?

– Eu sinto muito. Mas não podia ter. Não podia. – Lori disse chorando mais alto.

Ally se aproximou dela e se ajoelhou na sua frente tirando a faca da mão dela. Ela olhou para os cortes e soltou um pequeno gemido. Mesmo que quisesse, não poderia fazer nada. Eram muito fundos e Lori já tinha perdido muito sangue.

– Você não podia ter o que? – Ally perguntou olhando para o rosto da mulher na frente dela.

– O bebê. Eu não podia ter o bebê. – ela disse chorando mais. – Steven fez um exame em mim hoje, estou gravida. Eu não podia ter.

– Lori...

– Eu não sei quem é o pai. Shane e os amigos dele... Eles... Pode ser de qualquer um deles. Eu não podia trazer essa criança ao mundo. Diga para Carl... Diga... – Lori começou a tossi e repirar com dificuldade. – Que eu o amo e sinto muito por tudo. Eu o amo mais do que minha vida.

– Eu vou falar.

– Diga para Rick que eu... Sinto muito toda a dor que causei nele e que estou feliz por ele ter você. Ele merece ser feliz e você pode fazer isso.

– Ele sabe que você sente. Mas eu vou contar para ele, não precisa se preocupar. – Ally pegou a faca e a segurou firmemente. – Eu vou falar para eles como você foi corajosa e como salvou Sofia.

– Obrigada por cuidar dos meus amores. – Lori disse fechando os olhos se sentindo fraca.

Ally sabia que ela ainda demoraria um pouco para morrer por isso, ela pegou a faca e acertou a cabeça de Lori, a matando. Dawn chegou ao lado dela e a olhou.

– Eu sinto muito. – a policial disse olhando para ela.

– Lori estava planejando encontra o filho e refazer a relação deles... E agora, está morta. Temos que tirar ela daqui.

– Eu sei. Vou pegar uma maca.

Ally ficou sozinha com Lori por um tempo, até que Dawn voltou com Steven e eles a colocaram na maca. Ally sabia o que eles iam fazer e não teve coragem de ir com eles. A passos calmas, ela foi até o quarto e se sentou no chão encostada na porta e deixou algumas lagrimas descerem. Por mais que Lori tivesse sido uma pessoa horrível, ela não merecia o que tinha acontecido com ela.


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