Tunnel Of Love escrita por vegadelira


Capítulo 2
Capítulo 2 - Bar


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo e, claro, comentem se puderem.
Enfim, entendo vocês. Até eu fico envergonhada e nem sei o que dizer nas notas, pois sou novata auheua

> Revisei duas vezes, e com certeza há erros.
> Hoje temos duas personagens novas no enredo. Uma eu amo de coração e a outra só vi duas vezes no desenho HdA -p
> Detalhe sobre o capítulo: a música que tocava no rádio era "Once upon a time in the West - Dire Straits". (PORQUE ESSA MUSIC IS LIFE U-U)

I DON'T LIKE MADONNA! No ghosts, pls.
^(*-*)^ Piada ruim, mas quem for fã, por favor, leve na brincadeira auehuheu



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Domingo, 29/03/2015, 18h47min. – Londres, Sudeste da Inglaterra.

O céu enegrecia sem exibir as estrelas devido à poluição luminosa. As noites no centro da cidade não costumavam ser abrasadoras. Marshall Lee abrigou a cabeça no capuz do casaco azul-marinho. Ele havia esquecido o que tinha acabado de viver. Mais precisamente, convenceu-se de que não era necessário ter mais problemas e o envolvimento de garotas nos mesmos. Jamais poderia amar Fionna e vice-versa. Um nevoeiro cercou suas memórias. Toda a atenção, naquele instante, voltava-se para o celular em suas mãos. Esperava o contato do amigo que, praticamente, fazia o papel de um empresário. Marshall passeava na borda da calçada e não deu importância aos golpes recebidos no ombro direito. Parecia uma formiga operária sem chefe: não tinha ordens nem rumo. Uma moto vermelho-escura encontrava-se próxima ao carrinho acrílico do vendedor de pipoca. Marshall sentou-se em seu banco de couro legítimo e girou a chave do motor. O aparelho eletrônico começou a tocar. Atendeu a ligação:

— Bem cedo, não? — disse irônico.

— Meu prazo é até as 19h. Não banque o engraçado. — vozes intermetiam.

— Por Glob, onde você está Lump? — suspirou.

— Vá pegar sua guitarra esquisita e venha ao bar do Alfred. Agora!

— Quanto você descolou?

— Cem libras. É o suficiente. Espero que Vossa Alteza não despreze a oportunidade.

— Sempre fui adaptado a esses seus programas. Aliás, minha experiência me dá o direito de ser tratado como Vossa Majestade. — caçoou de si. — Não tenho votos contra os bares de subúrbio. Eu os prefiro ao invés de um estabelecimento refinado, principalmente porque não corro o risco de ser visto ou zombado por muitos. Mas cara, o bar do Alfred tem um péssimo cheiro. — finalizou a chamada, pisando no acelerador da moto.

...

Em cinco minutos, Marshall chegou ao seu apartamento. Destrancando a porta, deparou-se com folhetos e caixas de bebidas espalhadas pela sala. Havia um sofá, três estantes repletas de livros e composições musicais. Ele prometeu que organizaria aquilo mais tarde. Adentrou no quarto à procura da guitarra tortuosa, confeccionada pelo falecido pai. Este lhe proporcionava lembranças reconfortantes, com exceção do fato de ter sido assassinado. A sua nostalgia era instigada a se transformar em uma sede de vingança. O moreno tinha noção de que o criminoso estava acima da justiça dos homens. Portanto, gostaria de fazê-la por si só. A questão era: como faria isso sem medo e sem concentração?

Marshall encontrou o instrumento em cima da cama. Quando retirou o casaco, sentiu o odor, de sua cansativa rotina, queimar as vias respiratórias. O rapaz não se importou com o tempo e resolveu tomar um banho. O bar do Alfred podia ser imundo, mas isso não era um motivo para os clientes de lá refletirem tal característica.

Sob o chuveiro, Marshall pensava a respeito do passado e do que estava para acontecer. Ele recordava-se de um beco com luzes bruxuleantes e de uma voz rouca, que se dirigia à sua pessoa, em meio à visão turva. O jovem apoiou a cabeça no vidro do Box, onde o vapor d’água se condensava. O frio não tomou conta de seu corpo por inteiro, mas também não aliviou as dores e alucinações. Marshall revivia cada segundo da noite mais marcante da sua história. Ele escutou novamente palavras falhas:

Entraste em nosso plano, meu caro. Tua força é insignificante em relação aos demônios, mas é necessária para dispersar as trevas neste mundo. Não há saída para ti. Eu irei atrás de teus familiares. Assim como não há uma gota de água no inferno, não haverá mais os que te amam. Antes de ser meu herdeiro, aprenderás a matar e a viver com o ódio e rancor. Talvez eu faça uma ligação para ti, algum dia. Enquanto este dia não chega, tens uma missão. Ela deverá ser cumprida. Se a rejeitares, alguém irá substituir-te. Não penses que não serás penalizado. Tua pena será a morte.

Marshall Lee tinha esperanças de que receberia a ligação. Em seus sonhos, o responsável estaria afirmando que tudo não passou de uma loucura ou que escolheu outro indivíduo para completar a missão.

O jovem vestiu-se e olhou para o pingente púrpuro do seu cordão. Pela segunda vez, ele se afogou no que já tinha presenciado: um semblante, que devia ser o dono da voz rouca, amarrava o peculiar objeto em seu pescoço. A sensação era de um círculo em chamas comprimir as veias cardiovasculares. Ao ver as horas no relógio de pulso, o moreno saiu do apartamento com a guitarra.

...

O bairro, como sempre, estava barulhento. Marshall estacionou a moto em frente ao bar, passou pela porta saloon e apavorou-se ao notar os olhares repreensivos. Eram 19h24, de acordo com o relógio de madeira. Houve, sim, um mísero atraso. Lump tinha o cabelo castanho e trajava uma roupa formal. Ele estava sentado na cadeira alta do balcão rudimentar, encarando o amigo que, retomando o fôlego, continuou andando até o palco. Marshall acenou para Alfred, o velho de óculos. Este limpava as canecas e garrafas de vinho da adega em seu avental manchado. O jovem, após ter ajustado os cabos da guitarra, abrir a pasta de repertórios e montar o pedestal, percebeu a mudança no ambiente desde a sua última visita. O cheiro ruim havia desaparecido e o lugar ficou mais iluminado. Tudo estava pronto para a apresentação. Antes de começar, Marshall conversou com a plateia:

— Olá. — todos, dos poucos no espaço, estavam jogando pôquer e bebendo, sem dar muita atenção. Inconformado, limpou a garganta perto do microfone. — Bem, eu sou Marshall Lee. Gostaria de agradecer e pedir perdão ao Mr. Alfred e meu amigo Lump, pois não cumpri bem o compromisso. Eles me indicaram a vocês para tocar num horário, e eu os decepcionei. Felizmente, isso está para trás. Espero que vocês gostem do planejamento que fiz para esta noite.

O repertório estava fraco. Marshall não deveria abrir o show com “About A Girl”. Lump e outros donos de bar alertavam o rapaz para não tocar músicas românticas, porque ele não tinha a emoção necessária... E era perceptível que nunca teria. O público, de cara fechada, tentava ignorar o que escutava.

Marshall terminava a apresentação. Ele observava os jogadores de carta na mesa arrastando e apostando fichas. Um homem, sozinho, fumava charuto e bebia, em uma golada, três quintos do caneco. Afinal, o que o moreno fazia ali? Não estava levando alegria a ninguém, e ninguém demonstrava alegria a ele. Não era por causa do dinheiro que cantava. No fundo, queria ser um bom motivo para a existência de uma pessoa. Para sua tristeza, não tinha aprendido que a Terra girava ao redor de seu próprio eixo. Marshall achava que os fatos ocorriam por força de pensamento. Às vezes, nem toda a positividade influencia algo.

O jovem foi até o balcão. Como o esperado, Lump o criticou:

— Eu o aviso para não fazer uma coisa e você faz justamente ela! Nós somos amigos há muitos anos. Eu sei o que é melhor para você. — pôs a mão no ombro de Marshall. — Preciso ir.

— Você não sabe o que é melhor para mim. Vai lá e venda o restante dos seus remédios. — falou sarcástico.

— Cara, quando você vai mudar? — estalou a língua no céu da boca. — E será que pode parar de dizer que trabalho com tráfico? As coisas não são bem assim.

— Está bem, SPCI– Senhor Presidente do Comércio Ilícito.

— Até mais. — amarrou o suéter preto em volta do pescoço e saiu do estabelecimento.

Marshall passou os dedos entre os fios negros do cabelo, com a cabeça abaixada, paralela ao balcão. Ele estava com calor. Mr. Alfred, escalando a estante, ligou o rádio 50s, que mais emitia chiados do que música. O moreno ouviu um rangido da porta saloon. Em um passe de mágica, o som do rádio estava sendo transmitido. A curiosidade matou o gato. Ele não resistiu e olhou para uma garota de vestido entrando no bar. Ela acomodou-se ao seu lado, na banqueta escura. Marshall a fitava perplexo. A moça era extremamente bonita. O longo cabelo preto contrastava com a pele clara, assim como o encontro da fuligem e da neve do tão adorado inverno inglês. O batom vermelho e o delineador a deixava mais sensual — era o que Marshall estava deduzindo. Ele captou, com cuidado, cada palavra que saía daqueles lábios. Era bem provável que conversava no celular com uma amiga:

— Houve um desentendimento no túnel entre a Fionna, o fiscal e um jovem qualquer. Eu não vi quem era o menino, mas já o considero corajoso por ter sido objetivo com a Fi. Ainda estou preocupada, pois ela sumiu e, até o momento, não deu sinal de vida para mim. — inclinou o aparelho e pediu uma bebida. — O Jake a viu saindo do parque com uma cara esquisita. Conta ele que, em seguida, telefonou para Fionna. Enfim, eu vou me divertir um pouco. Amanhã a gente se fala.

O rapaz sentiu uma leve agonia ao lembrar-se de Fionna. Tentou imaginar que aquilo era uma grandiosa coincidência. Ele ergueu as sobrancelhas para a moça pálida e indagou:

— O que está fazendo aqui?

Ela manteve o olhar fixo em Marshall, como o de quem soubesse que estava sendo vigiada desde o início. Majestosamente, levou a taça de coquetel à boca e lambeu, de maneira provocante, a substância em excesso no canto da mesma. Logo falou:

— Prazer em conhecê-lo... — virou o rosto para o horizonte atrás do moreno. Depois, voltou a encarar o rapaz. — Marshall Lee. Não é conveniente puxar papo desse jeito.

Ele espiou o que tinha além de suas costas: a guitarra, no palco, próxima de uma minúscula lousa, onde foi escrito “Marshall Lee’s Show”, e uma única mesa ocupada por jogadores. Era fácil de adivinhar o artista da noite. Marshall elogiou a esperteza da jovem:

— Parabéns. Nunca alguém me surpreendeu com tamanha capacidade de percepção.

— Isso não é nada. Sou Marceline. — estendeu a mão.

— Você é bem modesta. — correspondeu ao ato.

Ambos falaram do Spring Wonderland. Marshall, inclusive, admitiu ser o “menino corajoso” do túnel. Minutos mais tarde, Marceline passou a dizer coisas relacionadas à Fionna. O moreno achava engraçado, pois ela entregava a vida da amiga e não dizia nenhuma palavra sobre a própria. Ele gostava daquilo e cada vez queria saber um pouco mais da loira que tinha conhecido há poucas horas. Marceline julgou certos pontos de vista de Fionna em questões amorosas:

— Admiro pessoas que pensam como ela. O tipo de mentalidade me inveja. As crianças são tão inocentes quando se trata de um mundo fictício... No futuro, creem em uma perspectiva errada. Nem sempre os finais são felizes. Isso é fato. Para cada final há determinado ponto. Na última linha da vida, podemos deixar certas dúvidas nunca questionadas ou solucionadas. O ponto de interrogação seria o resultado dessa equação meio óbvia.

Marshall assentiu com a analogia. Ele não era bom em se expressar, mas garantiu que Marceline esclareceu muitas opiniões vagas que tinha.

A adolescente disse que o universo era feito de probabilidades, que nem sempre estava ao favor deles. Caso escolhessem uma opção, podia dar errado. Voltando ao assunto de cada ponto num final, para Marceline, na última linha do amor, muitos poderiam continuar a procurar por um novo ou simplesmente desistir. No caso dela, o ponto adequado seriam as reticências, pois ainda não sabia o seu fim e muito menos o que estava para acontecer.

— Você tem medo de amar?

— Ahn? N-não, mas eu busco não me apaixonar. Não tem muita graça o amor.

— E se você estivesse prestes a receber o beijo de alguém? — perguntou Marshall.

— Eu diria que tenho DST, não importando quem fosse o ou a delinquente.

— Vários estudos apontam que os vírus das doenças mais pesadas não estão muito presentes na saliva. Mesmo assim, o preconceito de hoje te salva muito... Não que eu seja preconceituoso... — bebeu uma dose do uísque.

— Você é burro. Poupe-me do teu vasto conhecimento inútil. — sorriu. — Iria me beijar ou não?

— O maior prazer de um intelectual é bancar o burro perante a idiota. E eu não iria te beijar.

— Vou te dar um desconto porque está embriagado. — contemplou os olhos negros do moreno e lembrou-se de que já estava tarde. — Estou indo embora... — levantou-se da banqueta rústica, ajustando a bolsa no ombro.

Marshall pediu o número da garota. Esta respondeu que com exceção das noites em que ficaria em casa estudando, estaria lá. Naquele horário, naquele lugar. Desejava revê-la em breve e pensava que ela também queria isso.

Ela despediu-se com o mais sincero dos sorrisos que o jovem foi privilegiado em assistir. A cena de alguém partindo do seu mundo repetiu-se. Ele revoltou-se contra a frase “A História sempre se repete.”, que nunca foi tão verdadeira. Não era à toa que, desde pequeno, Marshall tinha a História como sua matéria mais odiada.

Alfred colocou cem libras no balcão e encarou Marshall. “Vá atrás dela!”, era o que o velho sussurrava. O moreno falava semelhante para si. Ele tinha preocupações, mas não consigo. Preocupava-se com Marceline. O que seria dela se sofresse por ele?

O jovem pegou o dinheiro e ficou diante da porta saloon. Um dos jogadores removeu o cigarro e, no fundo do bar, gritou:

— Moleque, você não tem talento para clássicos românticos! Desse jeito, nunca irá conquistar aquela gostosa!

— Cale essa sua boca, Jeoffrey! — berrou Alfred. — Marshall, por que não faz suas próprias músicas? Talvez elas irão soar melhor...

Lee soltou uma risada para o dono do bar e gostaria de ter dado um soco no bêbado que pronunciou tal barbaridade. Novamente fitou a porta e por ela passou. Subiu na moto e pôs o capacete. Ele estava tentando resolver o dilema em que havia se metido. De repente, um cheiro familiar de sangue efervescente preencheu os pulmões do moreno. Seria aquilo uma de suas alucinações ou a realidade?


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Notas finais do capítulo

E aí? Qual foi o melhor encontro: Marshall x Fionna ou Marshall x Marceline?
Votem por favor huaeuah
Detalhe final: a Marceline é bi :3



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