A lenda dos amantes do Tempo escrita por Geovanna Ferreira


Capítulo 15
Um segredo é revelado, a bomba relógio é detonada


Notas iniciais do capítulo

Prequel de Once Upon a Time. Tudo acontece antes de Regina adotar seu filho Henry e a série começar. Fanfic de minha autoria, protegida contra plágio. A fic se relaciona com a terceira temporada, mas é possível lê-la sem ter visto a season 3.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631396/chapter/15

"... Eu morri todos os dias esperando você

Amor, não tenha medo

Eu te amei por mil anos

Eu te amarei por mais mil

O tempo todo eu acreditei que te encontraria

O tempo trouxe o seu coração ao meu

Eu te amei por mil anos

Eu te amarei por mais mil... "

Thousand Years


Tudo o que ela queria era que as portas de La Duchess fossem fechadas, a agitação terminasse e ela enfim pudesse se refugiar em seu quartinho. Ao seu lado, Abigail exalava contentamento e até mesmo a sorria, desde o início da manhã, para quem quer que passasse. Logo cedo aparecera satitando vindo contar a notícia que afundaria o humor da rainha.

_ Está acontecendo! Georgina rastreou os passos do Chapeleiro. É uma questão de dias para chegarmos até ele. – Automaticamente, Regina encolheu-se, e algo morreu em seu olhar.

Depois de horas em pé atendendo madames geniosas que não economizavam caprichos, vendo o vai e vem enervante e cotidiano do lugar, os sorrisos irritantes daquela gente que não possuía um problema sequer em suas vidinhas frívolas, ela quis congelar a todos e sentar-se no chão da loja silenciosa, se permitindo sentir-se ao mesmo tempo, abençoada e desgraçada.

Tinha Bernard, Eliza e um bebe que ela desejava arduamente ter em seus braços, cuidá-lo, amá-lo, vê-lo crescer longe de qualquer ameaça.

Mas, Abi andando tonta de tanta alegria para lá e para cá relembrava Regina que sua mãe não desistiria enquanto não chegasse a Oz, arrastando-a junto, pelos tijolos amarelos, até o destino que por alguma razão, seria o final feliz de Cora, e a extinção do seu próprio.

Não podia ir. Devia ficar e proteger Henry daquela criatura das trevas, ficar e acreditar em sua felicidade. Durante a última noite, lera dezenas de páginas do livro que pegara em Westminster, e ainda assim não encontrara o x da questão, uma forma concreta de permanecer. Isso lhe causava uma dor tão intensa que era quase física.

Ela simplesmente esqueceu tudo isso ao vê-los entrar na loja. Sorriu, um sorriso tão aberto, tão significativo, que as colegas de trabalhos se entreolharam, desconfiadas. Madame Duchamp ergueu uma sombrasselha.

A garotinha correu ao seu encontro e Regina se abaixou na altura de seus olhos claros.

_ Por acaso a senhorita tem um chapéu para damas jovens, muito jovens? - perguntou Eliza brincalhona, piscando delicadamente.

_ UHHHM! Acho que sim! - respondeu, entrando na brincadeira, a abraçando.

Sobre um caixote que compensava sua incrível pequenez, a menina encarava seu reflexo, fazendo várias poses com seu mais novo chapéu verde.

_ Não acha que pareço uma fadinha?

_ Sem dúvidas! - disse Regina.

Eliza lançou-lhe um demorado olhar de gratidão. Depois, gargalhou, empinando o narizinho, e a rainha a imitou, sentindo-se igualmente plena e feliz.

Bernard as observou de longe, orgulhoso.

Ele esperou que o expediente acabasse e então a convidou para jantar com a família. Quando entrava na carruagem, Regina lembrou-se do livro. Lançara um feitiço de proteção temporário nele e qualquer um que o abrisse, se não possuísse magia, veria nada além de desenhos desconexos. Ainda assim o carregava aonde quer que fosse. Era uma forma de sentir-se protegida.

O curto trajeto até a residência dos Bell foi permeada por um silêncio bom, interrompido apenas pelos comentários espirituosos de Eliza. Ela ia aconchegada ao colo da rainha, com os dedos entrelaçados aos seus e as perninhas balançando no ar.

Ms Davis atendera a porta. Pai e filha entraram. Na vez da prefeita cruzar a soleira, seu rosto cobriu-se de ódio. À mesa, enquanto jantavam, sequer piscava, encarando-a com seus olhos miúdos, talvez numa vã tentativa de intimidá-la. Regina não se preocupava com a tal, só não entendia como Bernard permitia aquela mulher intragável vivendo sob o mesmo teto que eles. Pelo menos dera um jeito de livrar-se dela por algum tempo, a encarregando de uma tarefa fora de casa. Acabou demorando-se na sala, dando-lhe instruções. Eliza aproveitou para pegar a rainha pela mão e leva-la até seu quarto.

Encerrado seu assunto com a governanta, após uma breve procura Bell as encontrou no quartinho, brincando sentadas no chão sobre seus calcanhares, usando coroas idênticas. A menina falava com propriedade sobre suas bonecas de louça, e Regina a ouvia, assentindo, muito interessada em tudo.

O homem reprisaria aquela cena em sua mente milhares de vezes.

Eliza logo percebeu que faltava alguém em sua reunião, e por isso foi atrás da pobre Lily, largada em algum canto que não o reino das bonecas.

Bernard ajudou Regina a se levantar e ambos sentaram-se frente ao outro, na cama de ferro. Sem jeito, ela olhou longamente para a criaturinha de porcelana em seus braços, acariciando seu cabelo negro.

_ O que foi? - indagou ele.

_ Essa é a boneca favorita de Liz. E seu nome é... – ergueu o olhar para Bell - ... Regina.

Ela esboçou um frágil sorriso.

_ Eliza um dia criará grandes coisas... – fez uma pausa - ela me confidenciou, Regina é uma rainha, aprisionada na terra em que ela mesmo inventara... - a prefeita depositou o objeto sobre o lençol e o brinquedo ficou, desfalecido num ângulo estranho e desolador.

_ E aquele predestinado a salvá-la a encontrará, não importa onde esteja. – adiantou-se Bernard, se aproximando _ Ouça-me bem, - suas palavras compunham uma promessa mais forte que o tempo - eu a encontrarei, sempre!

Eles cerraram as pestanas e se movimentaram ordenadamente, para que seus lábios pudessem se tocar.

_ O que vocês estão fazendo? - questionou a menina, da porta, com uma careta.

Bernard e Regina se entreolharam, parte divertidos, parte desesperados, repentinamente imóveis.

_ Um bichinho, querida... – improvisou o pai - Miss Mills sentiu-o caminhando sobre seus cílios, e fui ajuda-la! Imagine onde foi o invasor meter suas patinhas!

Risonha e inteiramente convencida, Eliza foi até os dois. Lá ficaram, juntos, serenos, sendo mesmo que somente por efêmeros minutos, uma família.

Quando Henry chorara, ansioso por fazer-se notado, Regina observava Liz dormir, entorpecida por sua respiração suave, sua expressão angelical, a cabeleira loira espalhada sobre suas pernas. Bell apressou-se até as escadas e a garotinha por sua vez, piscou, meio grogue, acordada pela choradeira do irmão.

_ O que é isso? - Eliza apontou o grosso volume ao lado de Regina. A rainha sentiu-se de súbito apreensiva ao abrir numa folha qualquer, mas logo relaxou. A criança não veria nada de horripilante.

_ É um livro... – respondeu, percorrendo os desenhos da página com a ponta do dedo.

_ Um livro de histórias? - aconchegada no braço da prefeita, Liz tinha os olhinhos sonolentos e curiosos fixos no objeto.

_ Não. Um livro mágico!

_ Mágico?

Regina assentiu.

_ Um livro de fadas, duendes e bruxas? - a garota estremeceu ao dizer “bruxas”

_ Isso mesmo.

_ Bruxas são malvadas. – Liz encolheu-se.

_ E se eu te dissesse que existem bruxas diferentes? Que elas só são más porque já viveram muitas coisas tristes? Acreditaria em mim?

_ Sim. – disse a criança, sincera.

_ Guardaria um segredo? Um segredo muito muito importante?

Eliza balançou a cabeça, frenética.

A ansiedade mútua era palpável.

_ Sou uma bruxa. – confessou Regina, com o rosto cheio de expectativa.

Eliza levou alguns instantes para digerir a informação. Sua inocência a protegia de entender a dimensão do que ouvira.

_ Ainda tenho um pouquinho de medo delas, mas deixo você ser minha mãe.

A boca da feiticeira entreabriu-se de surpresa.

_ Pois você é linda... aqui - os dedos infantis tocaram a bochecha da rainha. – e aqui. – Liz por fim pousou-os no peito da rainha, bem em cima de seu coração.

Regina errava, mais uma vez. Mesmo com tanta dor, ainda não havia aprendido, que partilhar seus segredos com crianças seria sua ruína.

Em todas as histórias, em qualquer tempo. Sempre.

A bomba relógio havia sido detonada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A lenda dos amantes do Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.