A lenda dos amantes do Tempo escrita por Geovanna Ferreira


Capítulo 16
A primeira noite na morada do Tempo


Notas iniciais do capítulo

Prequel de Once Upon a Time. Tudo acontece antes de Regina adotar seu filho Henry e a série começar. Fanfic de minha autoria. Protegida contra plágio. Capítulo + de 18 meu povo hahaha mas nada escandaloso! A fic se relaciona com a terceira temporada mas é possível lê-la sem ter visto a season 3. Avisando, foto inicial não é cem por cento fiel ao cap mas ilustra bem. Se curtirem, comentem.



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"... Nunca imaginei, que eu pudesse me sentir assim

Como se eu nunca tivesse visto o céu antes

Quero desaparecer num beijo seu

A cada dia eu te amo, mais e mais

Ouça meu coração, pode ouvi-lo cantar?

Me dizendo para te dar tudo

As estações podem mudar de inverno a primavera

Mas eu te amo, até o fim dos tempos

Haja o que houver

Haja o que houver

Eu amarei você até o dia da minha morte

De repente o mundo parece ser tão perfeito

De repente se move com tanta graça

De repente minha vida não parece perdida

E tudo gira em torno de você

Não há montanha tão alta

Nem rio tão extenso

Cante esta canção e eu estarei ao seu lado

Tempestades podem se formar

E estrelas podem colidir

Mas eu te amo, até o fim dos tempos... " - Moulin Rouge

Regina virou-se repentinamente, procurando a origem do som que lhe tirara de sua leitura. Não encontrando indício algum, voltou a seu livro. Instantes depois o barulhinho insistente retornou, cortando o silêncio total, e ela viu uma pequena pedra bater em sua janela. Abriu-a. Na rua, lá embaixo, estava Bernard, sorrindo.

A rainha franziu a testa, fingindo-se horrorizada.

_ O que faz o senhor aqui, a uma hora dessas?

Passava das nove.

_ Eliza foi passar o fim de semana no campo com os Darling e aquela casa fica insuportável sem ela. – respondeu, divertido e sincero

Bernard era ainda mais bonito quando sorria, sem as sombras que manchavam seu olhar quase todo o tempo.

_ E como irá resgatar Rapunzel? - perguntou Regina, tocando seu cabelo como se quisesse o proteger. Seu dormitório ficava no segundo andar, uns bons metros os separavam.

_ Acredito que Rapunzel é que terá de ir até o príncipe. – respondeu ele, com uma pontada de malícia.

Sem pestanejar, ela correu ao seu encontro, não se preocupando em fugir discretamente ou com as consequência de infringir as rígidas normas de Madame Duchamp. Pensava apenas em estar com ele, o mais rápido possível. Em um minuto, alcançou a calçada. Antes que falassem qualquer coisa um ao outro, Regina o beijou, protegendo-se do frio da noite em seus lábios aquecidos, encontrando neles o merecido descanço, após tanto trabalho.

_ Vamos. Te levarei a um lugar. – disse ele, ansioso.

Juntos, perderam-se pela Londres despida de pessoas e aglomerações, a cidade encantada, cheia de luzes, calmaria e liberdade que se revelava nas últimas horas do dia. Viajaram de carruagem, apreciando-a ao longe, mas logo saltaram para fora do veículo. Bernard amava caminhar, observar os detalhes das ruas, sintonizar-se com o lugar em que nascera. Regina percebeu que ele a direcionava até um imenso palácio, muito intimador com as centenas de janelas simétricas e sua arquitetura pontuda a arranhar o céu. Palácio de Westminster. Parecia estar diante de um daqueles locais impenetráveis, guardados por uma legião guardas.

A rainha cessou seu andar e observou a construção sem entender o que Bernard pretendia.

_ Senhor Bernard Friederick Bell além de pai é conhecedor de passagens secretas! Pronta para apreciar uma das vistas mais belas da velha Londres?

Os olhos deles exibiam um entusiasmo genuíno que a fez sorrir e estender a mão. Ele possuía algo de menino em si, algo encantador.

Bell a levou até um determinado ponto do palacete, empurrou uma diminuta porta camuflada em meio ao concreto e a puxou pela escuridão, por uma escada estreita e insegura que nunca parava de subir.

Quando criança, Bernard por acaso vira um garoto entrar pelo acesso. Após o seguir sorrateiramente pelos incontáveis degraus, acabara na Torre do Relógio. Nem mesmo vigias sabiam de sua existência. O atalho só era conhecido pelos encarregados do sino que a anos dividia espaço com o notável Big Ben, bem ali, no topo da Casas do Parlamento.

Bernard e Regina correram no escuro, eufóricos, como dois adolescentes inconsequentes vivendo o primeiro amor. Corriam, sorrindo tranquilos e eram jovens, crendo que o futuro dourado que viria pela frente já estava entre eles, já havia começado. Em seus pensamentos não havia espaço para os caminhos tortuosos que suas vidas silenciosamente tomavam, para os males soltos lá fora, devorando o mundo, lentamente.

Chegaram. O cansaço da subida foi insignificante quando Regina ergueu o olhar e viu aquilo que Bernard queria tanto lhe mostrar.

Ela enfim entendeu sua ansiedade.

Sua respiração sobrecarregada se acalmou instantaneamente. Olhou ao redor, hipnotizada. O sino estava posicionado no centro do lugar. Metal e engrenagens em constante movimento o rodeavam. Mas o que lhe fascinava eram as paredes gigantes de vidro e ferro que formavam o relógio mais famoso do planeta. Ela deu alguns passos, se aproximando da estrutura. Para além da vidraça amarelada estava Londres, distante, doce e poética, vista daquele ângulo. Um nevoeiro caía sobre ela, em telhados e ruas, se encontrando com a fumaça das chaminés a subir ao céu.

Regina admirou tudo por longos segundos num momento íntimo e de completa solidão.

_ É lindo... – confessou, virando-se com o rosto emocionado.

_ Para você, querida... – disse ele, indo ao seu encontro. – Desde que percebi, antes de completar dez anos de idade, que precisava fugir do mundo, me enfio nesse lugar e esqueço-me de mim. Confie em mim, aqui estamos protegidos meu amor, seguros...

Entrelaçaram as mãos, e com narizes se tocando fecharam os olhos e sorriram, gratos por estarem vivos, abençoados por se pertencerem, pelo recomeço que o destino gentilmente lhes oferecia, pelo instante que viviam. Permitindo-se sentir com toda intensidade a descarga de amor que percorria suas veias, a felicidade de estar naquele mágico refúgio. Beijaram-se, de novo e de novo, parados dentro do próprio tempo.

Foram outra vez atraídos até a vista.

_ Somos tão pequenos, perto disso... – disse Regina olhando para os contornos do relógio, para os enormes ponteiros - tão vulneráveis, tão insignicantes... - ela mirou a cidade - sempre correndo contra ele, sem nem imaginar para onde nos levará. O tempo.

_ Ele me levou até você. E você é tudo que importa. – completou Bernard. _ Nunca parou para pensar porque as pessoas estão lá embaixo, vagando como baratas tontas, sem saber aonde ir, vivendo vidas que não querem, se submetendo a regras estúpidas, apenas esperando o dia de suas mortes?

Regina o observou atentamente, enxergando mais e mais de Bernard. Nunca faltava algo novo a se descobrir sobre aquele homem único.

Ele fitou o Big Ben.

_ Eu sempre quis além, uma vida que valesse ser vivida. Um propósito. Cheguei a ponto de desistir, de enterrar em mim essa necessidade e me convencer de que o que eu queria era loucura, uma mera ilusão. Mas te encontrei, Regina... o que ansiei por trinta anos e não soube descrever o que era, meu motivo maior, minha paz... você. Por isso te trouxe aqui, para mostrar que isso - ele apontou Londres – enfim agora tem sentido para mim, porque você está nele.

O casal uniu suas bocas novamente. Um gatinho passou por eles, interrompendo. Caíram na risada com a situação, com o rabo do bicho passando entre os dois. Relaxados, sentaram-se no piso. Olhavam o panorama e um para o outro, falando de coisas sem importância que os fazia rir mais ainda, sem se cansar. Quem conhecesse Evil Queen e seu olhar odioso, transbordando mágoa, não reconheceria Regina ali. Nem Bernard, o filho caçula da família Bell, o menino aprisionado em sua própria carne, asfixiado por seu passado.

Ela seguiu o felino caminhando perto de engrenagens com o olhar, olhou de relance para seu braço e voltou-se automaticamente para Bell. Mas algo a fez retornar, arrancou seu riso, a fez estremecer. Ela fitou novamente seu corpo, que falhava, desaparecendo por milésimos de segundos.

Estava acontecendo. Estava sumindo. Estava sendo puxada de volta, a força. Era o fim da poção. Respirava, e perdia um pouco de si mesma, de sua materialidade, de seu vínculo precioso com aquela época. Regina sentiu sua visão escurecer e a garganta se fechar. Ela desejou jogar-se no chão, rolando e gritando a plenos pulmões, de agonia, por sua irremediável desgraça, por mais um capítulo dela que se daria ali mesmo. Forçou-se a olhar para Bernard, mesmo que a amargura a consumisse, a secasse por dentro. Ele continuava a falar, sereno e ignorante da tempestade repentina bem a sua frente. A rainha assistia com sofreguidão seu sorriso de menino, os olhos claros pintados de esperança, o rosto que aprendera rapidamente a amar, tentando guardar cada mísero detalhe na memória.

Bernard fez uma pergunta. Ela sequer a ouvira.

_ Regina?

Ela nada respondeu. Estava fixa em Bell, já com saudades dele, a ponto de derramar uma lágrima.

_ Regina? - a desolação que saltava dela o assustou.

Mais silêncio. Parecia morta de tão paralisada pelo sofrimento.

Bernard se precipitou e de joelhos, abraçou seu corpo, como quem se agarra a sua própria vida.

_ Tenho medo... – sussurrou ela, dolorosamente - de ter que ir embora. De partir seu coração, de que eu te machuque, por ser quem sou.

_ Regina... – disse ele querendo fazê-la entender - desde o primeiro instante em que a vi, destoando dessa cidade apática, sentada no banco da praça como se me chamasse, vi a mim mesmo em seus olhos, enxerguei dor, culpa, a fome por amor. Somos iguais, meu amor. Duas pessoas falhas, que passaram pela vida até agora temendo que o menor gesto pudesse quebrar aqueles que amamos, dois desesperados por acertar. Permita-se, Regina. Aceite-me, sem reservas, e juntos encontraremos nosso caminho, enfim acertaremos.

A rainha deixou-se esmagar por aquele beijo, aceitando que ele a curasse, a mantesse sã, a mantesse em 1888.

Bernard enfiou os dedos em seu cabelo, o soltando. Admirou seu rosto moreno suplicante, emoldurado pelos fios negros. Abriu com cuidado os vários botões do vestido e emudeceu ao libertar sua pele febril. Cobriu de beijos seu pescoço, o colo, os ombros, os seios cheios, os quais experimentou sem pressa, começando por enlouquece-la. Regina o imitou e praticamente rasgou sua camisa. Afundou-se no peitoral definido, pela pelugem suave e perfumada, beijando cada centímetro dele enquanto os braços musculosos a abraçava firme. Terminaram de livrar-se das roupas e Bell a contemplou, nua, entregue, se deliciando com seu corpo perfeito depositado no chão. A rainha observou aquele homem feito de virilidade, e se sentiu amolecer. Trêmulo de tanto desejo, ele acariciou seu sexo e ela gemeu baixinho. Bernard enfiou os lábios entre suas pernas e a amou até que Regina não aguentasse e puxasse forte seu cabelo, suplicando por tê-lo dentro dela. Com sua ajuda, a penetrou, encaixando-se a ela com perfeição, sabendo que jamais seus corpos se ajustariam a outro alguém. Regina arrepiou-se toda, suspirando ao ser preenchida pelo membro pulsante. Entrelaçaram as mãos acima da cabeça da prefeita e iniciarem a dança, olhando fundo um nos olhos do outro, selando sua união, já sendo uma só carne. Regina a tanto fechara-se para o mundo, se acostumara aos dias vazios, a solidão , a um sexo mecânico, que tivera de ali, reaprender a amar. Foi novamente uma virgem, descobrindo a magia do amor com ele, rendida à ele, sendo sua adorável refém, derretendo pouco a pouco, alucinando de paixão, transformando-se em chamas. Iam e voltavam, perdendo os sentidos, alcançando picos, estrelas e a redenção que tanto necessitavam. Fundidos, sem conseguir respirar, tragados pelo prazer ardente se libertavam do que passara e os ferira, os marcando na alma com brasa. Regina fincou as unhas nas costas de Bell, grudando ainda mais seu peito ao dele. Bernard gritou seu nome.

E então ambos morreram em vida.

Regina abriu os olhos. Todo bobo, ele ajeitou uma mecha de cabelo seu. Ela chorava, tímidas lágrimas de alegria, de ressurreição. Bernard beijou ternamente seu choro.

_ Eu te amo... – disseram em uníssono

Fizeram amor até o amanhecer, até não terem mais forças, refugiados na morada do Tempo, acima da Londres adormecida, sem poderem imaginar as próximas notas da melodia do destino


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