O Piquinique escrita por Guiomar Maria Damas


Capítulo 4
A procura




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Enquanto isso, Roberto e Margarida chegam ao local onde Bia havia escrito no chão que o amava. Roberto ao ler falou baixinho: - Eu também te amo Bia, onde você está meu amor? Margarida ao ouvir isso arregalou os olhos e perguntou:

– Como assim? O que você disse?

– Nada, só estava pensando alto. Disse isto enquanto tampava a escrita no chão com as folhas secas ao redor. – Sei que Bia passou por aqui. Olha o que achei! Abaixando pegou a pulseira que ele mesmo havia dado a ela, quando fizera quinze anos.

– É mesmo dela, não tira pra nada desde que você a deu. Colocando a pulseira no bolso disse. – Vamos continuar procurando, ela não deve estar muito longe.

Na casa daquele ermitão Bia lavou as vasilhas, ajeitou as coisas sobre o olhar atendo dele. Quando ia se sentar o moço pediu que pegasse um livro que lesse. Ela pegou e calmamente começou a ler depois de sentar ao lado dele novamente. Depois de um tempo ele dormia. Ela podia fugir. Mas uma parte dela queria ficar. Observou ele por algum tempo e ficou tranquila sabendo que ele não queria fazer mal, só queria companhia! Continuou folheando o livro e viu algumas anotações. Daquele homem, curiosa começou a ler e descobriu que aquele homem era um importante cirurgião da cidade que por algum motivo estava vivendo ali, escondido. Será um mal de amor? Será uma grande decepção como eu tive? Será que foi traído pelo melhor amigo? Envolvida ali naqueles pensamentos acabou adormecendo.

O dia passou, a tarde veio caindo trazendo consigo o manto escuro da noite. Bia acordou assustada com o velho ao seu lado lhe estendendo uma xícara de café. – Que horas são? Perguntou assustada. O homem estendeu a vara que usava para lhe apoiar para um velho relógio na parede, já era quase dezoito horas e ninguém a havia procurado, como estava seu pai e sua mãe? Com estes pensamentos tristes uma lágrima rolou de seus olhos e o velho estendendo a mão enxugou-a num gesto de muito carinho. E só assim olhando-o bem de pertinho Bia percebeu que aquele homem era mudo e sentiu pena.

A noite caiu rapidamente, o sol se pôs. Os pais de Roberto e Bia encontraram Roberto e Margarida e tremenda foi a tristeza ao descobrirem que ninguém tinha nenhuma notícia do paradeiro da menina. Angustiados decidiram parar as buscas, descansarem aquela noite e no dia seguinte tornar a enfiar na mata com o guia daquele lugar. Aquela noite custou a passar, Roberto não conseguia dormir e o pouco que cochilava tinha pesadelos terríveis com animais selvagens atacando a Bia. Resolveu se levantar depois de revirar na cama sem conseguir dormir. Andava de um lado para o outro quando Margarida apareceu.

– Também não consegue dormir? Perguntou.

– Não e pelo visto nem você, comentou Roberto.

– Eu fico pensando onde está Bia, com quem ela está. Não sabemos se há animais selvagens nesta mata, e se ela foi para depois da cerca? Tenho tanto medo por ela. Margarida disse chorando. Roberto num impulso a abraçou. Ela se afastou depressa dizendo;

– Não devemos, foi por causa deste mal entendido que Bia está sumida, estou me sentindo culpada. Disse triste.

– Eu também me sinto culpado, agente não deveria.

– é mais aconteceu, ninguém planejou nada, e o pior é que ela nem nos deu tempo de explicar, disse Margarida.

– E eu a amo, não pode acontecer nada com ela, ela tem que estar bem em algum lugar, senão eu prefiro morrer. Ficaram um tempo em silêncio olhando para o infinito. De repente Roberto quebra o silêncio. – você sabia que a Bia me amava?

– sim sabia.

– Por que então nunca me disse nada?

– Eu não poderia, ela é que devia falar, eu sempre dizia isso pra ela. Ela nunca permitiu que eu ao menos insinuasse alguma coisa pra você.

– Nosso beijo serviu para alguma coisa. Pelo menos ela se declarou e sorriu. É pena que foi desta maneira. Disse Margarida – Ela sabe que eu amo o Mauro. Este beijo foi um equívoco tão grande que é melhor esquecer.

– Bom é melhor irmos tentar dormir um pouco senão amanhã não teremos força pra achar Bia. Disse Roberto, se levantando. A propósito como está a mãe de Bia.

– Sofrendo coitada, só conseguiu dormir depois que a sua mãe deu a ela um calmante. Balançou a cabeça como que compreendendo e entrou para sua barraca. Olhou ao redor e a escuridão da noite tomou conta do seu corpo. Pensou enquanto amava Bia e quanto tempo perdido. Sentia vontade de vê-la, abraça-la e a entregar todo o seu amor! Mas onde estava?

Margarida ainda caminhou um pouco pela área, pensando onde poderia estar Bia. E se ela talvez caiu em alguma armadilha e desmaiou? E se algum caçador acertou um tiro nela, ela morreu e escondeu o corpo? E se ela foi embora pra casa dela e nos aqui igual bobo? É tantas hipóteses que fica difícil saber o que realmente aconteceu sem acha-la e olhando para o céu escuro bradou: - oh! Deus! Ajude-nos acha-la amanhã. Chega de me castigar! E chorando entrou para a sua barraca. Depois de algum tempo adormeceu.

O sol já estava alto quando acordou com a gritaria das crianças, brincando numa pequena piscina de plástico próximo a saída do acampamento, sobre o olhar atento de Cauã, o irmão da Bia. –Onde estão todos?

– Saíram para procurar Bia. Disse meio desconsolado.

– Não acredito que dormi demais, pra que lado eles foram? Perguntou olhando para o lado oposto.

– Eu não sei, mamãe chamou e disse que estavam indo e me pediu para olhar os pequenos, era muito cedo, não tinha sol ainda.

Margarida saiu andando antes de terminar de ouvir o que Cauã falava, estava a alguns metros dele, gritou.

– Aonde vai Margarida, não vai se perder também.

– Não só vou dar uma volta, talvez até a cachoeira. Vou chamar o guia.

– Ele não está, foi com eles.

– Tá bom. Só vou dar uma volta por ai. E começou andar apressada como se fosse a algum lugar muito importante. Mas a verdade é que ela estava angustiada com o sumiço de sua amiga e a sua vontade era de sumir também. Sabia chegar à cachoeira, tinha memória boa, como disse o guia –“é só seguir a trilha”. Aqui esta a trilha, pensou e a seguiu.


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