Black Rose escrita por Cyn


Capítulo 8
I- Punckman´s-I




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I- Punckman´s-I

“A verdade pode vir de onde menos espera,

E ás vezes nem sempre é bem vinda.”

Estava quase indo dormir quando bateram á porta do quarto. Suspirei frustrada quando vi que era Dave.

–O quê?

–Que receção tão calorosa, Rosy.- Sorri entrando e reviro os olhos fechando a porta.

–Já me arranjaste problemas com Ryo, Dave. Fala logo o que queres antes de Airy aparecer.

–Tudo bem.- Diz deitando-se na minha cama.- Queria dizer-te obrigado pelo que fizeste.

–Tudo bem. Podes sair agora?

–Ainda não. Queria convidar-te a almoçar em minha casa no sábado. Meu pai quer conhecer-te.

–Teu pai?

–Sim. Há algo que precisas saber.

–Sobre o quê?- Pergunto cada vez mais confusa.

–Saberá no sábado. – Levanta-se e coloca-se á minha frente.- Venho buscar-te ás 8, ok? Não te atrases.

–Ok.

Digo ainda inserta e ele abre a porta mas antes de sair volta e tira algo do bolso.

–Um garoto pediu-me para te entregar isto. Até amanhã, Rosy.

Ele vai mais rápido do que um TGV. Olho para a minha mão e vejo o colar com o pigmente de uma rosa negra. Havia ainda um bilhete.

Sento-me na cama e abro o papel.

Quando eu disse que era um presente, não estava a brincar. Ele é teu. Esse colar deve ficar com quem pertence. E tenho certeza que ele te pertence a ti. Vos completais.

Nos veremos em breve, Nahy

A vendedora? Porque ela insiste?!

Reviro os olhos bufando. De que adianta reclamar? Deito-me na cama sentindo-me mais cansada que nunca. Quando acordei, fiquei feliz por não ter sonhado aqueles sonhos estranhos.

Vesti-me e sai até á cantina. Vi Ryo numa das mesas mas o ignorei. Assim que me sentei o vi olhar para mim, mas apenas olhei o colar em minhas mãos. Ele era realmente belo, delicado. Único.

–Precisamos falar.

Levantei os olhos e enfrentei os duros de Ryo. Suspirei fechando os olhos por segundos.

–Não temos nada para falar. Se quiseres explicações vai até Dave. Eu não sei de nada.

–Mesmo assim ajudaste-o.

–Foi apenas uma paga de favores.- Dou de ombros voltando a olhar para a rosa brilhante.

–Eu preciso daquele livro.- Diz de dentes cerrados.

Eu podia ver a força que ele estava fazendo para não gritar comigo. Suas mãos estavam cerradas. Seu rosto duro. Havia uma veia a saltar no seu pescoço.

–Já te disse para ires falar com o Dave. E, qual é? Não estais velhos demais para lereis historinhas de crianças?

–Tu leste o que está no livro?- Pergunta juntando as sobrancelhas.

Sua expressão dura se dissipou para dar lugar á confusão.

–Pouco. Mas pelo que percebi é sobre uma princesa e o faraó e um casamento…- Paro percebendo que era mesmo igual ao que eu sonhara.

Os nomes. A história. Era tudo tão parecido com meus sonhos.

–Que mais?

Acordo de meus pensamentos abanando a cabeça.

–Apenas li isso. Depois Dave o levou.- Dou de ombros.

–Rose, ele está a incomodar-te?

Olho para James e franzo a testa. Ele olhava Ryo que mantinha seu olhar em mim, mas parecia que não me via. Estava preso nas suas próprias ideias. Já James, olhava o ouro loiro com… raiva?

–Nada que não aguente.

Ele me ignorou e colocou um braço no meio de mim e Ryo o fazendo acordar e o olhar.

–Deixa-a em paz!

–Estás a ameaçar-me? Tu?- Ryo diz com deboche rindo.

–Sabes bem do que eu sou capaz de fazer, Ryo. Não me provoques.

–Tenta encostar um dedo em mim que veremos se és assim tão corajoso.- Ryo diz com raiva.

Seus olhos verdes brilharam com uma intensidade assustadora. Olhei de um para o outro e reparei nos cabelos loiros dos dois. Os de Ryo conseguiam ser muito mais claros. Quase brancos. Uma cor que nunca tinha visto antes. Os de James era escuros. Até bem mais que os meus. Quase castanhos.

–Deixa-a em paz!- James repetiu fazendo Ryo sorrir de lado.

–Se não o quê?

James ia a falar mas me levantei olhando-os confusa. Onde eu me fui meter? Desde quando eu conhecia aqueles dois para entrar numa conversa entre eles?

–Hm, isto está muito agradável, mas eu vou-me embora.- Digo quando ambos me olham.- Já agora. Eu não preciso de ninguém me defendendo. Sei muito bem fazer isso.

Os deixo e ando pelo recinto da escola. Rapazes loucos.

O resto da semana se passou sem mais altos. Airy estava cada vez mais apaixonada por James. E chegava a ser frustrante. Como minha melhor amiga passava a maior parte do tempo atrás de James, eu fiquei bastante próxima de Tass. Ela era uma boa amiga.

Então sábado chegou e ainda estava confusa quanto ao convite de Dave.

Vesti umas calças jeans azuis, uma blusa caicai branca apertada ao corpo e uma jaqueta cinza. Calcei uns ténis e penteei meu cabelo numa trança lateral. Dave esperava por mim na entrada do dormitório.

–Vamos lá, Rosy.

Ele nos leva a uma casa com um pequeno jardim á frente. Estaciona o carro á entrada e saímos. Assim que abre a porta um cheiro bom me preenche.

–Chegámos!- Grita.

Um homem muito parecido com Dave, aparece. Ele apenas era um pouco mais alto que o filho e vestia um terno formal.

–Bom-dia, Rose. Sou Eric Punkman. Dave falou imenso de si.

–Á sim?- Pergunto olhando Dave confusa e ele dá de ombros como se não percebesse o que se passava.- Obrigado pelo convite para jantar, Senhor.

–De nada querida. Minha mulher está…

–Oh meu deus!- Uma voz feminina nos interrompe e vejo uma mulher sair de uma porta vestindo um avental.- Eu não acredito.

Olho Eric confusa e volto para a mulher.

–Rose, é minha mulher, Judy. Ju, é a Rose.

Judy se aproxima de mim lentamente analisando todo o meu rosto. Sua mão pequena se fecha ao redor de minha mão e me sorri com lágrimas nos olhos.

–És tão parecida a ela.

–Ela? Ela quem?

–Tua mãe.

–Conhece minha mãe?- Sorri-o.- Ela nunca me falou de vós.

–Acho um pouco difícil isso acontecer, querida.

Franzo a testa confusa. Eric clareia a garganta e sorri um pouco colocando a mão atrás das minhas costas.

–É melhor sentarmo-nos para conversarmos melhor.

Sento-me no sofá ao lado de Dave enquanto seus pais se sentam no sofá ao meu lado. Eric abraçava Judy que ainda me olhava como se não conseguisse acreditar no que via.

–Então… de onde conhece minha mãe?- Pergunto.

–Da Universidade Pelvenar. Andámos lá as duas. Eramos melhores amigas. Partilhávamos o mesmo quarto, a mesma secretária, os mesmos locais, as mesmas amizades.

Assinto mas mordo meu lábio inferior.

–Minha mãe nunca esteve na Universidade Pelvenar. Pelo menos que me tenha dito, mas eu tenho certeza que não. Não se terá confundido?

–Oh não, minha querida. Tenho certeza que és filha de Dalila. És a cara dela!

–Dalila? Não. Minha mãe chama-se Marcie. Marcie Keith.

Judy inspira fundo fechando os olhos antes de me olhar. Levanta-se até a uma prateleira e tira de lá uma moldura. Senta-se de volta e estende-me a moldura.

–Essa é a Dalila. Tua mãe. Tua… mãe verdadeira.

Pego na moldura e sinto minhas mãos tremerem olhando as duas figuras sorridentes. Via-se os jardins da Universidade Pelvenar. E á frente dele duas raparigas da minha idade, ou um pouco mais velhas. Uma delas era fácil de reparar que era Judy pelos cabelos castanhos e os olhos âmbares. Judy estava abraçada a uma rapariga de cabelos loiros, um pouco mais curtos que os meus, e de olhos cinzas. Parecia… uma irmã mais velha minha.

–Sois mesmo parecida. Podíeis ser irmãs.- Dave diz aproximando-se do meu ombro para ver a foto.

–Mas… os meus pais… eles…

–Eles não são teus pais, Rose. Teus pais biológicos são Dalila e Lyon Sharme. Tu és a pequena Rose. A menina perdida deles.

–Perdida?- Sussurro a olhando.

–Sim. Pouco antes de Dalila e Lyon morrerem, tu desapareceste. Querida, eu poderia dizer-te o básico, mas há alguém que te pode contar melhor a história. Alguém que esteve com teus pais desde o início.- Ela se aproxima e seguras minhas mãos.- Sei que deve ser um choque saber tudo isto assim, do nada, mas eu tinha de o fazer, Rose. Eu prometi a Dalila que tentaria encontrar sua menina. Custe o que custasse. E quando Dave falou no teu nome e viu uma fotografia de Dalila e viu o quão parecidas ereis, eu sabia que eras tu. Eu sentia!

–Como…?- Abano a cabeça desnorteada.- Os meus pais, eles…Porque eles não me disseram?

–Talvez não queriam que soubesses. Queriam que fosses a menina deles. Para não te magoares. Eu não sei o porquê, querida, mas eles devem ter uma explicação.

Olho a foto de novo sentindo meus olhos encherem-se de lágrimas. Doía. Todo o meu corpo me doía, como se tivesse corrido durante horas.

–Rosy,- Dave fala ao calmo.-… independentemente da explicação de teus pais, eles são teus pais! Eles cuidaram de ti. Te ensinaram, te deram amor!

–Dave, tem razão, Rose.- Eric me diz sorrindo de lado.- Eles sempre serão teus pais.

–Mas… não sabem quem me tirou de meus pais?

–Isso Anthor, terá de te explicar. Ele é o homem que esteve com teus pais antes de eles morrerem. Ele pode explicar-te melhor as coisas.- Eric me explica e assinto.

–Quando… quando posso falar com ele?

–Amanhã. Combinaremos com ele e ele te explicará tudo, ok?- Judy sorri apertando-me a mão.- Hoje, vamos limitarmos a almoçar em paz. Se quiseres saber algo sobre teus pais, posso falar contigo. Basta perguntares.

–Obrigado.- Sussurro e ela senta-se ao meu lado beijando minha testa.

–Ela teria muito orgulho da mulher linda que te tronaste.

–Vamos almoçar? Depois podeis conversar.- Eric nos diz e todos assentem.- Dave, vai chamar teu irmão.

Dave corre para o andar de cima enquanto eu vou com Eric e Judy até á sala de jantar. Pouco depois, Dave aparece com uma miniatura dele.

–Finalmente! Achei que me íeis deixar trancado no quarto o dia todo.- A miniatura de Dave reclama e sorri-o enquanto Dave ri sentando-se ao meu lado.

–Gabe!- Eric avisa e o garoto senta-se á minha frente me olhando.

–Tu deves ser a Rose. És mais bonita do que esperava. Diz-me. Não namoras com o idiota do meu irmão, né? És bonita demais para essa coisa horrível.

–Ei!- Dave reclama mandando-lhe o guardanapo.

Eu ri-o com Gabe que manda de volta o guardanapo.

O almoço não demorou muito. E me divertir vendo a relação de Dave e Gabe que implicavam a maior parte um com o outro. Eles se davam bem, por detrás das implicações. Por momentos esqueci o assunto que me trouxe a li, mas a dor no meu peito não me abandonou.

Meus pais.

Acho que preferia ter vivido na ignorância o resto da minha vida.

Mas há certas coisas, que meus pais vão ter de me contar. E não passa de hoje.


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