Black Rose escrita por Cyn


Capítulo 7
II- “O Poder”- II




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II- “O Poder”- II

“Não interessa o que está escrito,

mas sim o que diz as entre linhas.”

Dinbe Raz, Dinbe Raz. Malditos sonhos!

Levanto-me e visto-me deixando Airy dormir seu sono em paz. Caminho até á biblioteca e espero numa das mesas por Dave. Ele não demora e aparece com os cabelos ainda molhados. Senta-se á minha frente e sorri.

–Bom-dia, Rosinha.

–Bom-dia. Podes dizer-me para que queres minha ajuda?

–Mas é claro. Vês aquele rapaz ali.

Ele aponta para Ryo que estava sentado a umas mesas de distância de nós olhando pela janela. Ele tinha um livro em frente, mas não o lia. Apenas olhava pela janela como se estivesse longe da vida terrena.

–O Ryo?

–Perfeito, conhecê-lo! Ainda bem. Vais até ele e tentas entretê-lo. Eu preciso do livro que ele têm á sua frente.

–Para quê?

–Assuntos meus, pequena. Apenas o tira dali!

–Tá.

Reviro os olhos e ando até á frente de Ryo. Ele parece não notar minha presença. Olho Dave que caminha para trás dele e me incentiva a continuar.

Suspiro e olho o loiro.

–Ei.

Nada. Nem pisca sequer.

–Oh! Estás a ouvir-me? Ohoh!

Aceno á frente dele mas ele não parece perceber-se. Reviro os olhos xingando os malditos fones. Inclino-me na mesa e tiro-lhe os fones com brutidade.

Cruzo os braços enquanto ele me olha calmamente. Seus olhos verdes não mostravam nada. Parecia um túnel sem fim.

–Finalmente! Pensava que te tinhas deixado dormir de olhos abertos.

Ele ergue as sobrancelhas e não fala nada.

–Ok, adiante. Eu preciso de um favorzinho teu.

–E eu tenho cara de quem faz favores?

–É.- Assinto e ele bufa me olhando por completo.

–Porque não vais pedir a outro?

–Porque tu estás aqui e não há mais ninguém disponível. – Vejo pelo canto do olho Dave suspirar aborrecido.- Então vamos.

Pego-lhe no braço e o puxo com força para o mais longe possível da mesa.

–És louca, garota?- Pergunta livrando-se de mim e sorri-o dando de ombros.

–Um pouco.

–Para que precisas de mim?- Pergunta rude cruzando os braços.

–Estás a ver aquele livro bem lá em cima?- Pergunto apontando para a estante e paro o livro mais alto possível.- Podes pegá-lo para mim?

–Nem eu lá chego, garota. É melhor ires chamar um dos funcionários.

Ele vira-se para ir mas seguro seu braço e ele para.

–Vá lá! Vai demorar minutos se eles tiverem de ir buscar a escada. Por favor! Por favor. Por favor. Por favor!

Ele me olha irritado e faço beicinho. Meus pais nunca resistiam quando eu o fazia e apenas rezava para que fosse o mesmo com ele.

Ryo bufa e se afasta. Sobe na segunda prateleira e se estica o máximo para o buscar. Sai quando o consegue buscar e sorri-o segurando-o.

–Obrigado!

–Como queiras.- Bufa e volta para a sua mesa.

Viro-me e corro até á entrada da biblioteca. Coloco o livro em algum lado e encontro Dave na porta. Ele franzia a testa enquanto folheava o livro.

–Conseguiste?- Pergunto aparecendo ao seu lado.

–Sim. Obrigado, Rose.

–Na boa. Mas pareces desiludido.

–Esta porra só pode estar a brincar com a minha cara!- Exclama irritado e fecha o livro com força.

A capa era grossa. Bem mais grossa que os outros livros da biblioteca. Podia-se ler na frente em letras grandes e brilhantes “O Poder”.

–É sobre o quê? Alguma história de magia?

–É sobre nada. As páginas estão em branco!

–Em branco?

Ele assente e pego no livro enquanto ele começa a xingar o céu. Toco a capa castanha. Era um livro belo. O abro e franzo a testa.

–As páginas não estão em branco.

–Estão. Todas elas!- Dave diz ainda de costas para mim.

–Não estão não. Olha aqui. “Quem conhece a história da gruta do tesouro da Princesa Lillistha sabe da maldição que aquela riqueza carrega, assim como sabe que apenas uma joia pode abrir as portas da gruta.”

Dave aparece ao meu lado e franze a testa.

–Onde leste isso?

–Aqui. Ora vê.- Aponto para as pequenas letras em negro bem desenhadas.

–Lê mais.

–“Lillistha pediu-me para escrever este livro e o enfeitiçar para que apenas a pessoa destinada o pudesse ler. A única pessoa que consegue ler este livro, é a pessoa com o coração mais puro onde as intenções são sempre verdadeiras e sem egoísmo.”

Olho Dave que me olha com uma expressão estranha.

–O quê?

–Vem comigo!

Puxa-me pelo braço e corremos até ao dormitório dos rapazes. Entramos num dos quartos e ele tranca a porta. Senta-se na cama e pega no telefone.

–Fica á vontade.- Me diz antes de ligar a alguém e me deixar confusa.

O quarto era parecido com o meu e de Airy, mas de um tom azulado. Sento-me na outra cama e fico lendo o livro.

A Princesa Lillistha Allandintane era uma rapariga corajosa, disposta a lutar pelo seu povo. Sua mãe morrera quando era nova e seu pai era um homem poderoso e ocupado. A Princesa se tornou uma mulher independente que sempre lutara pelo que acreditava.

Um dia, o Faraó a colocou num casamento marcado com Dinbe Raz, o Príncipe das províncias do norte. Sem escolha, a Princesa aceitou o casamento. O Casamento da Princesa e do Príncipe se sucederia em 3 meses, no dia 2. O dia do Sol.

Dinbe Raz. Lillistha. Estes não são os nomes das personagens dos meus sonhos? Que estranho.

–Rose, vou ter de sair. Não digas a ninguém sobre o livro.

–Ok.

Ele pega no livro e o coloca na mochila. Saímos de seu quarto até ao portão da Universidade. Antes de sair, Dave me olha.

–Lembra-te. Ninguém pode saber que eu tenho este livro.

–Tudo bem. Relaxa. Não vou dizer a ninguém.

O sinal toca e olho Dave que me sorri.

–Vai para a aula, Rosy. Volto mais logo.

Assinto e corro até á sala. Airy esperava-me numa das mesas.

–Onde estiveste? Esperei por ti na cantina e nada!

–Desculpa. Fui resolver umas coisas.

A aula corre normalmente, e bastante aborrecida na minha opinião. Quando acaba dou graças a Deus. Estávamos a ir para a cantina quando uma mão segura meu braço me parando.

–Precisamos falar.

Vejo Airy olhar Ryo com a testa franzida. Ryo me olhava com o maxilar tenso. Eu tinha a certeza absoluta que era por causa do maldito livro de Dave.

–Pois não?

–Isto é teu.

Ele entrega-me um livro e franzo a testa, “Assimetria das planícies.”

–Não é não.

–É sim.

–Não, não é. Para que eu iria precisar de um livro desses?

–Bem visto. Porque irias querer um livro destes?- Pergunta sorrindo de lado de um jeito rude.- No entanto, tu pediste-me para o tira da estante. Lembras-te?

Oh merda!

–Pedi, não pedi?

–Pedes-te.

–Rose, está tudo bem?- Airy me pergunta.

–Oh, está tudo muito bem, não está, Rose?- Ryo me pergunta e o olho sem saber o que dizer.- Eu e tua amiga vamos dar uma voltinha.

Ryo sorri para Airy, um sorriso tão falso como ele, e me puxa para longe dali. Sua mão apertava meu braço com força deixando marca, mas ele apenas para quando estamos debaixo de uma árvore perto da cerca.

–Onde está o meu livro?!

–Que livro?

–Não te faças de parva! Quando eu voltei para a minha mesa o meu livro tinha desaparecido. E tu eras a única pessoa ali para além de mim, da funcionária e de Dave.

Arregalo meus olhos e Ryo bufa rindo.

–Achavas que eu não vos tinha visto juntos, hem?- Aperta meu braço e gemo com a dor.- Onde está o meu livro?

–Não sei.

Ele me puxa e força-me contra a árvore. Tive medo dele naquele instante. Seus olhos estavam repletos de raiva. Seu rosto mais duro que nunca. E meu braço marcado como o diabo.

–Só te vou preguntar isto apenas mais uma vez. Onde está o livro?!

–Eu não sei! Eu não o tenho.

–O Dave tem-no?

O olho apenas. Prometi a Dave que não o denunciaria. E eu compro minhas promessas.

–Aquele filho da puta!- Grita largando-me e suspiro esfregando meu braço.- Para que ele o quer?

–Eu não sei.

–Tu sabes de alguma coisa por acaso?!- Pergunta irritado e me encolho assustada.

Ryo suspira e passa a mão pelos cabelos, frustrado. Se vira de costas para mim e o fico olhando. Ele parecia falar alguma coisa mas não consegui perceber o quê.

–Onde ele está?- Pergunta ainda de costas para mim.

Não respondo.

–Onde ele está, Rose?!- Grita virando-se e engulo.

–Não sei. E queres saber, nem quero saber! Estou pouco me lixando para vocês e esse livro. É apenas um livro, porra! Até parece que aquilo diz alguma coisa de interessante. É apenas uma história idiota!

Desabafo irritada de tudo aquilo. Passo por ele sem me importar se ele ia explodir ou congelar. Apenas sigo o caminho até á cantina. Encontro Airy conversando com James. Pego minha comida e sento-me ao lado dela.

–O que o Ryo queria contigo? E que história era aquela do livro?- Airy me pergunta e dou de ombros.

–Nada de importante.- Resmungo comendo em paz.

–Uau, que cara é essa, loira?- Tass senta-se á minha frente sorrindo.- O que aconteceu? Partiste uma unha.

Reviro os olhos rindo um pouco.

–Quem me dera que fosse isso.

–O Ryo está a atormentar-te?- James pergunta chamando minha atenção.- Posso resolver isso para ti. Não me custará nada.

Sorri de lado e controlei-me para não revirar os olhos.

–Não é preciso, obrigado. Eu posso resolver bem sozinha.

–És sempre tão querido, James.- Airy diz apaixonada.- Todos os rapazes deviam ser como tu.

Minha amiga continua a elogiar James que sorri gostando do que ouve. Enquanto isso apenas como sem me importar com mais nada. Podia sentir os olhos de Tass em mim o tempo todo. Mas apenas uma coisa rondava minha cabeça.

O que aquele livro tinha de tão especial? Era apenas um livro, cara. Vá se lá entender os rapazes de hoje.


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