III- A Visita ao Mercado- III

“A melhor forma de ter sabedoria, é querer saber.

A outra, é deixar que nos ensinem.”

Abro meus olhos sentindo meu peito aquecer com um sentimento estranho. Olho Airy que ainda dormia tranquilamente. Sento-me na cama suspirando.

–Sonho mais estranho.- Resmungo andando até ao armário.

Tiro uns calções brancos, uma blusa azul-marinho e uma blusa de ombro descaído até á metade da barriga preta. Tiro minhas botas pretas e sai-o até ao banheiro.

Ainda estava vazio, então tinha tudo só para mim. Lavo-me depressa e escovo meus dentes antes de vestir minha roupa. Ato meu cabelo em duas tranças e volto para o quarto. Pego meu celular e sai-o deixando um bilhete a Airy sobre onde ia estar.

Ando até á cantina e sento-me na mesa mais longe comendo uma maça. Deito minhas pernas em cima da mesa e fico vendo as mensagens.

“Oi, Rose. Eu sei que não tenho o direito de falar contigo depois do que aconteceu em tua casa mas… tenho saudades tuas. Não devia ter reagido daquela maneira. Desculpa. Espero que me possas perdoar. Beijos, Billy.”

“Oi, Billy. Não tem problema. Fico feliz que me tenhas escrito. Também tenho saudades tuas e claro que te perdoo, seu tonto. Devia ter-te dito antes, mas queria que fosse surpresa. Eu nem tinha muitas esperanças de que entrasse é uma Universidade muito rígida. Espero que estejamos bem. Beijos, Rose.”

A porta se abriu e um grupo de rapazes entrou. A cantina começou enchendo aos poucos.

–Ei, Miúda.- Tass diz aparecendo e sentando-se á minha frente.

–Ei.

–Queres conhecer o James?

–Não, porquê?

–Porque ele está a olhar para aqui.- A olho confusa e vejo-a piscar-me apontando para a mesa a duas da nossa.

Viro-me e vejo James Pelvenar e os olhos azuis que Airy prenunciou. Volto-me para a frente e dou de ombros.

–Sabes quem vai dar a visita ao primeiro ano?

–Acho que os selecionados foram o James…

–Ui, Airy vai delirar.- Ri-o e Tass sorri.

–...a Grindy, o Ryo e a Maisy. É uma boa comitiva logo no primeiro dia.- Tass ri.- Boa sorte.

–Porque dizes isso?

–Porque, bom, James é o James. Grindy é a maior mimada da Universidade. Maisy é uma das suas seguidoras fiéis e enjoativas. E o Ryo, bom, não tenho problemas com ele. Ninguém tem, tirando os professores. Ele mantem-se afastado de tudo e todos. Acho que vai ter a sua graça.

–Oi.

Viramo-nos para Airy que se senta ao meu lado sorridente.

–Ei. Finalmente acordas-te, dorminhoca.

–Estava a ter um sonho perfeito com o meu James.- Suspira e ri-o enquanto Tass sorri como se percebendo.

–Tu deves ser a Airy.

–Sim. E tu?

–Tass. Rose falou-me de ti. Adoras o James, certo? Deves estar feliz.

–Porquê?

–Ele será um dos nossos guias hoje.- Explico e os olhos de Airy se arregalam de entusiasmo.

–Sério? Oh, meu Deus! Isso é incrível. Não vou sair do pé dele! Pode ser que ele me leve a andar de helicóptero.

Ri-o com Tass e ouvimos o mega fone.

–“Bom-dia, alunos. É favor os alunos do primeiro ano dirigirem-se até á frente do campus. A visita vai começar.”- A voz de uma mulher avisa.

–É agora! Vamos, Rose!

Despeço-me de Tass enquanto Airy me puxa pelo braço com força. Aquela cabeça no ar nem deve ter reparado que o James estava umas mesas ao nosso lado.

Sento-me num banco á frente do campus. Airy senta-se ao meu lado sem conseguir ficar quieta um segundo. Sr. Theyler já lá estava com o idiota de ontem que me deitou ao chão assim como vários outros alunos que não conhecia de lado nenhuma.

–Eu já te disse que o Billy mandou-me uma mensagem?- Pergunto descontraída como se não fosse nada do outro mundo, mas por dentro temia a reação de Airy.

–Hem?- Pergunta virando-se para mim e ficando quieta pela primeira vez.- O Billy? O carinha da nossa rua? O cara aborrecido? A seca em pessoa? O rapaz que gritou contigo por vires para cá? Esse Billy?

–Sim, Airy. Esse Billy.- Reviro os olhos.

–O que ele disse?

–Se eu o perdoava. E que tem saudades minhas.

–Tu disseste-lhe para ele ir apanhar no cu, certo?

–Não! Disse-lhe que o perdoava. Que estava tudo bem. Eu nunca lhe diria isso, Airy!

–Porque não?! Ele é um idiota, Rose. Ele merece tudo de mau.

–Não é assim, Airy! Ele é boa pessoa. Ele pediu desculpas, pediu!

–Não acredito que estás a defender aquele cara?

–E eu não acredito que estás a ser assim? Airy… Vá lá. Eu não voltei para ele, apenas o perdoei. Qual é o mal?

–O mal é que tu és boa demais, Rose, e isso irá virar-se contra ti.

Minha resposta foi impossível de ser dita pois logo vários gritos apareceram interrompendo-nos. Airy se levantou ansiosa de novo esquecendo nossa conversa e se atirou no mar de gente ansiosas por ver James.

Bufei cruzando os braços.

–Já cá estão todos?- Sr. Theyler pergunta.- Bom. Vou deixar-vos com eles. Serão divididos em 2. Um dos grupos será dado pelo Senhor Pelvenar e a Senhorita Ellen. E o outro pelo Senhor Ryo e a Senhorita Nevon. Espero que se comportem e se precisarem de alguma coisa falem com vossos guias. Agora vou deixar-vos nas mãos deles. Até logo.

Sr. Theyler sorriu e se foi entrando de novo no campus.

–Pudemos escolher o lado?- Uma garota pergunta ansiosa.

–Claro. Não vejo porque não.- Uma garota de cabelos castanhos murmurou olhando Ryo que olhava James e suas admiradoras com raiva.

–Eu quero o James!- Muitas garotas gritaram enquanto o playboy ria.

Nem pensar que eu ia com aquele garoto. Meus ouvidos não aguentariam.

–E se tornássemos as coisas mais interessantes?- James pergunta olhando Ryo.- Os meus e os de Grindy. Contra os teus e os de Maisy.

–O que ganho com isso?- Ryo bufa com os braços cruzados sobre o peito.

Ele tinha bom corpo. Melhor que o de James se me perguntassem. Seus cabelos eram tapados por um chapéu preto impedindo-me de ver seus cabelos, mas seus olhos estavam á vista de todos.

–Quem ganhar, recebe uma volta de helicóptero.

–Passo.- Ryo bufa acabando com a esperança de muitos ali.

Ele entra no autocarro seguido por a maioria dos rapazes. Sento-me no lugar mais longe olhando pela janela. Alguém se senta ao meu lado e olho vendo os cabelos fogo de Airy.

–Ei.

–Não vais sentar-te com James?

–Os lugares ao lado dele já foram ocupados.- Murmura triste e bufo voltando-me de novo para a janela.- Rose, desculpa. Eu não queria ser tão dura contigo. Apenas… acho que mereces mais que Billy.

–Tudo bem. Vamos esquecer isso.

–Vais ficar no grupo de James?

–Só se quiser ficar surda.- Reclamo e ela ri.

–Eu vou ficar, importas-te?

–Na. Fica á vontade. Mostra aquelas mimadas quem é Airelle Vincs.

Ela ri me abraçando-o e sorri-o por estarmos bem de novo. Vijamos um pouco e paramos num mercado local. Todos saem e encosto-me ao autocarro esperando ordens com Airy que mantinha os olhos em James.

–Muito bem. Chegámos.- James diz olhando para todos e seu olhar cai em mim e Airy que sorri como se seu coração falhasse.- Quem vai comigo e com Grindy para este lado.

–Fica bem.- Airy beija meu rosto e sorri-o antes de ela ir.

Desencosto-me do autocarro e ando até Ryo e Maisy.

–Vamos embora daqui.- Ryo resmunga virando-se.

–Espera!- James fala o parando.- Ninguém mais quer vir para aqui? Comigo?

Olho em volta. Até estava bastante equilibrado. Rapazes de um lado, raparigas do outro. Tirando… eu, que fiquei com os rapazes.

–Parece que não. Então, vamos? Quero acabar isto hoje.- Digo colocando meu chapéu e virando-me para trás.

–Concordo com a loira.- Um rapaz de óculos escuros diz bocejando.- Vamos antes que eu durma por aqui.

Seguimos Ryo e Maisy pelo mercado. Todas as bancas eram diferentes. Umas com tapeçarias, outras com alimentos, objetos… cada uma com seu modo de ser. Quem falava a maior parte era Maisy. Ryo apenas ficava a olhar como se não fosse nada com ele.

Caminho até a uma bancada onde haviam inúmeros colares com pigmentes diferentes e únicos.

–Quer um, menina?- Uma mulherzinha idosa me pergunta atrás da bancada.

–Au, não, obrigada. Estava apenas a ver.

–Uma menina tão bonita merece algo único e delicado, como a menina.

–Obrigado, mas não vim comprar nada. Estou com o grupo.- Aponto para o grupo que não estava muito longe dali.

–Da Universidade, presumo.

–Sim.

–É uma boa Universidade. Já sei!- Ela tira algo d e uma caixa qualquer e me estende.

O pigmente era uma rosa negra. Parecia feita de alguma espécie de vidro ou pedra. Parecia brilhar.

Era lindo!

–Não existe cópias. É único. Dizem que é como um amuleto. Afasta os maus-olhados.

–É lindo.

–E seu.- Estendo-mo e nego recuando.

–Oh, não. Isso deve valer uma fortuna.

–Não lhe custará nada. É uma prenda.

–Não posso aceitar.

–Ficarei ofendida se assim o fizer. É de coração que lho ofereço.

–Desculpe, mas não posso mesmo aceitar.

–Ei!- Olho para o meu lado e vejo Ryo.- Vais ficar aqui a fazer compras ou vens connosco?

–Eu não estava a fazer compras!- Reclamo antes de me virar para a mulherzinha.- Desculpe mais uma vez. Adeus.

Ela me sorri e sai-o com Ryo até ao resto do grupo. Acabamos a visita e nos encontramos de novo no autocarro. Airy me encheu com coisas acerca de James o que me fazia sorrir para a sua animação.

Olho em frente e vejo dois olhos azuis me encarando. As garotas falavam com ele, mas seus olhos sem mantinham em mim.

Não fazia ideia de qual era o problema, mas não estava a gostar nada do jeito com que James Palvenar me olhava.