Sonho I – Lillistha Allandintane

Abri meus olhos conforme o barulho na porta me acordava. O sol entrava pela janela me aquecendo de uma maneira gostosa.

–Alteza? Alteza? Alteza, acorde, por favor!

Levanto-me apressada e abro a porta de madeira. Uma garota um pouco mais velha que eu de pele negra e cabelos negros como a noite me olhava aflita. Suas roupas não passavam de uma túnica branca com alguns desenhos em preto.

–Tess? O que aconteceu?- Pergunto.

Uma voz que não era a minha. Nem o quarto. Nem a roupa!

–É seu pai, vossa alteza. Ele exige sua presença agora mesmo.

–Oh, meus deuses! O que será que aconteceu? Diz-lhe que me estou a preparar e me encontrarei com ele o mais rapidamente possível.

–Sim, senhora.

Fecho a porta e corro até ao armário. O pijama de seda é substituído por um vestido vermelho-escuro. Me olho ao espelho que se encontrava ao lado do armário.

Meus cabelos loiros foram substituídos por cabelos negros encaracolados. Meus olhos cinza por dois rubis verdes e brilhantes. Minha pele era clara como a neve. Mesmo com o calor lá fora, eu me sentia bem, fresca.

A frescura apenas era substituída pela ansiedade e preocupação do que “meu pai” quereria comigo.

Corro até á porta e a abro. Os guardas que a guardavam me saúdam antes de eu correr pelo corredor de pedra. As paredes brancas estavam decoradas com tapeçarias antigas e antigos belos e desconhecidos.

Paro em frente a uma porta vermelha e a abro.

Um corredor se estendia delineado por um tapete vermelho até ao trono dourado onde um homem se sobressaia.

Os cabelos eram tão negros quantos os meus, mas os olhos eram de um castanho profundo e misterioso. Suas roupas brancas sobressaiam contra a pele bronzeada. Uma coroa brilhava em sua cabeça repleta de diamantes e rubis. Nas suas mãos um bastão dormia reto e brilhante.

–Meu Senhor…- Falei hesitante.

A sala era grande, mas deserta. A sala do trono. A única tapeçaria ali era a que se situava atrás do trono. Uma grande tapeçaria feita dos melhores tecidos. Com cores vivas em vermelho, dourado e azul. Cheia de pedras preciosas e ouro.

“Vida longa ao grande Faraó” sobressaia-se em árabe bem no centro da tapeçaria.

–Minha filha. Aproxima-te.

A voz era forte. Destemida. Poderosa.

Aproximei-me engolindo em seco. Os olhos do faraó pararam em cima de mim me analisando. Senti-me nua aos seus olhos. Era como se ele pudesse ler todos os meus pensamentos.

–Sabes porque te chamei?

–Tenho minhas dúvidas, meu senhor.

–Esclarecer-te-ei, então. Recebi um pergaminho de Azherd Danmendel. Lembras-te dele?

–O Faraó das províncias do norte.- Digo e ele assente.

–Azherd fez-me uma proposta interessante.

–E qual seria?

–Ele propôs-me juntas a província do norte com a do sul. Juntas, as nossas províncias seriam imbatíveis e em pouco tempo conquistaríamos as terras de oeste e este. É uma proposta interessante.

–Também acho. Seria de muita ajuda para nós. Mas o que isso tem a ver comigo?

–Lillistha, és minha única filha. Minha herdeira. Não quero que outro que não seja da realeza assuma o trono. Portanto, aceitando a proposta de Azherd, casar-te-ás com o filho mais velho dele, Dinbe Raz. Isso permitirá, não só que o reino fique em tuas mãos, mas também a junção das duas províncias.

–Entendo.- Sussurro.

–Sei que pode parecer estranho para ti, Lillistha, mas é o melhor. Conhecerás Dinbe Raz, e não tenho dúvidas que encontrarás nele quem necessitas.

–Se o senhor acha.

–Acho sim. Estarei mais descansado, até. Pois saberei que estarás em boas mãos.

–Sim, meu senhor. É tudo?

O faraó me olha e então assente. Assinto de volta e me volto seguindo o mesmo caminho de antes mas com um sentimento diferente. A preocupação se tinha ido. Ficando apenas uma sensação de desconforto e aceitação.

–Minha filha!- O Faraó fala me parando.- Não te podes esquecer quem és. A Princesa Lillistha Vielz Grondine RazambAllandintane. E como Princesa, tu mereces o melhor dos melhores assim como aquilo que te é devido. Não nunca te podes esquecer, que uma Princesa nasce com um objetivo. Proteger seu povo.

Viro-me para ele.

–Assim farei, meu senhor. Casar-me-ei com Dinbe Raz e orgulharei meu povo… e a si.