Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 4
A noite e meu pai


Notas iniciais do capítulo

Desculpa os assassinatos da língua portuguesa e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630884/chapter/4

Hoje novamente é sexta, eu gosto muito das sextas-feiras, porque amanhã não tem escola, eu posso dormir até tarde e fazer o que me der na telha. Cheguei à minha casa lá pelas oito da noite, antes eu estava na casa das gêmeas. Aliás, esqueci de comentar, elas são minhas melhores amigas, mesmo que as vezes eu confunda elas, mas isso só acontece sei lá... Três vezes por semana? Não, isso é brincadeira, é muito raro eu confundir as duas, elas são muito parecidas fisicamente, mas o jeito delas é totalmente diferente. Ambas são ruivas, com algumas sardas pelo rosto, olhos verdes, mas o jeito de vestir-se é diferente e até o modo como falam. Aliás.... Acho que vocês não fazem ideia de como eu sou... Bem, meus olhos são castanho claro, meu cabelo é castanho claro também e não sei mais o que dizer, é difícil descrever-se. Ah sim, eu tenho uma marca de nascença parecendo um ursinho na minha nuca, mas isso não é algo importante.

Depois de jantar tomei banho e do mesmo jeito que estou fazendo toda santa noite a três semanas, eu examinei minha cicatriz que está visivelmente melhor e menor; pessoalmente odeio ir ao médico, mas dessa vez tenho que admitir, os remédios do dermatologista fizeram milagre! Depois de ler alguns gibis antigos (cortesia dos meus amigos do clube de xadrez) acabei caindo no sono em minha cama.

Acordei um tanto assustada naquela mesma noite, o som de algo batendo na minha janela me acordou. O relógio ao lado da cama marcava exatamente meia noite e meia, ao vira-me para ver o que era levei outro pequeno susto, era Clarck batendo do outro lado do vidro.

Ele havia escalado a árvore ao lado de minha casa, não me pergunte o nome da árvore, pois eu não sou o que se pode chamar em expert na área de botânica. Mas voltando ao assunto, a árvore em meu quintal é grande e encosta no que eu pessoalmente chamo de minha “varandinha”, que é literalmente uma estreita sacada debaixo da janela no meu quarto. Eu gosto muito de colocar uma cadeira naquela sacada e ficar observando a paisagem, mas só faço isso quando minha mãe não está em casa, ela morre de medo que eu caia de lá.

Se não ficou claro (acho que ficou, mas não custa repetir), Clarck subiu pela árvore até meu quarto e lá estava ele, com as bochechas rosadas por causa do frio que fazia do lado de fora.

— O que você está fazendo aqui Clarck... Ou melhor... Como subiu até aqui?

— Eu precisava te ver, quase não te vi hoje na escola hoje e...

— Ok, você precisava me ver à meia noite?

— Hoje é o nosso aniversário de cinco meses de namoro, eu queria te ver... Eu sei que isso não é muito tempo, mas significa muito para mim. Esse é um dos poucos, se não o meu primeiro relacionamento que está durando mais que um mês e meio.

Ambos ficaram se encarando por alguns instantes, então Clarck continuou:

— Sabe, você significa muito para mi... —Clarck foi interrompido por um beijo de Lily.

— Você fala de mais moço! —Disse Lily com um sorriso “tímido” por assim dizer.

— Perdão.

— Sabe, tudo isso que você fez eu achei um clichê... Mas até o maior dos clichês vindo de você se torna a coisa mais fofa do mundo.

Ambos ficaram ali na janela mesmo, se beijando, ficaram lá por um bom tempo até que uma corrente de ar fez Lily se arrepiar, aliás, ela estava de pijama.

— Eu poderia te dar meu casaco, mas também posso pedir para entrar.

Estávamos unidos por um beijo atrás do outro e basicamente sem perceber fomos andando em meio a esses beijos até minha cama. O casaco de Clarck já havia sido jogado no chão enquanto íamos para minha cama. Sua blusa preta justa deixava à mostra todos seus músculos, mas porque admirar um abdômen tão bem definido por entre um pano se posso ver por baixo da camisa? Então eu mesma fiz o favor de tirar sua blusa assim que nos sentamos em minha cama.

Cada vez mais íamos nos aproximando e aos poucos ele foi me deitando na cama, quando eu já estava totalmente deitada ele parou de me beijar e olhou bem no fundo dos meus olhos.

—Antes que eu me esqueça, nosso aniversário de namoro na verdade é semana que vêm, acho que você terá que voltar aqui semana que vem —Disse Lily com um sorriso um tanto maldoso.

— Droga! Então você está me mandando embora?

— Não bobinho, eu estou pedindo para você voltar.

A colônia masculina dele tinha um cheiro muito gostoso e me fazia querer estar cada vez mais perto, seu cheiro era um vício pessoal meu e ele estava tão perto de mim, ô felicidade. Clarck me sorriu de canto, me deu um beijo suave depois desceu os lábios para meu pescoço, sem parar de beijar meu pescoço, senti sua mão percorrer meu abdômen, eu já estava me levantando um pouco para ajuda-lo a tirar minha blusa de pijama quando de repente sem aviso ou notificação prévia eu escuto um barulho no quarto ao lado (basicamente um escritório).

Escutei três toques de sino e depois a seguinte frase “o escaneamento terminou”. Droga era o maldito do Avast, o antivírus havia dado um sinal, então isso significava que alguém estava no quarto ao lado. Clarck e eu paramos na hora o que estávamos fazendo e olhamos para o lado onde ouvimos o barulho.

— Droga, quem será no outro quarto? —Disse Clarck já sussurrando.

— Acho que é meu pai, de vez em quando ele adianta o trabalho dele de noite —Respondeu Lily sussurrando também.

— É quase uma hora da manhã e o homem foi mexer no computador logo agora, olha eu tenho que falar seu pai não tem cabeça. Eu não trocaria uma bela noite de sono por trabalhar até altas horas da madrugada nunca.

— Eu concordo, mas é a vida.

— Então é melhor eu ir embora, vai que ele descobre que eu estou aqui.

— Não, se você descer por onde subiu ele vai te escutar, sair pela porta do meu quarto é uma possibilidade já esquecida, a melhor opção é ficar aqui. Além do mais, é tão ruim a ideia de deitar ao meu lado?

—De jeito algum. 

Eu pessoalmente utilizo mais meu celular que o computador, geralmente só utilizo o computador para fazer meus trabalhos de escola, mas tenho que admitir, nunca pensei que uma CPU pudesse salvar minha vida. O quarto de meus pais é literalmente do outro lado do corredor, então é meio difícil eles escutarem algo caso eu faça algum barulho, mas meu pai estava no quarto ao lado e acordado, senti medo até que ele ouvisse nossos sussurros.

Não se passou nem cinco minutos que nós ouvimos o sinal do Avast e eu ouvi alguém batendo na porta do meu quarto, suei frio aquele momento. Ele bateu novamente na porta e depois sussurrou se eu não sabia onde estava o fone de ouvido, eu não respondi nada e ele bateu pela terceira vez. Na terceira vez eu fingi estar com voz de sono, que acabara de acordar e logo em seguida respondi à pergunta. Graças a Deus ele foi embora sem abrir a porta, não tenho certeza se a tranquei.

— Lily, você acha que ele sabe que estou aqui?

— Muito improvável, se você tivesse uma filha e soubesse que há um homem no quarto dela tarde da madrugada você reagiria tão tranquilamente?

— Não, muito provavelmente o garoto nem estivesse vivo se eu o achasse no quarto.

Clarck ajeitou-se debaixo de minhas cobertas e ficamos nos olhando até que Clarck pegou no sono, eu por minha vez fiquei acordada até que meu pai também resolveu dormir e olha que isso aconteceu lá para às 3:00 da manhã. Eu poderia acordar o Clarck, mas para que, ele estava dormindo tranquilamente e é óbvio que eu gostei da ideia de ele ter dormido ao meu lado. Mas infelizmente eu não poderia acordar qualquer hora e simplesmente descer as escadas com ele para tomar café da manhã, então coloquei meu despertador para tocar às 5:10 da matina. Era a hora perfeita, minha mãe não levanta antes das seis da manhã e não faço ideia de que hora meu pai levantaria depois de saber a hora que ele foi dormir.

Quando o despertador tocou eu demorei um pouco a desativá-lo, o sono ainda me assolava, demorei tanto que Clarck acordou e virou-se para o outro lado da cama por causa do barulho.

—Lily, que horas são?

— Cinco horas.

—Por que me acordou essa hora?

— Você precisa ir embora agora.

—Preciso mesmo? É que aqui está tão bom. Por que não continuamos o que a gente começou àquela hora?

Clarck virou para meu lado e me abraçou, eu não podia fazer nada a não ser... Tirar o braço dele de cima de mim, eu não pensei nem por um segundo na proposta, realmente não dava mesmo.

— Ha ha ha! Se não deu certo àquela hora, agora muito menos. De noite quem acordou foi meu pai, quem pode acordar agora é minha mãe e ela tem ouvido de águia, então deixa para outro dia.

Clarck levantou-se e foi lavar o rosto, depois descemos pé por pé as escadas de minha casa, fomos até a porta e depois me despedi de Clarck. Creio que ninguém nos viu, Clarck dormiu ao meu lado essa noite, então posso dizer sem dúvida que.... Estou cansada e com as costas doendo, minha cama é de solteiro, mas foi uma noite emocionante e não a esquecerei tão cedo.... Muito menos o bendito toque do Avast.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ah Se Você Soubesse" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.