Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 33
Ajudando o inimigo


Notas iniciais do capítulo

Oh, um capitulo narrado só pela Dara... Faz tempo que não tem um só para ela...
Mas isso é porque fiquei muito tempo sem escrever, mesmo (¯ ~ ¯;)

Boa leitura!



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Dara_Pov(On)

 

Me despedi de Lily e fui embora tão avoada, tão feliz, queria que o mundo inteiro sentisse minha felicidade naquele momento. Cheguei em casa, me sentei ao lado do Sombra, encostei minha cabeça em seu ombro. Ele usava sua camisa do Mighty Super Ducks, enquanto bebia uma cerveja, e assistia à reprise de um jogo do seu time de Hockey. Estava tão compenetrado naquele jogo, mal percebeu minha presença.

—Eu saí com a Lily hoje!

Falei, mas ele apenas respondeu com um grunhido “Aham”, dei um soco em seu ombro para tentar chamar sua atenção, mas não funcionou tão bem como esperava. Ele olhou para mim, mas vi que estava prestando atenção na televisão. Queria contar o que tinha acontecido, estava tão empolgada para contar, na realidade, mal estava me importando com o fato de ele estar prestando atenção, ou não.

—Foi, tipo um encontro — Eu abafei uma risada —  Na verdade, acho que nosso primeiro encontro. Pelo menos “oficial”, claro!

—Quê?! — Ele voltou a si — Repete isso...

—Ela queria conversar comigo, disse que gostava de mim, mas queria ir devagar. Então, basicamente a Lily me convidou parar ir numa cafeteria perto da casa dela, e foi basicamente isso, mesmo.

—Nossa, a Lily tem iniciativa, quem diria?

—Pois é, ela estava toda romântica e tals — O abracei apertado — Ai, você não sabe o quanto estou feliz.

—Dá pra sentir — Disse Sombra fingindo estar sufocado — LITERALMENTE!

—Você é muito exagerado, Lunático! — O soltei — Vou trocar de roupa, já volto.

Acabei não cumprindo minha palavra, recebi mensagens da Lily, acabei esquecendo do  ali estava eu, jogada em minha cama novamente tagarelando com Lily, mesmo tendo visto ela a pouco tempo, parecia que nem nos vimos hoje, pois ela conversava tanto e parecia tão animada. Pude constatar isso pelos áudios que me mandou quando cheguei em casa.

Não sei o que houve para estar assim, depois do que aconteceu eu sinceramente esperava choramingando, carente e até depressiva. Mas fico feliz por ver que ela está melhor, acho que Lily voltou a ser a garota de razão que era, quer dizer... Mais ou menos... Acho que para gostar de mim, ela provavelmente tem um pé na loucura. Mas tudo bem, isso a torna mais perfeita ainda, na minha opinião, mas quem sou eu para dizer algo?

Infelizmente Lily decidiu ir dormir cedo, era nove e meia quando se despediu de mim. E sem ela por perto veio o tédio, mas aparentemente eu não era a única entediada nessa casa. Eu não queria dormi, e Sombra parecia emburrado no sofá, por conta do time dele ter perdido, duvido que vá para a farra hoje. Iria ver algum filme com o Sombra, ou fazer qualquer coisa, até empilhar cartas seria mais interessante que ficar ali no meu quarto olhando o teto. Mas antes de se quer eu levantar da cama, meu celular vibrou sobre o Criado-mudo, tinha esperanças que fosse Lily novamente, então peguei meu celular o mais rápido que pude.

Par minha infelicidade e desprezo, não era ela, mas sim meu irmão. Já havia esquecido qual a última vez que ele me mandou uma mensagem, na verdade lembro, não terminou muito bem nossa conversa, mas isso não vem ao caso. Como já tinha aberto seu contato no What’s App, na ânsia de ver lily, resolvi respondê-lo.

[Clarck]: Você está disponível hoje?

[Dara]: Não sou suas “NEGAS”!

[Dara]: Acho que errou o número discado.

Joguei o telefone na cama, um tanto forte demais. Acabei lembrando de tudo que ele me fez de mal, e tudo que não fez e ele tinha o poder e a palavra para me ajudar. Mas o que mais sentia raiva é por ele saber que Sombra e eu nunca tivemos nada, saber o que eu sou, e mesmo assim nunca abrir a boca, deixar meu pai me tratar daquele jeito. Por infelicidade o telefone vibrou novamente, e outra...E outra vez... Até que na sexta vez eu perdi a paciência e decidi que iria bloqueá-lo. Acabei lendo suas mensagens ao abaixar a barra de notificações:

[Clarck]: Não, eu não errei não.

 [Clarck]: Queria falar com você mesma, Dara.

[Clarck]: Sabe o fundo do poço?

[Clarck]: Pois é, acho que cheguei nele.

[Clarck]: E você não vai acreditar, mas eu não tenho ninguém mais para falar isso.

[Clarck]: A não ser você.

Acho quer era para eu ficar com dó, mas isso não me fez desarmar, eu não esqueci que ele deve estar morrendo de raiva de mim, resolvi deixá-lo no vácuo. Desliguei sem pensar duas vezes o meu Wi-Fi, não queria ser incomodada.

Fui até a sala como se nada tivesse acontecido, Sr. Almíscar estava dormindo dentro das gavetas do Rack que segurava a televisão. Lady Fluppy me recebeu com mordidas em minhas meias brancas, queria brincar, peguei o laser sobre o sofá, aponte o para a parede, ela reagiu na hora àquela luz.

Já passara das dez da noite, então creio que não vá sair hoje, Sombra parecia tão relaxado no sofá que o estofado já devia ter feito a volta da bunda dele. Sentei me ao lado do magrelo, segurei o Laser com a mão direita e com a esquerda tomei a garrafa que Sombra segurava, ele me encarou, mas não fez nada para impedir que eu roubasse sua bebida. Dei um gole sedenta pela cerveja, mas já estava quente, quase cuspi o liquido no susto. Sombra riu de mim, entendi porque não me impediu de roubar sua cerveja, já estava quente aquele troço.

—Não vai sair hoje?

—Nahh... Não estou com ânimo para sair hoje — Disse ele surfando pelos canais da televisão — Ah, sair toda semana cansa!

—Tá doente de novo? — Coloquei a mão em sua testa — Não, parece normal.

—O que foi?! é tão estranho eu não querer sair, de vez em quando? — Acenei positivamente — Às vezes é bom para um cara, só ficar em casa e relaxar, com minha irmãzinha e meus gatos.

—Ah, falando em “irmãzinha”, adivinha quem me mandou mensagem agora pouco?

Seus olhos vidraram na televisão, e novamente ele se esqueceu que eu estava ali. Dei um tapa naquela face esquelética, o transe pareceu passar um pouco.

—Hã... Quem?!  — Ele se quer olhou para mim — A Lily?... A Alice?... A Megan?... A outra gêmea que eu esqueci o nome?... Quem?!

—Nenhum deles, foi o Clarck.

—Por quê?! — Finalmente Sombra olhou para mim — Ah, esqueci que ele já sabe de você e a Lily.

—Bem, eu também pensei nisso. Mas aí ele falou uns negócios de estar no “fundo do poço” e eu não dei bola, desliguei até meu Wi-Fi. Ele não ia me enganar tão fácil assim. Ah, vá chorar na casa do car@$%#!

—Boa!

Ele finalmente parou de apertar compulsoriamente os botões do controle, achou algo que gostava, estava passando um episódio de Gate Nº 5, aquela série que a Lily disse ser muito fã. Sombra parece gostar desse programa também, então deixou por lá mesmo.

—Aff, o programa idiota que a Lily gosta.

—O que? GNF? — Sombra olhou para mim — Ela também curti? Tem bom gosto essa sua namoradinha.

—Ai, bem que eu queria — Me escorei no ombro dele.

—Que ela tivesse bom gosto?

—Não, a segunda opção.

—Aliás, vocês saíram hoje... — Ele me provocou levantando e abaixando várias vezes suas sobrancelhas — Isso não quer dizer que vocês estão caminhando para isso?

—Aahh, eu espero, do fundo do meu coração que sim.

Acabei ficando ali mesmo, vi um episódio da série idiota que a Lily e o Sombra gostam, não retiro uma palavra do que eu havia dito, PARA MIM AINDA É PURO CLICHÊ! Mas eu assistiria isso tranquilamente com a Lily, não é essa tortura que parece à primeira vista.

Estava tão entediada, O Sombra dormiu na metade do episódio e eu fiquei “zanzando” pelos canais, tentando achar algo no mínimo “não entediante”. Mas a dura realidade é que a Tv tinha mais de 100 canais, e nenhum que prestasse.

O Sombra me expulsou do sofá, estava no estado sonambulo, então nem podia dizer não, ele não escutaria. Sentei me na poltrona dele e Fluppy pulou em meu colo logo em seguida. Acabei descobrindo que acariciar aquela bolinha de pelos é mais relaxante que contar carneirinhos, eu adormeci com ela em meu colo.

Acordei com o som do meu telefone tocando às 3 horas da manhã, ele estava no meu quarto e seu som ecoou pela casa toda. Me levantei na hora, mas Sombra se quer ligou para isso, apenas virou para o outro lado em seu sofá e continuou.

Fui ver quem me ligava àquela hora, era Clarck. Deslizei o dedo sobre a tela, recusando a ligação, depois tirei todo o volume de meu celular, o deixando no mudo. Me joguei na cama esperando voltar a dormir, desliguei a luz do quartoe fechei os olhos. Nem um minuto depois a luz do meu celular iluminou todo meu quarto e sua vibração fez o criado-mudo também vibrar. Clarck não parava de me ligar, eu estava tentando ignorar aquilo, mas sem muito sucesso, tampei minha cabeça com meu travesseiro e virei para o lado, mas o som do aparelho se mexendo sobre minha mesinha estava me deixando sem paciência.

[Dara]: O que foi?! Seu desg#@£$%&, Filh@ #$ *&%, o que você quer de mim?

[Clarck]: Dara, me tira daqui. Me leva para casa, por favor!

Eu pude escutá-lo chorar do outro lado da linha, também música country tocando do outro lado, era realmente deprimente aquilo, e estava muito alto som. Mesmo assim, creio que não seja por isso que ele chorava. Eu estava realmente sem paciência, então gritei:

[Dara]: O que foi que houve?!

[Clarck]: Quer saber?! Eu nem sei por que tô te ligan...gan..gando....Sua...Suua....

Ele chorou novamente, parecia bêbado, acho que já sei o motivo de ele estar escutando a música country melosa.

[Dara]: Você está bêbado, não é?

[Clarck]: Não, eu estou até muito sóbrio. O problema é esse!

[Clarck]: Eu já bebi tanto, mas tanto, e até agora não tomei um porre!

[Clarck]: Queria tanto tomar um porre! Cair desmaiado, não me lembrar de nada...

[Clarck]: Mas agora eu quero ir para casa e nem sei onde deixei meu carro.

[Dara]:Chama um taxi, ora!

[Clarck]: Esse também é outro problema, tem... Tem... Tem o que mesmo?! Ah sim, tem meia hora que meu dinheiro acabou.

[Dara]: Aff cara, liga para o papai ir te buscar então! Credo!

[Clarck]: Não posso!

Ele começou a rir do outro lado da linha, depois subitamente parou e começou a chorar outra vez.

[Clarck]: Você sabe como a Helena é, ela é totalmente contra eu beber.... Um dia ela até tacou um tamanco na minha cara, isso, só porque eu dei um gole do Chopp do pai.

[Clarck]: Imagine o que ela faria se descobrisse que estou enchendo a cara?

[Dara]: Devia ter pensado isso quando pensou em passar a noite bebendo, não acha?

[Dara]: Seu...Seu engomadinho idiota!

[Clarck]: Dara, eu não posso voltar pra casa hoje.

[Clarck]: Minha última esperança...Minha última esperança...É você!

[Clarck]: Me ajuda, por favor!

[Dara]: Puff, por que eu faria isso?

[Clarck]: Também não sei, infelizmente agora não consigo pensar em...Pensar em...Nenhum motivo para isso.

[Clarck]: Mas eu sou seu irmão, e sei que isso não conta muita coisa. E que eu já pisei na bola várias vezes, com você.

[Clarck]: Mas me ajuda, por favor, e juro nunca mais te pedir nada.

[Dara]: Quer saber, seus problemas não são da minha conta...

[Dara]: Passar bem!

Desliguei a ligação bem na cara dele. Ham, quem ele pensa que é?! Acha que eu sou tão doida a ponto de ajudar o inimigo desse jeito? Fiquei tão nervosa, peguei novamente meu travesseiro e abafei meu grito naquele pedaço de pano e espuma, sentia tanta raiva dele, da total falta de noção dele, da ignorância dele. Não entendo, ele sabe que não confio nele, então por que ligou?

Fui me acalmando aos poucos e quando vi, outro sentimento havia tomado conta de mim, e eu sentia mais raiva disso. Eu estava preocupada com ele, isso era inaceitável, Clarck é meu irmão de sangue e declaradamente meu inimigo. Não entendia porque aquele sentimento estava ali, eu o odiava, não devia se quer pensar naquele idiota.

Mas meu coração é mais mole do que eu pensava, e eu perdi para ele. Peguei meu celular e retornei à ligação. Ele mais que depressa respondeu chorando:

[Clarck]: Olha, eu te pago se me tirar daqui, eu juro! Eu faço o que você quiser Dara, só me leva para casa, por favor!

[Dara]: Me manda sua localização no what’s app, daqui meia hora eu estou aí.

[Clarck]: Sério?! Ah, obrigado Da...

Eu desliguei antes de ouvir o resto, e fiquei olhando para meu celular, estática, não acreditava no que havia acabado de fazer. Não consegui me conter, gritei o mais alto que podia e joguei meu celular na cama, até a Lady Fluppy que estava perto de mim se assustou. E lá da sala pude ouvir as reclamações mal-educadas do Sombra.

—Isso grita mais alto, desgr#@%@! Eu estou só tentando dormir aqui! Isso, fod$ mais meu ouvido!

Não liguei para ele, me vesti apropriadamente e iria sair, mas Sombra estava acordado e me impediu, perguntou o que estava acontecendo e eu contei. Foi bom ter gritado, no final das contas, Sombra se recusou a me deixar ir sozinha. Não gosto quando ele me trata como criança, mas a verdade é que foi melhor do que esperava dessa vez, já que Sombra iria me levar de Dodge até meu irmão. Mas de toda forma, estava indo a contra gosto, minha consciência me forçava a isso, mas meu coração dizia que só iria me machucar mais ainda.

Rapidamente chegamos ao estacionamento do bar country que meu irmão estava. Não entendi aquilo, ele nem escuta aquele tipo de música, mas acho que ele só foi lá para beber em paz. E talvez esse foi o único lugar que conseguiu beber, levando em consideração que somos de menor; mas isso também não nos impede de beber, “óbvio!”. Sombra, também não me deixou sair do carro, disse que era perigoso demais para mim, então me trancou no carro antes que eu abrisse a porta.

Ele não me deu muitas explicações, apenas disse que já voltava. Eu fiquei ali, sentada no estofado macio, de braços cruzados, esperando que nem uma boba meu irmão e ele voltarem. Então, depois de quase quinze minutos os dois apareceram, Clarck teve que ser carregado por Sombra, mal estava conseguindo andar sozinho. Quando entrou no carro, deitou nos bancos de trás, quase que sem pensar, tirei uma foto sem muita cerimônia também.

—Então, esse era o porre que queria irmãozinho? — Ele não respondeu — Vou considerar como um sim.

—Está me devendo 90 dólares! —Disse Sombra voltando seu assento para o lugar — Ele estava fazendo a maior cena quando cheguei!

—O QUE?! Ele bebeu tudo isso enquanto não tínhamos chegado?

Sombra colocou a identidade falsa do meu irmão sobre o painel, ligou o carro e já estávamos saindo novamente.

—Na verdade não. Quando cheguei ele estava em cima do bar, com o peito escrito algo em batom, girando a camisa, cantando e pisando nos copos!

—Sério?!

Eu olhei para trás e vi que ele havia dormido, de boca aberta, mas acordou quando quase caiu do banco, o carro fez uma curva fechada.

—Eu tive que derrubar ele — Disse Sombra dirigindo — Estava agressivo.

—Obrigada por ter vindo comigo Sombra, se não estivesse aqui, nem sei o que faria.

— Mas vou ser sincero — Ele olhou para mim quando parou no pare — Eu senti tanto prazer em fazer isso, socar a cara dele, ver ele cair como um vegetal podre no chão. Acho que foi revigorante!

—Queria ter entrado para ver isso.

—Ah, teve muita gente que filmou. Pedi para um carinha bonito me mandar o vídeo.

—Sombra, você não pede tempo... — Disse eu rindo — Até em missão você arruma tempo para paquerar.

—Sempre, minha querida! — Sombra piscou para mim — Mas e agora, para onde levamos ele?

—Receio que tenha que levar para sua casa....

Ele freou bruscamente o carro, fazendo até os pneus cantarem, e meu irmão bater violentamente contra os assentos da frente. Clarck levantou-se choramingando, deitou-se no banco novamente e voltou a dormir mais uma vez.

—Você está louca se pensa que vou levar esse traste para casa, eu me recuso!

—Se ele for para casa agora, ele provavelmente levará uma surra do meu pai e da Helena, os dois juntos. Eles são contra nós bebermos antes de ter idade para isso.

—Você deveria ficar feliz com isso, ele está fazendo por merecer.

—Eu sei... Eu só não quero que ele sofra, o que eu já sofri... Não desejo isso a ninguém.

—Aff ! Você está com pena do inimigo.

—Isso é péssimo, eu sei... — Dei uma risadinha abafada — Mas eu não sou um monstro como ele. Então, eu preciso ajudá-lo, mesmo que ele não vá me dar nada em troca.

—Dara... — Sombra beijou minha testa — Você tem um coração maior que você, acho isso lindo, mas isso ainda vai te causar tanto mal. Ahh... Vamos para casa então.

Sombra engatou a primeira e finalmente fomos para casa, eu disse para deixá-lo no sofá, mas Sombra não queria que ele deixasse seus “germes” no sofá, na verdade ele disse “vermes”, mas vamos fingir que esse não é o Nicolas que a gente conhece, e que ele disse germes. Enfim, acabei cedendo minha cama para ele. Não ia voltar a dormir novamente, então não tinha muito problema ele ficar lá, mas terei que queimar minha cama quando ele for embora, pois como o Sombra disse agora minha cama tinha “Clarck-vermes”.

Era quatro e quarenta quando Sombra finalmente voltou para seu soninho, e enquanto os dois dormiam, eu aproveitei para arrumar a casa, já estava passando da hora de lavar as cortinas de sala, entre outras futilidades que aquela casa tinha, e cada vez mais a irmã do Sombra trazia mais quinquilharia. Por volta das oito da matina o interfone tocou, parei de colocar roupa na máquina de lavar e olhei no olho mágico da porta antes de abrir, vi olhos cor de mel e um sorriso estridente, que só podiam ser de uma pessoa.

Abri a porta e Lily pulou em cima de mim, estava tão feliz, trazendo uma cestinha de vinil a mão, tipo chapeuzinho vermelho. Ela me abraçou e beijou meu rosto, estava tão feliz, acabei ficando feliz só por vê-la assim.

—Opa! Olha só o que temos aqui — Disse eu ainda a abraçando.

—Pois é, adivinha só quem vai tirar carteira de habilitação?

—Você vai fazer isso? Jura?!

—Sim, eu vou dar entrada no processo hoje, e não é porque eu estou grávida que isso vai me impedir — Ela me soltou — Quer saber, eu não vou deixar que essa criança me impeça de fazer nada do que eu quero... Ensino médio, faculdade, habilitação. Vou conseguir tudo isso.

—É bom te ver otimista assim.

—Quem disse que estou sendo otimista. Estou sendo realista, eu vou conseguir.

—Oh, nem parece a Lily que estava chorando na minha escadaria há uma semana atrás.

—Neh — Ela olhou ao redor — Nossa, não sinto cheiro de café, já comeu algo hoje?

—Não, ainda não tomei o café da manhã, estava ocupada lavando roupa.

—Bom, eu trouxe umas quitandas — Disse ela levantando sua cestinha — Dara, você aceita tomar café da manhã comigo?

Acenei, tentando não ficar rubra demais por uma coisa tão tola. Arrumei tudo e nos sentamos de frente uma para a outra no balcão da cozinha, era uma bela cesta de café da manhã que ela tinha trazido, eu estava realmente com fome, não comia desde nosso encontro na noite anterior. Mas Lily parecia estar tendo dificuldade em comer, mesmo que sorrisse para mim a todo momento.

—Enjoo?  — Perguntei.

—Um pouco — Ela tomou um gole de suco — Mas percebi que estando de bom humor, é mais fácil lidar com eles.

—Que bom — Apoiei os cotovelos no balcão — Obrigada por ter lembrado de mim Lily, você adivinhou direitinho. Eu não tinha comido desde ontem.

—Que bom que gostou — Ela também apoiou seus cotovelos na bancada — Eu só queria retribuir a gentileza por Domingo passado, e Sábado, e tantos outros dias...

—De... Nada!

Ficamos nos olhando, apenas apreciando aquele momento em silencio, até que eu cheguei um pouco para frente e encostei seu nariz ao meu, eu a vi sorrir. Iria beijá-la, mas meu irmão idiota deu para levantar justamente àquela hora, ele estragou tudo, nos interrompeu.

—Put@ que pariu! Se eu não visse isso com meus próprios olhos não acreditava — Olhei rapidamente e o vi com as mãos na cabeça — Você está realmente fudendo com Dara.

**Cof** **Cof** Alguém vai te um ataque de frescura**Cof** **Cof**

Clarck sentou-se na poltrona do Sombra, quase como se tivesse desmontado, parecia desorientado. Olhava o chão enquanto, coçava a cabeça com as duas mãos. Acho que além da minha cama, vou ter que queimar a poltrona quando ele for embora.

—O que ele está fazendo aqui, Dara? — Disse Lily virando-se para trás.

—É uma longa história, mas resumindo, ele teve que dormir aqui.

—Pensei que estava zoando com a minha cara, que só tinha inventado aquela história para eu te ouvir — Disse Clarck desesperado — Mas é verdade, você realmente roubou minha namorada.

—Ah, cala a boca Clarck! — Gritei — Para de falar merd@!

—Dara... Lembra que eu te disse que estava com bom humor? — Lily tampou sua boca com a mão —Pois isso acabou de mudar.

 

 

Dara_Pov(Off)


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