Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 32
Coisa básica




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Dara_Pov(On)

Fique tentada a procurar por Lily quando o sinal do intervalo tocou, mas fui barrada pelas gêmeas que me encontraram antes que eu a achasse, sabia que ela iria achar o Clarck, mas tinha medo que ele fizesse uma besteira, não queria ver ela magoada. Mas em vez de estar fazendo uma ronda na escola, tive que me sentar junto as duas ruivinhas, na verdade fui forçada, além disso tive que assistir elas falarem sobre fantasias de Halloween. Não que isso fosse ruim, o dia das bruxas é algo que me interessa muito, e eu deveria pensar nele, pois é daqui duas semanas e um pouquinho menos. Mas Lily não havia aparecido ainda, estava muito preocupada.

Coloquei os cotovelos sobre a mesa e apoiei minha cabeça sobre minhas mãos, estava olhando para a porta do refeitório, esperando ver ela passar, mal almocei direito preocupada com Lily. Aliás, não queria comer, fiquei brincando com o garfo e esqueci de me alimentar. Mas os minutos foram passando e nada daquela garota aparecer, já não havia comida que preste para no expositor de comida do refeitório, haviam pegado todas as coisas boas, restara apenas a sobra. Decidi comer apenas metade do que havia em meu prato, eu também precisava de energia, mas não queria ver Lily passando fome, então dividi. Mas quase não consegui salvar a sobremesa, Megan me roubou a metade do meu bolo, e ainda queria comer mais.

Quarenta minutos depois do sinal tocar Lily finalmente apareceu, sua face e olhos estavam levemente avermelhados, ela havia chorado. Levantei e acenei para que viesse até nós, ela parecia tremula, sentou-se ao meu lado, e antes que pudesse puxar o ar para perguntar como estava, Magda já havia feito isso.

—Então, como foi? — Perguntou Magda antes que me sentasse.

—Na verdade, não foi tão ruim quanto imaginei —Disse Lily, debruçando-se sobre a mesa — Mas acho que fiquei fraquinha agora, também.

—Eu guardei isso para você, sabia que não ia chegar a tempo de almoçar — Empurrei minha bandeja para ela — Se soubesse que iria demorar tanto, teria pegado um prato só para você, mas não aparecia...Então, tive que repartir.

—Ah, obrigada Dara — Disse Lily pegando o prato sorrindo.

—Se não quiser comer por eu ter comido nesse prato também, eu vou ent... — Ela me interrompeu.

—Táh doida? E desperdiçar uma comida boa igual essa? —Ela provou da carne sem cerimônias — Além dom mais, você deixou de comer para dividir comigo...Obrigada! Isso é tão prestativo da sua parte.

Sorri de volta e ficamos nos olhando, acho que as gêmeas seguraram um pouquinho a vela nesse momento. Tanto que elas gritaram por isso.

—Desculpa interromper o momento “dama e vagabundo” —Disse Megan — Mas você não nos contou como foi com o Clarck.

—É, como foi a reação dele, miga? — Completou Magda.

Lily nos contou o que havia acontecido enquanto almoçava, eu achei que tudo havia ocorrido bem, exceto pela parte de ela ter falado que está comigo agora. Não temos nada sério, ainda, então fiquei feliz em ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo sei que meu irmão vai cair matando para cima de mim quando tiver oportunidade.

Então os dias passaram e sexta feira chegou novamente, Lily parecia mais na dela, não estava muito bem para conversar, então eu deixei ela mais sozinha um pouco. Tinha acontecido muita coisa com ela essa semana, era mais que compreensível que ela tivesse muita coisa para pensar.

Bom, as aulas passaram e finalmente o sinal do último horário tocou, finalmente estava livre daquela escola...Até segunda feira, quando vai acontecer tudo de novo. Me telefone tocou quando eu estava na metade do caminho para casa, queria ver meus gatinhos, voltar para a escola e ver a Lily. Mas meus planos foram interrompidos, pois ela me mandou uma mensagem dizendo que precisava de mim, estava me esperando na portaria, achei estranho, já que ela tinha treino hoje. Mesmo não sabendo o que tinha acontecido, eu voltei na mesma hora, a avistei sentada na grama, ela também me viu e se levantou.

—Oi, tudo bem com você Lily? Cheguei o mais rápido que podia.

—Tudo bem — Ela sorria muito — Eu só queria falar um pouco com você.

—Ok, estou aqui, o que quer me dizer?

—Vamos andar um pouco?

—Droga, queria ter trazido o capacete extra hoje.

—Tudo bem — Ela riu — Não tem problema, eu na verdade pensei que ainda estivesse na escola. Desculpa te atrapalhar desse jeito.

—Imagina, você não está atrapalhando nada não.

—Então, vamos?

Acenei positivamente com a cabeça, mas não podia deixar a magrela naquele lugar, se não acabaria deixando ela dormir lá...De novo. Acabei esquecendo ela no estacionamento da escola semana passada, o Sombra me deu um sermão maior que minha própria mãe daria, sei que ele tem todo o direito de fazer isso, pois foi ele que me deu a moto, mas ouvir “só não perde a cabeça porque está grudada no pescoço” é algo desnecessário. Mesmo bravo ele veio buscar a magrela comigo, no meio da noite, então realmente não posso reclamar.

—Você faltou no treino hoje? — Olhei seu cabelo molhado — Parece que não, mas porque saiu mais cedo?

—Ah, não estava me sentindo muito bem mesmo. Achei melhor sair um pouco.

—Ok. O que queria falar comigo então?

—Você tem algum problema com cafeterias? — Lily me perguntou — Queria ter uma conversa...Sobre nós.

—Espera...Fiz algo de errado? — Perguntei parando e a encarando — Porque se for o caso...

—Shhh... — Ela quase sussurrou ao fazer isso.

Ela sorriu, olhou para o chão depois voltou o olhar para mim, focando em meus olhos. Parecia tão radiante, agora que fui perceber isso, ela está tão feliz hoje, nem parece que passou por todas as discussões que teve essa semana.

— Muito pelo contrário Dara — Ela acariciou meu rosto com as costas da mão — Sabe, eu tenho pensado muito esses dias, tipo, sobre muitas coisas. E uma frase que minha mãe disse sobre você fica reverberando na minha cabeça, “isso é só uma fase”.

—É por isso?  — Arfei — Olha, isso é o que meu tio Mauricio diz sempre que me vê, não é grande coisa.

—Eu sei...Mas estive pensando e....Se isso é só uma fase, por que me sinto tão bem com você? Por que quero tanto estar com você?

—Talvez você não seja tão “hetera” quanto pensava —Eu acabei rindo dela, mas ela fez cara feia — Desculpa, não foi a intenção? Não sei o que dizer...

—Dara, eu gosto de você, muito mesmo. E eu não quero que você seja apenas uma fase...

E ela falou isso e eu acho que saí do meu corpo e voltei, acho que fiquei feliz demais. Espera um pouco... Deixa eu só respirar, que faltou ar aqui... Uffa... Pô Lily!

Mas voltando, eu fiquei em silencio, não sabia o que dizer. E ela continuou falando, e mesmo eu estando um pouco longe, ainda pude ouvi-la.

— Eu quero muito tentar ter um relacionamento com você, sair com você, te chamar de amor, te namorar — Ela segurou minha mão — Mas quero ir devagar e aproveitar esses momentos com você, por exemplo, acho que nunca saímos num encontro propriamente dito e eu te conheço tão pouco. Então pensei.... Dara, você aceitaria sair comigo?

—Hã?! — Voltei a mim — Tipo um encontro... Mas nós precisamos disso? Já saímos tantas vezes juntas, você até dormiu na minha casa semana passada.

—Sei lá, só queria fazer isso direito — Ela soltou minha mão — Lembro que comecei a namorar seu irmão tão rápido, mal sabia coisas básicas sobre ele, como o nome do bichinho de pelúcia favorito dele na infância, ou que ele tinha uma irmã.

—Nome do bichinho de pelúcia favorito dele? — Achei aquilo engraçado, mas contive minha risada — Lily, isso não é uma coisa “básica”, nem eu sei qual era o meu.

—Tudo bem, se não quiser sair comigo eu vou entender — Disse ela triste.

—Quem disse que não quero?

 

 

Dara_Pov(Off)

*____________***____________*

 

Lily_Pov(On)

Fomos até a cafetaria que queria, nunca tinha vindo nesse lugar, mas o cheiro de café moído junto ao cheiro de bolo quente sempre me chamou, e isso faz algum tempo. Como aqui é a caminho de casa, poderia voltar a pé, sem precisar da ajuda da Dara. Eu pedi um Expresso com chantilly, acompanhado de Brownies com nozes. Ela por outro lado pediu um chá de amora, junto a waffles com sorvete e calda de sorvete, o que me surpreendeu bastante, já que ela me disse gostar de café.

—Pensei que ia pedir um café.

—Não costumo tomar café de noite, fico com medo de tirar meu sono.

—Não acho que o café funcione por tanto tempo assim no seu organismo, ainda não é nem seis da tarde, você pode tomar à vontade — Ela parecia não acreditar — Sério, o pico da cafeína no organismo acontece entre 15 e 120 minutos após a ingestão, mesmo que o efeito do café dure duas horas no seu corpo, ainda pode dormir antes das dez da noite. Como sei que você não dorme cedo, isso não vai interferir seu sono.

—Isso foi tão nerd — Ela riu — Entendi porque está tão diferente hoje, agarrou seu lado nerd pelo visto.

—Quê?! Eu sempre estive do lado nerd da força — Pensei um pouco — Só não sei se o café vai fazer tão bem para mim, li que o efeito da cafeína em gestantes pode chegar até 15 horas.

—Viu?! Isso é super nerd — Dara riu um pouco mais — Quem em sã consciência saberia disso, além de você?

—A Magda, certeza! — Respondi quase sem pensar.

—Mas não vale, a Magda tem um nível de “Nerdice” à mais que você.

—Sei que é uma informação inútil, mas...

— Na verdade é bem legal saber disso — Falou Dara, me interrompendo — Você parece aquelas enciclopédias antigas, sabe um pouco de tudo, isso é bem legal.

—Obrigada!

—Então isso é uma “coisa básica” para você? — Perguntou Dara, se escorando em sua cadeira — Algo inútil? Porque eu não entendi bem o conceito.

—Ah, sei lá... —Eu mesma não sabia responder o que era “coisa básica” — Seria uma informação trivial, que a gente fala quando conhece outra pessoa... Hum...Por exemplo: cor favorita, comida que mais gosta, essas coisas...

—Entendi. Como disse antes, não acho que precisamos disso — Dara deu uma risada abafada — Mas já que perguntou mais cedo, a pelúcia favorita do meu irmão era o “K”, um polvo de pelúcia que na verdade era meu e ele sempre roubava. Pronto, agora você pode saber que namorou meu irmão sabendo o “básico” sobre ele.

—Isso pouco importa agora, não acha? — Ela acenou negativamente — Mas e sobre você, me diga uma trivialidade sua.

Nosso pedido chegou, paramos de conversar para receber a comida e dispensar a garçonete, parecia ter uma cara boa os brownies que pedi, mas Dara fez cara feia ao tomar um gole do chá, tinha açúcar e aparentemente ela tinha pedido sem.

—Já descobri uma trivialidade sua, não gosta de açúcar no chá — Nós duas rimos.

—E você não gosta de dormir, pelo visto.

—Por quê?!

Realmente não havia entendido o que havia dito, acho que não acompanhei o pensamento.

—Ué, não disse que o café no organismo de uma mulher gestante pode agir por 15 horas seguidas?

— Disse, mas é quase um pecado dizer que eu não gosto de dormir. É minha segunda coisa favorita nessa vida.

—E qual seria a primeira? — Perguntou Dara com a boca cheia — O que pode ser superior a dormir?

— Eu ia falar que ver Gate N° 5, mas depois de pensar um pouco, acho que momentos como esse estão ganhando a primeira colocação.

— Anem Lily, esperava mais de você — Dara tampou sua boca — Isso é tão gay! Sem contar que também é um clichê total.

—Nossa, eu me abro para você, e você fala assim comigo?

—Não estou falando dos seus sentimentos, estou falando de você assistir Gate N° 5. Aquela série é péssima!

Eu apenas sorri de lado, achei engraçada sua frase, mas não ia dar o braço a torcer para ela. Não deixava de estar falando mal da minha série favorita, o orgulho de fã não deixava eu rir, então me contentei à um sorriso tímido.

—Sorriu de lado, isso conta como uma concordância. Você sabe que é rir, só não quer admitir isso — Não aguentei e ri — Viu?! Foi tão difícil aceitar a verdade?

Ficamos conversando um bom tempo depois de terminarmos de comer, era quinze para dezenove horas quando saímos da cafeteria. Mesmo sendo perto da minha casa Dara insistiu em me acompanhar, mas foi bom, pois conversamos um pouco mais durante a caminhada. Falamos apenas trivialidades, então pode se dizer que eu venci a disputa, que não tínhamos feito, mas eu aceitei como uma.

—Está em casa senhorita, obrigada por usar nossos serviços e até amanhã — Disse Dara olhando para detrás de mim — Ué, tem gente em casa? As luzes estão ligadas, tinha dito que seus pais gostam da jogatina.

—Minha mãe deve estar me esperando.

—Eita, eu estou atrapalhando então? Você vai ficar encrencada por conta disso?

—Nem pensar, se minha mãe falar algo também, eu não vou me importar. Eu sei muito bem o que quero.

—Se completar essa frase dizendo “EU”, juro que vomito por tanto clichê —Disse Dara me provocando.

—Você está chata hoje, hein — A puxei pela gola da camiseta que usava — Mas pode deixar, eu não vou falar nada não.

A beijei, sem me preocupar se minha mãe estava ou não em casa, se havia alguma vizinha enxerida na rua ou qualquer homofóbico de plantão. Abri meus olhos e vi seu verde reluzirem sob a luz do poste, tão bonitos, depois senti suas mãos me puxando para mais perto e nos beijamos novamente, pude sentir seu desejo. Lembrei-me da primeira vez que a beijei e o quanto queria isso, acho que não estou gostando dela, estou apaixonada mesmo. Isso pode ser um problema, não para mim, claro, mas para minha mãe que está convicta que isso é uma fase. Agora sei porque essa frase me machucou tanto, é porque, igual a Dara disse, eu não sou tão “hetera” quanto afirmava ser.

—Então, foi um bom encontro para você — Perguntou Dara colocando o capacete.

—Na verdade foi melhor!

Lily_Pov(Off)


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