Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 19
Os segredos de Dara




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Dara_Pov(On)

Finalmente o verão começou e as férias também, graças a Deus só verei os portões da escola em setembro. Para comemorar, nesse final de semana quis fazer algo diferente, peguei a magrela e resolvi cair na estrada, fui visitar minha mãe. Ela sem dúvida gostou de me ver, mas não gostou muito de pensar que eu tive que dirigir em cima de uma lambreta (só não chame de velha porque ela tá novinha, toda conservada), sozinha na rodovia 120 km para poder vê-la.

Meu irmãozinho quase deu um taquicardíaco de tanta felicidade ao me ver, ele estava na frente da casa e saiu gritando “Mamãe, a Dara! Mamãe a Dara! ”, só parou quando encontrou minha mãe que estava na sala. Peguei aquele gorduchinho (custei) em meus braços e o abracei o mais apertado possível.

—AHH, me solta Dara.... Meu uniforme! Tá amassando meu uniforme. Eu sou um homem agora, você não pode me abraçar mais assim.

— Anthony, você só tem seis anos garoto—Disse eu soltando-o.

—Espera aí que eu já volto com a prova que eu sou realmente um homem—Disse ele correndo para dentro de casa.

—Dara, minha querida—Disse minha mãe me abraçando—Você podia me avisar que vinha, sabia?

—Você sabe que eu gosto de fazer surpresas—Disse eu beijando sua bochecha.

—Voltei!! Voltei!! —Disse Anthony com uma faixa de escoteiro em suas mãos.

Agora que reparei, meu neguinho tornou-se escoteiro, ele é da tropa dos esquilos voadores, achei ele super fofo com a roupinha e chapéu de escoteiro.

—Tá vendo? —Disse ele me mostrando suas insígnias—Essa eu consegui por fazer uma fogueira, e essa por atravessar o rio em segurança e essa...

—Por coletar pinhas—Completei dando uma risadinha.

—Ei, não tem graça—Disse meu irmãozinho já sem paciência.

—Tem sim, essa foi a primeira insígnia que eu ganhei quando era da tropa dos Teddy Bears.

—O que?! Você já foi escoteira? Não é possível...Mamãe, a Dara tá mentindo aqui!

—Não é mentira não meu querido, tanto ela quanto o Clarck foram escoteiros quando crianças, tinham sua idade quando começaram—Disse minha mãe.

—O que?! O irmãozão era escoteiro também? —Disse Anthony até com brilho nos olhos—Pode saber que ele conseguiu todas as insígnias, assim como eu vou ter.

Quando ele disse aquilo fiquei um pouco triste. Sabe, não é por nada não, mas o Clarck é um hipócrita mesmo, ele não gosta de crianças, nem aceita o Anthony como seu irmão. Quando morávamos todos na mesma cidade ele costumava tratá-lo bem quando a mamãe estava por perto, até brincava com o Anthony, mas era só ela sair de perto e ele ignorava totalmente o menino. Pior que o Anthony quase idolatra o Clarck, ele adora meu irmão metidinho a besta (não sei o que ele vê nele aliás), adorava assistir ela jogando basquete e desenhou várias vezes o Clarck. No natal do ano passado eu lembro perfeitamente o que aconteceu, o Anthony deu um desenho que ele fez com todo carinho para o “Irmãozão” e o Clarck deu uma bola de basquete velha para o Anthony, claro que o Anthony gostou, ele ama ver o Clarck jogar, considerou como se fosse uma bola autografada por seu ídolo. Mais tarde no mesmo dia eu tive vontade de enforcar o Clarck, quando fui tirar o lixo eu vi o desenho do Anthony jogado na lixeira, nem estava amassado, ele não se deu o trabalho de fazer isso, apenas o jogou lixo do jeito que estava. Quando fui tirar satisfação com o bonitão ele só disse: “Opa, devo ter esquecido no sofá e a vovó jogou fora por engano, foi mal Dara”, sua voz tinha um tom de sarcasmo que me deu vontade de rasgar aquela garganta com um canivete, eu não disse nada, mas também não devolvi o desenho, está guardado comigo até hoje.

—Dara, por que o irmãozão não veio? —Perguntou Anthony.

—Hum, não consegui tirar o folgado da cama, então deixei ele lá dormindo.

Na verdade, ele e a Lily foram para Los Angeles, parece que ela tem uma tia que mora lá e meu irmão aproveitou isso para ir à praia com a namorada. Óbvio que eu não poderia dizer isso para meu irmãozinho, porque aí seriam duas coisas que ele adora longe dele, praia e o Clarck.

—Ah que pena... Mas ontem foi sexta, ele deve estar cansado do treino de ontem.

—Eh realmente uma pena Toquinho—Disse eu bagunçando o cabelo do meu irmão.

—Ei, você não me ouviu dizendo que já sou homem Dara? —Disse ele tirando minha mão da cabeça dele.

—Eee?!

—Quer dizer que você não pode mais me abraçar daquele jeito, nem bagunçar meu cabelo, MUITO MENOS ME CHAMAR DE TOQUINHO! Ou seja, nada que me faça passar vergonha.

—Hum, já que você é um homem agora, não podemos tomar sorvete também, nem ir andar de skate juntos, comer doces ou ir à loja de brinquedos—Disse eu o irritando.

—O QUE?! —Disse ele indignado—Sem brinquedos?

—Claro, homens não podem ter brinquedos querido—Disse minha mãe trazendo o lenço de escoteiro do meu irmão— Então, ainda quer ir ao acampamento sabendo que a Dara está aqui?

—Quero sim mamãe. Mamãe tem certeza que homens não têm brinquedos? Nem Lego? Todo mundo gosta de Lego.

—Todo mundo gosta de Lego, mas adultos não brincam—Disse eu o atentando.

—Mas, mas, mas... Tá bom, eu não sou homem então, porque eu amo brincar, principalmente com Lego... Nada no mundo me faria largar meus legos—Disse ele tristinho.

Tadinho, estava todo feliz quando cheguei, mas agora está triste da vida, ai que dor no coração ver aquela carinha. Abaixei-me até poder olhar em seus olhos de frente para ele, o ajudei a colocar o lenço, então disse:

—Você é homem sim, um pequeno homenzinho. E eu tenho orgulho de você—Ele me abraçou, quase me jogou no chão na verdade— Mas eu vou continuar te chamando de Toquinho, porque seu apelido sempre vai ser Tony e você sempre vai ser meu irmãozinho, sendo assim você é meu Toquinho.

—Te amo maninha.

—Também te amo Diabrete da Tasmânia.

Quase chorei quando ele disse que me amava, coração está mole hoje. Passados alguns minutos o ônibus escolar chegou e meu irmãozinho foi sorrindo para o acampamento. É verão, então ele está aproveitando, mamãe vai voltar só segunda, já que vai ficar no acampamento durante  a semana inteira, tendo um descanso na segunda e depois algumas oficinas durante a semana em horários combinados. Assim que meu irmão saiu acabamos ficando apenas mamãe e eu colocando o papo em dia. Mesmo estando muito feliz em vê-la, eu estava profundamente triste de ver sua bengala, que a acompanhava aonde fosse.

“Droga, aquele pedaço de madeira foi culpa minha” Pensava eu, mesmo sabendo que se fosse só aquilo estava tudo bem. Aquilo era uma lembrança do que estava dentro de minha mãe, uma placa e três parafusos em sua perna esquerda. TUDO CULPA MINHA!

—Então, como vai à escola? —Perguntou minha mãe sentada ao meu lado no sofá.

—Vai bem, a melhor parte é quando acaba... Com certeza essa é a melhor parte. Ainda bem que não vou ter que ver esse inferno de novo até setembro.

—Hum, quando era mais nova também achava isso. Mas então, como está seu irmão?

—Meu irmão parece ter ficado mais exibido que antes e... Meu pai continua o mesmo idiota de sempre.

—Não fale assim do seu pai, ele realmente é um homem difícil de conversar às vezes, mas...

—Não tem desculpa para o jeito que ele me trata—Disse eu olhando o nada.

Minha mãe não disse nada, apenas pegou minha cabeça e me puxou para junto de si, me deitando assim em seu colo. Chorei logo depois, eu não tinha vontade, estava forte, mas assim que ela me tocou eu simplesmente desabei em lágrimas. Ficamos um tempo daquele jeito, ela acariciando meu rosto e eu só chorando, ela disse que quando melhorasse poderíamos conversar direito, então engoli minhas lágrimas e tentei falar novamente.

—Calma filha, está tudo bem-Disse minha mãe tentando me acalmar.

—Não, não está tudo bem.... Poxa mãe, ele nem sabe que eu sou lésbica e acho que se soubesse.... Provavelmente me mataria.

—Não diga isso, seu pai te ama assim com eu.

—Que tipo de amor é esse então?! —Gritei, logo depois levantei e tampei meus olhos— Desculpa, não queria gritar.

—Tudo bem, eu entendo.

—Não, você não entende... —Disse eu calmamente— Um pai não deveria chamar sua filha de puta, drogada, degenerada ou qualquer coisa do tipo. Poxa, se ele não aceita nem meu estilo.... Como aceitar minha sexualidade, meus amigos ou até meus gostos?

Minha mãe me abraçou fortemente, vi que também chorava. Eu não queria falar aquilo com minha mãe, mas ela tocou no assunto e foi como se eu não conseguisse me segurar, acabei vomitando tudo aquilo que estava preso em meu coração.

—Eu devia saber que ele iria agir assim o dia que você colocou seu primeiro piercing—Disse minha mãe—Devia ter feito algo.

— Não é culpa sua, nada disso é culpa sua na verdade, é quem eu sou e cansei de fingir ser outra pessoa. Mas mesmo assim parece tão difícil meu pai entender isso. Mãe um dia ele me viu sair às quatro da manhã e teve a coragem de gritar para a casa toda escutasse que não queria que eu saísse para me drogar.

—Ele não disse isso... —Disse minha mãe meio incrédula.

—Hã?! Mãe, ele já fez pior... Ele me acha promiscua pelo fato de eu ter amigos homens, pelo jeito deve achar que durmo com todo garoto que ele me vê junta. Ele já teve até coragem de falar no meio de uma discussão uma vez para eu parar de dar minha buceta para qualquer um, porque se eu aparecesse gravida lá ele nunca mais olhava para minha cara.

—Ele diz isso mesmo? —Perguntou minha mãe com uma lágrima escorrendo o rosto.

—Sim, mas o pior de tudo foi dizer que eu não era mais a filha dele e que ele não me conhecia mais— Olhei o nada novamente— Se bem que ele nunca me conheceu mesmo, ele nunca se quer quis saber quem eu era na verdade.

—Eu nunca te contei, mas você sabe o que ele dizia para os outros quando estávamos nos separando?

—O que?

—Que ele estava se separando de mim porque me encontrou com outro na cama. Eu achei um absurdo, porque quem quis fui eu, ele tentou me convencer várias vezes que iria mudar, mas eu sabia que isso não era possível. Eu simplesmente não o amava mais e a gente mal se olhava também, nossas rotinas eram diferentes e basicamente só nos víamos na janta e na hora de dormir, nunca houve adultério. Seu pai não é um homem ruim, ele só... Ele só não é capaz de aceitar as coisas quando elas saem do controle dele, principalmente quando o controle é o da família dele. Mas não podemos o culpar, ele foi criado assim.

—Mesmo assim, ele nunca precisou dizer tais coisas para mim.

—Você sabe como seu avô era com ele?

—Sei, ele o prendia no porão escuro quando fazia algo de errado, sem contar outras coisas que ele mesmo já me disse. Ai mãe, perdão por estar falando isso com você, a senhora definitivamente não precisava ouvir isso.

—Claro que precisava. Aliás, quando ver o Nicolas vou beijar aquele grandalhão, bem feito para o seu pai a surra que ele levou.

—Não é por nada não, mas me pai mereceu mesmo, foi muito massa o que ele fez.

....................*** ....................

O clima estava tenso naquela noite, debaixo do teto do meu pai eu suava de nervosismo. Tanto meu pai quanto Sombra já estavam querendo brigar, meu irmão ficou do lado do Sombra o encarando, então ele empurrou meu irmão com uma só mão, e num curto espaço de tempo deu um soco no meu pai e ainda deu uma rasteira nele. Meu irmão voltou já o socando, Sombra desviou com facilidade do soco e o empurrou de novo, para mais longe dessa vez.  Ele pisou bem no meio da barriga do meu pai, o puxou pela camisa, então gritou bem na cara do meu pai, sua cara estava vermelha e as veias do pescoço estufadas:

—É boa a sensação de pisar nos outros, não é? Vamos ver se você gosta de ser pisado então.

Depois de deixar sua frase de efeito ele finalmente meteu o coturno número 45 bem no meio das costelas do meu pai algumas vezes. Meu pai que é branco ficou meio vermelho, meio roxo depois daquilo, eu fiquei em choque com o que o Sombra havia feito e simplesmente o empurrei para fora de casa, pedi para que me esperasse no carro. Enquanto meu pai se recuperava e meu irmão e Helena o acudiam eu subi as escadas e peguei minhas coisas. Quando desci as escadas ele já estava de pé, viu minhas malas e perguntou:

—Onde a mocinha pensa que vai?

—Embora pai, já não aguento mais isso.

—Ham, são onze da noite.... Acha que sua mãe vai vir te buscar essa hora?

—Eu não vou para a casa da mamãe.

—Então para onde vai?

—Para a casa do Sombra—Disse eu já quase na porta.

—O que, você acha que eu vou deixar você irá a essa hora para a casa do seu namoradinho? —Disse ele segurando a porta.

—Só uma coisa Papi, ele não é meu namorado e eu sei que você não acredita em amizade de pessoas de sexos diferentes, mas tem uma coisa que você precisa saber... Ele é gay.

—O que?! —Disse ele abismado, aproveitei para abrir a porta.

Ele me viu saindo pela porta, corri até o outro lado da rua, então gritei bem alto na esperança dos vizinhos ouvirem:

—Então sim, se você for reclamar, você levou uma surra de uma bichona!!

Depois corri até o carro do Sombra, meu pai não me seguiu. Coloquei minhas coisas no carro e fui embora com o coração quase saltando pela boca, é sério, pensei que iria dar um taquicardíaco de tão acelerado que estava meus batimentos cardíacos. Acabei esquecendo a magrela na garagem da minha avó, mas depois eu a pego, meu pai não vai quebrá-la mesmo, porque ele nem sabe que eu tenho moto.

....................*** ....................

Depois de conversar muito com minha mãe, sobre basicamente tudo, eu a ajudei a arrumar a casa, quando vi já era quatro da tarde, o namorado da minha mãe chegou quase depois que limpamos tudo. Eles já estão juntos há quatro anos e ele até já pediu até minha mãe em casamento, mas acho que ela ficou meio traumatizada com sua experiência de casada, mesmo assim desde que nos mudamos para essa cidade há quase dois anos eles moram juntos e acho que isso é mais que suficiente.

—Kevin querido, olha quem está aqui! —Disse minha mãe quando o ouviu chegar.

—Já sei, uma doida varrida que chega e nem me dá um abraço—Disse Kevin chegando à sala e abrindo os braços para mim.

—Atah que eu vou avisar isso para um cara que pinta a barba.... Eu não confio em homens que pintam o cabelo— Disse eu o abraçando.

—Ei, eu não pinto o cabelo.

—Quarentão, barba branca e você ainda quer me convencer que esse cabelo é seu mesmo?

—Tá que eu tenho cabelos brancos, mas a maioria tá concentrada na minha barba ainda, por isso mantenho sempre cortadinha. Eu sei que é estranho, nem eu entendo na verdade.

—Atah, vou fingir que acredito—Disse eu o irritando.

—Como se você pudesse falar de mim, não tem nem quinze e já pinta o cabelo. Amor, ela sempre foi para frente assim? —Perguntou Kevin abraçando minha mãe.

—Dara sempre quis ser independente, só nunca pensei que fosse tornar-se tão independente tão cedo.

O Kevin é programador, ganha bem, mas trabalha como um condenado também. O bom é que mesmo tendo uma agenda apertada, ele sempre arruma tempo para minha mãe e o Anthony. E ah o nome do meu irmão é Anthony porque minha mãe sempre adorou a língua espanhola, ela o viu em um orfanato quando tinha apenas dois anos. Sobre seus pais sabemos que sua mãe é mexicana e seu pai americano, sua mãe era uma imigrante ilegal em nosso país e foi morta, não sabemos mais que isso, mas também não interessa saber mais, ele é meu irmão e é isso que importa. Minha mãe não estava numa fase muito boa quando adotou meu irmão, ele com certeza a ajudou muito; quando ela adotou meu irmão, quase seis meses depois ela conheceu o Kevin.

Mas voltando para o dia de hoje, que é ele que importa, passaram-se as horas e a noite caiu, já era quase oito da noite. Tomei banho e fui para meu antigo quarto logo em seguida, estava tudo do jeitinho que eu deixei, abri meu guarda roupa e peguei uma de minhas roupas que já havia deixado lá para essas ocasiões mesmo. Joguei-me na cama e finalmente fui olhar as mensagens no what’s. Olhei na tela do meu celular e vi a seguinte notificação 1.044 mensagens não lidas, quase dei um troço, por que tanta conversa enquanto eu estava fora? Havia seis conversações, levei até um susto, a maior parte das mensagens eram da doida da Alice, que eu.... Admito, ando ficando com ela, mas ela pelo visto não quer só ficar, já me pediu em namoro três vezes e eu fico só fugindo dela.

Sei que é maldade fazer isso com a garota, mas eu digo que não consigo entrar em uma relação no momento e ela simplesmente responde “Tudo bem, eu espero” e encara como se tudo estivesse bem e eu não estivesse dizendo de uma maneira educada NÃO TE QUERO. Pior que no fundo eu acho que ela está fazendo é certo em me esperando, porque eu também espero gostar dela do mesmo jeito que ela gosta de mim, mas... Aff é complicado.... Para todos os sentidos o melhor que eu deveria fazer é namorar a Alice, ou pelo menos tentar, algo que eu não consigo. Mas me diz uma coisa, como namorar uma garota que te mandou 997 mensagens em um só dia de ausência?

Sério, olha minha lista de contatos.

[Alice]: 997 mensagens

[Abellardo]: 5 mensagens

[Lily]: 27 mensagens

[Sombra]: 11 mensagens

[Megan]: 2 Mensagens

[Magda]: 5 Mensagens

Então, é só impressão minha ou esse número é um pouco exagerado? Comecei a olhar meus contatos, primeiramente olhei as mensagens que o Abellardo me mandou, ele é um amigo meu que também era amigo da minha ex, estudávamos na mesma escola.

[Abellardo]

(10:30): Oiiiii Sumiddaa!!

(10:32): Pensa que eu não sei que você está aqui? Você vem na minha cidade e tem a coragem de não me visitar?

(17:45): Doeu tá, pensei que eu fosse teu amigo.

(17:45): Mas pelo jeito não sou.

(17:46): (。ŏ﹏ŏ)

Apenas respondi “—Exagerado, vai fazer drama numa peça de teatro, cara. Tô com saudade também, depois faço uma visitinha à sua casa tá?”.

As mensagens das gêmeas eram basicamente iguais, me perguntavam se estava bem e se eu iria no Verão sob o Sol, um festival que vai acontecer daqui duas semanas. O Sombra estava desesperado, parece que a Alice ligou para a casa dele 14 vezes atrás de mim, porque eu saí sem nem ao menos avisar ele, tadinho, o coitado penou com ela hoje. Sem contar que ela foi até lá em casa entregar um bolo que ela disse ter feito para mim, mas como não me achava resolveu deixar lá em casa para eu comer quando voltar. Se bem que o Sombra acha que ela foi apenas checar que eu não estava em casa mesmo, porque ela pediu um copo d’água e ficou olhando ao redor. Meu amigo que não é nada bobo jogou a seguinte indireta “A minha vaga lá em baixo é a 17”, para ela conferir que minha moto não estava lá.

Depois olhei as imagens que a Lily havia me mandado da viagem, havia acabado de mandar, aliás, ela ainda estava online, resolvi falar com ela.

[Dara]: Oi cunhada.

[Lily]: Para de me chamar assim, eu não gosto.

[Dara]: Kkkkkkkk.

[Dara]: Ok então.

[Dara]: Então onde vocês estão agora?

[Lily]: Na casa da minha prima de terceiro grau, ela nos chamou para uma festa aqui.

[Dara]: Meu irmão é sortudo demais, tá ganhando tudo de graça.

[Lily]: Kkkkk.... Pelo menos me pagou roupas novas, porque você não vai acreditar menina.... Perdi minha mala no aeroporto, quer dizer, roubaram de mim. Por sorte passaporte e essas coisas importantes estavam na minha bolsa

[Dara]:Kkkkkkkkk

[Dara]: Culpa do meu irmão

[Lily]: Tadinho, não é não.

[Dara]: É sim, um marmanjo desse tamanho podia ter pegado sua mala de volta.

[Lily]: Hum, se eu ao menos tivesse visto o cara, creio que sim. Mas em fim, o que você está fazendo de bom?

[Dara]: Tô na casa da minha mãe agora.

[Lily]: Nooosssaaa.... Você não me contou que iria viajar.

[Dara]: Resolvi hoje cedo, na verdade.

[Lily]: Ah, que bom. Deixa eu só chamar o Clarck para ele dar um oi para a mãe dele então.

[Dara]: Ok.

Chamei minha mãe, liguei para a Lily pelo What’s, eles ficaram conversando por alguns minutos, depois mostrei as fotos da Lily para minha mãe e por fim ela saiu do meu quarto, ficando só eu e Lily fofocando mais um pouco.

[Lily]: Então, que dia você volta para casa?

[Dara]: Vou passar só o final de semana aqui. E vocês?

[Lily]: Sexta que vêm, mas queria ficar aqui para sempre, melhor viagem que já fiz EVER.

[Dara]: Imagino.

[Lily]: Dara vou ter que sair aqui, minha prima não para de me chamar.... Vou lá ver o que é, depois a gente se fala.

[Dara]: Faz bem, então até mais... E me manda mais fotos tá.

[Lily]: Tá, eu mando... Até mais Dara.

Fiquei muito feliz de conversar com a Lily antes de dormir, mas depois tive que responder a Alice, se não a menina teria um infarto, mal olhei suas mensagens, vi que havia surgido mais 13 novas. Só digitei quase que sem ver “Estou na casa da minha mãe e o Wifi aqui é péssimo”. Ela me respondeu logo em seguida e perguntou como estava e onde estava numa clara ansiedade pela velocidade que digitou, depois de responder ela me mandou um áudio pedindo desculpas.

—Dara, me desculpa é que hoje faz um mês que eu te conheço e era uma data importante para mim, eu não sabia que você ia viajar para sua mãe, então eu fiquei muito preocupada. Primeiro eu pensei que estivesse me ignorando, depois fiquei preocupada quando não te achei em lugar algum, porque não sabia onde você estava... Perdão!

Senti-me um pouco mal por ter ignorado ela, mas eu não havia nem aberto o celular hoje, e ah, eu sem dúvida achei fofa a fala dela. A Alice é claramente doida, mas ela tem esses dois lados, um extremamente irritante e outro fofo, e a parte fofa é linda e dá vontade de beijar aquela boca simplesmente por ela estar ali.

Deitei-me um pouco depois de conversar com ela, Alice estava indo dormir também. Ainda não estava com sono então fiquei revendo as fotos que Lily me mandou. Parei em uma que mostrava ela sorrindo enquanto tentava segurar seu chapéu de palha para o vento não levar, fiquei apenas admirando aqueles traços perfeitos, quase como uma pintura diria eu.

“Meu irmão é um homem de sorte, ela é muito linda”

 

Dara_Pov(Off)


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