Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 18
Sonhando com o QUE e QUEM não devia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, boa leitura!



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Depois de um tempinho conversando e resolvendo todo àquele mal-entendido descobrimos algumas coisas. Primeiramente não havia ladrão algum, era apenas o pai e o padrinho das gêmeas que haviam chegando na casa, Dara havia batido no padrinho alias. Ao que parece o padrinho delas havia feito uma cirurgia na garganta mais cedo e ele mora basicamente do outro lado da cidade, então o pai das meninas foi buscá-lo para passar a noite aqui, ele não conseguia falar nada, o que explica não ter oferecido resistência (Acho que depois de tantas pancadas o coitado deve ter soltado todos os pontos pelo jeito). Detalhe, o padrinho delas realmente não estava com sorte hoje, porque ele foi arrumar o chuveiro para uma água mais fria e justamente na hora a Megan deu aquele berro, o que aconteceu foi que não se sabe como, mas como ele estava com a mão no chuveiro deu um curto nele, que acabou dando curto no sistema da casa, sem contar o choque que o homem ainda levou.

Sobre o homem xingando e o desastre na sala era o pai das gêmeas que bebeu e pelo jeito o resultado foram alguns tombos e alguns objetos caídos, óbvio que depois de tanto cair até eu xingaria. Mas sei que é uma regra da casa não xingar, então imagino eu que ele aprendeu a expressar isso em outras línguas para não quebrar essa regra (Se bem que palavrão é palavrão em qualquer língua).

—Tudo bem, o que eu não entendi até agora meninas é por que vocês acharam que havia um ladrão em casa? —Disse a mãe das gêmeas arrumando a sala sobre a luz de velas.

—Tudo o que falamos não é o suficiente para pensar isso? —Disse Megan.

—Mas precisava me bater? —Disse o padrinho delas com a voz do google tradutor(o 4G dele funciona).

—Desculpa padrinho—Disse Magda.

—É que a gente não sabia que era você—Disse Megan.

—Mas nenhum de vocês ouviu a gente gritar? —Perguntei.

—Eu ouvi só a hora que vocês estavam aqui em baixo, agora pouco—Disse a mãe.

—Eu ouvi duas vezes, mas eu estava dormindo aqui em baixo, custei a levantar, quando cheguei ao banheiro vi o Ciliano jogado no banheiro. Pensei que ele houvesse caído.

—Mas eu não posso gritar... E minha voz não é fina—Disse o padrinho delas novamente usando a voz do google  tradutor.

—Pois é, mas eu achei. E meninas, quando eu fui vê-las a porta estava trancada, então sua mãe me disse para deixá-las em paz porque já haviam ido dormir.

—Nossa, nunca vi tanto mal entendido de uma vez só—Disse Dara tentando agir naturalmente.

Creio que se eu fosse ela, provavelmente e não saberia onde esconder a cara. Apesar de ela estar totalmente sem graça, tentava ao máximo parecer normal. Por sorte ninguém iria dedurar ela por ter espancado o homem, porque era culpa de todas nós na verdade.

—É verdade mocinha—Disse o pai delas—Amanhã cedo eu vou ligar para o eletricista, mas por hora teremos que ficar na escuridão.

—Tudo bem papai, está na hora de dormir mesmo—Disse Magda.

—Mas tem uma coisa que eu não entendi até agora, o que esses meninos vieram fazer aqui?—Disse o pai, ainda bem bravo.

—Eu já disse, elas disseram que tinha um estranho em casa. Eu achei um pouco exagerado, então liguei para meu irmão que também estava preocupado e fui buscá-lo para ver o que realmente estava acontecendo—Disse Sombra.

—Você apontou uma arma para mim, não vou esquecer isso tão cedo... E Martin, vocês são irmãos mesmo? Que desgosto.... Pensei que sua família fosse....

—Normal? —Perguntou Sombra, o encarando—Ela é normal sim, só eu que sou assim, não precisa se preocupar com isso.

—Não foi o que eu quis dizer—Disse o pai das gêmeas também o encarando.

—E acho bom que não se esqueça da arma, porque eu não atirei em você.... Nunca se esqueça disso.

—E eu senhor... Senhor.... Eu.... Eu queria falar com sua filha senhor—Disse Martin ainda tremendo, tentando chamar a atenção do pai de Megan.

—Então fale comigo primeiro —Disse o pai delas o encarando secamente.

—Pai!! —Gritou Megan.

—O que foi?

—Deixa ele em paz.

—Mas eu estou apenas conversando.... Não é, garotos?

—Quer saber, eu já estou de saída mesmo—Disse Martin puxando Sombra que não parava de encarar o homem—Tchau Megan, até amanhã.

—Até amanhã—Disse Megan triste.

Os meninos já estavam na porta, na verdade Sombra havia ido pegar o carro enquanto Martin continuava falando com Megan que estava visivelmente triste. Mesmo depois de tudo que aconteceu essa noite, sei que ela queria ouvir um pedido de namoro do Martin, Dara que estava ao meu lado acenou negativamente com a cabeça para ele e então disse:

—Poxa Martin, você veio aqui só para dizer tchau? —Disse Dara.

—Não, eu já entreguei o buque que queria entregar.

—Que decepção! —Disse ela acenando mais rápido ainda a cabeça.

Seu irmão já havia voltado, Martin respirou fundo, depois olhou em seu casaco e pegou um papelzinho em forma de coração. Ele colocou o papel na mão da Megan e o tampou com suas próprias mãos logo em seguida, olhou nos olhos da ruiva e disse:

—Prometa que vai ler esse bilhete só quando eu estiver há uma quadra daqui.

—Eu prometo.

Assim que ele virou-se ela rapidamente abriu o cartão que estava escrito com caneta em letras grandes “Quer ser minha namorada?”. Ela virou-se sorrindo para nós, então correu até Martin e o abraçou, senti um pouco de dó do garoto, porque sei que ela já sufoca no normal, imagina estando feliz? (Acho que já disse isso antes, mas tudo bem.... Não faz mal repetir algo tão útil) O menino quase foi jogado no chão.

—Eu aceito! Quero ser sua namorada! Quero ser sua namorada!

—Sério?! Que legal—Disse Martin visivelmente sem ar.

Tirando o fato de o garoto precisar de um transplante de rim depois de um abraço daqueles, era uma cena linda de se ver. Eles ficaram se olhando um tempinho sem dizer nada, Martin pegou suas mãos e as levantou, mas não fez nada além disso, então Megan pulou novamente em cima dele roubando assim um beijo. Out que cena fofa! Martin sussurrou algo no ouvido de Megan, então deu um beijo em sua testa e finalmente foi embora. Sombra estacionou bem na frente da casa e quando Martin virou-se eu vi nitidamente ele dizer “Mandou bem garoto”, eu concordo plenamente concordo com Sombra... Esse Martin é muito fofo, melhor namorado EVER que minha amiga já arrumou até hoje.

Assim que eles foram embora, Megan voltou toda feliz para nós. A mãe delas não nos deixou falar muito, nos mandou ir direto para o quarto, mas assim que fechamos a porta Megan correu e deitou-se na cama (Na verdade se jogou na cama) e deu um suspiro prolongado, de felicidade diria eu.

—AAHHH... Até que não foi uma festa do pijama tão ruim—Disse Megan.

—É tirando o fato que essa foi a história de terror mais bizarra que eu já vi, porque eu vivi ela, foi tudo uma beleza—Disse Dara—Aliás, todas as festas do pijama são assim?

—Não mesmo—Disse Magda.

—Que pena, até que foi divertido se parar para pensar—Disse Dara.

—Ah eu duvido, não foi divertido de forma alguma—Disse eu.

—Mas eu gostei, ainda mais que o Martin... AAAAHHH!! —Gritou Megan novamente.

—Parabéns maninha—Disse Magda jogando-se ao lado da irmã—E eu também estou feliz que não preciso esconder de mais ninguém aqui minha gata.

—Na boa, eu sempre soube que o Martin seria um típico romântico meloso, mas até eu queria ganhar um bilhetinho daqueles.

—Fofo né?—Disse Megan enforcando seu ursinho de pelúcia (Graças a Deus era só um ursinho).

—É sim amiga, e Magda qual o nome da sua girl? —Perguntei.

—Fernanda.

—Hum, nome bonito—Disse Dara.

—É mesmo—Concordei.

—Obrigada gente—Disse Magda—Ela é muito legal, vocês vão gostar dela.

—Espero conhecê-la logo—Disse Megan.

—Eu também amiga—Disse eu.

Ficamos conversando mais um pouco, depois fomos dormir porque no final de contas estava tarde e estávamos no escuro absoluto ainda. Eu dormi no saco de dormir ao lado da cama da Megan e Dara ao lado da Magda do outro lado do quarto. Sabe, eu não fazia ideia que estava tão cansada até deitar-me, dormi quase que na hora...

...................................****** ...................................

—Shh! Amor, você tá dormindo mesmo? —Perguntou Dara tocando no ombro de Lily.

Lily abriu seus olhos lentamente e passou sua mão sobre sua boca, estava quase babando sobre o livro que lia. Olhou rapidamente em volta e viu que a biblioteca estava vazia como sempre, havia apenas alguns alunos lendo seus livros nas mesas à sua volta. Dara a olhava segurando um riso.

—Se você escreveu algo na minha testa, juro que vai se ver comigo—Disse Lily passando a mão sobre sua testa.

—Qual é, eu não fiz nada.... Você disse que ia vir mais cedo para estudar, mas não pensei que iria cair no sono por eu me atrasar cinco minutos.

Lily olhou seu celular e viu que era 15:30, depois olhou brava para Dara.

—Você me deixou mais de uma hora esperando.... Você com certeza é a pior namorada EVER!!

—Não exagera, mas você não ficou curiosa para saber o que eu estava fazendo?

—Hum, provavelmente não estava fazendo nada. Tenho quase certeza que você estava sentada de pernas para o ar em sua casa e quando viu já era 15:10, saiu correndo de casa e aqui está.

—HAHAHAHA... Pegou pesado dessa vez... É claro que não bobona—Disse Dara pegando a mão de Lily—Fiz algo para você.

Dara a levou até a quadra de futebol de frente para a arquibancada principal, olhando de longe era possível ver que era um lugar muito pichado e sujo por causa disso mesmo, mas o que Dara queria mostrar era o nome “Lily” enorme escrito em toda arquibancada.

—Amor... Era para eu gostar disso? —Perguntou Lily.

—Não me mata tá, foi à única coisa que eu consegui pensar para te dar de diferente por assim dizer... Quer dizer, eu acho que você nunca recebeu uma homenagem assim.

—Nem é meu aniversário.... Por que você fez isso? —Disse Lily meio catatônica olhando a pichação.

—Sei lá, deu vontade.... Porque essa arquibancada que estamos é de metal, aquela é de concreto e sempre que eu mato aula venho para cá e sempre tive vontade de pichá-la.... Então queria ver seu nome lá, porque tu é muito importante para mim e...

—Eu aceitava chocolates—Disse Lily de braços cruzados.

—Oi?!

—Ia te dar menos trabalho e eu ia dividir o chocolate contigo de todo jeito.

—Então eu faço uma pichação com seu nome e você me diz para te dar chocolates?... Isso não faz sentido, sabia?

—Nem pichar meu nome em um patrimônio público?

—Mas eu pichei a...

Lily interrompeu Dara a puxando para perto e a beijando.

—Moça, tu fala demais—Disse Lily antes de beija-la novamente.

—Mas fazer o que é que... —Disse Dara antes de ser novamente calada—Sabe, tu leva a expressão “vêm me calar” muito a sério sabia?

—Eu sei.

Dara e Lily se sentaram na arquibancada e ficaram a observar o trabalho de arte abstrata por assim dizer que Dara tinha feito, o sol estava forte, mas sem dúvida era um dia bonito e a tinta já devia ter até secado. Entre beijos, risadas e alguns goles de refrigerante (estoque secreto da Dara na escola), em um momento Dara pôs a mão na face de Lily e então disse olhando em seus olhos:

—Você é um sonho, um anjo, uma deusa.... Simplesmente perfeita.... Te amo!

— Eu te amo também.

“Sonho... Só um sonho... Tudo não passa de um sonho...” Pensava Lily, então quando se deu conta que nada daquilo era real e que tudo estava acontecendo em sua mente, o próprio sonho começou a se desfazer...

—————&—————

—Ei Lily, você está bem?—Perguntou Dara.

Lily abriu os olhos na hora, mas não enxergou nada, havia algo tampando sua visão. Era apenas uma máscara de dormir, mas sentiu se zonza, o que não era normal. Antes de respondê-la parou para reparar onde estava rapidamente, estava numa cama pela sensação de um tecido cobrindo seu corpo, usando suas roupas usuais, estava muito quente ao seu redor e sentiu uma mão sobre seu ombro. Lily não levantou a máscara, respondeu antes disso.

—Estou sim.

—Parecia estar tendo um pesadelo.

—Ah, só um sonho estranho—Disse Lily levantando a máscara.

—Ah que bom.

Lily levou um susto, não estava em seu quarto, era dia e estava muito quente, sem contar que Dara estava deitada na mesma cama que ela. Sem dúvida não era a Dara que ela conhecia, estava bem diferente, cabelo curto loiro e sua cara parecia alguns anos mais velha, mesmo assim não deixava de ser ela, de ter sua voz e olhar como ela olha. Lily levantou a máscara e a viu olhando para ela, Dara estava deitada com a cabeça no travesseiro e braço esticado tocando seu ombro, pelas as alças da blusa que vestia, provavelmente usava uma camisola branca rendada. Lily afastou-se um pouco e acabou caindo da cama.

—Você está bem amor? —Perguntou Dara esticando-se para a ver.

—Amor?! Por que me chama de amor?

—Porque você é meu amor, ué Lily... Tá de brincadeira comigo é?

—Mas eu não te amo...

Dara que estava sorrindo mudou para feição mais triste, Lily sentiu uma sensação estranha em suas pernas, ela olhou para baixo e viu uma espécie de areia movediça, mas sua cor era incomum, pois essa era vermelha. A areia puxava para baixo numa velocidade assustadora e antes que pudesse ao menos pedir socorro para alguém ela já havia engolido mais da metade do seu corpo, Lily esticou o braço para Dara e ela a segurou, mas seu corpo já estava quase todo soterrado na areia.

—Eu não vou te soltar! —Disse Dara a puxando.

Dara a puxou com todas as forças e estava até conseguindo a erguer novamente, mas do nada o quarto ficou escuro e uma sombra passou por Dara. Uma voz sussurrando disse “Eu sabia que você não a deixaria” e logo em seguida Dara parou de puxá-la, Lily olhou para a menina e viu que a garota havia tornado inteiramente de areia, como se fosse uma escultura de Dara feita de areia. Logo em seguida o braço de areia se quebrou e Lily voltou a cair, antes de estar totalmente dentro da areia viu o vento soprar no quarto e levar o resto do corpo de areia da Dara.

Assim que foi totalmente engolida pela areia foi parar dentro de um liquido com uma textura parecida com um refrigerante, a única diferença de um refrigerante era cor avermelhada, um vermelho com tom de sangue. Lily segurou sua respiração e começou a nadar em volta para tentar achar uma saída daquele lugar. Ela nadou em direção a uma luz que avistou no meio daquilo tudo, a luz vinha de uma brecha no rachado de uma pequena porta de madeira no meio do nada dentro daquele liquido. Lily tentou abrir a porta, mas não conseguiu, estava quase sem ar quando uma mão tocou sobre a sua e um corpo pôs se detrás do dela, ela virou rapidamente e viu que era Clarck, ele sorriu para ela e ajudou a abrir a porta. Com a força do loiro foi fácil abrir aquela porta, assim que conseguiram abrir seu namorado sorriu cabisbaixo para ela, Lily quis o abraçar, mas seu desejo foi interrompido pela força da água que entrava pelo buraco detrás da porta e isso a puxou para dentro. Antes de ser totalmente sugada pela porta Lily tentou se segurar em Clarck que permanecia no mesmo lugar, a força da correnteza vermelha não havia sortido efeito algum sobre ele, Lily esticou seu braço para Clarck, mas ele cabisbaixo apenas olhou para ela e deu meia volta de lá, Lily soltou o resto de folego que lhe restava e se deixou ser levada pela água.

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Lily abriu seus olhos tossindo como se estivesse se afogando e levou um enorme susto, estava deitada em uma cama, mas logo de cara viu que não estava em seu quarto(novamente), não estava na casa das suas amigas ou qualquer outro quarto conhecido. Ela usava uma calcinha simples e uma blusa larga totalmente branca, tipo de roupa preferido dela para usar como pijama. A primeira coisa que percebeu foi que estava deitada na cama de baixo de um beliche, havia uma porta de frente para a cama no lado oposto do quarto, era noite, mas a luz no criado mudo estava ligada e ela permitia iluminar todo o cômodo. Lily não estava coberta, havia adormecido por cima delas pelo jeito, ela levantou-se, sentou na cama e olhou ao redor com a iluminação que tinha. De frente para ela estava uma escrivaninha com várias folhas espalhadas e logo em cima na parede havia um quadro de avisos com fotos, ela quis olhar as fotos, de longe viu uma com duas garotas com agasalhos de frio num balanço sobre a neve, ambas sorriam uma para a outra, ela sabia que uma das garotas era ela mesma, pois reconheceu suas próprias roupas, mas a outra ela não conseguiu ver porque estava de costas... Com certeza ela queria reparar mais nas fotos, mas não teve muito tempo de reparar nelas, pois assim que se sentou na cama ouviu a maçaneta da porta girar e isso chamou sua atenção.

Uma garota entrou rapidamente no quarto, Lily só deu para vê-la de costas. A garota tinha um cabelo loiro curto, repicado e com pontas roxas, vestia um vestido preto curto que mostrava bem as curvas de seu corpo magro e esbelto, usava também uma bermuda branca de lycra por baixo que caiu bem com o salto alto e o vestido, ao virar-se de frente Lily viu que conhecia aquela garota. Era como se fosse uma versão mais velha da Dara, sem dúvida era ela, mesmo com o cabelo diferente e olhos cor verde, ela ainda usava todos seus piercings, mas seus olhos.... Eram os olhos dela mesmo, não eram lentes artificiais.... Eram tão lindos.... Estavam tão lindos...

Lily já havia visto aquela Dara, mesmo não sabendo bem onde viu, nesse momento ela começou a duvidar se aquilo tudo era apenas ilusão ou talvez um delírio. Lily abaixou momentaneamente seus olhos e olhou o chão, depois quando subiu seu olhar seus olhos encontraram aos de Dara que sorria sem graça e ambas ficaram se encarando de longe por um momento, Dara deu um sorriso tímido, depois olhou para as chaves em sua mão e logo em seguida entrou correndo numa outra porta ao lado daquela, pela iluminação é possível ver que era o banheiro.

—Você me esperou até agora... Não vai brigar comigo, ou vai? —Perguntou Dara.

—Não tenho nada a reclamar, mas não gostei de ser deixada para trás... Ai amor, me perdoa—Disse Lily.

“Espera... Por que eu chamei a Dara de amor? Melhor, por que eu disse alguma coisa... Eu queria apenas ficar calada”.

—Tudo bem, mas eu só te perdoarei se você me der um beijo—Disse Dara saindo do banheiro com a mão no rosto tirando um de seus muitos piercings.

—Com esse piercing bem em cima da sua boca?

“Por que eu continuo falando? Aff... Por que eu não consigo controlar o que eu falo? ”

—Ele é removível sabia? —Disse Dara puxando sua boca para tirar o piercing—Espera só um minuto.

Dara voltou para o banheiro e fechou a porta logo em seguida, Lily jogou-se na cama respirando fundo, ela ficou a olhar para o teto, mas só era possível ver o estrado da cama de cima, ela fechou os olhos momentaneamente e do nada imagens vieram a sua mente, logo em seguida ela abriu assustada seus olhos. Em sua curta visão ela ainda estava na cama e Dara estava sobre ela, seminua e beijando seu pescoço.

—Tudo bem aí? —Perguntou Dara saindo do banheiro com uma escova de dente na boca.

—Nada não, está tudo bem.

Dara voltou para dentro do banheiro e Lily voltou a deitar-se, ela respirou fundo e de novo do nada ela começou a ter essa visão, mas dessa vez foi preciso apenas piscar e ela viu a mesma visão, então em um ato involuntário toda vez que suas pálpebras se abaixavam ela via uma continuação daquela visão. Lily ficou assustada com aquelas visões, pois sabia que não estava tendo controle nenhum sobre si mesma, muito menos sobre seus olhos, por fim depois de tanto lutar contra aquilo tentando manter seus olhos abertos pelo maior tempo que conseguisse, ela apenas respirou o mais fundo que conseguia e fechou seus olhos novamente pressionando suas pálpebras com força, mas dessa vez não viu nada além da escuridão.

Lily abriu suas pálpebras na esperança que tudo estivesse normal, mas dessa vez a visão estava acontecendo de olhos abertos, Lily estava agora sentada e Dara sobre ela na cama, ela estava de frente para Dara que olhou em seus olhos levantou suas mãos até tocar o rosto de Lily e a beijou apaixonadamente. Lily tentou ir para trás, mas estava encostada na parede então não teve como fugir, mas ela não conseguia sequer falar, muito menos se mover, a única coisa que conseguia ainda fazer era piscar seus olhos o mais rápido possível, isso na esperança de não ver mais aquela cena. Dara abaixou uma de suas mãos e deslizou a ponta de seus dedos sob a pele de Lily até chegar em seus seios, onde simplesmente deixou sua mão, nesse momento Lily fechou com força seus olhos e pôs-se a tremer, aquilo era quase um estupro para ela.

Quando abriu os olhos já estava em outra posição, estavam do outro lado da cama, ela estava sobre Dara que estava deitada sobre os lençóis, Lily estava como antes, mas Dara estava totalmente sem suas roupas agora. Sua boca estava sob o pescoço de Dara, sua mão esquerda segurava sua cintura e a direita estava ao lado do pescoço da garota. Lily olhou sua situação e tentou se levantar, mas Dara a puxou para junto de si e prendeu suas pernas ao redor de sua cintura. Tanto seus olhos quanto suas bocas estavam próximas, Lily tremia e Dara sorria muito.

—Você é tão linda—Disse Dara tirando uma mecha de cabelo da frente do rosto de Lily a deixando detrás da orelha.

—Obrigada.... Eu acho—Disse Lily.

—Está tudo bem, se não tiver a fim.... Pode-me dizer—Disse Dara sorrindo de lado tristonha.

—Na boa.... Em primeiro lugar não sei como estou conseguindo falar agora.

—É porque você fala demais moça—Disse Dara sorrindo meigamente.

—Bem, eu definitivamente não quero, não sei nem por que estou aqui... Mas... Mas...

—Mas...?

—Mas há uma parte de mim que quer ficar e aparentemente gostou de te beijar.... Tenho medo dessa parte.

Dara sorriu e depois levantou um pouco sua cabeça, ficou basicamente á milímetros de distância da boca de Lily, ela só precisou ficar parada para conseguir o que queria. Lily sentia-se atraída por Dara e por fim depois de tanto olhar os lábios da garota resolveu terminar com a distância entre suas faces, ela mesma encontrou os lábios de Dara e a beijou ligeiramente. Lily fechou seus olhos e quando abriu Dara ainda estava lá, ela sorriu alegre para a garota e a beijou gentilmente mais uma vez, Lily havia finalmente cedido ao momento. Mesmo que ainda estivesse tremula ela pegou suas mãos e percorreu o caminho até as costas de Dara, depois ajustou a posição de suas pernas para finalmente poder ajoelhar-se na cama e erguer Dara sobre si novamente, que não a soltou em momento algum.

Ambas sorriram e se abraçaram fortemente naquele momento, depois voltaram a se beijar. Lily podia sentir a pele desnuda de Dara colada em seu corpo, apesar disso a fazer tremer ainda mais, ela estava gostando da sensação, era algo bom poder sentir seus corações batendo mesmo que sem sincronia alguma, pois o coração de Lily estava quase pulando pela boca dela.

—Sabe Dara... —Disse Lily.

—Oi Lily—Disse Dara a abraçando.

—No fundo eu acho que.... Que... —Tentava dizer Lily.

—Shh... Eu também—Disse Dara.

Lily fechou seus olhos para beijar Dara novamente, mas assim que suas pálpebras se fecharam um peso a empurrou contra a cama. Assim que abriu os olhos viu que estava no mesmo lugar, mas Dara não estava sobre ela e sim Clarck segurando seus braços contra os lençóis.

—Então você gosta de... Cara.... Na boa, eu podia esperara isso de qualquer garota do mundo, menos de você.

—Clarck, o que você está fazendo... Aqui? —Disse Lily tremendo muito.

—Pu&@! Você não passa de uma put%$#a se pagando de gostosona.

—O que você está falando?

Clarck xingou basicamente todo o dicionário de palavrões possíveis, incomuns e inventados que alguém poderia falar, ele bateu fortemente na face de Lily a fazendo queimar. Mesmo Lily sabendo que aquilo era um sonho, depois daquilo já não tinha mais certeza de nada.

—Mas Clarck... —Disse Lily tremendo e segurando o choro.

—Mas Clarck o que?! —Disse Clarck apertando e puxando os lábios de Lily fortemente.

—Mas eu te amo.

—Isso nunca será suficiente.

Lily ouviu aquilo e foi como se tivesse levado uma facada em seu estômago, todo o ambiente escureceu novamente e ela teve a sensação de cair, novamente do nada foi engolida pelo coxão, caindo em um abismo escuro e frio, enquanto caía observava a cara de desgosto de Clarck se ajoelhando sobre a cama. Tudo parecia acontecer em câmera lenta naquele momento, então ela apenas virou-se de costas para a luz e olhou o abismo, abraçou seus braços e novamente fechou seus olhos, dessa vez lágrimas escorreram deles.

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Lily abriu seus olhos rapidamente e se levantou no impulso, estava totalmente assustada, ela olhou rapidamente em volta e viu que estava no quarto das gêmeas.... Tudo foi um sonho, o que era um alivio para ela, mas mesmo sabendo disso seu coração batia disparadamente, parecia querer rasgar a pele e saltar para fora do peito. Após alguns segundos sentiu que estava sendo observada, havia alguém detrás dela, ela tomou coragem e virou-se, mas era só o ursinho que Megan havia sufocado mais cedo e jogado no chão. Ela pegou o ursinho e o abraçou para tentar acalmar-se um pouco, estava muito frio, o ar estava gelado a ponto de poder ser cortado caso alguém quisesse “isso deve ser por causa da falta de energia na casa, ou seja, sem aquecedor. O que explica o frio” pensou Lily. Ela olhou em volta e viu o despertador ao lado da cama da Megan, marcava 03:30. Ela tentou dormir, mas era impossível, sentia muito frio e sua cabeça girava, ela levantou-se para pegar mais cobertas, havia mais ao lado do closet como Magda havia dito. Ao levantar-se viu uma sombra detrás das cortinas da janela, havia alguém sentado no banco olhando a vista, ela olhou as camas e as gêmeas estavam ainda dormindo, mas Dara não estava na cama, provavelmente era ela.

Quando pensou em Dara lembrou-se instantaneamente do sonho, foi inevitável piscar algumas vezes para ter certeza que estava acordada, mesmo que tivesse certeza que sim.

—Vai acordar as outras se continuar aí em pé—Disse Dara baixinho detrás da cortina.

—Eu só vou pegar mais cobertores.

—Ham, eu disse que estava frio... Mas mesmo assim, você está num saco de dormir... Isso não é normal.

—Pois é, mas é que eu estou com muito frio.

—Hum, boa sorte então.

—Boa noite—Disse eu indo pegar os cobertores.

—Tá mais para bom dia agora.

Droga!... Por que eu tinha que sonhar com a irmã do meu namorado e ainda mais um sonho tão estranho? Poxa por que eu estava transando com ela?... Aff... Credo.

E o Clarck e toda aquela areia movediça... Foi tudo tão bizarro. Poxa, ele me chamou de puta?! Parando para pensar, acho que ele nunca me xingou na vida real... Só um sonho mesmo para fazer isso. Pior que é a segunda vez que eu sonho com a Dara desse jeito, quer dizer, hoje foi mais intenso, mas mesmo assim... Nas duas vezes eu estava dormindo no mesmo quarto que ela... Aff que coisa mais estranha, bizarra, doentia e... E... Eu tenho quase certeza que estava gostando disso.

Droga, se fosse qualquer garota da face do planeta Terra eu diria que é apenas um sonho. Mas só de pensar em beijar minha “cunhada”, como ela mesma me chama é algo insano... Parando para pensar, acho que eu nunca beijei uma garota, muito menos tive algo mais com uma... Aff... Eu deveria esquecer isso, além de ser totalmente pervertido, doido e improvável... Não é o que eu sou.

Lily, você está passando bem? —Perguntou Dara afastando um pouco as cortinas.

—Sim, por que a pergunta? —Respondi meio tremula.

—Só perguntando mesmo, é que você está parada aí faz alguns minutos.

—Hum... —Disse eu sem graça

Peguei uma coberta, me enrolei nela e sentei-me de frente para Dara que abraçava seus joelhos, ela usava apenas seu pijama e não parecia sentir frio algum.

—Agora eu que pergunto... Você está bem? —Perguntei enquanto puxava meus pés para debaixo do cobertor, estava muito frio.

—Claro que sim, por que não estaria? —Respondeu Dara um pouco mais alto.

—Shh Dara, vai acordar as gêmeas.

—Na boa, duvido um pouco.... Ou elas estão muito cansadas ou o sono delas é realmente muito pesado.

—Por que diz isso?

—Nada em especial na verdade.

—Então, por que levantou tão cedo? Não conseguiu dormir foi?

—Não está tão cedo assim e eu acordei já faz uma hora, não aguentava mais ficar deitada olhando o nada.

—Você acordou ás duas da manhã então? —Perguntei me espremendo no cobertor.

—Não, ás quatro da matina.

—Mas agora que é 03:30— Disse eu apontando para o despertador.

—Aquele relógio parou na verdade—Dara pegou seu celular e o ligou para mim—Viu?! São 05:10.

—Hum, que bom... Mas por que você levantou tão cedo assim?

—Costume meu, gosto de ver o sol nascer e geralmente levanto bem cedo mesmo.

—Hum, é um bom hábito.... Eu nunca vi o sol nascer, acho que nunca parei nem para ver ele se pôr na verdade.

—Não sabe o que está perdendo.

Naquele exato momento meu estômago roncou bem alto, mas por sorte Dara não escutou, pelo menos acho que não.

—Hum, eu estou numa fome.

—Também estou, quer sair para comprar algo comigo?

—Oi?! Outra ideia de girico sua? E tão espontânea assim?

—Não é uma ideia espontânea.... Geralmente eu estou andando na rua a essa hora... Aqui é perto da minha casa, e tem uma pracinha há basicamente uma quadra e meia daqui.

—Tá... E por que você iria a uma praça numa hora dessas? Não é perigoso demais?

—Hum.... Na verdade, eu acho essa cidade muito mais calma que onde eu morava com minha mãe, lá eu já fui assaltada uma vez de manhã, aqui o povo parece ser mais tranquilo.

—Não acho seguro, melhor não ir.

—Que pena, você podia ver o sol nascer e na volta podíamos passar numa padaria e trazer algo para as gêmeas... E os pais delas... E o padrinho.... Que eu quase matei... Aff.

—Hahaha, não foi culpa sua.... Eu não faria diferente pelo menos.

—Obrigada—Disse Dara—Você não vai querer vir comigo né?

—Hum, não iria querer não... Mas pelo jeito não vai dar para tomar um café quentinho aqui.

—Lily, a gente tá sem energia, não sem fogo.

—Sei disso, mas eu não faço ideia de onde esteja o pó de café na cozinha, muito menos uma panela que possa usar.

—Ui, bom argumento.... Você sabe fazer café pelo menos?

—Claro que sei.... Fica horrível, mas eu sei fazer.

Dara riu de mim, mas não disse nada.

—E a senhora sabe fazer café por acaso?

—Na boa, eu sei.... Mas odeio café.

—Então não fale de mim.

—O QUE?! Mas eu não falei, eu apenas ri.... Tem uma grande diferença entre rir e falar.

—Ah esquece.... Vamos ou não?

—Vamos sim, deixa só eu pegar uma coisinha.

—E eu me agasalhar, porque eu estou congelando aqui.

Vesti minha blusa de frio (graças a Deus eu havia trazido uma) e uma calça jeans, Dara vestiu-se e apenas pegou seu skate, não pegou roupa de frio alguma para se aquecer. Perguntei se ela tinha trazido agasalho e ela disse que sim, mas não estava com frio e disse para não me preocupar que aquela blusa era grossa e não sentiria frio, achei estranho, mas não comentei nada a mais. Descemos as escadas e fomos até a rua, ainda estava escura e muito úmida a calçada, a luz dos postes ainda estava ligada, o vento frio soprava em minha face me fazendo arrepiar um pouco. Dara andava ao meu lado sobre seu skate com mãos no bolso, apesar de estar quase congelando estava muito bom caminhar.

—Então Lily, eu nunca tinha ido numa festa do pijama e como não ocorreu como devia... Eu queria te perguntar... Que tipos de coisas fazem numa festa ao pijama? —Perguntou Dara

—Depende, eu só fui a festas do pijama com as gêmeas e geralmente elas criam desafios... Muitas vezes ridículos.

—Tipo o que?

—Comer temperos, verdade ou consequência, aquele dos marshmallows que eu não lembro o nome, leitura labial, quem sou eu, de quem aguenta ficar mais tempo sem rir ou até piscar. Enfim, essas coisas sem graça que já me fizeram muito feliz na verdade.

—Hum, já passaram trote?

—Sim, não me orgulho disso, mas já fiz isso.

—Hum, bad girl hein.... Você subiu no meu conceito Lily—Disse Dara rindo.

—Ah sem graça—Disse eu a empurrando vagarosamente, mas o suficiente para derrubá-la do skate—Ai Dara, perdão, mil perdões.

—Tudo bem, já estou acostumada a cair dessa belezinha—Disse Dara subindo de novo no skate—Sorte que não me espatifei no chão, se não ia ser feio.

—Se fosse eu tenho certeza que iria me espatifar a cada segundo.

—Quando estava aprendendo a andar eu caía muito, mas hoje em dia estou até de boa.... Você já andou num desses?

—Não nunca andei.

—Hum, já suspeitava.... Quer dar uma voltinha?

—Não, tá doida?...Eu vou cair assim que subir.

—Vamo lá Lily, eu vou te estar te apoiando e se quiser andar um pouco é melhor fazer isso agora, porque aqui basicamente não tem uma descida muito íngreme, então vai ser mais fácil.

—Ai tá bom.

Eu subi naquela placa de madeira, me equilibrei por dois segundos, depois caí de bunda no chão molhado da chuva, Dara riu de mim, depois me ajudou a levantar. Assim que subi novamente Dara segurou minha mão e disse para eu me equilibrar, assim que me equilibrei (mais ou menos) ela começou a me puxar, então eu fui andando involuntariamente para frente apoiada nela. Não pude deixar de gritar, mesmo não tendo caído (ainda) aquilo era totalmente novo para mim.

—Tudo bem.... Vamos conversar para distrair um pouco, você está muito gelada,calma aí garota.

—Mas eu estou calma, só estou animada.

—Então, para quem você já passou um trote?

—Ah não, eu não quero falar.

—Você não tem escolha, é um jogo.

—Que jogo é esse que eu não conheço? —Perguntei me desequilibrando um pouco.

—Chama-se responda à pergunta, ou eu te deixo cair.

—Isso não é justo, quero descer agora.

—Ah qual é, só me diz para quem você passou o trote.

—Para o diretor, mas não conta para ninguém.

—What?!...HAHAHA... Uau... Hardcore... Com certeza você subiu no meu conceito, você e as ruivas.

—Na verdade elas me forçaram a passar esse trote, ganhei cinco pratas por isso.

—Inteligentes... E chantagistas. E cinco pratas são cinco pratas, com isso não se discute.

—Né, falando nas gêmeas você já sabia sobre a namorada da Magda.... Você a viu por acaso?

—Sim, mas não quero falar sobre isso.... Eu definitivamente não quero falar sobre isso.

—Ok então. Mas como ela é?

—A Fernandona é bem alta e loira, também bonita.... Não sei mais o que falar, não reparei muito na verdade.

—Fernandona?

—Cara, mas a mulher é gigante.... Quando você vê-la vai ver que é Fernandona mesmo.

—Ok então—Disse eu rindo um pouco.

—Lily...

—Oi Dara.

—Sabe aquele papo de best friend?

—Sei.... Eu acho que sei na verdade. O que foi?

—Nada, só uma pergunta.... Por que quis ser minha amiga?

—Sei lá, a briga é sua e do seu irmão.... Eu não tenho motivos para ficar brigada com você, então achei que seria legal pelo menos tentar ser sua amiga... E você é bem diferente do que eu achava.

—Que gracinha. Sabe, eu nunca tive amigas, colegas eu sempre tive, mas uma doida que vá com a cara e a coragem atrás de mim na hora que as coisas apertam...é raro... E você e as gêmeas fizeram isso ontem.

—Não ia te deixar descer lá sozinha, era muito perigoso.

—Você é até legal Lily. Sabe, eu nunca tive amigas... Obrigada por estar tentando ser minha amiga.

—Na verdade eu já te considero minha amiga.

—Obrigada, eu acho... Na verdade você é a única pessoa nesse mundo que já me pediu para ser amiga.

—Não exagera.

—Tá bom, mas Facebook não conta como pedido de amizade.

Já estávamos chegando à pracinha que Dara disse e o sol ainda não havia nascido, acho que vai ser bonito.

—Ah para, eu sei que você tem amigos.... Todo mundo tem.

—Eu só tenho amigos, não tenho amigas.

—Oh... Eu e as gêmeas somos fantasmas então? —Disse eu fingindo estar ofendida.

—Não, são as únicas que já me aturaram até hoje... Se bem que as gêmeas sempre foram colegas minhas, agora que estou me enturmando mais com elas.

—Dara, todos seus amigos são malucos?

—Não, eu ganho de todos no quesito de loucura, então eles parecem normais perto de mim.

—Nossa... Você não é doida—Disse eu rindo—Só diferente.

—Hum, obrigada... Amiga.

—Viu, você já está pegando o jeito.

—Jeito de que?

—Jeito de ser amiga.

—Ai... Eu mereço isso—Disse Dara rindo.

—O que foi que eu disse?

Já havíamos chegado à praça, desci do skate em um pulo e sem querer o mandei no rumo da Dara quando pulei, ele bateu em suas pernas e ela me olhou mostrando a língua. Depois daquilo eu rir um pouco e resolvemos nos sentamos no banco da praça de frente para uma fonte que ainda estava desligada.

—Você vai gostar disso, a fonte liga exatamente ás 6:00, na hora que o sol nasce.

—Legal.

— Posso te perguntar uma coisa? —Perguntou Dara estralando os dedos.

—Ué, se eu conseguir responder pode sim.

—Você teve pesadelos essa noite?

—Hã? Por que pergunta isso?

—É que você estava do mesmo jeito que eu te vi aquele dia no acampamento.

Corei naquele momento, veio a minha mente vários flashes de meus sonhos.

—Não era um pesadelo, só um sonho estranho.

—Hum, pelo visto mais uma com dificuldades para dormir.

—Eu não tenho dificuldade para dormir, apenas.... Apenas.... Sei lá, foi uma noite muito agitada a nossa. Acho que é aceitável ter sonhos estranhos depois do acontecido.

—Verdade—Disse Dara me sorrindo.

Eu olhei para frente e vi a luz do sol aparece por trás de mim, nunca havia parado para ver o nascer do sol, e nunca pensei ver algo tão bonito, estiquei minha mão contra sua luz e vi minha sombra no chão. Olhei rapidamente para o lado e vi que Dara me observava sorridente, assim que viu que eu a observava ela disfarçou o olhar, eu chamei sua atenção e então disse:

—Obrigada, você estava certa, aqui é muito bonito e isso parece mais uma cena de cinema.

—De nada—Disse ela cabisbaixa, vi que estava rubra—Então, vamos à padaria?

—Para que a pressa? Aquelas duas não acordam antes das oito da matina mesmo. Sem contar que aqui está tão bonito—Disse eu me encostando no banco da praça.

—Até pode ser, mas eu preciso desesperadamente de comida... Mais cinco minutos?

—Cinco minutos é o suficiente, para apreciar a paisagem.


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Notas finais do capítulo

Queridíssimos, muito obrigada á todos que estão lendo essa , muito obrigada á todos os que comentaram essa fic até agora. Aparentemente vocês estão gostando e isso me deixa muito feliz, sem contar que me ajuda muito e me motiva muitíssimo mesmo á escrever.Não é carência minha, juro... Só sou eu agradecendo meus leitores, porque sem leitor também não tem sentido escrever...

MUITO OBRIGADA!