Ah Se Você Soubesse escrita por Ágata Arco Íris


Capítulo 14
A Cartomante


Notas iniciais do capítulo

Eeehhh... Recebi alguns comentários, aparentemente meus queridíssimos estão gostando da história ^~^
Isso me deixa tão feliz, só para constar ^~^

Bem, já falei demais. Então.... Boa leitura!



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Sábado de manhã teve um jogo de basquete na minha escola, os meninos passaram um aperto, mas conseguiram ganhar no último instante. Clarck tinha dado tudo de si para ganhar aquele jogo, mas ele não parecia muito feliz, não vi nem seu pai ou Dara aquele dia, Helena estava sorridente como sempre, mas algo estava errado. Enquanto estavam todos festejando ele simplesmente saiu de perto da galera e foi beber água no bebedouro, não entendi aquilo, havia água no vestiário.... Resolvi o seguir.

—Então Sr. Capitão.... Foi um jogo e tanto —Disse eu me apoiando na parede.

—Obrigado —Ele agradeceu cabisbaixo.

—O que houve?! Briga de família?

Ele só acenou positivamente com a cabeça, me aproximei e o beijei. Não faço a mínima ideia do que aconteceu, mas ele não costuma ficar apático assim. É algo tão difícil de lidar, é triste ver irmãos brigando, mais ainda pai e filho. Tudo que posso fazer agora é abraça-lo, escutá-lo, ficar ao seu lado.... Queria poder fazer mais.

—Quer falar sobre isso? —Perguntei olhando em seus olhos.

Ele apenas acenou negativamente.

—Bem, às vezes... —O beijei novamente— Gestos falam mais que palavras.

Ele apenas me sorriu e disse olhando no fundo dos meus olhos, só por ele olhar daquele jeito em meus olhos eu não vou mentir que estremeci... Mas então ele disse:

—Eu te amo!

Ele me deu um selinho, não sei o que ele fez, mas estava com as pernas bambas. Clarck passou seus braços debaixo dos meus e me puxou para cima e para perto dele, ele me abraçou e naquele instante eu que estava na ponta dos dedos, já havia perdido o que me restava de folego e quando ele disse:

—Eu te amo muito, sem brincadeira, por favor, nunca me deixe porque acho que já não sei viver sem você, só você para me deixar feliz numa hora dessas. Eu nunca fui o tipo de cara que diz o que sente, mas já aconteceu tanta coisa que eu preciso dizer. Eu acho que me apaixonei por você Lily no momento que eu a vi, sem dúvida você é a melhor coisa que já me aconteceu, porque além de uma namorada eu tenho uma amiga.... Muito obrigado por isso!

Eu pensei que iria lá confortá-lo, mas ele simplesmente me surpreendeu e me tirou as palavras. Não faço ideia do que aconteceu, mas ele me deixou tão feliz agora.

—Sabe, eu acho que devíamos comemorar —disse eu tentando voltar um pouco a mim.

—Aé... O que tem em mente?

—Há um festival de primavera na cidade esse final de semana, eu achei que seria legal irmos essa noite. Só você e eu... O que acha?

—Hum.... Pode ser.

Depois do jogo voltei para casa, por volta das cinco da tarde fui me aprontar, ás seis em ponto como combinado eu já estava na praça esperando o Clarck. Deu 18:30 e nada do Clarck aparecer, comecei a desesperar um pouco, mas tive um pouco mais de paciência. Ás 18:40 recebi uma ligação do bendito, eu tinha esperanças dele apenas estar perdido por aqui.

[Clarck]: Perdão Lily, não vai dar para eu ir aí —Disse ele visivelmente quase sem fôlego— Meu pai inventou de limpar a garagem logo hoje e eu estou enrolado desde a hora que cheguei com isso.

[Lily]: Ah.... Tudo bem.... Eu entendo.

[Clarck]: Obrigado linda, agora eu estou te devendo uma... Perdão.

Ouvi um barulho de algo caindo do outro lado da linha.

[Lily]: Amor, tudo bem?!

[Clarck]: Tudo, eu só... — Ouvi outro barulho, esse maior ainda— Eu só caí em algumas caixas aqui.

[Lily]: Ai tadinho gente. Você deve estar quebrado.

[Clarck]: Um pouco, mas nada que uma boa janta e ficar um pouco de molho na banheira não resolva. Agora eu já nem sei mais o que dói, mais cedo apenas minhas pernas estavam doendo, agora dói também peitoral, braços... Mas tá bom... Foi um bom dia.

[Lily]: Com certeza. Então está bom Clarck, vai jantar, até amanhã.

[Clarck]: Até amanhã Lily, desculpa de novo.

[Lily]: Tudo bem, beijos.... Tchau!

[Clarck]: Tchau!

Sentei-me em um banquinho triste da vida, eu deveria ir para casa, mas resolvi andar um pouco e ver o que tinha naquele festival. Estava olhando as barraquinhas, entrei em basicamente todas, mas a que mais me chamou a atenção e me deixou pensativa foi a da cartomante. Ao entrar vi uma mulher de aproximadamente 50 quase 60 anos, usava um turbante, mesa com bola de cristal, todo aquele “clichê” que eu esperava encontrar.

—Boa noite?! —Disse eu entrando um pouco desconfiada em sua tenda.

—Boa noite minha jovem. O que desejas?

—Bem, eu não sei o que você pode fazer por mim.

—Eu posso ver seu futuro lendo suas mãos ou as cartas.

—Hum.... Isso é legal. A senhora pode ler minha mão? Sempre achei isso muito legal, mas ninguém nunca leu a minha mão.

—Claro!

A mulher pediu para eu esticar minha mão direita sobre a mesa e abri-la. Ela olhou minha mão e fez uma cara de estranheza, então pediu para esticar a outra também. Minhas mãos estavam sobre a mesa, não estendi a mulher, cada vez mais ela foi fazendo uma cara fechada para mim, perguntei se havia algo de errado então ela disse:

—Minha jovem.... Eu posso ser somente uma velha curiosa, mas se importaria de tirar a sorte nas cartas também? Não cobrarei nada a mais por isso.

—Pode ser, já estou aqui mesmo.

A cartomante pegou um baralho com cartas muito bonitas e diferentes de um baralho convencional, cheiravam á jasmim. Ela embaralhou e me pediu para escolher quatro cartas, depois de escolhidas coloquei as quatro sobre a mesa.... Então ela olhou e pareceu um tanto catatônica e perplexa, não gostei disso. A cartomante olhava minhas mãos, virava a cabeça olhando as cartas, então ela finalmente falou algo:

—Então.... Posso começar?

—Claro.

— Primeiramente eu vejo que há uma pessoa que diz para os amigos que não gosta de você, mas no fundo te ama demais, e parece que te amará mais ainda em determinado momento, não vejo por que.... Mas parece importante.

—Já sei até quem é —Disse eu sorrindo.

Ela me sorriu secamente e depois continuou:

—Essa pessoa às vezes te evita momentaneamente, muitas vezes nega para si mesma que a ama por medo. Bem... Mas vejo que no final tudo dará certo...

“Nossa... O Clarck me ama, não tem como ser outra pessoa, é ele mesmo que sempre me larga quando está com seus amigos, mas tudo bem eu sempre dou o troco. É inexplicável como estou feliz de saber que ele me ama não só da boca para fora. ”

—Criança! —- A cartomante me olhou no fundo dos olhos— Há uma pessoa muito próxima, provavelmente da mesma família, não dá para dizer o grau de parentesco porque sou péssima fisionomista... Perdão esse é um problema meu... Mas voltando, essa pessoa está apenas fingindo ser próximo de você e ela fingi muito bem, tome cuidado com ela... Pouco custa para essa pessoa te trair, e parece que vai trair.

“Nossa... Só consigo pensar na Dara agora, mas poxa eu não tenho nada contra ela, o que ela teria contra mim?...”.

“Aff... Droga!... Lembrei-me do sonho em que nos beijamos agora... Anem, eu jurava que já havia esquecido”.

“Ah quer saber, não quero nem pensar nisso, vou apenas ficar de olho nela, mas deve ser a Dara mesmo porque a Cartomante até disse “ela” duas vezes no meio da frase”.

—Isso é tudo que vê? —Perguntei.

Ela pensou um pouco.

—Ah.... Estou apenas ajudando os mais necessitados com esse festival, posso falar mais—A cartomante pensou alto— Vi sim, eu não sei quando ou como, mas dois eventos irão acontecer e estão envolvendo essas duas pessoas, sei que é um homem e uma mulher. Bem, uma pessoa irá te machucar terrivelmente a outra irá te dar um novo modo de pensar e ver a vida. E eu queria muito que você pudesse ser mãe, mas parece que não é a vontade de Deus né?

—Hã?! Como assim mãe?

—Eu não sei minha querida, não sei quando.... Talvez isso leve anos para acontecer, só vejo que você não vai ficar com a criança.

—Puts... Agora até gelei!

—Eu sei, você chegou aqui apenas pensando que seria divertido e escuta isso. Acho que é do seu desejo ser mãe um dia, ter família e essas coisas.

—Mas eu não serei mãe?

—Quer que eu veja isso para você?

—Sim, eu quero saber se eu vou ser mãe algum dia.

Ela olhou minhas mãos novamente e sorriu.

—Família, o amor da sua vida, filhos.... Terá sim o que quer —Ela olhou rapidamente em meus olhos— Valley e Bernstein, significa algo para você querida?

“Agora congelei de vez, eu não conheço essa mulher”.

—Significa sim, é o sobrenome meu e do meu namorado.

Ela me sorriu um tanto pasma, como se não acreditasse nas suas próprias palavras ou houvesse algo errado, porque ficou assim muito tempo. Estranhei seus gestos então perguntei:

—Algo de errado?

—Nada, só não esperava que fosse o nome de suas famílias.

—Muito obrigada por tudo —Disse eu me levantando e colocando dez dólares a mais sobre a mesa.

Saí extremamente feliz ao ouvir o que a cartomante me disse, sentei-me no banco da praça onde estava acontecendo àquele festival e fiquei observando. Todas aquelas luzes, todas as pessoas sorrindo, todos os casais se divertindo.... Tudo só me deixava mais feliz, é bom ser amada, isso faz tudo ficar melhor. Quando voltei para casa a primeira coisa que fiz foi falar com as gêmeas, contar sobre o que a cartomante me disse, então liguei a webcam para podermos nos ver.

[Magda]: Lily, eu sei que você está feliz amiga, mas já parou para pensar que ela talvez não tenha apenas te enganado?... Por que muitas pessoas te conhecem na cidade.

[Lily]: Nunca a vi e ela falou Valley que é meu nome do meio, geralmente me chamam por Walker.... Eu não sei o que ela viu, mas acredito nisso.

[Magda]: É muito bonito seu nome, Lily Valley Walker.... Parece nome de artista... hahaha.

[Megan]: Que legal amiga, você deve estar muito feliz com tudo isso.

Megan estava sentada ao lado da irmã e falava comigo ao mesmo tempo em que estava digitando no celular.

[Lily]: Deixa-me adivinhar, você está falando com o Martin.

[Megan]: Sim, sim, sim —Disse ela acenando positivamente com a cabeça—Saí com ele mais cedo, fomos a sorveteria.

[Lily]: Hum.... Vai rolar namoro!

[Megan]: Também quero, mas estou vendo se ele vai tomar alguma iniciativa para isso, até lá é aproveitar a doçura desse garoto.

[Lily]: Só para constar.... Estou shipando aqui M&M.

[Megan]: Que bom... Agora só falta arrumar um namorado para minha irmã para deixarmos de sermos “As três Marias encalhadas”.

[Magda]: Ei!

Magda estava um pouco longe e acabou voltando para a conversa com aquele comentário. “As três Marias encalhadas” foi uma brincadeira que criamos quando estávamos no fundamental, na verdade foi mais uma brincadeira minha e da Megan, nunca havia tínhamos tido um namoradinho e sei lá... Poxa, foi duro demais ver todas as garotas da nossa idade (só para constar, estudávamos em escolas diferentes) arrumarem namorados e sermos deixadas para escanteio, e pior que até aqueles seres que a gente olhava e pensávamos “Nem com Jesus na causa” arrumavam namorado, então em meio a isso nos nomeamos as três Marias encalhadas já que éramos três de todo jeito.

A verdade é que a Magda sempre foi a mais centrada de nós, nunca foi o tipo de menina que corre atrás de garotos, na verdade eu acho que ela nunca namorou, sempre teve os rolinhos dela, mas nunca namorou. Lembro-me do ano passado que havia um garoto doido por ela, sério, faltava só babar por ela e tratava-a como princesa, mas a Magda nuca quis nada com ele, acho que só ficou uma vez e mais nada. Eu tinha dó do garoto, porque ela dava cada fora nele que chegava até a doer em mim.

Enfim... A história das três Marias encalhadas acabou mudando muito, na verdade nós mudamos muito. Megan não era desbocada como é hoje, nem ao menos era sociável por assim dizer, ela era supertímida, usou aparelho até o sexto ano e tinha medo de estar perto das pessoas. Como isso mudou? Lembro que na metade do sétimo ano ela se apaixonou, o menino era capitão do time de futebol americano (Ela sempre gostou de atletas) aluno do nono ano e metido a popular. Ela era muito tímida e mesmo assim criou forças para conversar com o garoto, mas ele disse que a Megan não era o tipo dele, porque ele gostava das populares e minha amiga era ninguém basicamente. Então ela chorou muito, mas depois resolveu dar o troco no menino, mentira, primeiro ela quis conquistá-lo, mas na metade do caminho ela acabou arrumando coisa melhor e acabou esquecendo o idiota que a esnobou. Então o que aconteceu foi que ela fez teste para ser líder de torcida, passou facilmente e foi ganhando popularidade por causa disso e um garoto do time de futebol acabou se interessando por ela (Muito mais bonito que o outro) e começaram a namorar.

Eu resolvi falar de mim por último por que.... Vou ser sincera.... Eu era um caso perdido. Apesar de sempre ser carismática e fazer amizades facilmente, eu também sempre fui àquela garota extremamente inteligente, tirava só nota 10, chefe do clube do livro, vencedora seis vezes consecutivas da feira de ciências da minha escola, enfim, já deu para perceber o tipo de garota que eu era (Ainda sou, só que moderadamente). Eu nunca precisei, mas não sei por que eu insistia que queria usar óculos, acho que para completar o visual 100%nerd, então comprei um e usei aquele troço do sexto ano até o nono que foi quando as coisas começaram a mudar. Literalmente mudei, eu sempre tive um rosto bonito, mas eu era uma tabua, além de magra demais era sem curvas, então de uma hora para outra quando tinha 15 anos criei corpo, do nada surgiu uma cintura fina, os peitos pelo jeito resolveram aparecer, por fim meu quadril pareceu querer modelar o resto do corpo e pronto! Além de cabeça, carisma, agora tinha corpo. Logo depois disso eu arrumei meu primeiro namoradinho.

[Magda]: Megan eu vou falar a mesma coisa que a Dara te disse aquele dia, para de querer me arrumar namorado, estou bem sozinha. E eu estou falando sério.

[Megan]: Ai tá bom, pelo visto ninguém quer meus serviços como cupido... Vocês que estão perdendo.

Megan cruzou os braços e depois encarou momentaneamente sua irmã, do nada ela virou eufórica para o meu lado, até assustei.

[Megan]: Lily.... Uma pergunta.... Você conhece alguma Alice?

[Lily]: Conheço sim, ela nada junto comigo lá na escola.

Magda bateu a mão em sua testa, fez até um barulho, havia reprovado alguma coisa, não sei o que, mas reprovou.

[Megan]: O que você sabe sobre ela?

[Lily]: Ah sei lá, tipo eu a vejo durante as reuniões, mas apesar dela sorrir muito e cumprimentar todo mundo eu não escuto a voz dela a não ser para isso. Ela fica bem na dela, muito educada, mas super na dela.

[Megan]: Hum.... Interessante.

[Lily]: Por que queria saber?

[Megan]: Ah sei lá.... Ela pintou aquele cabelo dela esses dias, ficou tão bonito.... Você tem o telefone dela?

[Lily]: Ah tenho sim.

[Megan]: Você pode me passar depois?

[Lily]: Claro. Então, vão fazer alguma coisa amanhã?

[Megan e Magda]: Vamos!

Nota pessoal1243: ASSUUUUSSTTAAADDOORR!!

[Megan]: Aniversário de um priminho meu.

[Magda]: vai ser bom, faz muito tempo que não vemos o gorduchinho.

[Lily]: Isso é ótimo... Ai gente... Boa noite... Já está ficando tarde.

[Megan e Magda]: Está mesmo, boa noite Lily.

 Nota pessoal1244: Vão fazer filme de terror, isso assusta muuiittoo!!

Ah, as notas são inumeradas com forme isso acontece na semana, pois é, foi uma semana cheia pelo que se pode ver.

Domingo de manhã recebi a visita de uma velha amiga da minha mãe, ela havia se mudado a alguns anos da cidade, desde então nossas famílias acabaram perdendo contato uma com a outra. Foi muito bom recebe-la em casa, minha mãe e ela ficaram tagarelando durante horas. Eu sentei só um pouquinho com elas, mas foi bom revê-la.

—Lily do céu… Como você cresceu minha linda! —Disse Judith (a amiga da minha mãe).

—Obrigada!

Aliás… O que se responde quando alguém fala que você cresceu? A resposta digna seria... Nossa, como você envelheceu, olhe só essas rugas! Mas é claro que a menos que você seja doido, creio que ninguém nunca irá falar isso, principalmente para uma mulher.

—Lily, olhe para você…. Já é basicamente uma mulher, e que mulherão hein, está tão linda.

—Ah Judith, a senhora está tão bonita quanto estava à última vez que eu a vi.

—Senhora não… Senhorita. Agora sou uma mulher solteira outra vez.

—Que bom, você parece até mais jovial agora.

—Obrigada linda, falando em ser solteira. Está namorando Lily?

—Sim, graças a Deus sim.

—Isso é bom, faz bem não só ao coração, mas também à alma.

—É verdade.

—Judhi lembro como se fosse hoje o dia que o seu filhinho pediu minha Lily em casamento —Disse minha mãe chegando— Tadinho, ele chorava porque queria se casar de todo jeito com ela... Bons tempos…

—Bons tempos mesmo, meu Washington hoje não quer saber de garotas. Nada de mais, só que eu sempre quis ser vovó e pelo jeito não serei.

— Nossa, não sabia que seu filho… —Disse surpresa minha mãe.

—Pois é menina, deixa eu te contar...

Eu já havia visto fotos dele com o namorado no Facebook, então não levei susto quando Judith disse aquilo. Washington tornou-se um rapaz muito bonito, ele é um ano mais novo que eu, desejo felicidades para o garoto, ele sempre foi um bom amigo.

—Ele é um bom garoto.

Foi tudo que eu consegui dizer naquele momento.

—Com certeza é.

Judith foi embora depois do almoço e eu fiquei pensando… E se eu tiver algum dia um filho gay ou filha lésbica? Eu realmente não faço a mínima ideia de como seria minha reação, não é por preconceito, mas é que eu realmente nunca pensei nisso, então fiquei refletindo comigo mesma sobre  a possibilidade.

Aff, a parte ruim de pensar nessas coisas é que me lembrou do sonho com a Dara. Não faço a mínima ideia do que isso significa, mas já que fui ontem à cartomante e estava mexendo com essas coisas que demandam a fé, essa tarde pesquisei na Internet sobre sonhos e nada fazia sentido em relação a isso. Sei lá, foi muito real então acho que por isso não sai da minha cabeça.

Terça-Feira os meninos do basquete estavam de folga por terem ganhado o jogo sábado. Eu por outro lado não estava de folga, mas quando cheguei lá um acidente havia acontecido, uma menina dos saltos ornamentais havia passado mal e cai do trampolim, ela bateu de raspão a cabeça na borda da piscina, não havia ninguém na água , ela não se machucou e foi sorte não ter acontecido nada pior, mas na piscina que ela caiu havia um pouco de sangue espalhado pela água. Acho incrível que quando precisa ninguém aparece, aparentemente não havia enfermeira na escola, porque a garota ficou meia hora deitada no chão esperando alguém chegar. E quando chegou ajuda, nossa treinadora cancelou o treino em solidariedade com nossa colega.

Eu não queria voltar agora para casa, então resolvi ligar para o Clarck que provavelmente já estava em casa.

 [Clark]: Oi gata!

[Lily]: Oi gostosão.

[Clarck]: Hum... Sei não, é a Lily mesmo que está falando mesmo?

[Lily]: Hahaha... É sim, só quis ser um pouco diferente agora.

[Clarck]: Caramba, eu passei agora pelo corredor aqui dos doces. Aí você falou “gostosão” e eu me imaginei um gordão doido por chocolates.

Ambos rimos.

[Lily]: Ah então você está no supermercado? Sabe, mesmo se você fosse gordo ou calvo eu acho que te amaria.

[Clarck]: Bem, eu estou no mercado sim, minha mãe pediu para fazer umas compras para ela. Hum… Pelo menos a genética parece que não vai me ferrar em questão de calvície, não há homens carecas na minha família.  Gordura é só não comer, não quero perder meu tanquinho.

[Lily]: Que bom que pensa assim, também gosto do seu tanquinho.

[Clarck]: Hum... Sempre soube.

[Lily]: Ai Clarck, eu estou aqui curtindo um tédio, não vai ter treino hoje… Acho que vou morrer de tanto tédio… Ai Clark, estou com saudade... Queria te ver.

[Clarck]: Queria te ver também, eu até iria para sua casa depois que eu saísse daqui, mas até eu chegar em casa, deixar tudo isso,  tomar banho e ir aí já vai ser quase 17:00.

[Lily]: Ah... Ok. Você meio que leu minha mente, será que eu não posso te encontrar na sua casa não?

[Clarck]: Ué pode sim, minha mãe está lá... Vou agilizar aqui para te ver logo.

[Lily]: Eeehh... Até daqui a pouco então.

Peguei o ônibus perto da minha e escola e fui para sua casa.


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