Eram quase 2:30 da manhã, quando Maura desembarcara finalmente no aeroporto internacional de Londres, o Heathrow, a diferença entre os horários de Boston e Londres eram exatas cinco horas.

Fazia frio, mas não era uma temperatura muito abaixo das que Maura enfrentava nos invernos de Boston.

Quando saíra de Boston ainda eram 16 horas da tarde, fazia sol, mas Maura sempre precavida, carregava em sua bagagem de mão um sobretudo, bege, além de uma boina que complementava o look escolhido por ela.

Ao desembarcar, Maura segue direto em direção aos elevadores que a levarão à estação de metrô. Londres é encantadora, e uma das características que mais encanta os turistas, é justamente a facilidade de locomoção por lá.

Embora já conhecesse Londres, Maura busca informações nos mapas espalhados pela estação, para ter certeza de qual seria a linha mais adequada para ela, após isso ela enfim decide tomar a plataforma da linha Piccadilly Oeste (azul escuro), que possui três estações que vão e vem para o Heathrow, uma atendendo os terminais 1, 2 e 3, uma para o terminal 4 e outra para o terminal 5.

Maura enfim se acomoda no impecavelmente confortável e pontual, é claro, metrô, onde ela desembarcaria em menos de uma hora no centro da cidade, onde se hospedaria com as reservas que já havia confirmado.

Ao desembarcar na estação, Maura seguiu ao saguão onde um funcionário do hotel levantava uma placa com seu nome, ao avistá-lo Maura segue em sua direção se pondo em sua frente e o rapaz, supondo que ela chegava a ele por ter seu nome na placa dirigiu à ela com sotaque carregado as palavras:

–Senhorita Isles? – Maura apenas assentiu e sorriu – Eu sou, Harry Radcliffe, estou à serviço do Softel London St James.- Maura sorri mais uma vez e num meneio de cabeça o cumprimenta, ingleses não são muito adeptos à contatos físicos.–Permita-me por gentileza – ele alcança sua bagagem, e segue com ela ao seu lado enquanto indica-lhe o caminho que deverão seguir até o estacionamento.Não muito tempo depois, e sem ter dado muita importância a magnífica vista que a madrugada de Londres a oferecia, Maura enfim faz seu check in, no elegante hotel.Maura estava exausta, tudo o que ela precisava era de um bom banho de banheira para relaxar, afinal de contas, ela teria poucas horas para se recompor, para se apresentar acompanhada do Governador de Boston, que nada , ou nenhuma influência tem ali , mas que vê nela , no seu prestígio , a única forma de conseguir bons aliados políticos ali , mas sobretudo , elevar o padrão da medicina forense de Massachusetts, incluindo –a como membro do corpo docente da Imperial College of Science, Technology and Medicine obtendo portanto para ao seu governo o crédito que é somente dela , mas Maura não se importava , aliás esse era o menor dos seus problemas naquele instantes .Seria uma excelente oportunidade para aprimorar suas técnicas, ela de fato acrescentaria muito ao seu exemplar currículo, no entanto, estar ali naquele momento, significava abdicar-se da felicidade e do amor que encontrou nos braços de Jane, e isso por si só, já era suficiente para tirar o encanto de toda e qualquer coisa que estivesse diante dela.Maura prepara seu banho com alguns sais, e após cerca de 35 minutos ela sai do banho, e como de costume, leva para cama seus cremes hidratantes.Maura programa o aquecedor, e só depois retira o roupão que cobria seu corpo. As imagens que vem à sua mente em seguida, são um misto de sensações, um misto de emoções.A temperatura que a noite trazia, o roupão como sendo a única peça que cobrira seu corpo, tudo, tudo a fazia lembrar do momento em que ela se pôs completamente nua diante de Jane.Ela balança a cabeça tentando dispersar os pensamentos, pois sabe que uma vez que esses forem despertados, dificilmente a deixará dormir pelo tempo que lhe restara para descansar antes do coquetel.Ela aplica uma porção de seu hidratante nas palmas de suas mãos, esfregando-as em seguida.Maura percorre sua mão direita sobre seu ombro esquerdo, massageando suavemente a região.Mais uma vez, uma simples ação de Maura a remetia a última noite que estivera em Boston.Suas mãos, não eram tão delicadas quanto os toques de Jane, mas a imagem da morena tocando sua pele, se encantando por suas sardas, e percorrendo seus ombros com beijos quentes a torturavam de uma maneira gostosa.Ela não sabia se queria de fato esquecer ou lembrar de tudo aquilo, a impressão que tinha era que havia sim, trazido consigo, um pedaço de Jane, e agora que seus corpos haviam pertencido enfim um ao outro, talvez isso, essa impressão que ela tinha fizesse algum sentido.Cada parte de seu corpo, cada parte onde Maura aplicava o hidratante, não era de fato tão, seu, ou somente seu, era delas, sim elas pertenceram uma outra, e por mais que a incerteza de que Jane a esperaria para enfim serem felizes novamente, ela tinha certeza , que jamais alguém teria seu corpo , como Jane tivera essa madrugada .O corpo dela , assim como tudo nela pertencia à Jane, sempre pertencera na verdade embora somente agora , na pior hora que pudesse ter acontecido , elas de fato descobriram esse amor. E saber que ela teve a felicidade em suas mãos por poucas horas, a tortura, afinal, as últimas palavras que ela ouviu Jane proferir foram na verdade uma súplica:

''-Fica !''

’’Mas ela ignorou, e tudo o que ela mais queria naquele momento era ter certeza que não havia jogado sua felicidade para o alto, quando não atendeu ao pedido de Jane, quando não ficou quando tudo que seu coração pedia, e seu corpo ardia em desejos era na verdade dizer:

''eu fico!''

...eu fico por você, eu fico para você “ !

Mas agora era tarde demais, e tudo o que ela mais queria era que Jane, não ignorasse seu pedido, assim como ela fora obrigada a ignorar o seu.Sim, justamente ela, que não sabia pedir nada, por Jane, e para Jane ela pediu :

–Me espera?

Maura sabia que esses seriam os três meses mais difíceis de sua vida, mas sabia também que se os superasse, certamente, seria insignificante diante da certeza de viver para sempre ao lado dela, que era sua amiga, confidente, irmã, colega de trabalho, melhor amiga, mas que sobretudo, ela era o amor de sua vida.Maura, termina de aplicar os cremes após alguns minutos, e dirige-se até sua mala de mão, e retira a única coisa material que ela tinha para sentir Jane ali com ela, ela retira a camiseta do Red Sox, que Jane enfim deixou ela saber que sempre soube que ela a tinha sob seu poder.Maura toma o tecido em suas mãos, e após leva-lo à altura de seu rosto, embrenha-o no tecido de algodão, inalando todo e qualquer vestígio que a faça lembrar do suor de Jane. Suor esse que ela agora, não somente tinha a lembrança de tê-lo feito ser produzido, naquela sexta- feira , quando Jane comemorava a vitória do Red Sox num jogo decisivo ,e que na empolgação do momento , e provavelmente pela primeira vez em sincronia , elas se sentiram atraídas uma pela outra , despertando um turbilhão de emoções e sentimentos que jamais poderiam imaginar que pudesse acontecer a partir dali , agora além do suor de Jane naquela peça de algodão , ela tinha também a doce tentadora lembrança de deslizar seu corpo nu pelo corpo suado de Jane , e essa visão foi o suficiente para despertar em Maura sonhos molhados , sonhos em que ela podia mais uma vez tocá-la como sempre desejou.Passavam poucos minutos das 10 da manhã, quando Maura enfim despertara de sua noite curta de sono.Seu corpo não havia descansado o suficiente, mas ela sabia que não poderia ficar na cama por muito tempo, afinal, ela teria que ir em busca de um vestido para o jantar de logo mais, à noite.

Maura recebe seu café no quarto, e após o seu desjejum ela, vai às compras, e em seguida ao salão de beleza.