BLOODLINE escrita por Meewy Wu


Capítulo 12
VI - Bons dias ruins




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Calisto passou o resto do feriado planeando o que iria falar para Damon, incluindo exigir algumas boas explicações. Mas quando as aulas retornaram, ele estava agindo normalmente – bem, pelo menos para Damon – como se o beijo nunca tivesse acontecido.

Calisto chegou a se questionar se havia mesmo, ou se aquilo havia sido apenas um sonho. Ela não podia perguntar para Sarah ou Drina por que elas iriam fazer insinuações, mas Calisto não tinha medo dos risos das amigas. Tinha medo de que elas estivessem certas.

Calisto Malfoy estava com medo de estar apaixonada.

...

Quando Albus e James entraram em Hogwarts, depois do feriado, ele mal teve tempo de respirar antes de Molly aparecer e praticamente joga-lo para longe do irmão, de apoiando no ombro de James.

—HEY! – ele gritou, empurrando Molly de volta.

—Para de criancice Albus – gemeu a ruiva, o empurrando de novo – James, você não faz ideia do que eu tenho pra te contar...

—Fala – mandou James, com um sorriso cansado.

—Sabe quem beijou quem enquanto vocês dois deveriam estar comendo pudim de Natal até não poderem mais? – perguntou ela, com um sorrisinho.

—Você e o Trevor pra variar? – ele perguntou, sarcástico, e ela lhe lançou um olhar que poderia ter matado alguém – Certo, certo, quem?

—Quero ver você manter esse sorrisinho depois dessa – ela respirou fundo, e depois falou – Damon Parkinson beijou sua querida amiga Malfoy na tarde de Natal, no jardim da escola.

—E o que eu tenho a ver com iss... Espera, o que você acabou de dizer? – perguntou James, segurando a prima pelos ombros –Repete, Molly.

—Isso é o que você ganha por não prestar atenção no que eu digo – a garota mostrou a língua – pede para Albus repetir.

E assim Molly foi embora rapidamente, deixando James parado como um idiota onde estava.

—Ela falou, o que eu acho que ela falou? – perguntou ele, para Albus.

—Que Pearkinson beijou a Malfoy? Falou! – respondeu Albus, sem entender por que de tudo aquilo – Acho que sim... Ei, James! Espera! Ah onde você está indo?

—Você vai ver maninho... Olhe, e aprenda Albus. Olhe e aprenda.

...

Calisto estava entrando na biblioteca, certa de que ia encontrar Scorpius lá, quando uma mão a puxou. Ela deu de cara com Rose Weasley a fuzilando com os olhos.

—É... Oi? – Soou mais como uma pergunta aos ouvidos de Calisto, mas não havia muito o que ela pudesse fazer. – Por que essa cara?

—Damon e James brigaram – anunciou Rose.

—Mas James não acabou de voltar? – ela gemeu – Esses dois tem problemas sérios.

—Sim, eles tem. Você. O boato que rola é que a briga foi por sua causa Malfoy – grunhiu Rose.

—De novo essa história? Se você está mesmo tão interessada assim, eu passei a manhã inteira procurando o meu irmão... O outro Malfoy eu você também parece odiar, sabe?

—Não ligo pro eu estava fazendo, o que me interessa é que James está prestes a ser expulso de Hogwarts por que bateu um Parkinson, por que o mesmo tinha beijado você – ela encarou Calisto – Ou isso também é mentira?

—Por que em ele bateria em Damon por isso? – gemeu Calisto – Você é louca?//

—POR QUE ELE GOSTA DE VOCÊ! – gritou Rose, chamando atenção de alguns alunos que passavam por ali.

—James... Não, não – Calisto balançou a cabeça – James e eu somos amigos Rose, por Merlin!

A porta da biblioteca se abriu, fazendo Calisto tropeçar para dentro e se apoiar em quem estava saindo para não cair.

—Scorpius – grunhiu a loira, dando um tapa no irmão – eu podia ter morrido!

—É claro que podia – ele revirou os olhos – agora, por que todos esses gritos? Uh, você está brigando com a vassourinha ali? Me deixa ir buscar pipoca antes que vocês saiam no tapa!

—Ninguém mais vai sair no tapa aqui por hoje – grunhiu Rose, mas antes mesmo que ela pudesse acabar de falar Calisto estava jogando os braços em volta do pescoço do irmão e se desfazendo em lágrimas enquanto espancava as costas dele – Hã... Malfoy?

—Sim? – perguntou Scorpius, encarando ela.

—Estou falando com a rainha do drama ai – grunhiu Rose.

—Acho que ela está ocupada tentando virar a única herdeira do sobrenome – Scorpius sorriu, apalpando a porta da biblioteca ate achar a maçaneta e a abrindo, puxando Calisto para dentro junto com ele – Volte outra hora, Weasley. Está é uma reunião de família!

Rose se viu ali, parada no corredor com cara de boba.

...

—Seu idiota. Idiota, idiota, idiota – grunhia Calisto, espancando o peito do irmão – Aquele foi o pior presente de Natal de todos, todos os tempos.

—Bem, pelo que eu ouvi por ai o do seu amigo Damon foi bem melhor, não é? – Scorpius brincou, tentando aliviar o clima. Funcionou, por que ela se afastou dele lhe dando um último tapa e rindo.

—Você é um idiota – ela grunhiu – Meu estúpido e idiota irmãozinho.

—Não força a barra, são menos de quinze minutos – ele ri, enquanto os dois se sentam – Desculpe por ter perdido o controle aquele dia, eu não devia ter falado aquelas coisas.

—Talvez você estivesse certo – ela deu os ombros – Ou talvez não estivesse. De qualquer forma, não importa não é mesmo?

—Acho que não – ele riu, mas parou ao ver a expressão da irmã – Fala, Calisto.

—Como foi? – ela perguntou ,e claro que não precisava de mais detalhes. Scorpius sabia do que ela estava falando – Foi muito ruim, Scorpy?

—Ela foi no hospital na madrugada depois que eu cheguei, papai passou o dia inteiro com ela e a noite trancado no escritório. Vovó me levou para a casa do vovó antes do sol nascer – ele falou, fitando a irmã – Era tão estranho, Calisto. Ela andava por lá, perdida, como um zumbi. Dormia no quarto de hóspedes. Parecia que toda a hora que eu virava o corredor, ele ia estar lá, esperando.

—Scorpy...

—E depois, no Natal, mamãe voltou para casa e vovó me levou de volta. – ele suspirou – Papai passou o feriado inteiro no escritório, vovó no quarto dela chorando...

—E você montou acampamento no quarto da mamãe, é claro – ela sorriu divertidamente – Não é mesmo?

—Você me conhece bem...

—Foram só doze anos – ela falou sarcasticamente – Acho que se aprende algo nesse tempo.

A loira jogou pela mesa um caixa bem embrulhada.

—Quando você teve tempo de comprar um presente? – ele ergueu uma sobrancelha.

—Ah, não é nada demais. Molly teve que ir em Hogsmeade buscar pra mim, mas... Achei que você ia gostar – ela deu os ombros – Abre!

—Certo – ele desfez o laço e abriu a caixa. Dentro havia um grosso livro, com capa de couro detalhada em dourado, estrelas e uma lua enfeitando a capa em volta do nome – Céus, Calisto! Esse é meu livro favorito!

—Não foi nada – ela sorriu – Bem, na verdade foram uma boa quantia de galeões, mas... É único!

—Agora eu me sinto ainda pior do que antes por não ter comprado nada pra você – ele suspirou.

—Teremos muito tempo pra compensar isso nas férias – ela sorriu, se levantando – Agora, acho que eu tenho uma reunião de quadribol para comparecer. Deixo você e seus livros, irmão.

—Se cuida, Europa – ele provocou, e os dois caíram na gargalhada antes da loira sumir de vista.

...

Carter gemeu, saindo da sala comunal da HufflePuff, cansado de ter ouvido a mesma conversa a noite inteira; A mais recente briga de James Potter e Damon Parkinson havia se espalhado mais rapidamente que o normal, e todos tentavam descobrir qual o motivo, embora a maioria mante-se seu voto em Calisto Malfoy.

Ele se esgueirou para o lado de fora da escola, correndo pela noite fria e se escondendo na floresta, seguindo até a clareira onde agora ficavam os testrálios e parado para vê-los, mas se surpreendeu ao perceber que não estava sozinho.

—Oi? – perguntou ele, se aproximando da figura. A garota loira se virou, os olhos absurdamente enormes o encarando a luz da lua – Evanna, você me assustou!

—Desculpe – ela riu – Mas se eu tivesse ficado mais cinco minutos no salão da minha casa tinha pirado.

—Falando da briga de hoje?

—Todo mundo – ela suspirou – Na HufflePuff também?

—A cada minuto piora – ele cai na gargalhada em seguida – Achei que vocês da Ravenclaw não gostassem de fofocas, boatos e essas coisas...

—Não exatamente, eles nunca chegam até nós – ela deu os ombros – Mas quando chegam...

Os dois riram, olhando os enormes animais andarem em volta deles despreocupadamente.

—Não acredito que trouxe um cobertor pro meio da floresta – riu Carter.

—Está frio – ela se defendeu – E além do mais, se eu pegar uma gripe e morrer, daria para contar nos dedos as pessoas no meu velório.

—Não seja dramática, você não ia morrer por causa de uma gripe – riu Carter.

—Isso é você quem está dizendo – ela murmurou, e os dois ficaram em silêncio olhando os cavalos, até que a loira perguntou – Por que você está aqui?

—Eu já disse, por que eu não aguentava mais o papo sobre o James e o Damon – ele falou evasivamente, mas a menina apenas ergueu uma sobrancelha sem acreditar – E você?

—Sinto falta do meu avô. Minha mãe e meu pai estão sempre ocupados agora, eu mal posso escrever para eles por que nem sei onde eles estão. Quanto tempo vai demorar.

O silêncio permaneceu mais um pouco.

—Sinto saudades da minha mãe – falou Carter, por fim. – É melhor a gente entrar, se não corremos o risco de você morrer gripada, não?

—Você também tem boas chances de pegar um belo resfriado – ela contra atacou – Mas eu iria no seu enterro!

—Fico muito aliviado em ouvir isso – os dois riram, se esgueirando pela noite a caminho da escola.

...

—Como todos devem estar cientes, ontem a noite o sr. Parkinson, da Slytherin, e o sr. Potter, da Gryffindor, tiveram um desentendimento bastante grave – falou a diretora, no jantar da noite seguinte – Ambos os alunos não serão expulsos, mas para lembrança deles, e de seus colegas, ambas as casas perderão TODOS os seus pontos adquiridos até este momento, e estão suspensos do campeonato de quadribol este ano.

Gritos e múrmuros de indignação passaram pelas duas mesas, alunos das casas rivais se encaravam sem nenhuma hostilidade, ambos perdidos no pavor das palavras que acabaram de escutar. Alguém falou o nome de Calisto, e então outra pessoa, e outra, e outra... A loira se concentrou em cortar a comida em seu prato em cubos perfeitos sem se preocupar em come-la de verdade. Ela sabia quando ficar em silêncio, mas isso não silenciou o grupo.

Ela sentiu alguém lhe chutar e ergueu a cabeça, se deparando com o irmão de James, mas ele falou antes que ela tivesse chance - Saia daqui!

Calisto pensou por um minuto, percebendo que ele provavelmente estava certo... Se ela saísse de cabeça erguida, todos a encarariam mas ninguém falaria nada. Ela deu com o cotovelo no braço de Sarah e fez sinal que estava indo embora, no mesmo momento a morena e Drina a seguiram.

Calisto talvez um dia se questionasse o por que de Albus tê-la ajudado aquele dia. Um dia, provavelmente, ela teria que retribuir esse favor. Mas assim que entrou na segurança da sala comunal ela lembrou de um problema mais importante para resolver. A taça das casas. Ela se sentou no sofá enquanto as outras duas seguiam para o quarto, dando lhe boa noite.

Ela tinha que pensar numa maneira de consertar aquela confusão.

...

HufflePuff ganhou a taça das casas. Calisto sentia-se pronta para espancar Damon quando isso foi anunciado, eles haviam acabado em 3º lugar, com míseros 45 pontos, cinco a mais que a Gryffindor. Mas ai ela olhou para o olho ainda arroxeado dele, e lembrou da sua conclusão de que a surra de James era castigo o bastante. O outro não parecia nada mal diante os olhares reprovadores dos colegas na mesa da Gryffindor.

Era um dia chuvoso e estranhamente frio para um dia de junho, quando os alunos chegaram a estação de Hogsmeade para pegar o trem para Londres, estavam todos com caras desanimadas e sonolentas, afetados pelo tempo. Damon vagou por um tempo até achar o vagão que procurava. As três dormiam, Drina e Sarah dividiam um cobertor num bando, a frente delas, Calisto estava atirada de forma cômica, totalmente torta no banco com um cobertor jogado no chão.

Ele riu, e pegou o cobertor do chão, a cobrindo. Ela abriu um olho sonolentamente.

—Oi Malfoy – ele acenou.

—Damon – ela gemeu, se sentando no banco – O que foi? Procurando abrigo?

—Talvez – ele falou, se sentando ao lado dela e jogando o cobertor sobre a loira – Posso ficar aqui? Meio que me expulsaram no último vagão que entrei.

—Molly ameaçou você com um sapato também? – riu a loira.

—É... – ele falou – Ainda está brava comigo?

Ela sorriu de canto, sonolenta – Não, eu já te perdoei.

—Mas você estava tão feliz em estar jogando – ele suspirou, tirando o cabelo da cara dela – Eu sinto muito, não queria que tivesse acabado assim.

—Hein, sempre teremos novos jogos – ela sorriu, e bocejou – Quanto tempo faz que nós saímos?

—Meia hora, eu acho – ele deu os ombros – Uma hora, no máximo. Você deveria voltar a dormir.

—Eu não... – ela deu mais um longo bocejo, cortando o que dizia – Esse é um bom conselho.

—Vem aqui – ele puxou a loira, deitando sua cabeça em seus joelhos. Ela encolheu as pernas no banco – Você não está na defensiva hoje.

Ela não respondeu. Sorriu de lado, e deixou ele acariciar seu cabelo até pegar no sono. De repente, a chuva lá fora não a incomodava. Não parecia mais tão frio. Na verdade, antes de dormir, Calisto podia jurar que sentiu suas bochechas queimarem.


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