Nico estava parado na frente da escola, esperando que o treino de basquete acabasse, juntamente com Jason. Isso já havia se tornado rotina dos dois desde que Thalia e Nico começaram a namorar. O moreno estava extremamente entretido com seu jogo no celular, enquanto Jason lia um livro. A atmosfera calma entre eles era algo agradável para ambos.

A garota os observara de longe. Ela gostava de vê-los, seu irmão e seu namorado, sempre tão quietos, mas se comunicando silenciosamente. Ela aprendera a entendê-los mesmo quando não usavam palavras. Jason parecia impaciente, querendo logo chegar em casa, e ela não o culpava. Ele tinha apenas uma hora de folga entre a escola e o trabalho. E Nico estava nervoso com seu jogo, provavelmente não conseguia passar de fase.

Andou fazendo o mínimo barulho possível até eles, aproveitando que Nico estava de costas, e o abraçando por trás. Nico ficou extremamente corado e resmungou algo sobre ter pedido no jogo. Thalia riu e beijou sua bochecha, deixando-o mais corado.

– Você está suada. - Ele reclamou.

– Eu sei. - Ela respondeu rindo, e o puxou para mis perto de si, deixando-o mais corado ainda.

Jason levantou seus olhos do livro, observando o casal. Realmente, eram muito improváveis, totalmente opostos, mas quando estavam juntos dava para perceber o que um viu no outro. Ele sabia que Nico se importava muito com Thalia, mesmo que, de longe, a mais carinhosa fosse ela. Era engraçado vê-los juntos, porque na maior parte do tempo Nico estava vermelho e Thalia ria. Ele se lembra de quando os dois vieram falar com ele sobre estarem namorando. Foi bem estranho, mas ele se acostumou com o tempo. E ele gostava de ver os dois juntos.

Thalia soltou Nico e abraçou o irmão, animada, depois voltou para o lado do namorado, que pegou sua mão. Os dois foram na frente de Jason, Thalia contando como havia sido seu dia, e Nico ouvindo. Talvez essa fosse a razão de se darem tão bem.

Chegaram na casa e Jason teve que sair logo, haviam demorado demais na escola. Nico se sentou no chão do quarto do amigo, como sempre fazia, e Thalia se jogou na cama atrás dele, olhando o garoto jogar, fazendo cafuné no cabelo dele e beijando sua bochecha de vez em quando.

Passou-se aproximadamente uma hora até que Thalia se levantou e andou até a frente de Nico, que não desviou os olhos do jogo. Em um movimento rápido, ela pegou os óculos dele, que reclamou, e os colocou no rosto.

– Nossa, você é praticamente cego! - Ela riu. - Olhe só, parece aquelas lentes da aula de biologia!

Nico suspirou, mas tinha um sorriso mínimo no rosto, que para a garota que usava os óculos parecia o sorriso do Coringa. Ela colocou sua mão entre eles e mexeu os dedos.

– Quantos dedos têm aqui? - Perguntou, rindo.

– Eu enxergo tudo embaçado, não duplicado, Thalia. - Ele explicou. Thalia fez um biquinho mas logo depois riu.

– Pois bem, eu estou enxergando duplicado com isso aqui. - Anunciou. - E como eu fico de óculos?

– Eu não sei, não estou enxergando. - O moreno respondeu. - Mas tenho certeza que você está linda.

Disse a última parte baixo e olhou para o chão, envergonhado. Thalia riu, pegou as bochechas do namorado e o beijou.

– Você é tão fofo! - Ele corou mais uma vez e ela riu.

Nico se inclinou e deu um selinho nela. Thalia sabia que aquela era sua forma de agradecimento, e a adorava. Então, quando se separaram, ela se levantou.

– Vamos passear no parque um pouco? - Perguntou. - Estou cansada de ficar parada.

Nico guardou o celular e se levantou, olhando para a namorada.

– Claro. - Sorriu minimamente, pegando a mão dela.

Segurar a mão dela e dar alguns beijos roubados de vez em quando era tudo o que Nico conseguia fazer sem se sentir envergonhado, no entanto, ele adorava quando Thalia o abraçava, ou beijava sua bochecha, ou lhe fazia cafuné, e ela sabia disso. Thalia também gostava das demonstrações de carinho de Nico, como quando ele passava o braço pela sua cintura e a puxava para perto quando assistiam a filmes, ou quando ele segurava sua mão, eram pequenos gestos insignificantes para outro alguém, mas que, ela sabia, significavam muito para ele.

Mas, o que ela mais gostava, era quando Nico lhe roubava um beijo. Geralmente eram apenas selinhos, e o garoto ficava parecendo um tomate, mas era incrivelmente adorável.

Os óculos de Nico escorregaram e ele fez uma careta, fazendo-a rir. Como, Thalia descobriu, ele sempre fazia, tirou os óculos, passou a mão pelo rosto, e colocou os óculos novamente. Aquele movimento era praticamente obrigatório para ele quando seus óculos escorregavam.

Continuaram andando pelo parque, de mãos dadas, com Thalia falando e Nico ouvindo. Era sempre assim. Mas, ela aprendera a ficar em silêncio de vez em quando, mesmo que só por alguns poucos segundos, e ele aprendera a falar sobre como fora seu dia, mesmo que baixo e não muito detalhado.

Resolveram que iriam parar e Thalia sentou-se na grama, encostada em uma árvore. Nico se sentou ao lado dela e a garota o fez colocar a cabeça em seu colo, para que pudesse acariciar o cabelo dele. Eles conversaram sobre várias coisas, desde o clima até teorias sobre a vida, Nico sempre demorando para responder a uma pergunta e sempre falando pouco, enquanto Thalia quem decidia o rumo da conversa.

– Eu te amo. - Nico deixou escapar de sua boca antes que pudesse pensar no que estava falando. Se arrependeu no segundo seguinte e tapou o rosto com as mãos, envergonhado. Thalia, pega de surpresa, teve que digerir por um momento o que o garoto dissera. Alguns segundos depois, ela sorriu e puxou as mãos dele, revelando o rosto corado do garoto, parando para admirá-lo antes de beijá-lo apaixonadamente.

Tão opostos e ao mesmo tempo tão iguais. Eram tão imperfeitos aos próprios olhos, tão perfeitos aos olhos do outro. Tão confiantes e inseguros. Tão agridoces.